Países & Produtos

Bulldog Branco na Taça

Da DFJ, região Lisboa em Portugal, vem mais este vinho branco para me fazer companhia ao almoço de Sábado. Há mais de dez anos atendendo e servindo culinária chinesa, boa e de bom preço, por aqui na Granja Viana, o Xin Hua desta vez me trouxe um bom Chop Suey de frango para saciar minha fome neste Sábado algo morno.

Para ornar, e ornou (rs), um Bulldog Blend Branco. Um corte de Arinto, Fernão Pires (Maria Gomes), Alvarinho e Chardonnay sendo que este último passa por 12 meses em barrica francesa de primeiro uso. O saldo é um vinho muito bem elaborado de médio corpo (Chardonnay e Fernão Pires garantem isso), fresco (Arinto e Alvarinho), uma certa untuosidade, bem seco, equilibrado, notas cítricas, toque mineral, boa persistência, uma boa surpresa na taça com preço ao redor de R$80 em média no mercado de São Paulo.

A harmonização ficou muito boa e acho que acompanhará bem carnes brancas em geral, peixes, crustáceos, ceviches um vinho bastante versátil e gastronômico, gostei. Como sobrou, de Sábado sempre sobra, terminei com ela fazendo mais um teste, desta feita com um Risoto de Camarão home made.

Gente, o que eu já tinha gostado, agora extrapolou! Terminei o Risoto com queijo Brie, a liga foi perfeita e me lambuzei tudinho!! rs Harmonizar não é, nem deve se tornar uma obsessão, mas convenhamos que quando orna a coisa muda de patamar ainda mais se bem acompanhado e eu, há 43 anos, ando bem acompanhado, praise the Lord, o que torna qualquer tentativa de harmonização meio caminho andado! rs O prato ganhou peso e untuosidade que se casaram à perfeição com o vinho, sábia escolha esta. rs

Enfim, esta garrafa veio da Lusitano Import que me enviou o vinho para prova e como gostei, cá estou compartilhando com os amigos, prove você e comprove, faça seu próprio juízo de valor, pois essas são apenas as minhas impressões.

Por hoje é só! Kanimambo pela visita, saúde e até um próximo encontro.

A Tannat e o Uruguai

O berço nativo da Tannat é Madiran, no centro da região sudoeste da França. ao pé dos Pirineus, mas é considerada, de fato, um patrimônio nacional do Uruguai!

No século 19, um francês chamado Pascual Harriague introduziu essa cepa no Uruguai, onde ela se adaptou perfeitamente, ganhando força e prestígio, ao proporcionar vinhos de sabor único, cor concentrada e complexidade intensa. Durante muito tempo a uva no Uruguai foi conhecida por Harriague e existe o vinho Don Pascual que é uma homenagem a este homem e sua contribuição à vitivinicultura uruguaia.

Apesar de ainda ser cultivada na França, o Uruguai é hoje o produtor dessa uva que mais se destaca. Cerca de 45% de seus vinhedos são ocupados pela variedade. A Tannat, especialmente rica em polifenóis, tendo o maior contéudo de Resveratrol (forte poder antioxidante) entre todas as cepas Vitís Viniferas conhecidas, devido à espessura grossa da casca e ao elevado número de sementes dessa uva. Cada bago de Tannat costuma ter 5 sementes, sendo que o mais comum, nas outras variedades, é a presença de somente 2 ou 3 sementes por bago de uva.

O alto nível de taninos, em contrapartida, fez com que a Tannat ganhasse fama de selvagem, rústica e até mesmo agressiva na França o que fez com que produtores buscassem amenizar essa característica com a adição de outras castas mais “suaves” para reduzir esse impacto como a Cabernet Franc e a Merlot.  Já no Texas, onde existem bastantes vinhedos da uva, os produtores fazem exatamente o oposto, com maceração prolongada para destacar o alto teor tânico de seus vinhos. Já no Uruguai, os cortes mais comuns são com Merlot, predominantemente, mas também com a Pinot Noir, Cabernet Franc, Tempranillo Viognier e Syrah.

Os melhores Tannat serão sempre intensos, muito elegantes, com final longo e memorável. A harmonização da Tannat agrada em cheio os apreciadores de churrasco daqui do Brasil, da Argentina e do Uruguai. Os taninos dessa uva combinam muito bem com carnes mais gordurosas sendo parceiro fiel do famoso cordeiro uruguaio e leitão pururuca, porco no rolete e até feijoada.

Apesar de produzirem vinho a mais de 250 anos, foi realmente a partir de 1874 com a aposta na uva Tannat por parte de Pascual Harriage, que o a vinicultura começa a ganhar importância. A moderna vinicultura, todavia, somente começa a ganhar corpo a partir do início dos anos de 1980 culminando com a criação do INAVI (Instituto Nacional de Vitivinicultura), uma entidade publica que vem regendo o presente e o futuro do vinho Uruguaio.

 Em 1992 foi feito um estudo de regionalização da produção do vinho em que se definiram oito grandes regiões de potencial de desenvolvimento baseado em parâmetros climáticos assim como da geologia encontrada. Canelones/Montevideo ao Sul, ainda representam 76% dos vinhedos plantados. Sua marca registrada é o Tannat e sua chegada ao cenário mundial é bem recente, mas ganhando espaço com alguma velocidade apesar dos números ainda relativamente pequenos de exportação face o alto consumo interno versus a pequena produção. Dos cerca de 74.5 milhões de litros produzidos, 59.5 ficam no país (grande consumo per capita) e 18 se destinam à exportação sendo a venda a granel ainda o grande volume (76%) e dos 4.6 envazados a grande maioria, cerca de 65%, é destinada ao Brasil.

Algumas importantes normas foram definidas para a indústria. Começando pelo fato de que qualquer varietal declarado no rótulo deverá ter, obrigatoriamente, um mínimo de 85% dessa variedade. Por outro, se instituiu a VCP (Vino de Calidad Preferente) que é o verdadeiro vinho fino como nós o conhecemos. Ter a chancela VCP impressa no rótulo significa dizer que o vinho foi produzido dentro das normas, região e condições estabelecidas.  Não é chancela de qualidade ou seja, pode-se ter um bom vinho sem VCP como ter um péssimo com VCP. Na verdade, ter VCP é uma indicação de que o vinho deve ter qualidade, mas não uma verdade absoluta. Aliás, como todos AOCs e DOCs do mundo.

             Os vinhos Uruguaios apresentam características bem diferentes dos vinhos a que estamos habituados a tomar de origem Argentina e Chilena. Pelas próprias diferenças climáticas com temperaturas mais amenas e condições geológicas bem distintas às encontradas nestes outros países. São vinhos com personalidade própria, elaborados por gente que tem um jeito diferente de fazer vinho e que, neste sentido, nos parecem vinhos mais parecidos ao estilo do Velho Mundo, com menos potência, teores alcoólicos mais controlados, boa estrutura e mais elegância.

         Para a alegria dos produtores e dos consumidores em geral, Patrick Ducournau, em 1991, na região vinícola francesa de Madiran, desenvolveu um processo de micro-oxigenação com a finalidade de “domar” o alto nível dos taninos da variedade Tannat. Esta técnica consiste na adição artificial de finíssimas bolhas de oxigênio no mosto através de um dispositivo mecânico anexado ao fundo do recipiente onde a fermentação é realizada seja ela em tanques de inox, cimento ou até barricas. A dosagem é controlada e pode variar de 0,75 a 3 centímetros cúbicos por litro de vinho. O oxigênio é um importante elemento durante o processo da redução (polimerização) dos taninos imaturos, que se transformam em taninos macios e agradáveis, e das antocianinas presentes nas cascas das uvas tintas. Este processo de micro oxigenação foi também um “alavancador” comercial por ter domado boa parte da tanicidade destes vinhos tornando-os mais palatáveis e mais rapidamente acessíveis ao consumidor.

Afortunadamente, a maioria do que vem sendo exportado para o Brasil são de vinhos de qualidade, bem elaborados e de boa estrutura. Mesmo assim, é aconselhável dar aos varietais desta cepa, especialmente quando 100% e de mais alta gama, um pouco de tempo em garrafa para que se possa usufruir de toda a sua complexidade de aromas e sabores e para que os taninos se integrem.

Agora, como na Argentina, onde há muito mais a se explorar do que sua Malbec, o Uruguai está passando por uma grande transformação e há uma diversidade de uvas sendo cultivadas com resultados ótimos, então que tal explorar? Eis alguns produtores a explorar; Pizzorno, Gimenez Mendez, Bouza, Pisano, Familia Deicas, Carrau, Dominio Cassis, Alto de Ballenas, Los Vientos, Narbona, Irurtia, Garzon, Viña Progreso. Com esses treze produtores a viagem será longa e proveitosa, aproveite!

Saúde, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou em qualquer uma das muitas curvas de nossa vinosfera!

E Santa Catarina Segue Surpreendendo!

Há muito que digo que o futuro de vinhos finos de qualidade no Brasil está aqui e na Campanha Gaúcha. Este espumante em minha taça é mais uma prova disso, Panceri Brut Champenoise.

A Vínicola Panceri, inaugurada em 1990, está localizada em Tangará, no meio oeste Catarinense a cerca de 1000 metros de altitude, faz parte de uma região pouco explorada pelo enoturismo em função da falta de um aeroporto de acesso, o de Caçador está inativo, uma pena. Na região encontramos també a Villaggio Grando (Água Doce), Santa Augusta (Videira), e a Kranz (Treze Tilias) , ótima pedida para um passeio de 3 dias pelo pedaço, especialmente para quem puder se deslocar de carro. Fica longe do outro foco do vinho catarinense, a região de São Joaquim, então difícil visitar as duas de uma só vez, viagem para mais de uma semana!

Eu não conhecia os vinhos desta vinícola, mas aproveitando que uma amiga estava por lá, pedi uma caixa com uma amostra diversa de seus vinhos e já me deliciei com o primeiro que abri, até porque aprecio muito provar coisas diferentes. Na taça, Panceri Brut elaborado pelo método clássico (champenoise) com Sauvignon Blanc, eis aí algo que eu ainda não tinha provado! Nossa vinosfera é pródiga nisso, há sempre algo novo a ser provado, cuidado com aqueles que dizem saber tudo, já é falso em geral, mas neste mundinho impossível!! rs

Medalha Gran Ouro no Concurso Mundial de Bruxelas 2017 (realizado no Brasil), o espumante é muito bem feito, com bonito colar de espuma, ótima e abundante perlage, muito fresco na boca, frutado, cítrico, com sutis notas de brioche roubou a cena num “chá” da tarde (rs) com amigos em que estavam presentes um Rioja e um Petit Verdot chileno. Se mais garrafas houvessem, mais seriam bebidas, ficou na boca um retrogosto de quero mais! Lá, na vinícola, custa 60 pratas, tremendo preço, porém aqui em Sampa (se acharem) acredito que deva chegar por volta de 75 o que segue sendo uma ótima relação PQP (Preço x Qualidade x Prazer).

Tenho outros rótulos a provar e se tiver algo mais que me surpreenda novamente virei aqui compartilhar com os amigos. Este eu assino embaixo e fiquei com vontade! rs Saúde, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui.

Conheça as Castas do Douro.

Impossível para nós pobres mortais amantes de Baco conhecê-las todas porque o Douro é a região DOC do mundo, com mais variedades de uvas homologadas. São, mais de cem variedades de uvas , todas autorizadas pelo Instituto do Vinho do Douro e Porto. Uma enormidade de uvas a escolher não sendo, portanto, à toa que volta e meia nos deparemos com um vinho de uva totalmente desconhecida para a maioria de nós.

Hoje em dia, a tendência para as recentes plantações está voltada principalmente para cinco castas tintas (Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinto Cão e Tinta Roriz) e cinco variedades de uvas brancas (Malvasia Fina, Gouveio, Viosinho, Códega e Malvasia Rei), ambos utilizados para a vinificação de vinho do Porto e vinhos tranquilos. Existem 29 variedades de castas recomendadas na legislação, estas 29 variedades são divididas em dois grupos, o primeiro deve ser usado em pelo menos 60% do vinho (blend de castas diferentes). A composição dessas uvas no blend elaborado, a maioria dos vinhos, compõem o famoso corte duriense tão importante quanto o tal do bordalês, só que mais complexo por unirem mais castas! rs Brincadeiras à parte, lembro que o Douro é a primeira DOC do mundo datada de 1756 criada pelo Marquês de Pombal para assegurar a qualidade dos Vinhos do Porto.

As uvas do segundo grupo devem ser usadas em um máximo de 40% do blend. Finalmente, um terceiro grupo, cuja castas podem ser adicionadas aos grupos anteriores, ” castas autorizadas ”  … algumas dezenas, no final podem facilmente atingir as 100. 

As características das principais castas tintas utilizadas: 

Touriga Nacional – No passado, foi uma casta bastante evitada por causa do baixo rendimento e muito frágil em relação a doenças das videiras.Atualmente, representa apenas 2,5% da área plantada, mas é a única que está sendo usada como mono-varietal na produção de vinhos tranquilos, devido à sua complexidade e elegância, os aromas característicos são: ameixas, cassis e violetas. Taninos doces e extremamente concentrados, grande capacidade de envelhecimento, é portanto, uma casta obrigatória no blend dos Vintage.

 Touriga Franca – É a mais plantada na região do Douro Superior, por causa da resistência a diferentes condições climatéricas, esta casta origina vinhos vigorosos, com frutas negras notas e notas florais, como rosas. Apresenta uma boa capacidade de estágio dos vinhos. É comum estabelecer-se uma associação entre o seu bom desenvolvimento durante o ano e uma boa declaração de Vintage . 

Tinta Roriz – também conhecida como Aragonêz no Alentejo e Tempranillo em Espanha, esta casta é caracterizada pela alta qualidade e rendimento. Esta variedade oferece uma mistura de geleia de frutas negras e especiarias, oferece alto teor alcoólico . 

Tinta Barroca – datada do século XVII, é caracterizada pelo bom rendimento, média intensidade, taninos sedosos, aromas doces e frutados de cerejas e ameixas, alto teor alcoólico . É normalmente a primeira casta tinta a ser vindimada, adquirindo mais cedo do que todos as outras, o pico de maturação. É plantada nas regiões do Baixo e Cima Corgo, uma vez que em áreas mais quentes, como no Douro Superior, irá certamente desidratar.

Tinto Cão – Tradicionalmente, origina vinhos mais leves, de baixa intensidade em cor, com aromas elegantes a frutos vermelhos, especiarias e perfil floral, embora para vinhos envelhecidos, esta casta se revele bastante importante, mostrando uma enorme resistência à oxidação. 

Tinta Amarela – Facilmente encontrada no Baixo Corgo, é de difícil plantação, devido à sua fragilidade em resistir às doenças das videiras, no entanto, oferece bastante intensidade em cor e aromas, muitos aromas frutados, com notas vegetais e uma boa capacidade para vinhos de guarda. Esta casta é amplamente plantada no Alentejo, onde é conhecida como Trincadeira. Em outras regiões vitivinícolas portuguesas é ainda conhecida como: Espadeiro (presente nos rosés do Minho), Crato Preto, Mortágua, Murteira ou Rabo de Ovelha Tinto. 

 Normalmente, as castas brancas são plantadas em áreas mais frescas e com alto relevo. As características das principais castas brancas utilizadas:

Malvasia Fina – Esta variedade de uva produz vinhos muito refinados, frutados e encorpados. É cultivada em algumas regiões vitivinícolas portuguesas, como a ilha da Madeira. É praticamente considerada como obrigatória no que toca á produção de vinhos do Porto e Douro brancos

Gouveio – É cultivada em algumas regiões vitivinícolas portuguesas, como a ilha da Madeira, onde ele é conhecida como Verdelho. Produz vinhos aromáticos (aromas de maçã), textura suave, boa acidez e concentração de açúcar.

Viosinho – É uma casta com baixa produtividade, mas muita qualidade, oferece estrutura e intensidade aromática, é habitualmente misturada com Malvasia Fina no blend dos vinhos do Porto brancos . 

Códega – Uma casta muito antiga, hoje em dia é a casta branca com mais área plantada na região duriense, altamente produtiva, origina vinhos com alto teor alcoólico e baixa acidez. 

Malvasia Rei – Casta altamente produtiva, embora resulte em vinhos com falta de riqueza aromática e complexidade, geralmente é utilizada em associação com outras variedades de uvas brancas 

Kanimamambo pela visita, saúde e boa semana

Cheers, Santé, Prosit, Salud

Fonte: C. da Silva produtor duriense http://www.cdasilva.pt/quemsomos

Balthasar Ress Riesling Trocken, Gostei!

Dificuldade danada de encontrar um Riesling minimamente com qualidade a um preço razoável, já nem falo barato porque os vinhos alemães não primam por preços acessíveis, especialmente em terras brasilis. Este gostei bastante, numa faixa de gama de entrada o vinho satisfaz tanto em qualidade como em preço, eureca!

É um vinho da gama de entrada dos vinhos alemães (vinhos de mesa) que têm uma classificação algo diferente e bastante desconhecida da maioria dos seguidores de Baco, então aproveito para colocar aqui o gráfico para uma melhor apreciação e clicando neste link você acessa um artigo da Wine Folly (em inglês!), explicando o que é o quê, mas desde já dando um toque, Trocken quer dizer seco.

Bem, voltando ao vinho, não se deixe levar pelo fato de ele ser um “vinho de mesa”, porque queria eu tomar um vinho de mesa assim todo o dia! A Riesling, em função de sua grande acidez, envelhece muito bem e este exemplar jovem, segue muito jovem mesmo com três anos de sua colheita. Leve, mas sem perder sabor, nectarina, notas petrolatas (existe essa palavra? rs) sutis demonstram sua vibrante mineralidade, um vinho que dá enorme prazer tomar. Deve ser um grande companheiro para frutos do mar grelhados, vieiras, pratos da culinária japonesa e peruana, mas eu me diverti mesmo foi com umas torradinhas e queijo Lua Cheia da Serra das Antas, uma iguaria que casou à perfeição.

Com preço variando entre 113 a 130 reais, vale cada centavo em nossa realidade tupiniquim e certamente visitará minha taça mais vezes especialmente agora que a primavera se aproxima com um calor intenso. Tempo para desfrutar de pratos leves e vinhos idem, sem perder qualidade nem sabor, gostei e recomendo!

Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí em qualquer lugar desta nossa imensa vinosfera. Aliás, aproveito para pedir aqueles que receberam um questionário de pesquisa meu, que por favor o respondam. Sei que é um pé, mas me ajudariam sobremaneira e fico desde já muito agradecido se o fizerem. Se não receberem e quiserem me ajudar com seu voluntariado, rs, me avisem nos comentários abaixo que darei um jeito de vos enviar. Saúde

Cara Sucia, Gostei!

Gostei, ponto! Aliás, gostei muito porque me deram enorme prazer tomar e me deixaram feliz. Afinal, o que é esse tal de Cara Sucia? Cara Sucia é um projeto dos irmãos Durigutti que dispensam apresentações, produtores de vinho em Lujan de Cuyo (Las Compuertas), Mendoza numa bodega inicialmente criada em 1959 e comprada pelos irmão em 2008. Na época essa bodega tinha uma capacidade para algo ao redor de 700 mil litros, mas a família já elevou essa capacidade para mais de 2 milhões. Seus vinhos “tradicionais” são altamente premiados por gente como Robert Parker, Wine Spectator, Wine & Spirits, Wine Magazine, Stephen Tanzer, Jim Atkins, James Suckling e outros ban-ban-bans da critica mundial. Aqui eles se dão ao luxo de voltar às origens com vinhos de uvas pouco conhecidas e valorizadas, em pequenas produções buscando vinhedos no leste de Mendoza, em Rivadavia, região menos midiática. Eu gostei muito do que provei e tomei, por isso estar aqui compartilhando com vocês estes dois rótulos.

Cara Sucia Cereza – mal sabia eu que esta uva existia! É uma uva criolla, dos tempos coloniais, cruzamento da Moscatel de Alejandria com a Listan Prieto. Vinhedos antigos (1940) e orgânicos, engarrafado sem filtrar nem clarear, somente 3 mil garrafas produzidas. Sem passagem por madeira, somente ovos de cimento, é um vinho que a maioria das pessoas, que como eu provou, o definiu como vibrante e divertido. Seus 13,5% de álcool são imperceptíveis, fresco que nem um branco, taninos quase inexistentes, cor brilhante cereja claro, seco, é vinho que surpreende, encanta e nos seduz. Não é Rosé, não é tinto, é um Claret! Uma experiência diferente para tomar de golão e que deixa em seu final um persistente sorriso no rosto. Já comprei algumas garrafas para minha adega pessoal.

Cara Sucia Cepas Tradicionales – mais uma viagem dos irmãos!  Bonarda, Syrah, Sangiovese, Cardinale, Beiquiñol, Barebera, Buonamico cofermentados. Vinhedos orgânicos antigos, também de 1940, leveduras autóctones, ovos de cimento, engarrafado (só 5 mil garrafas) sem filtrar nem clarificar. O conceito é o de menor interferência enólogica possível o que costuma me assustar um pouco, mas ao abrir a garrafa todos os possíveis preconceitos caem por terra. Nariz que pede para levar a taça à boca, fruta fresca, ervas, taninos sedosos e amáveis, muito boa acidez, absolutamente delicioso na boca, um vinho guloso que pede a próxima taça e acaba rapidinho. Sem protocolos, nem grandes harmonizações, é um vinho acima de tudo muito prazeroso de se tomar.

Os vinhos acabaram fazendo parte da seleção de Agosto da Frutos do Garimpo, espero que os amigos que levaram kits os curtam como eu. É isso por hoje, kanimambo pela visita e vem comigo a Santa Catarina? Saúde e nos vemos par aí nas curvas sedutoras de nossa sempre surpreendente vinosfera.

1982, O Vinho!

Um dos destaques provados na Vinhos de Portugal deste ano no J.K. em São Paulo, um vinho surpreendente! Antes de falar sobre o vinho, deixa eu compartilhar o que a Revista Adega falou dessa safra; 1982 – Talvez a mais aclamada e unânime safra de todos os tempos para a França, Itália, Espanha e Portugal, que produziram vinhos espetaculares em diversas de suas regiões .

Ao sentir seus aromas e colocá-lo na boca as sensações eram de um Moscatel, mas ledo engano, este vem da região Lisboa! Aos poucos me dei conta que estava provando um vinho com história, um Fernão Pires (uva branca regional portuguesa conhecida no Norte de Portugal como Maria Gomes) fortificado que a Vidigal Wines descobriu num cantinho de uma vinícola que eles arrendaram vizinha da sua, coisa rara que não sei se um dia será repetida e, certamente, eu não verei. A herdeira (neta) não sabia ao certo o que aquelas barricas continham e, para surpresa de todos, o pessoal da Vidigal se deparou com esse vinho fortificado, lá conhecido como licoroso. Essas barricas geraram apenas sete mil garrafas, tendo algumas delas chegado até nós, ainda bem!

Casa do Cônego 1982 é o nome desta belezura e a garrafa de 375ml com lacre de cera é um charme à parte confirmando que grandes perfumes vêem em pequenas embalagens, umas gotinhas deste verdadeiro néctar atrás das orelhas deve garantir interessantes fungadas! rs Brincadeiras à parte, o vinho possui uma sedutora e complexa paleta olfativa onde se destaca um certo floral, notas de frutos secos e daquela casca de laranja confitada. Na boca os frutos secos estão bem presentes, figo, notas de mel de laranjeira, caramelo, uma acidez incrível equilibra a doçura tornando-o especialmente prazeroso de se beber e o álcoól de 16.5% some no conjunto harmonioso. Panetone de frutas, torta de amêndoas ou noz pecan, doces conventuais portugueses, queijos fortes, foie gras (para quem gosta e pode, rs), creme catalana, apfelstrudel, solito num final de refeição, bão demais da conta e quem fez esse vinho há 37 anos atrás está de parabéns!

Com preço no mercado entre 180 a 220,00 Reais, é um vinho cativante para quem, como eu, aprecia este estilo porém fica uma certa tristeza ao final pois não haverá outro tão cedo. Para mim uma grande surpresa que me agradou sobremaneira e portanto assino em baixo.

Uma boa semana, kanimambo pela visita e fica a pergunta, já se programou para a prova de Vinhos & Queijos que estou promovendo na Vino & Sapore? É, não esquece e se puder ajudar a promover junto aos amigos eu agradeço. Veja mais clicando aqui.

Surpresa na Taça, Mistérios de Nossa Vinosfera

Minha amiga Paula Kerr foi durante anos proprietária de uma importadora de vinhos, a saudosa Vínica, e parceira tanto aqui no blog quanto na Vino & Sapore. Ficamos órfãos de um monte de bons rótulos e produtores com preços moderados, verdadeiras pepitas. Um desses vinhos foi o Roncier em duas versões e as duas deliciosas! Um era um branco realmente vibrante e o outro um tinto muito agradável, guloso, para tomar muitas garrafas e em ambos os casos era um vinho não safrado, de origem e uvas desconhecidas ou, pelos menos, não divulgados.

O produtor (L. Tramier & Fils) tinha diversos rótulos da Borgonha onde é sediado, então desconfiamos que algo de Pinot e Gamay certamente compunham o corte do tinto, mas tinha algo mais já que também possuíam rótulos do Rhône e a Granache e/ou Mouvédre poderiam eventualmente também andar por aqui, mas realmente isso não importa! rs  Vinho relativamente simples, bem feito, bastante frutado de taninos suaves, corpo médio e de bom preço, vinho para ser tomado jovem, um verdadeiro Vin de Bistro, sem compromissos mas cumpridor.

Cerca de 5 anos depois, arrumando a loja descobri uma garrafa misturada a outras, perdida! A essa altura de campeonato, pensei eu, já era, virou vinagre e vender jamais, então trouxe para casa. Por aqui ficou na adega mais uns seis meses até que Sábado passado a abri e ledo engano, eta vinho bão!! Incrível como o vinho prega essas peças na gente, um vinho simples sem grandes expectativas, que já deveria estar moribundo , envelheceu maravilhosamente bem. Esses mistérios sem explicação que o vinho volta e meia nos traz é que faz com que esse mundo seja tão cativante e intrigante.

A cor já mostrava a idade, os aromas terciários se mostraram de forma sutil, mas a boca, ah a boca! Fruta ainda bem presente, algumas notas mais terrosas, sous-bois, uma acidez ainda bem presente, taninos aveludados de boa persistência, puro prazer e a garrafa acabou rapidinho tendo sido companhia para um risoto de funghi. Curti demais, pena que não tenha “perdido” umas duas ou três garrafas dessas. rs

Agora, para quê falar de um vinho que não existe mais no mercado e, provavelmente, foi a última garrafa que tinha sobrado no mercado? Primeiro porque quem sabe alguém se habilita a voltar a trazer estes vinhos, entre outros do mesmo produtor, e segundo para demonstrar que mesmo com anos de litragem nas costas as surpresas se multiplicam, os vinhos nos demonstram que até os mais lógicos conceitos podem cair por terra a qualquer momento, que não existem verdades absolutas e que por tudo isto nossa vinosfera é tão sedutora. Por isso digo que há que desconfiar daquele que diz saber tudo em nossa vinosfera.

Quem gosta de sentir sempre os mesmos sabores, aromas e reproduzir as mesmas sensações não deve viajar por este planeta vínico, seu lugar, com todo o respeito, é no de destilados e mais não digo. Kanimambo pela visita e um toque, a degustação de Quinta-feira próxima, Destaques Chilenos do Guia Descorchados, teve um cancelamento e temos duas vagas a preencher! Uma ótima semana a todos, saúde

Cheers, Salud, Prosit, Sané

Piccini Mario Primo, Grata Surpresa!

Anteontem meu dia começou assim, provando nove vinhos depois de 1:45hrs num trânsito impossível, quase desisti, mas fiz bem em persistir mesmo com o atraso na chegada. Picini é um produtor que viaja pelas regiões e uvas italianas na elaboração de seus vinhos com cortes diferentes e criativos na busca de algo diferente. Mistura Puglía com Sicília e Abruzzo, tem Toscana com Marche, uvas tintas com brancas e “até” os clássicos Chiantis e Brunellos. rs A Vinci convidou e aceitei de bom grado, foi bastante interessante.
Destaque para seu Rosso di Montalcino [USD59,50] um vinho de boa tipicidade com uma perfil aromático de boa intensidade que convida à boca e boa persistência, um bom Chianti Riserva sem muita potência primando pelo frescor e de bom custo x benefício [USD27,90] mas o vinho que mais curti, vibrante e diferente foi o Mario Primo Toscana Rosso 2015.

Vinho tinto leve, para tomar a 10°C elaborado e com estágio somente em tanques de cimento, para tomar de golada acompanhado de amigos e bom papo. Blend de Sangiovese, Merlot, Canaiolo (tintas) com um toque de Trebbiano e Malvasia (brancas) muito frutado, fresco e vibrante, afora acompanhar, para quem prefere os tintos, aquele prato de queijos e embutidos e acho que se daria bem com Fondue de Queijo e Paella Marinara. O preço de USD23,69, a Vinci usa hoje taxa de 3,69 então 88 Reais, seria melhor se fosse 20 doletas (rs) e compraria de caixa, mas não chega a ser exorbitante vis-à-vis nosso mercado tupiniquim do vinho. Ah, ia-me esquecendo de mencionar, o rótulo e formato da garrafa são um charme à parte!

Kanimambo pela visita, saúde e nos vemos por aí em algum dos caminhos de nossa vinosfera!

Salute, Prosit, Cheers, Salud

Destaques do Guia Descorchados na Taça!

A Vino & Sapore promove degustação com alguns dos Destaques Chilenos do Guia Descorchados 2018 e 2019 no próximo dia 1 de Agosto.

A partir das 20h na Vino & Sapore, Granja Viana, degustação para explorar alguns dos rótulos que foram destaque no Guia Descorchados, o principal guia de vinhos da América Latina. Selecionei vinhos que pudessem representar um pouco da diversidade chilena sem que pesassem demasiado no bolso. Veja a seleção que fiz:

1 – Melhor Blend Branco Descorchados 2019, Laberinto Vistalago Mezcla Blanca 2019, 94 pontos.

2 – Vinho Revelação Descorchados 2019, Las Veletas Cabernet Sauvignon – Cabernet Franc 95 Pontos safra 2016 e 93 pontos safra 2015 que é a safra disponível hoje no Brasil e portanto a que provaremos.

3 – Vinho Revelação Descorchados 2019, Odfjel Orzada Carmenére 2017, 94 pontos.

4 – Vinho Revelação Descorchados 2018 De Martino Single Vineyard La Cancha Cabernet Sauvignon 2015, 95 pontos

5 –  Melhor Vinho de Pirque (Alto Maipo) Descorchados 2019, Andes Plateau 700 blend 2016, 96 pontos.

6 – Melhor Carignan Descorchados 2018, De Martino Vigno 2015, 96 pontos.

As vagas são limitadas a 12 pessoas sendo que metade delas já se encontram reservadas, então se quiser participar dessa experiência melhor correr logo. O valor é de R$158,00 e cobre a degustação mais “acepipes” (pão, antepasto, embutido, azeite e queijo), água, café e o estacionamento é gratuito no local. Pagamento deverá ser efetivado no ato da reserva in loco ou via depósito/transferência bancária. A Vino & Sapore fica na rua José Felix de Oliveira 875, centrinho da Granja Viana com acesso pelo Km 24 da Rod. Raposo Tavares sentido Cotia, aguardo você.