João Filipe Clemente

Branco Italiano na Taça, APROVADO!

Sigo na minha saga de sempre, intensificada pela atual conjuntura, da busca de de vinhos PQP, ou seja, de boa relação Preço x Qualidade x Prazer. Hoje em dia a busca é por vinhos que surpreendam num preço entre 50 a 150 Reais, melhor ainda se abaixo das 100 pratas, como este.

Gosto muito de vinhos brancos então não me fiz de rogado quando este me foi apresentado. Um branco de boa estrutura e fresco elaborado com as castas Grechetto e Trebbiano, um blend típico de Soave, não confundir com os nossos “suaves” (!), no Veneto porém este vem da Úmbria mais ao sul da Itália.

As uvas são cultivadas no município de Torrececcona, a 350 metros acima do nível do mar; o solo é de textura média e argiloso, vinhas de 12 anos gerando um vinho de cor amarelo palha com belos reflexos dourados sem passagem por madeira e sem maloláctica. No nariz é possível perceber notas de florais, frutas cítricas, pêssego, damasco e frutas tropicais como abacaxi, um nariz bastante interessante de média intensidade.

Na boca, onde mais aprecio os vinhos (rs), o Terre de la Custodia Desiata Duca Odoardo Bianco Umbria IGT,  revela-se fresco, seco, frutado, equilibrado e de corpo médio, apresenta uma certa untuosidade e cremosidade, um final de boa persistência com notas amendoadas.

Experimentei o vinho acompanhando uma pasta (fetuccine) ao pesto de rúcula coberto por uma boa porção de parmesão ralado fresco e grosso, harmonizou bem demais e, obviamente, deverá acompanhar bem tudo o que é frutos do mar, peixe e até carnes brancas. A experiência foi boa e a safra 2018 está no ponto de sua complexidade não devendo evoluir muito mais, tops mais um ano. Vinho na casa dos 80 Reais, mais ou menos 5 o que acho bastante justo para a qualidade oferecida o que o torna um bom exemplo de vinho PQP.

É isso, Kanimambo pela visita e em breve tem mais coisa por aqui, começo a ter gosto por escrever novamente! rs Saúde

Famille Perrin, O Rhône Engarrafado!

Os vinhos da Famille Perrin estão entre nós já faz um tempinho, mas agora mudaram de casa e aportaram na Mistral. Eu sou fã desde que tive a oportunidade de desfrutar seu incrível Chateau de Beaucastel, um tremendo Chateauneuf-du-pape que com seus 12 a 15 anos é um verdadeiro néctar que nos seduz, um vinho que precisa de tempo para se expressar e mostrar todo seu esplendor, um tremendo prazer hedonístico. A linha de vinhos deles, no entanto, não se restringe a esse grande vinho entre os melhores da região e a Mistral nos convidou para conhecer um pouco mais desse portfolio.

Tristemente não pude comparecer em função de um problema particular que demandou minha atenção no dia, mas minha amiga e fiel escudeira e confreira Raquel Santos me representou com fidalguia e descreveu assim esse momento em que, mais que provar vinhos, teve uma aula sobre a região que ela agora compartilha conosco. Uma verdadeira viagem, valeu Raquel.

“Recentemente tive o privilégio de participar de uma degustação oficial de lançamento dos vinhos da Família Perrin, promovida pela Mistral, com a participação de Jacques Perrin, 4ª geração no comando da bela história do Château de Beaucastel que começou em 1909.

Foram pioneiros na agricultura orgânica e biodinâmica desde o princípio e tem expandido suas propriedades nas melhores regiões do Vale do Sul do Rhône, dentre elas em Gigondas, Vinsobres, Cairanne, Vacqueyras, Rasteau e Beaumes de Venise. Recentemente iniciou um projeto, com parceiros locais, no norte do Rhône, a Domaine et Maisons Les Alexandrins. Além do Rhône a família tem parceria no Château de Miraval, na Provence.

Quero aqui compartilhar com vocês essa viagem que percorre o Vale do Rhône do norte ao sul.

Os vinhos apresentados foram: 1. Maison Les Alexandrins Condrier AOC Blanc 2019. 2. Châteauneuf-du-Pape AOC Château de Beaucastel Blanc 2019. 3. Château Miraval Côtes de Provence AOC Rosé 2020. 4. Les Alexandrins Crozes Hermitage AOC Rouge 2018. 5. Château de Beaucastel Côte-du Rhône AOC Coudoulet de Beaucastel Rouge 2018. 6. Famille Perrin Vinsobres AOC Les Hauts de Julien Vieilles Vignes 2018. 7. Famille Perrin Gigondas AOC L’Argnée VieillesVignes Rouge 2018.8. Châteauneuf du Pape AOC Château de Beaucastel Rouge 2018. 

O Vale do Rhône está localizado entre os Alpes Suíços e o mar Mediterrâneo. Ao norte está a cidade de Lyon , que além de ser um polo industrial, também possui um entorno rural que abastece toda a região com uma produção agrícola de excelente qualidade. 

Ao sul está a cidade de Avignon que se desenvolveu quando no século XIV o papado mudou o castelo de Roma para a região e começaram a cultivar as primeiras videiras.

Se percorrermos os vinhedos que margeiam o rio Rhône de norte a sul, pode-se perceber uma grande diferença de clima, solo, e variedades de uvas.

Ao norte o clima é continental (Rhône Setentrional) com verões bem quentes e invernos frios. As videiras são plantadas em penhascos pedregosos de granito, entremeados de florestas de carvalho que refrescam o ar pela neblina fria ao amanhecer. A uva predominante é a Syrah. Resultam em vinhos robustos, de cor escura e longevos. Para os brancos, destacam-se a Marsanne, Roussanne e Vionier.

MAISON LES ALEXANDRINS CONDRIEU AOC BLANC 2019

Condrieu é considerada a melhor AOC do mundo para a uva Vionier e esse vinho é feito com 100% dela. Incrivelmente perfumado e mineralidade que reflete o solo de granito. Parcialmente fermentado e maturado em barricas de carvalho que aportam um ótimo corpo, enchendo a boca, com final longo e sensação de cremosidade.

LES ALEXANDRINS CROZES HERMITAGE AOC ROUGE2018

Esse vinho, feito com 100% de uvas Syrah, é praticamente uma aula da tipicidade desta casta. Ótima estrutura e equilíbrio entre o álcool, acidez e taninos bem finos. Suculento e cheio de frutas negras, evolui muito na taça, cheio de complexidade em boca e nariz.

Em direção ao sul (Rhône Meridional) podemos notar que à partir de Montélimar as características da região se transformam. O clima passa a ser mediterrâneo, com influências do mar. Os verões são quentes e o inverno ameno, mas às vezes chega a zero grau. Os ventos frios que vêm do sul (Mistral) fazem as chuvas serem fortes e rápidas, baixando a temperatura rapidamente à noite. Os vinhedos se expõem ao sol forte durante o dia, que também aquecem as pedras que cobrem todo o solo, protegendo as videiras do frio à noite. Outra característica importante é a diversidade do relevo que proporciona grandes variações mesmo em pequenas distâncias. Aqui predomina a uva Grenache que se junta com outras variedades, como as Mouvèdre, Cinsault e a Syrah. Das variedades brancas, encontra-se a Marsanne, Roussanne, Viognier, Clairette, Bourboulenc, entre outras, que são vinificadas para tintos, brancos e rosés.

Além das diversidades de solo e clima, a região do Rhône meridional, é mais recortada no que diz respeito às apelações de origem controlada. A mais conhecida delas é a Côtes du Rhône, usada genericamente. As denominações que indicam o nome das comunas provenientes agregam um fator de maior qualificação. É o que acontece no caso do Côtes du Rhône-Village, que representa 95 comunas (départament) com 22 podendo aparecer no rótulo e outras como Châteauneuf-du-Pape, Gigondas,Vinsobres, Rasteau, etc…

CHÂTEAUNEUF-DU-PAPE AOC CHÂTEAU DE BEAUCASTEL BLANC 2019

Um vinho branco proveniente desta AOC, é sinônimo de alta qualidade. Elaborado com 80% de uvas Roussanne, e poucas porções de outras brancas autorizadas da região, resulta num vinho particular. Quando jovem (entre 3 a 4 anos), mostra notas aromáticas, suaves e florais com um toque salino. Em boca é bem encorpado, e potente. Depois desse tempo foi-nos aconselhado guardar em adega e só consumir depois de 10 a 12 anos. Esse tempo faz com que ganhe profundidade e complexidade.  

CHÂTEAUNEUF-DU-PAPE AOC CHÂTEAU DE BEAUCASTEL ROUGE 2018

A comuna do  Châteauneuf-de-Pape é considerada umas das melhores parcelas de produção de uvas em todo Vale do Rhône. Aqui são permitidas 13 variedades de uvas para elaboração do vinho e o Château de Beaucastel está entre os produtores que utilizam todas elas, cultivadas organicamente desde 1960, por tradição. O resultado disso pode ser comprovado na taça, onde a qualidade excepcional, é reconhecida mundialmente. A elegância, o equilíbrio e a capacidade de envelhecimento, fez dele um ícone que nos convida para uma viagem  longa, cheia de capítulos emocionantes, marcando para sempre a vida de quem teve essa oportunidade. Um clássico!

FAMILLE PERRIN GIGONDAS AOC L’ARGNÉE VV ROUGE 2018

Elaborado com uvas de vinhedo com mais de 110 anos de idade, plantado em pé franco em terreno arenoso, é uma raridade e faz parte da linha “Séletions Parcellaires” da família Perrin. O corte da Grenache em maior proporção com a Syrah resulta num vinho único, potente e corpulento com muita elegância, taninos finíssimos e grande complexidade. Um vinho raro!

FAMILLE PERRIN VINSOBRES AOC LES HAUTS DE JULIAN VIEILLES VIGNES 2018

Outro vinho raro, de uma parcela minúscula, vinhedos com mais de 90 anos e o mesmo corte em proporções diferentes (50%Grenache 50% Syrah). Muito aromático, cheio de frutas e taninos aveludados. Mostra muito bem as características de cada casta, alternadamente, resultando num vinho de personalidade

CÔTES-DU-RHÔNE AOC COUDOULET DE BEAUCASTEL ROUGE 2018

Esse vinho possui uma particularidade interessante. Os vinhedos pertencem ao Château de Beaucastel, situado na AOC Côtes-du-Rhône (considerada mais genérica), separado pela estrada A7. Ou seja , do outro lado da via está a AOC Châteauneuf-de-Pape (considerada mais importante).

O vinho porém, mostra muito pedigree, com muita capacidade de envelhecimento. Um vinho enigmático que quebra paradigmas e não é raro causar controvérsias entre especialistas. Eu particularmente achei um vinho muito envolvente.

Ao sul do vale do rio Rhône chegamos ao mar Mediterrâneo onde ele desemboca. Em direção leste, debruçado no litoral, encontra-se a região da Provence. O clima ensolarado predomina e as temperaturas no verão podem ser altas. O vento  Mistral também tem forte influência no clima. Pode ser muito frio no inverno, vindo das neves alpinas e no verão refresca e seca o ar, protegendo as videiras da umidade marítima.

MIRAVAL CÔTES DE PROVENCE AOC ROSÉ 202

O Chateau Miraval se destacou na mídia pela sua ligação com celebridades da música e cinema. Em 1978 seu proprietário foi o pianista de jazz Jacques Loussier, onde montou seu proprio estúdio de gravação (Studio Miraval). Gravou com músicos como Pink Floyd, Elton John, Sting entre outros. Posteriormente, Tom Bove, empresário americano adquiriu a propriedade degradada, convertendo as vinhas lá existentes em produção biológica e ganhando reconhecimento internacional. Em 1993 lança o Pink Floyd Cuvée. Mais tarde se associou com o casal Pitt-Jollie e atualmente pertence apenas ao Brad Pitt que produz o Miraval Rosé juntamente com a família Perrin. Esse apelo mediático fez com que esse vinho fosse muito procurado em todo mundo, impulsionando positivamente o consumo do vinho rosé. Mas como só a mídia não se sustenta sozinha, a qualidade pode ser atestada nesse caso. Trata-se de um rosé bem ao estilo provençal, bem clarinho, delicado, discreto, com ótima acidez, boa estrutura, equilibrado e com um inconfundível aroma de lavandas que nos leva àqueles campos perfumados e ensolarados da região. Um show de vinho que nasceu para ser celebridade!”

Espero que tenham gostado, eu curti essa viagem junto com a Raquel apesar de minha tristeza por não ter podido participar. Kanimambo e nos vemos por aqui, saúde.

Castelo di Montepò, Jantar Harmonizado.

Biondi Santi dispensa apresentações para quem seja aficionado pelos Brunellos de Montalcino, afinal são pioneiros na elaboração desses vinhos e seus rótulos altamante consagrados. O que poucos sabem é que eles possuem um outro investimento, também na Toscana, na região de Maremma o Castelo de Montepó. Diferentemente de seus vizinhos, aqui eles plantaram a Sangiovese Grosso, clones que trouxeram de sua propriedade em Montalcino. Grandes vinhos saem do Castelo de Montepó sendo, talvez, o o mais conhecido o Sassoaloro.

Pois bem, nesta Segunda-feira dia 25, acordem cedo para ver se ainda existem vagas (! rs) Tancredi Biondi Santi, sétima geração de uma das mais reverenciadas famílias do mundo do vinho, e a Mistral montaram um jantar harmonizado com rótulos do Castello di Montepò. .Criadores do grande Brunello di Montalcino, os Biondi Santi têm uma história que se confunde com a trajetória dos maiores vinhos da Toscana. Após um profundo estudo do terroir ao redor do histórico castelo da família em Maremma, Jacopo Biondi Santi – pai de Tancredi – plantou mudas da lendária vinha mãe de Sangiovese BBS11 na propriedade, além de outras castas francesas, perfeitamente adaptadas ao solo e clima da região.

Complexos e saborosos, combinando fruta e um toque terroso com o inegável acento italiano, os vinhos do Castello di Montepò logo se tornaram grandes estrelas do país, entre eles, o famoso Sassoalloro. Jacopo e Tancredi também elaboram quantidades limitadas de alguns dos mais disputados supertoscanos, como Schidione e Sassoalloro Oro. A vinícola também é responsável por um rosado incrivelmente fino e o celebrado Morellino di Scansano, todos selecionados para o jantar.

Serão degustados os seguintes rótulos Castello di Montepò: J&T IGT Toscana Rosé, Braccale IGT, Sassoalloro IGT, Morellino di Scansano DOCG, Sassoalloro Oro Toscana e Schidione IGT 2001. Os vinhos serão harmonizados com um menu de especialidades italianas elaborado exclusivamente para a noite, que inclui:

1. Ravióli recheado com muçarela de búfala ao molho de tomates e manjericão

2. Polenta cremosa com ragu de ossobuco e tomates frescos

3. Cordeiro assado com gnocchi artesanal de abóbora dourado e ervas frescas

4. Torta de maça ao forno com sorvete de canela

Local: Restaurante Mondo Gastronômico – Rua Oscar Freire, 30, Jardim PaulistaPreço: R$ 790,00 por pessoa (em até 3 vezes no cartão de crédito)Reservas: (11) 3372-3401

Saúde e bom proveito! 😉

Bom Prosecco!

Para inicio de conversa, apesar de não ser respeitado no Brasil, Prosecco só tem um, o produzido nessa região do Veneto na itália assim como champagne só se produz na região do mesmo nome na França. A uva não é prosecco e sim Glera elaborada pelo processo Charmat de segunda fermentação em tanque. Tendo deixado isso claro vamos a essa prova que agradou bastante.

Os Proseccos são classificados como Brut, o mais seco e menos comum por aqui com até 12grs de açucar residual, Extra-dry mais comum por aqui e mais adocicado com açucar residual entre 12 a 17grs e o Dry entre 17 a 32grs e a OIV (Organização Internacional do Vinho) permite uma variação em até 3grs. Dependendo da posição na escala, estes espumantes podem apresentar substanciais diferenças no palato, por exemplo um Prosecco Extra Dry com 13 e outro com 19 (na tolerância).

Eu gosto dos meus espumantes mais secos, preferencialmente Nature (proseccos não possuem esta classificação) ou Brut, por isso este Prosecco DOC da Cabert me agradou tanto e foi tão grata surpresa. Muito boa e abundante perlage difusa tomamdo conta da taça, notas florais, frutado puxando para frutos brancos e algumas notas citricas, fresco, vibrante e surpreendentemente seco para um extra dry deixando um retrogosto de quero mais. Fiquei curioso para saber o residual de açucar deste vinho, mas ainda não consegui obter essa informação, assim que consiga coloco aqui.

Fica aí a dica, pode mergulhar nessa que vale a pena, pelo menos na minha avaliação. Kanimambo, saúde e aos poucos estou voltando!! rs

São Paulo Wine Trade Fair É em Maio!

Entre os dias 10 e 12 de Maio acontece a feira e congresso São Paulo Wine Trade Fair, voltado para os profissionais e produtores dos segmentos de vinhos e destilados, acontece no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo. Simultaneamente acontece a Cachaça Trade Fair, feira focada no segmento de bebidas destiladas em geral. pessoalmente acho que uma coisa não tem muito a ver com a outra, mas….

Para a edição 2022, estão confirmados produtores de vinhos nacionais e internacionais, importadoras, exportadoras, distribuidoras, fabricantes de maquinário, insumos agrícolas, fabricantes de garrafas, gráficas de rótulos e embalagens, entre outros.

São Paulo Wine Trade Fair promove o CICAVI – Congresso Internacional da Cachaça e do Vinho, evento de caráter cultural, social, técnico e econômico que ocorre em paralelo e tem como objetivo disseminar e fomentar o conhecimento tecnológico, agronômico, dos aspectos produtivos, da comercialização, da distribuição e do serviço entre os componentes da cadeia produtiva do vinho e da cachaça.

O tema do congresso deste ano destaca os desafios para os novos cenários de implantação de políticas ambientais, sociais e de governança no setor de bebidas adultas. E o que as indústrias do vinho e dos destilados podem ensinar sobre sustentabilidade. A grade de palestrantes tem presença confirmada de profissionais de destaque, brasileiros e estrangeiros.

O evento conta com parceiros e apoiadores como o Ministério de Relações Internacionais, Secretaria de Desenvolvimento e Agricultura do Estado de São Paulo, SPVINHO, ABRASEL, IBRAC, SEBRAE e SENAC. O credenciamento para os visitantes é gratuito e pode ser feito diretamente no site do evento, que traz as informações completas dos congressos, concursos, master class, como participar e compra de ingressos.

Interessante a presença da Anprovin (Associação Nacional dos Produtores de Vinhos de Inverno), que criou a marca “Vinhos de Inverno”, vinhos de dupla poda com uvas colhidas no inverno. Cerca de 35 dessas vinícolas estarão presentes no pavilhão “Vinhos de Inverno”, algo diferente a ser conferido.

A dupla poda, poda invertida ou colheita de Inverno, é a inversão do ciclo da videira, trazendo a colheita das uvas para o período do Inverno. São realizadas duas podas, a primeira em agosto e a segunda em janeiro. Assim as uvas amadurecem no início da estação mais fria, de pouca chuva e maior amplitude térmica. Essa diferença de temperatura entre o dia e a noite faz com que a uva ganhe maior complexidade, estrutura e acidez, proporcionando ao vinho mais equilíbrio. Essa técnica de cultivo está revolucionando a viticultura em várias regiões do país, incluindo os Estados de SP, MG, MT, BA, RJ e o DF, que e já apresentam alguns vinhos premiados.

Eu devo estar lá para conferir, e você? O credenciamento para os visitantes é gratuito e pode ser feito diretamente no site do evento, que traz as informações completas dos congressos, concursos, master class, como participar e compra de ingressos.

https://www.winetradefair.com.br/

Desafio de Cabernet Franc às Cegas – 1º Embate

Administro quatro confrarias há muitos anos, a mais antiga tem 11 anos, e é algo que me dá enorme prazer porque são momentos de confraternização e de descobertas. Volta e meia fazemos estes desafios que são bastante estimulantes e costumo trazer à taça pelo menos uns cinco rótulos de diversos países para análise. Na “Brinde à Vida” deste mês de Março, lamentavelmente o quórum estava baixo, então nos limitamos a três garrafas apenas, mas valeu a pena, sempre vale!

A Cabernet Franc é originária de Bordeaux tendo sido levada pelo famoso Cardeal de Richelieu (alguém aqui lembra dos 3 mosqueteiros? rs) para a sua abadia de Saint Nicolas de Bourgueil onde ela se tornou uva ícone da região com um estilo diferenciado em função do terroir com grandes vinhos também na vizinha Chinon. È a mãe, ou pai tanto faz (rs), da Cabernet Sauvignon ao ser cruzada com a Sauvignon Blanc. Dependendo do terroir, tende a apresentar uma certa mineralidade, nuances florais, frutos silvestres, leve toque vegetal, ótima textura e taninos macios de acordo com Oz Clarke em seu livro Grapes & Wines.

Para este desafio selecionei um desafiante uruguaio, um argentino e um chileno, pena que faltou espaço para um brasileiro e um francês, o embate teria ficado ainda mais interessante, mas deixa eu te passar minhas impressões sobre os vinhos que possuíam preços entre 120 a 180 Reais. Todos bons vinhos, porém com personalidades bem diferentes e, aí, é uma questão de gosto

Dominio Cassis Cabernet Franc, uruguaio da região de Las Palomas próximo a Punta, safra 2017. O mais pronto e afável dos três vinhos da noite. Tímido no nariz, mostra-se bem na boca com uma certa mineralidade, frutado, leve toque vegetal, frutos silvestres e taninos macios muito bem equilibrado com seus educados 12.5% de teor alcoólico. Passagem por barricas de carvalho francesas e americanas por um período de 12 meses sem que esta se torne muito percepetiva, um vinho fresco e apetitoso que deixa um retrogosto de quero mais. O melhor para um dos confrades, para mim veio em segundo lugar.

Joffré y Hijas Gran Cabernet Franc, argentino do Vale do Uco em Mendoza, safra 2019, com 9 meses de barricas francesas e americanas, apenas 50% do vinho, e o maior teor alcoólico, 14,5%. Leve floral no nariz, bem frutado com notas de eucalipto e baunilha, aromas bastante interessantes de explorar com calma, mesmo para mim que não sou assim tão chegado em coisas olfativas, sou mais palato! rs Na boca demonstra seu equilíbrio com o álcool muito bem integrado, bom volume de boca, ótima textura e meio de boca complexo, taninos finos ainda bem presentes e boa acidez mostrando que que tem predicados para o levar bem mais longe com boa evolução. O primeiro no meu ranking, no dos outros confrades estava em segundo porém com o decorrer do tempo em taça acabou dividindo opiniões.

LFE 360º Series Cabernet Franc 2019, chileno do vale de Colchagua, inicialmente o preferido da maioria, algo que mudou um pouco com o tempo em taça. Afinamento em barricas de segundo y terceiro uso americanas e francesas por um período entre 11 a 12 meses. Veio potente, cor escura, rubi intenso, aromaticamente intenso com menta, frutos negros, algo de pimentão (suave) a famosa piracina, marca de boa parte dos vinhos chilenos.  Seus 14% de álcool se notam bem presentes e ainda por integrar, grande estrutura e volume de boca, especiarias, notas tostadas, vinho resinoso e algo pesado que, no meu conceito de Cabernet Franc, destoa um pouco quanto à tipicidade da casta. Para mim, minha terceira escolha e algo over para meu gosto. Para quem gosta de vinhos power, uma boa opção porém acho que abrimos o vinho cedo demais, precisa de mais tempo de garrafa.

Bem, por hoje é só, porém já tenho agendada mais uma degustação às cegas de Cabernet Franc com outros rótulos e outra confraria agora em Abril, depois conto mais, será o Embate II. rs Kanimambo, saúde

Vinhos abaixo de 50 pratas?

Este poderia certamente ser um post de autoria do amigo Didu, mas tomei emprestado o tema porque nos dias de hoje isso é um garimpo com parcos resultados, especialmente se exigirmos um mínimo de qualidade na taça. Há muito tempo que falo para o Didu que esse patamar já era, rs, com o passar dos anos os impostos aumentaram, o real se desvalorizou e os custos aumentaram, tanto que minha prateleira de vinhos até 50 Reais, poucos mas bons na faixa, teve que ser aumentado e hoje já está, a duras penas, em até 65!

Todavia, volta e meia algumas pepitas acabam aparecendo, mesmo que raramente. Recentemente dois vinhos me chamaram a atenção, ambos abaixo das 50 pratas e não são nem argentinos nem chilenos, muito menos uruguaios ou brasileiros, um é um branco português e o outro um rosé, pasmem, italiano! Falamos de vinhos de entrada, descompromissados e que surpreendem exatamente pela qualidade entregue versus um precinho muito camarada onde abundam coisas ruins.

Udaca, união de cooperativas do Dão, produz este vinho com o rótulo Rua Direita, um vinho de mesa com uvas da região, não sei quais e, sinceramente, pouco me importa! rs. Seco, frutado, boa acidez e bom de papo! sim, sabia que vinho também conversa com você? Uns não dizem nada, outros são papo cabeça e outros são pura diversão e este é um deles. Bem equilibrado, leve sem ser ralo, foi bem com uma tapioca de queijo branco, tomate e peito de peru no lanche da noite e no almoço escoltou um prato de bavete com molho de curry e frango.

O Rosé é outro daqueles vinhos que é pura diversão, piscina sem frescuras, tem uns por aí que custam um absurdo e não valem nem metade do preço, porém viraram fashion. Vinhos para se mostrar, não para beber! A melhor forma, na verdade, de você se mostrar é servir um vinho desses e depois dos comentários falar quanto custou! rs Muito fresco e frutado, não se sente doçura apesar de possuir um pouco mais de residual de açucar (por isso meio seco) porque a boa acidez controla isso. Vinho descompromissado para acompanhar frango agridoce, como eu fiz, sushis, sashimis, temakis, urumakis (especialmente os de salmão), camarão fritinho na beira da praia e sozinho num dia quente com boa companhia porque vinho sempre fica melhor quando bem acompanhado.

Enfim, é isso, curtam e se encontrarem por aí sirvam-se sem cerimônia, são vinhos para tomar de golão e ser feliz, tem momento para tudo, para os de precinho e de preção dependendo da ocasião. Saúde, kanimambo e que tal vir comigo no meu Tour de Vinhos de Altitude de Santa Catarina no próximo dia 28 e Abril? Abraço

Tour Vinhos de Altitude de Santa Catarina, Vem Comigo?

Oi pessoal, depois de mais uma longa ausência, cá estou de volta e para falar de meu quarto Tour pelos Vinhos de Altitude de Santa Catarina que realizarei agora no próximo dia 28 de Abril para um pequeno grupo interessado numa verdadeira imersão na enogastronomia da serra catarinense.

Num Micro ônibus com ar condicionado, geladeira e banheiro a bordo, serão seis dias com cinco pernoites em São Joaquim, incluindo café da manhã e almoço harmonizado todos os dias. No último Tour provamos cerca de 70 vinhos e exploramos uma área que já está dando o que falar e certamente é o futuro do vinho fino brasileiro de qualidade com muitas castas italiana fazendo sucesso. Neste Tour, o mais completo que já montei só com vinhos premium, acho que vamos passar de 70, certamente uma imersão na vitivinicultura da região.

Sim, porém afora visitarmos oito vinícolas e almoçarmos com outra na praia já retornando para Florianopolis, nosso ponto de partida, tenho programado seis almoços harmonizados. Acredito que vinho fica melhor com comida e boa companhia, por isso o foco também na boa gastronomia, crescem os pratos e o vinho! Visitaremos uma queijaria artesanal de queijos franceses onde faremos uma degustação e poderemos nos abastecer com queijos que traremos de volta a casa, eu certamente trarei alguns! Sairemos de Floripa dia 28 às 11h e retornaremos final do dia 03 de Maio, mas quem quiser ir antes ou voltar depois aproveitando a linda Floripa, fica à escolha de cada um. Importante é o horário de saída de Floripa.

Visitaremos as vinícolas; Thera, Villa Francioni, Vivalti, Villaggio Conti, Leone de Venezia, Monte Agudo, Quinta da Neve, Villaggio Bassetti e no retorno a Floripa, depois de descer a Serra do Rio do Rastro com suas 284 curvas, pararemos em Garopaba/Gamboa onde almoçaremos no delicioso restaurante da Chef Clau (Vivamo) com os vinhos da Abreu Garcia. Se estiver interessado me contate no Whatsapp (11) 99600-7071 ou a agência Latitudes Viagens nos telefones (11) 97504-4382 ou 3045-7740 para maiores detalhes.

Abraço e se conhecer alguém que possa estar interessado e puder divulgar o Tour, ficarei imensamente grato pela atenção. Kanimambo, saúde!

Meu Primeiro Bequignol

Já conhecia essa uva? Eu não! rs Sempre aprendendo, esta nossa vinosfera não pára de nos apresentar novidades, mesmo que de origem antiga. Novidades, antigas? Que contra senso é esse?? rs De tão esquecidas pelos produtores, passam a novidade por meio das mãos de jovens buscando na história e tradição novos sabores para nos surpreenderem, este foi mais uma grata surpresa, “Aqui Estamos Todos Locos Bequignol”.

A Bequignol é uma uva de origem francesa usada em Bordeaux até o ano de 1777. Hoje em dia existe pouco mais de  um hectare de vinhedos na França e um pouco mais de 900 na Argentina, normalmente de vinhedos antigos como neste caso, de 1940. De corpo ligeiro, dá cor e aporta acidez aos blends e quando elaborado como varietal tende a dar vinhos ligeiros, de poucos taninos, para serem tomados jovens. Também é conhecida como Red Chenin e possui uma relação parental com a Savignin da região francesa do Jura. Leva uma parcela de Buonamico (também conhecida como Sangioveto de origem italiana) que é cofermentada com a Bequignol.

A Bodega é Viñedos Niven em Mendoza, produtor que trabalha com conceito de vinhos orgânicos. Este “Estamos Todos Locos” tem fermentação semi carbônica em ovos de cimento e uma leve passagem por barricas usadas, sendo produzidas somente cerca de 1700 garrafas ano. E o vinho, que tal?

Na minha opinião um típico vinho de verão que ao ser refrescado fez com que seus taninos quase inexistentes aparecessem equilibrando o conjunto. Fruta vermelha, fresca, um vinho jovial, fresco e vibrante com ótima acidez e alguma especiaria de final de boca. Para acompanhar pratos leves, carpaccio, quibe cru, salmão, gostei bastante. Não é um blockbuster, mas é uma experiência super agradável que certamente se dará bem como companheiro da Primavera e do Verão, lembrando de o servir por volta dos 12 graus quando creio que ele mostra toda a sua vivacidade.

Apesar de ser bastante usado em blends, creio que só tem mais um produtor elaborando varietal de Bequignol, vale pesquisar outros produtores caso não encontre este e espero que tenha uma experiência tão gostosa quanto a minha, puro prazer e é para isso que o vinho existe! Saúde e Kanimambo!

Um Senhor Vinho, Bassetti Sauvignon Blanc

O Brasil é mais conhecido por seus espumantes e nos vinhos brancos tranquilos a chardonnay reina, já na serra catarinense e seus vinhos de altitude, a Sauvignon Blanc dá suas caras com maior assiduidade e diversidade com diversos estilos.

Pessoalmente, sou fã dos Sauvignon Blanc da Villaggio Bassetti que possuem características muito próprias. Seja pelo terroir como pela mão do produtor, a verdade é que os três Sauvignon Blanc deles são de tirar o chapéu. Tem o de “entrada” que abri hoje, tem o Donna Enny que é fermentado em madeira, uma verdadeira ousadia que deu muito certo, e o último a entrar para esse rol que é o Selvaggio D’Manny que é macerado com suas cascas e usa leveduras naturais, mas não é um laranja, um tremendo trio que faz com que a vinícola se destaque como um dos melhores produtores nacionais desta uva, se não o melhor, em minha humilde opinião logicamente. rs Controvérsias certamente haverão e isso faz parte, mas deixa eu falar deste vinho que tomei.

A safra 2020 já está disponível, mas hoje abri uma garrafa que estava em minha adega, safra 2017, quatro anos de vida. O vinho que, já por característica, não possui aquela acidez marcante e corpo leve, é um vinho que preza pelo equilíbrio, por um melhor volume de boca e maior complexidade que apenas aquela pegada unicamente cítrica com toques herbáceos de menor ou maior intendidade. Muito diferente do 2020, que possui esses predicados todos, este 2017 apresentou uma cor mais amarela mostrando sinais de sua idade, maior volume de boca, uma cremosidade incrível e notas de frutos amarelos como damasco e pêssego, notas de maracujá, acidez presente e equilibrada, complexo, algumas notas de evolução que não afetaram o todo, difícil de descrever mas um enorme prazer de o tomar e ainda tenho um na loja que acho que vou “roubar”. rs

Um Sauvignon Blanc que evoluiu muito bem, mas que virou um outro vinho e eu gostei dos dois. Pensando bem, legal seria abrir o 2020 junto com o 2017 e comparar, acho que vou colocar é numa confraria. Duas dicas, se tiverem oportunidade comprem de duas safras diferente, preferencialmente com dois ou três anos entre elas, para fazer essa comparação e avaliação e a outra dica é de harmonização sobre a qual não vou falar! rs Afinal a foto fala por si só!

É isso, kanimambo e cá vou postando, saúde!