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Um Torrontés Para Quem Torce o Nariz!

É, preconceito de monte com essa uva branca ícone dos hermanos argentino, parcialmente justificável pelo histórico, porém de uns dez anos para cá o perfil tem mudado muito. Por insistência da amiga Cristina Passos após ter provado, me deliciado e aprovado o vinho de Criolla elaborado pelo mesmo produtor, ontem provei este vinho. Vinho para quebrar qualquer preconceito para com esta uva e, para quem gosta, uma tremenda de uma viagem!

Vallisto Torrontés 2018, belo exemplar da uva Torrontés da altitude (1800 metros) de Cafayate (Salta) que ao sair da geladeira e às cegas nos leva a viajar por outras uvas como a Sauvignon Blanc e Chenin Blanc, porém após algum tempo em taça com aumento de temperatura se mostra de forma diferente ganhando estrutura e complexidade surgindo notas florais sutis tipicas da casta. Um vinho para ser tomado não a oito graus, mas a 10 ou 12, ganhando untuosidade + complexidade e a mineralidade aflora com tudo, uma viagem de descobrimentos que recomendo.

A Torrontés, de vinhedos antigos com cerca de 60 anos, é a protagonista com 90%, o que pela legislação vigente o classifica como um varietal, porém foi adicionado um tempero extra de 6% de Viognier que certamente ajuda no corpo e textura, assim como Chardonnay que lhe aporta um pouco mais de complexidade e elegância. Frutos tropicias, ótima acidez, médio corpo, sutil floral, notas cítricas no final de boca como fizeram falta umas empanadas, mas um ceviche também ia bem!! rs Sur lie de 6 meses, 40% do vinho estagia por seis meses em barricas de carvalho usadas e o restante permanece em tanque até que seja feito o blend final para engarrafamento.

Gostei muito, equilíbrio perfeito, sem arestas nem excessos, marcante, um vinho que certamente encontrará abrigo na minha adega e frequentará minha taça com uma certa assiduidade. Preço entre 115 a 130,00 Reais o que, no nosso contexto tupiniquim vale, porém seria ótimo se estivesse abaixo de 100! rs

Bom fim de semana com bons vinhos e não importa se brancos, rosés ou tintos o clima está bom para isso e se adicionar um fondue então, aí dá namoro! rs Kanimambo pela visita, saúde

Vinho de Prazer, Alto Las Hormigas Tinto

Afinal, como já dizia meu mentor Saul Galvão, “o vinho nasceu para nos dar prazer” e a busca é incessante! rs Dar uma volta numa Ferrari ou numa bela BMW top de linha é (deve, porque nunca o fiz! rs) algo esfuziante mas para poucos assim como tomar um dos grandes vinhos do mundo. Na maior parte das vezes andamos mesmo é com nossos carros médios, alguns com boas SUV da vida e outros de transporte público mesmo e o grande barato de nossa vinosfera é fuçar por vinhos que se encaixem no tamanho de todos esses bolsos gerando prazer. Tem alguns que têm prazer com seus reservados e tudo bem, porém eu busco essa sensação em vinhos num patamar algo melhor a nível de qualidade. Aliás, uns amigos andaram me pedindo uma listinha de alguns desses achados e em breve montarei uma.

A maior parte dos vinhos que bebo não são grandes vinhos salvo se com amigos rachando a conta, tenho que comprar vinhos com qualquer um, então fico buscando vinhos que me satisfaçam entre as 50 e 150 pratas, esses últimos para momentos já mais especiais e, volta e meia (raro) cai um mais barato na minha rede. Hoje venho falar de um desses vinhos que me entusiasmou na faixa intermediária dos preços citados, o Alto Las Hormigas Tinto, argentino de Mendoza com alma italiana que não é um grande vinho, nem pretende ser, porém é um vinho muito bem feito, versátil e que me deu imenso prazer de tomar, cumpriu seu papel, tanto que lembrei da foto já com a taça vazia! rs

O vinho vem pelas mão do enólogo italiano Alberto Antonini (veja abaixo*) e nos traz um blend algo inusitado, Bonarda com Malbec e um tico de Semillon, uma uva branca para quem não conhece. Sem passagem por madeira é rico de boca e aromas, muito equilibrado, taninos macios, fruta abundante sem excessos de extração nem madurez, fresco com uma acidez e vivacidade que pede sempre mais uma taça. Vinho literalmente sem arestas, gostoso e mais não digo! Versátil de harmonizar de um bate papo informal, queijos – embutidos – antepastos, massas, carnes mais leves e tudo isso por um preço que varia no mercado entre 68 Reais (site da importadora) a 89,00 nas lojas especializadas. Para quem gosta de pontuação, um vinho de 90 e 91 pontos pela Revista Adega e Guia Descorchados, para mim um tico abaixo disso.

*Alberto Antonini é considerado pela revista Decanter um dos cinco mais influentes “flying-winemakers” (enólogos que dão assessoria a vinícolas) do mundo. Após trabalhar durante anos nas mais prestigiadas e importantes vinícolas da Toscana, como Antinori e Frescobaldi, ele se juntou a Pedro Parra, único especialista em terroir da América do Sul, e Antonio Morescalchi, responsável por apresentar a Malbec para o mundo há mais de 20 anos, e fundou a Altos de Las Hormigas, em 1995, na Argentina.

Uma ótima semana a todos. Dentro do possível, ando um bastante ocupado tentando fazer uns trocados (rs), em breve estarei de volta por aqui compartilhando um pouco mais de minhas experiências. Kanimambo pela visita, saúde!

Salud, Cheers, Prosit, Santé

Um Malbec Bom de Boca e Bom de Preço, Gostei!

é isso, não é Cepacol mas é bom de boca! rs Malbec Reserva 2015 da Domaine Bousquet de quem já falei aqui e que só trabalha com vinhos ôrganicos, sempre um plus em sendo vinho bom e este é. Este Malbec leva um tempero de 5% cada de Merlot, Cabernet Sauvignon e Syrah, passa 10 meses em barricas francesas, que aparece de forma muito sutil, e 4 meses de afinamento em garrafa antes de sair para o mercado.

Houve dia que só de escutar a palavra Malbec eu arrepiava, sério! Ainda arrepio com alguns, rs, aquelas bombas alcoólicas, super tânicas, fruta excessivamente madura por muitas vezes enjoativa, dava calafrios vinhos que apelidei de excessivos, vinhos over. Bom que isso ficou para trás porque ao longo dos últimos anos a filosofia de produção foi mudando por lá se adequando a um mercado que também mudou e eu tive a felicidade de conhecer mais a região e seus produtores podendo assim filtrar melhor o que bebo, vinhos que me deem prazer sem me derrubar. Este é um desses vinhos, onde a potência foi trocada pela elegância.

Um vinho sem excessos, fruta abundante, final de boa persistência levemente apimentado, taninos aveludados com acidez equilibrada, corpo médio, textura gostosa que formam um conjunto de boa qualidade tendo sido ótima companhia para este Risoto de Funghi com tiras de Bife Ancho na frigideira. Trivial de almoço nesta Segunda, rs, deu vontade uai! Precisa ter hora para essas coisas? Quer saber preço né, em São Paulo entre 95 a 100 Reais nas melhores casas do ramo, eh, eh!

Kamimambo pela visita, saúde

Salud, cheers, prosit, santé

Timperosse 2011, Feliz! rs

Corte de meio a meio Syrah e Petit Verdot? Há muito que não provava desde os tempos em que descobri o Terras do Pó Syrah/Petit Verdot da região Setúbal, um corte que me surpreendeu desde o primeiro momento que o conheci há já alguns anos e pelo qual sempre tive uma quedinha. Que sou fã da Petit Verdot não preciso dizer, mas um varietal é sempre de preços bem altos o que os torna meio que inviáveis para a maioria, então o negócio é procurar cortes em que eles tenham uma participação, o resultado é, invariavelmente, muito bom, tem Petit compra! Em função das características da uva, um corte meio a meio nos leva a crer num vinho muito potente, mas esse vinho foi uma grande surpresa por sua harmonia e equilíbrio.

Pois bem, não resisti quando passou por mim mais um corte desses só que desta vez italiano, tinha que provar, ainda mais 2011! Ao pesquisar, deu que era 100% Petit Verdot, só que vi diversos comentários na net sobre como a Syrah aportava isso e aquilo, rs, interessante como até gente graúda pode ser influenciada por um rótulo ou informação equivocada. Enfim, não vem ao caso, não me fiz de rogado e deu nisto, aqui em Falando de Vinhos, no kit Frutos do Garimpo deste mês e, obviamente, na Vino & Sapore porque gostei muito e achei o preço bom para o que apresenta, ao redor de R$140,00 em São Paulo, especialmente em sendo um 100% Petit.

Timperose Mandrarossa 2011, um petit verdot siciliano muito bem feito e equilibrado, tinha que trazer isto para os amigos! Cor bonita já com halo de evolução mediano dando suas caras. Aromas tímidos de frutos negros com um toque defumado e algum floral, mas é na boca que ele mostra a que veio e eu gostei demais. O meio de boca me seduziu por sua complexidade, volume e riqueza de sabores, salumeria, frutos negros, mesmo sem syrah um toque de especiarias, taninos aveludados ainda bem presentes demonstrando que ainda há vida para um par de anos aqui, final de boca apresenta algumas notas terciárias, boa acidez ainda presente, clama por um prato igualmente rico.

Um vinho literalmente guloso e equilibrado, uma grande surpresa Siciliana que vai atender aos amantes da Petit Verdot e ser um tremendo exemplo para quem ainda não a conhece e prepare o cordeiro! rs Como não tinha cordeiro, peguei um resto de almoço do dia anterior de carne seca refogada com cebola, alho, pimenta biquinho, cebolinha, azeitona preta portuguesa fatiada e tomate cereja cortado em quatro, essa “gororoba” toda (rs) sobre uma cama de arroz. Cara, não é que deu um samba legal! rs O prato não é pesado, mas é bem condimentado e isso deu a liga, curti.

Bem amigos, hoje fico por aqui, aproveite a semana da melhor maneira possível. Kanimambo pela visita, saúde e nos vemos por aí em algum lugar desta vinosfera ou virtualmente por aqui mesmo, porque sempre há algo a compartilhar enquanto vocês seguir por aí. Abraço

Cheers, Salud, Prosit, Santé

Morellino, Você Conhece?

Na verdade hoje quero falar de um vinho, mas me veio uma dúvida à mente, as pessoas conhecem a uva Morellino? Como é comum na Itália, ela vem acoplada a sua região, assim como a Brunello que vem de Montalcino e a Montepulciano é de Abruzzo, aqui temos a Morellino di Scansano, sendo a sub-região localizada em Maremma região costeira da Toscana. A Morellino é a denominação dada à sangiovese nesta região tendo a Morelino di Scansano se transformado em DOC em 1978 e elevada a DOCG em 2007.

Germile da Tenuta Pietramora foi o companheiro escolhido para escoltar meu nhoque ao sugo com direito ao molho da mamma (rs) e pernil de porco assado no forno. Um Morellino dei Scansano DOCG delicioso que se encaixou à perfeição. A DOCG exige um mínimo de 85% de Morellino, porém aqui temos 100%, sem passagem por madeira, só inox, e afinamento de 12 meses em garrafa. Bonita cor rubi não muito escura como manda o figurino, aromas típicos de frutos vermelhos frescos com sutis notas florais. Na boca a fruta abunda com bastante frescor, ótima textura, corpo médio um vinho que dá prazer tomar, possui boa persistência, taninos macios e aveludados tendo ornado muito bem com o molho de tomate, nada como harmonizar por origem (alimentos e vinhos) e peso dos pratos, dificilmente dá errado. Preço na casa dos R$110,00 em São Paulo.

Kanimambo pela visita, saúde e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí em algum lugar de nossa vinosfera.

Belo Pinot Noir na Taça, Domaine Bousquet Reserva.

Domaine Bousquet é um projeto francês na altitude de Gualtallery, Tupungato, Vale do Uco, Mendoza. O compromisso com a agricultura orgânica impulsiona o melhoramento da biodiversidade dos vinhedos. Quanto mais saudáveis os vinhedos, melhor a uva e consequentemente (na maioria das vezes) o vinho elaborado sendo esse o principal objetivo desta família francesa que chegou a Tupungato em 1997 depois de 4 gerações produzindo vinhos na terra natal, Carcassonne no sul da França. As raízes de vinhedos cultivados de forma orgânica tendem a ser mais profundas permitindo que as plantas absorvam e distribuam melhor os minerais e intensifiquem sabores já que o rendimento das vinhas tende a ser menor. O uso de leveduras selvagens, compactuam com o trabalho nos vinhedos de forma a trazer o melhor retrato do terroir. O resultado são vinhos menos industrializados, mais verdadeiros, mas que, obviamente, têm que ser bons antes de qualquer coisa e isso eu conferi, só assim para estar aqui!

    A altitude de Gualtallary, 1200 metros de altitude, permite uma melhor e mais tardia maturação da uva e uma acidez mais presente nos vinhos por lá produzidos devido à amplitude térmica bem acentuada na região. Resultado; vinhos mais frescos, fruta madura no ponto (sem sobremadurez), taninos mais finos e tudo isso se confirma neste delicioso e equilibrado Pinot Noir.

Um misto de elegância e finesse francesa com a generosidade típica de fruta que esta região aporta aos vinhos. Sem excessos, sem aparas, um meio caminho entre os tânicos e excessivamente escuros super extraídos Pinots que abundam o Novo Mundo, um perfeito equilíbrio entre o velho e novo mundo. Dez meses de barrica francesa muito bem usada, penso que deve ser de segundo uso com talvez um pequeno porcentual de novas, já que se nota essa presença, porém de forma bem sutil com algumas notas tostadas. Seco, boa acidez, muita fruta fresca (cerejas, framboesa?), alguma especiaria, corpo médio, taninos sedosos, ótima textura, álcool muito bem integrado, um vinho que precisa de tempo em taça onde vai se abrindo com a taça seguinte sempre apresentando algo a mais e diferente da anterior, vinho que deve evoluir muito nos próximos dois anos já que tem pouco mais de ano de engarrafamento. Muito boa persistência, fresco, vivo e cativante, um tremendo prazer de tomar e uma grande surpresa que me encantou inclusive pelo preço.

Preço bom, característica da SYS Importadora do amigo Juan Rodrigues, abaixo das 100 pratas o que aporta em minha avaliação um ponto extra e o faz uma das melhores relações PQP (Preco, Qualidade, Prazer) que tive o prazer de provar este ano. Por falar em pontos e para quem aprecia o quesito, Wine Magazine 90 / Tim Atkins 90 / James Suckling 92 e eu fico entre eles! rs

Esse é o teaser da semana, pois há mais alguns posts programados compartilhando algumas de minhas mais recentes provas. Que seja uma bela semana para todos, kanimambo e saúde!

cheers!

Vinhos de Portugal de Volta ao RJ e SP!

Falei que entramos na estação das grandes degustações! Pois bem, neste fim de semana no Rio de Janeiro e no próximo em São Paulo mais uma edição desta importante exposição de vinhos lusos das mais diversas regiões produtoras (14) com cerca de 75 expositores e algo ao redor de 600 rótulos a degustar, maratona e tanto. rs Vai pela primeira vez? Então dá uma olhada nestas dicas para você aproveitar melhor o evento e programe seu roteiro de provas previamente.

 

O formato é algo diferente. Você compra uma sessão de degustação, são três horários diferentes, cada uma de duas horas. Após cada sessão a sala de degustação é esvaziada e entra uma nova turma e as sessões têm ingressos limitados, desta forma se evita a zorra que volta e meia a gente vê neste tipo de eventos. O preço em média dos ingressos a cada sessão varia um pouco em função do dia, porém a média é em torno dos 150 Reais e, pasmem, tem meia entrada inclusive para idosos.

Eu vou estar na de São Paulo (J.K.) no Domingo dia 7 desde a primeira hora fuçando um pouco para ver se consigo achar algumas pepitas por lá, porque navegar é preciso (está no DNA, rs) e garimpar idem.Obviamente estarei com meu amigo Fernando Rodrigues da Lusitano Import provando os vinhos da DFJ, mas não só porque tem muita coisa a descobrir. Depois dou um feedback por aqui, mas certamente é um programa diferente de fim de semana que pode, inclusive, ser feito em família salvo crianças menores de 18 anos logicamente. Para saber mais da programação, horários, expositores, sessões, preços clique na imagem abaixo.

No meu radar, alguns produtores em especial, por região:

Alentejo

Malhadinha Nova – Tapada de Chaves – Cortes de Cima – Monte da Capela

Bairrada

Kompassus – Niepoort – Luis Pato

Dão

Quinta dos Carvalhais – Casa de Mouraz – Juliana Kelman

Lisboa

DFJ Vinhos – Chocapalha

Setúbal

Pegões – Venâncio da Costa Lima – José Maria da Fonseca

Douro

Alves de Sousa – Quinta do Porttal – Wine & Soul – Niepoort – Ferreirinha

Tejo

Alorna e Falua

Minho (Vinhos verdes)

Ameal – Anselmo Mendes – Lima & Smith – Ponte da barca

Quem for ao evento do Rio e puder adiantar alguma descoberta somos todos ouvidos aqui em São Paulo. Um ótimo fim de semana, kanimambo pela visita e saúde, sempre!

Cota 500 Merlot, Elegância na Taça.

Merlot, uma uva pouco valorizada mas que por aqui se dá muito bem e deveria ter mais respeito dos aficionados do vinho no Brasil, produzimos muitos e bons vinhos, olho vivo aí moçada. Tem gente que até acha que é uma uva “bobinha” sem grande personalidade, mas a esses eu sempre gosto de lembrar de um tal de Petrus e a grande maioria dos Bordeauxs da margem direita que a têm como casta majoritária. Bobinha o escambau! rs

Este não é brasileiro, é da Andes Plateau, um produtor chileno que possui uma linha de vinhos de muita qualidade altamente elogiada e pontuada pelo mais novo Guia Descorchados, uma vinícola de autor (Filipe Uribe) com produção total ao redor de 25 mil garrafas. O Cota 500 Merlot 2017 é sinônimo de elegância com riqueza de sabores e taninos finos e sedosos típicos da casta, um vinho que me agrada muitíssimo sendo de fácil harmonização.  Produção muito pequena que não chega a 850 garrafas, tão pequena que vai ser descontinuada por razões econômicas e a rica fruta ficará restrita a uso em blends. Os vinhedos pertencem a um velho produtor parceiro e possuem mais de 20 anos de idade localizado em Pirque (Maipo).

O vinho elaborado com leveduras indígenas estagia por meros seis meses em barricas usadas, muito mais pela micro oxigenação do vinho do que aporte de algo mais, aqui é só sutileza, um Merlot clássico. Frutos vermelhos em abundância, taninos finos, elegantes e macios sem perder textura, muito boa acidez que lhe dá um frescor muito interessante, corpo médio, um vinho que me seduziu e me surpreendeu porque sempre tive dificuldades em encontrar bons Merlots no chile, não que não os hajam e aprecio  uito os bons; Cuvée Alexandre, Marques de Casa Concha e Amplus Merlot por exemplo, porém não são tantos assim, pelo menos que eu tenha provado. O Guia Descorchados de 2018 lhe deu 93 pontos, eu sou mais comedido (rs), mas certamente entraria na casa dos 90

Importação de meu amigo Wilton da Dominio Cassis, mas uma pena que está acabando, vai deixar saudades. Boa parte do que ainda tinha foi usada na Confraria Frutos do Garimpo, estivesse o mercado algo melhor teria arrematado o lote. Enfim, mais um vinho que se você achar por aí e apreciar esta uva pode mergulhar de cabeça sem medo de ser feliz. Pelo que pesquisei preço em Sampa na casa dos R$130,00.

Kamimambo pela visita, saúde

Sauvignon Blanc de Classe

A primeira vez que me deparei com este vinho foi nos idos de 2014 numa Expovinis. Fuçava rótulos na época abaixo dos 50 Reais para uma degustação às cegas que elegeria os melhores brancos e tintos nessa faixa. Escolhi dois rótulos, um deles este, o Villaggio Bassetti Sauvignon Blanc 2016!

Sim é de Santa Catarina, São Joaquim para ser mais preciso e segue sendo um vinho que me encanta pelo simples fato de pouco parecer os Sauvignon Blanc a que estamos acostumados; menos intensidade de notas herbáceas, acidez mais balanceada e mais cremoso na boca. Este exemplar de 2016 que encerrou um encontro de amigos após dois tintos, veio mostrar aos amigos que as surpresas vínicas seguem ocorrendo mesmo para gente com avançada litragem. Até na cor ele é diferente, algo mais amarelo menos palha, estávamos diante de um dilema que comprova a máxima de que o enólogo frente ao vinho toma decisões e o enófilo frente a decisões toma o vinho, nós tomamos e nos deliciamos, teve até “alguém” que não é chegado na casta que teve que rever sua posição e tomou bem! rs

Este Sauvignon Blanc mostra-se mais untuoso e estruturado na boca, cremoso com acidez muito bem balanceada, frutos tropicais maduros se misturam a algumas notas cítricas, final de boca algo mineral que desponta mais quando a temperatura é menor (8º C), formando um conjunto de bastante complexidade em função de seu tempo sur lie. Um Sauvignon Blanc fora da curva que me seduz a cada vez que o tomo e na casa dos 85/90 Reais é uma opção para lá de honesta. O Guia Adega o apontou como o melhor desta casta no Brasil em 2018 assim como melhor branco nacional com 92 pontos e Jorge Lucki o apontou como o melhor branco nacional que provou em 2017 o que, comigo, já faz três referências de respeito! rs Brincadeiras á parte, um belo vinho para quem gosta de navegar por mares diferentes e que me deu um enorme prazer tomar.

Mais um branco, sei, mas fazer o quê? Ainda são os vinhos que mais me têm dado prazer de provar e beber, então sigo compartilhando com os amigos essas experiências. Tomar acompanhando o quê? Bem, os óbvios frutos do mar em geral mas desta feita eu adicionaria carnes brancas como peito de peru à Califórnia por exemplo. É isso, kanimambo pela visita, saúde e nos vemos por aí, quem sabe no Encontro Mistral semana que vem?

 

Mais de Um Século na Taça, Pireko Malbec.

Soa meio estranho, mas o Pireko é bom! rs O nome de origem indígena significa “água do degelo das montanhas” e vem de Perdriel, sub região conceituada de Lujan de Cuyo em Mendoza, onde Rodolfo Spielmann se deparou com esta propriedade na Calle Cobos com 17 hectares de vinhas de Malbec plantadas até 1910 em pé franco. Porquê comprá-lo, porquê não comprá-lo, foi lá e comprou-o em 2009 como investimento de retorno a sua terra natal. Para tocar enologicamente o projeto, ninguém mais ninguém menos que Pepe Galante que para os aficionados dos vinhos argentinos dispensa maiores apresentações.  Hoje provei meu primeiro vinho, o de entrada deles, que me deixou muito boa impressão, o vinho não tem 100 anos, mas as vinhas que geram o caldo são e fazem diferença!

Vinhedos velhos neste nível, cerca de 109 anos, são poucos produzindo comercialmente e possuem algumas características bastante valorizadas porque transmitem ao vinho particularidades diferentes. Apesar de alguns projetos mais apressados, um vinhedo novo começa a produzir alguma coisa aceitável por volta de 3 anos e atinge um patamar de produtividade/qualidade comercial adequada a partir de 5 anos, aqui falamos de 109 anos! A produtividade foi para a glória, o número de cachos por planta é pequeno, porém a concentração, intensidade e acidez se acentuam e os taninos se tornam mais amistosos. Tudo isto me pareceu muito presente neste vinho de entrada e me aguçou a curiosidade para conhecer seus outros rótulos. Da linha Pireko só provei este Malbec centenário, mas ainda há o Cabernet Sauvignon e o Pedro Gimenez.

Pireko Malbec Centenário 2016, (primeira safra lançada) é um single vineyard sem passagem por madeira somente inox, traz uma textura e volume de meio de boca deliciosos. Cor de rubi intenso, aromas de frutos vermelhos frescos, levemente encorpado sem pesar, taninos firmes mas sedosos, fruta abundante  sem excessos de madurez, acidez balanceada, longa persistência algo apimentada que deixa um retrogosto de quero mais na boca. Um vinho que vai se abrindo na taça e melhorando a cada gole, vinho para derrubar qualquer eventual preconceito para com os vinhos Malbec e que se beneficiará de uma meia horinha de aeração. Para um vinho de entrada, de pequena produção (750 caixas), surpreende duplamente começando pela qualidade mas também no preço, na casa das 100 pratas hoje de acordo com o importador que é o próprio produtor.

Como curioso que sou, agora quero descobrir o resto e quero conferir se meu conceito de que quem faz um vinho bom de entrada não nega fogo conforme subimos a escada se confirma mais uma vez. Tem um corte que leva Petit Verdot, já esfregando as mãos! rs Kanimambo pela visita, saúde e uma ótima semana para todos.