Uvas & Vinhos

A Tannat e o Uruguai

O berço nativo da Tannat é Madiran, no centro da região sudoeste da França. ao pé dos Pirineus, mas é considerada, de fato, um patrimônio nacional do Uruguai!

No século 19, um francês chamado Pascual Harriague introduziu essa cepa no Uruguai, onde ela se adaptou perfeitamente, ganhando força e prestígio, ao proporcionar vinhos de sabor único, cor concentrada e complexidade intensa. Durante muito tempo a uva no Uruguai foi conhecida por Harriague e existe o vinho Don Pascual que é uma homenagem a este homem e sua contribuição à vitivinicultura uruguaia.

Apesar de ainda ser cultivada na França, o Uruguai é hoje o produtor dessa uva que mais se destaca. Cerca de 45% de seus vinhedos são ocupados pela variedade. A Tannat, especialmente rica em polifenóis, tendo o maior contéudo de Resveratrol (forte poder antioxidante) entre todas as cepas Vitís Viniferas conhecidas, devido à espessura grossa da casca e ao elevado número de sementes dessa uva. Cada bago de Tannat costuma ter 5 sementes, sendo que o mais comum, nas outras variedades, é a presença de somente 2 ou 3 sementes por bago de uva.

O alto nível de taninos, em contrapartida, fez com que a Tannat ganhasse fama de selvagem, rústica e até mesmo agressiva na França o que fez com que produtores buscassem amenizar essa característica com a adição de outras castas mais “suaves” para reduzir esse impacto como a Cabernet Franc e a Merlot.  Já no Texas, onde existem bastantes vinhedos da uva, os produtores fazem exatamente o oposto, com maceração prolongada para destacar o alto teor tânico de seus vinhos. Já no Uruguai, os cortes mais comuns são com Merlot, predominantemente, mas também com a Pinot Noir, Cabernet Franc, Tempranillo Viognier e Syrah.

Os melhores Tannat serão sempre intensos, muito elegantes, com final longo e memorável. A harmonização da Tannat agrada em cheio os apreciadores de churrasco daqui do Brasil, da Argentina e do Uruguai. Os taninos dessa uva combinam muito bem com carnes mais gordurosas sendo parceiro fiel do famoso cordeiro uruguaio e leitão pururuca, porco no rolete e até feijoada.

Apesar de produzirem vinho a mais de 250 anos, foi realmente a partir de 1874 com a aposta na uva Tannat por parte de Pascual Harriage, que o a vinicultura começa a ganhar importância. A moderna vinicultura, todavia, somente começa a ganhar corpo a partir do início dos anos de 1980 culminando com a criação do INAVI (Instituto Nacional de Vitivinicultura), uma entidade publica que vem regendo o presente e o futuro do vinho Uruguaio.

 Em 1992 foi feito um estudo de regionalização da produção do vinho em que se definiram oito grandes regiões de potencial de desenvolvimento baseado em parâmetros climáticos assim como da geologia encontrada. Canelones/Montevideo ao Sul, ainda representam 76% dos vinhedos plantados. Sua marca registrada é o Tannat e sua chegada ao cenário mundial é bem recente, mas ganhando espaço com alguma velocidade apesar dos números ainda relativamente pequenos de exportação face o alto consumo interno versus a pequena produção. Dos cerca de 74.5 milhões de litros produzidos, 59.5 ficam no país (grande consumo per capita) e 18 se destinam à exportação sendo a venda a granel ainda o grande volume (76%) e dos 4.6 envazados a grande maioria, cerca de 65%, é destinada ao Brasil.

Algumas importantes normas foram definidas para a indústria. Começando pelo fato de que qualquer varietal declarado no rótulo deverá ter, obrigatoriamente, um mínimo de 85% dessa variedade. Por outro, se instituiu a VCP (Vino de Calidad Preferente) que é o verdadeiro vinho fino como nós o conhecemos. Ter a chancela VCP impressa no rótulo significa dizer que o vinho foi produzido dentro das normas, região e condições estabelecidas.  Não é chancela de qualidade ou seja, pode-se ter um bom vinho sem VCP como ter um péssimo com VCP. Na verdade, ter VCP é uma indicação de que o vinho deve ter qualidade, mas não uma verdade absoluta. Aliás, como todos AOCs e DOCs do mundo.

             Os vinhos Uruguaios apresentam características bem diferentes dos vinhos a que estamos habituados a tomar de origem Argentina e Chilena. Pelas próprias diferenças climáticas com temperaturas mais amenas e condições geológicas bem distintas às encontradas nestes outros países. São vinhos com personalidade própria, elaborados por gente que tem um jeito diferente de fazer vinho e que, neste sentido, nos parecem vinhos mais parecidos ao estilo do Velho Mundo, com menos potência, teores alcoólicos mais controlados, boa estrutura e mais elegância.

         Para a alegria dos produtores e dos consumidores em geral, Patrick Ducournau, em 1991, na região vinícola francesa de Madiran, desenvolveu um processo de micro-oxigenação com a finalidade de “domar” o alto nível dos taninos da variedade Tannat. Esta técnica consiste na adição artificial de finíssimas bolhas de oxigênio no mosto através de um dispositivo mecânico anexado ao fundo do recipiente onde a fermentação é realizada seja ela em tanques de inox, cimento ou até barricas. A dosagem é controlada e pode variar de 0,75 a 3 centímetros cúbicos por litro de vinho. O oxigênio é um importante elemento durante o processo da redução (polimerização) dos taninos imaturos, que se transformam em taninos macios e agradáveis, e das antocianinas presentes nas cascas das uvas tintas. Este processo de micro oxigenação foi também um “alavancador” comercial por ter domado boa parte da tanicidade destes vinhos tornando-os mais palatáveis e mais rapidamente acessíveis ao consumidor.

Afortunadamente, a maioria do que vem sendo exportado para o Brasil são de vinhos de qualidade, bem elaborados e de boa estrutura. Mesmo assim, é aconselhável dar aos varietais desta cepa, especialmente quando 100% e de mais alta gama, um pouco de tempo em garrafa para que se possa usufruir de toda a sua complexidade de aromas e sabores e para que os taninos se integrem.

Agora, como na Argentina, onde há muito mais a se explorar do que sua Malbec, o Uruguai está passando por uma grande transformação e há uma diversidade de uvas sendo cultivadas com resultados ótimos, então que tal explorar? Eis alguns produtores a explorar; Pizzorno, Gimenez Mendez, Bouza, Pisano, Familia Deicas, Carrau, Dominio Cassis, Alto de Ballenas, Los Vientos, Narbona, Irurtia, Garzon, Viña Progreso. Com esses treze produtores a viagem será longa e proveitosa, aproveite!

Saúde, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou em qualquer uma das muitas curvas de nossa vinosfera!

Conheça as Castas do Douro.

Impossível para nós pobres mortais amantes de Baco conhecê-las todas porque o Douro é a região DOC do mundo, com mais variedades de uvas homologadas. São, mais de cem variedades de uvas , todas autorizadas pelo Instituto do Vinho do Douro e Porto. Uma enormidade de uvas a escolher não sendo, portanto, à toa que volta e meia nos deparemos com um vinho de uva totalmente desconhecida para a maioria de nós.

Hoje em dia, a tendência para as recentes plantações está voltada principalmente para cinco castas tintas (Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinto Cão e Tinta Roriz) e cinco variedades de uvas brancas (Malvasia Fina, Gouveio, Viosinho, Códega e Malvasia Rei), ambos utilizados para a vinificação de vinho do Porto e vinhos tranquilos. Existem 29 variedades de castas recomendadas na legislação, estas 29 variedades são divididas em dois grupos, o primeiro deve ser usado em pelo menos 60% do vinho (blend de castas diferentes). A composição dessas uvas no blend elaborado, a maioria dos vinhos, compõem o famoso corte duriense tão importante quanto o tal do bordalês, só que mais complexo por unirem mais castas! rs Brincadeiras à parte, lembro que o Douro é a primeira DOC do mundo datada de 1756 criada pelo Marquês de Pombal para assegurar a qualidade dos Vinhos do Porto.

As uvas do segundo grupo devem ser usadas em um máximo de 40% do blend. Finalmente, um terceiro grupo, cuja castas podem ser adicionadas aos grupos anteriores, ” castas autorizadas ”  … algumas dezenas, no final podem facilmente atingir as 100. 

As características das principais castas tintas utilizadas: 

Touriga Nacional – No passado, foi uma casta bastante evitada por causa do baixo rendimento e muito frágil em relação a doenças das videiras.Atualmente, representa apenas 2,5% da área plantada, mas é a única que está sendo usada como mono-varietal na produção de vinhos tranquilos, devido à sua complexidade e elegância, os aromas característicos são: ameixas, cassis e violetas. Taninos doces e extremamente concentrados, grande capacidade de envelhecimento, é portanto, uma casta obrigatória no blend dos Vintage.

 Touriga Franca – É a mais plantada na região do Douro Superior, por causa da resistência a diferentes condições climatéricas, esta casta origina vinhos vigorosos, com frutas negras notas e notas florais, como rosas. Apresenta uma boa capacidade de estágio dos vinhos. É comum estabelecer-se uma associação entre o seu bom desenvolvimento durante o ano e uma boa declaração de Vintage . 

Tinta Roriz – também conhecida como Aragonêz no Alentejo e Tempranillo em Espanha, esta casta é caracterizada pela alta qualidade e rendimento. Esta variedade oferece uma mistura de geleia de frutas negras e especiarias, oferece alto teor alcoólico . 

Tinta Barroca – datada do século XVII, é caracterizada pelo bom rendimento, média intensidade, taninos sedosos, aromas doces e frutados de cerejas e ameixas, alto teor alcoólico . É normalmente a primeira casta tinta a ser vindimada, adquirindo mais cedo do que todos as outras, o pico de maturação. É plantada nas regiões do Baixo e Cima Corgo, uma vez que em áreas mais quentes, como no Douro Superior, irá certamente desidratar.

Tinto Cão – Tradicionalmente, origina vinhos mais leves, de baixa intensidade em cor, com aromas elegantes a frutos vermelhos, especiarias e perfil floral, embora para vinhos envelhecidos, esta casta se revele bastante importante, mostrando uma enorme resistência à oxidação. 

Tinta Amarela – Facilmente encontrada no Baixo Corgo, é de difícil plantação, devido à sua fragilidade em resistir às doenças das videiras, no entanto, oferece bastante intensidade em cor e aromas, muitos aromas frutados, com notas vegetais e uma boa capacidade para vinhos de guarda. Esta casta é amplamente plantada no Alentejo, onde é conhecida como Trincadeira. Em outras regiões vitivinícolas portuguesas é ainda conhecida como: Espadeiro (presente nos rosés do Minho), Crato Preto, Mortágua, Murteira ou Rabo de Ovelha Tinto. 

 Normalmente, as castas brancas são plantadas em áreas mais frescas e com alto relevo. As características das principais castas brancas utilizadas:

Malvasia Fina – Esta variedade de uva produz vinhos muito refinados, frutados e encorpados. É cultivada em algumas regiões vitivinícolas portuguesas, como a ilha da Madeira. É praticamente considerada como obrigatória no que toca á produção de vinhos do Porto e Douro brancos

Gouveio – É cultivada em algumas regiões vitivinícolas portuguesas, como a ilha da Madeira, onde ele é conhecida como Verdelho. Produz vinhos aromáticos (aromas de maçã), textura suave, boa acidez e concentração de açúcar.

Viosinho – É uma casta com baixa produtividade, mas muita qualidade, oferece estrutura e intensidade aromática, é habitualmente misturada com Malvasia Fina no blend dos vinhos do Porto brancos . 

Códega – Uma casta muito antiga, hoje em dia é a casta branca com mais área plantada na região duriense, altamente produtiva, origina vinhos com alto teor alcoólico e baixa acidez. 

Malvasia Rei – Casta altamente produtiva, embora resulte em vinhos com falta de riqueza aromática e complexidade, geralmente é utilizada em associação com outras variedades de uvas brancas 

Kanimamambo pela visita, saúde e boa semana

Cheers, Santé, Prosit, Salud

Fonte: C. da Silva produtor duriense http://www.cdasilva.pt/quemsomos

Muito Bom Exemplar de Marselan, Cave Antiga.

A Marselan é uma uva híbrida que nasceu em 1961 do cruzamento da Cabernet Sauvignon e Grenache no sul da França, Languedoc e Rhône. De lá se espalhou para o mundo, porém devido a ser pouco produtiva não chegou a ganhar grande impulso sendo usada mais como coadjuvante em blends aportando aromas e corpo. Presente na Espanha (Catalunha), Argentina, Uruguai, Brasil e com grande potencial na China onde dizem poderá a ser a uva Ícone deles (leia mais clicando aqui), é uma uva de amadurecimento tardio que necessita de grande exposição solar. Tem como característica a grande capacidade de envelhecimento, acidez média, taninos macios e corpo denso com cor bem escura e grande resistência a doenças.

Provei o Cave Antiga 2007 que mostrou bem sua capacidade de envelhecimento, um vinho que está soberbo, rico, equilibrado, uma vinho que me deu grande prazer tomar mas que está esgotado, poucas garrafas eventualmente poderão ser localizadas, mas agora chegou a safra 2017 que foi a que provei semana passada.

Pois bem, a safra da safra 2017 mostra bem essa intensidade e corpo que é descrita como uma de suas principais características.  Com apenas seis meses de estágio em barrica apresenta-se bem escuro, aromático, porém a fruta na taça aparece num segundo momento mostrando que aerar o vinho por uma meia hora irá lhe fazer bem. O primeiro impacto olfativo nos leva à fazenda (rs), notas terrosas, com uma fruta madura em segundo plano. Taninos ainda bem presentes, mas aveludados, boca densa, bom volume, ótima textura, acidez média, os frutos negros como cereja e mirtilo maduros aparecem mais na boca, boa persistência, educados e imperceptíveis 13% de teor alcoólico um vinho marcante diferente, bem longo, um vinho que nos pede comida, foi bem com salames diversos mais intensos.

Pela avaliação que fiz do 2007 e provando este, acredito que é vinho para guarda de seis a oito anos, mas duvido que alguém o guarde para conferir!! rs Um vinho que surpreende e quem gosta de vinhos de maior estrutura porém sem rusticidade tânica, complexo de aromas e sabores diferentes eis aqui algo a se provar. Eu salvei algumas 2007 e 2017, vou querer fazer um comparativo nas confrarias que administro, deve ser um interessante exercício sensorial.

Fui, resto de boa semana com feriado lembrando que a Vino & Sapore estará aberta Quarta e Quinta para você garantir os vinhos para o fim de semana mais longo ou se ficar por aqui, vem tomar uma taça de espumante comigo lá, te espero!

Kanimambo pela visita, saúde

 

Uvas Criadas Não Nascidas, as Híbridas

Há “professores” em nossa vinosfera que falam de algo ao redor de 3000 diferentes castas de vitis viníferas próprias para a elaboração de vinhos finos, há quem diga que são 1500, mas por uma questão de reputação, acompanho a Jancis Robinson com suas 1368 uvas sendo usadas comercialmente mundo afora, o resto é folclore, ou não?? Pois bem, com tudo isso por aí, para quê ficar só naquela  dúzia e meia que a maioria conhece?

Recentemente tendo como inspiração uma degustação armada pelo amigo Gil Medeiros, montei uma prova de vinhos elaborados com uvas híbridas em duas confrarias. Em vez de compartilhar os vinhos com os amigos, faço uma introdução a alguma delas e vos convido a explorar seus sabores através dos vinhos com elas elaborados, mas antes uma pergunta; você sabe a origem da Cabernet Sauvignon, uma das principais castas do mundo?

Pois bem, esta também é uma uva hibrida já que ela nasce de um “cruze natural” da Cabernet Franc com Sauvignon Blanc nos idos do século 17 e se tornou famosa no século 18 quando Mouton a plantou em sua região no Médoc, região de Bordeaux. Daí para o mundo foi algo viral!

Muller -Thurgau. Foi Hermann Muller, um botânico suiço, que em 1882 a criou no cantão (condado) suiço de Thurgau. O objetivo, sempre há um, foi tentar desenvolver uma casta que unisse o poder aromático da Riesling com um amadurecimento mais rápido da uva. Muller iniciou seu trabalho tentando mesclar a Riesling com o que ele achava ser a Sylvaner, mas na verdade usou uma uva também hibrida chamada Madelaine Royale (Pinot Blanc com Trollinger) também conhecida como Chasselas ou Gutedel. O resultados são vinhos aromáticos, frescos e leves, especialmente plantado na Alemanha, Áustria, norte da Itália em Trento, Hungria, República Checa e Inglaterra.

Alicante Bouschet. Uma criação que tem a mão de duas gerações de viniculturista, pai e filho. O filho, Henri Bouschet cruzou a Garnacha com a uva Petite Bouschet´(esta criada pelo pai em 1824) na França em 1866. A idéia era chegar numa uva que aportasse cor, estrutura e fosse de maturação rápida para agregar à uva Aramon popular na região lá pelo século 19, mas um pouco rala. Apesar de algum sucesso inicial, esta casta não emplacou na França, porém se deu muito bem em Portugal, especialmente no Alentejo, e na Espanha onde é conhecida como Garnacha Tintoreira pelo aporte de cor que dá aos vinhos. Uva que tradicionalmente gera vinhos de taninos potentes e cor escura que precisam de tempo para mostrar todo seu potencial na taça.

Arinarnoa – Criada na França por Pierre Marcel Durquety em 1956 no sudeste francês com o norte de Espanha (região Basca) é uma casta bastante recente que até pouco tempo atrás se achava fosse um cruzamento de Merlot com Petit Verdot conforme aparece, inclusive, no bom Valduga Identidade Arinarnoa. Na verdade, as uvas que originam esta casta são a Tannat e a Cabernet Sauvignon e se nota bem sua origem; cor escura, taninos marcantes, frutos negros com algumas notas herbáceas. A busca era por uma uva que fosse bem resistente no campo e vigorosa para se adaptar fácil a colheita mecânica. Algo presente no Languedoc-Roussilon, Libano, EUA (Arizona), Uruguai, Argentina e Brasil, mas sempre com produções relativamente pequenas.

Pinotage – Criada na África do Sul pelo professor Perold da universidade de Stellenbosh em 1925, com o intuito de desenvolver uma uva ícone para o país que fosse de maturação cedo e mais resistente a doenças do que seus “pais”, a Pinot Noir e a Cinsault ou Hermitage como era conhecida por lá (não confundir com a região francesa do Rhône). Pinot com Hermitage, nasce a Pinotage que ainda briga para se consolidar como essa uva ícone da região. O alto rendimento e falta de um projeto bem gerenciado criou vinhos aos montes porém de qualidade duvidosa que nem aos locais agradou. Isto vem mudando nos últimos 10/15 anos com uma revigoramento dos vinhedos e questões gerenciais aliada à alta tecnologia embarcada e melhor conhecimento da casta. Vinhos tradicionalmente mais leves e frutados (frutos do bosque negros), marshmallows tostados e um certo toque de borracha queimada que em excesso incomoda e não costuma estar presente nos bons vinhos da região.

Petite Syrah – Também conhecida como Durif, na França e Austrália, foi criada pelo botânico francês Francois Durif em Montpellier por volta de 1860/80. A busca foi por uma uva que fosse mais resistente ao míldio uma doença derivada de um fungo que atingia as plantações da região com bastante intensidade. Para tanto cruzou a Syrah com uma uva regional chamada Peloursin (hoje praticamente extinta na França) criando a Durif que hoje sobrevive basicamente na Austrália, Israel, México (Baja Califórnia) e Sul da França porém com produções bastante reduzidas, não passando (em 2015) de 10 mim acres. Nos EUA foi onde a uva encontrou seu melhor habitat sendo uma casta plantada no Texas, Arizona e Califórnia porém aqui é conhecida como Petite Syrah. Vinhos opacos de tão escuros, taninos forte gerando vinhos bastante robustos e vigorosos, boa fruta e muita especiaria.

Fruto da mão do homem ou da natureza, há muitas outras castas híbridas a explorar como a Marselan, bastante comum por aqui no Rio Grande do Sul, Vidal Blanc, Chambourcin, Traminette, Kerner, Zweigelt e Frontenac entre muitas outras. Como sempre digo por aqui, esse é grande barato de nossa vinosfera, um mundo tão vasto que nunca paramos de aprender e descobrir novas sensações. Explore você também, tenha seu porto seguro mas viaje por outros mares!

Saúde, Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou em qualquer um desses caminhos que o vinho nos leva. Boa semana.

Castas Brancas Menos Conhecidas

Sei, é outono, frio chegando porque carga de águas o tuga vem falar de brancos? Vejamos, por acaso você só toma cerveja no verão? Tanto para as cervejas como para os vinhos não tem estação, tem momento! Tem também o prato que você vai comer então nada a ver esse papo!! rs

Hoje decidi postar aqui algumas uvas brancas que poucos conhecem e que geram vinhos muito interessantes. Afinal devem existir pelo menos umas 500 (chute meu mas não deve andar muito longe disso) diferentes castas com os quais se fazem vinhos brancos, então para quê ficar naquela basiconas de sempre? Algumas das que menciono abaixo nem são tão diferentes assim, mas a maioria só conhece e só toma Chardonnay ou Sauvignon Blanc! Vamos abrir a mente para outras coisas, outros sabores, afinal esse é maior barato de nossa vinosfera, diversidade.

Vermentino – É uma casta branca típica da costa mediterrânea da Itália, da Sardenha e da Córsega. Por muito tempo, pensou-se que essa casta tinha origem espanhola, mas as modernas análises de DNA vieram a demonstrar com certeza que sua origem é a Liguria, a estreita faixa litorânea do noroeste italiano. A casta costuma atingir sua melhor formaVermentino-Bella-Vigna-Delu-091311 na ilha da Sardenha, com duas denominações dedicadas a ela: Vermentino di Sardegna, DOC que exige um mínimo de 85% da casta, e Vermentino di Gallura, a primeira DOCG da ilha, que exige 95% da casta no vinho. Incessantemente varrida pelo Mistral e com solo granítico, seus vinhos resultam bastante aromáticos, com alto teor alcoólico e excelente corpo. A Toscana corre por fora, porém produz alguns ótimos exemplares de vinhos com esta uva.

Casta caracterizada por uma acidez vibrante, bom corpo e deliciosos aromas, pode ser considerada como uma uva ideal para acompanhar frutos do mar no escaldante verão tropical. Além de pronunciada mineralidade, seus aromas mais característicos são os de limão verde, nozes e muitas flores, enquanto na boca costumam se repetir os cítricos acompanhados de maçãs verdes, enquadrados em invejável estrutura. São vinhos para geralmente serem consumidos jovens, quando expressam seu melhor caráter.

Verdejo – Esta é uma das melhores uvas brancas da Espanha , natural da região deverdejo-grape Rueda onde produz vinhos marcantes. É vinificado na grande maioria das vezes como varietal sem suplementação de outras uvas. Produz vinhos muito aromáticos, encorpado, macio e untuosos onde impera uma acidez muito presente que lhe aporta um frescor muito agradável. Os vinhos brancos de Rueda (Valladolid, Segovia e Ávila) devem conter pelo menos 50% de uvas Verdejo (o resto geralmente Sauvignon Blanc e Viura). Os vinhos que incluem a palavra Verdejo em sua rotulagem devem conter pelo menos 85% da uva, porém geralmente contêm 100%.

Além de Rueda, também está presente em Cigales e Toro assim como Castilla y León , podendo também ser encontrada nas ilhas Canárias. Fora da Espanha, pode ser encontrado em Portugal, sob o nome Gouveio, e Austrália . Os vinhos vindos da Verdejo são muito refrescantes, de corpo médio, aromas herbáceos e acidez marcada. Dependendo da localização dos vinhedos podem apresenta uma mineralidade acentuada presença de sabores cítricos na boca onde despontam maçãs verdes em abundância

Chenin Blanc – A Chenin Blanc é uma uva que vem sido cultivada na França, pelo menos, nos últimos 1.300 anos sendo o Loire a região em que ela mostra toda a sua grandeza e cheninblancversatilidade. As regiões de Savenniére e Vouvray o que de melhor se produz com esta cepa no mundo. Pode aparecer em versões secas de bom corpo, mas também em versões mais doces como nas regiões de Coteaux du Layon e Quarts de Chaume, produzindo vinhos exuberantes e marcantes sendo uma ótima uva também para a produção de Cremants (espumantes franceses elaborados pelo método champenoise fora de Champagne) tanto no Loire, Vouvray, como no Languedoc (Limoux). Nas regiões mais frias, tende a ter uma acidez mais vibrante, notas minerais e maçã verde, nectarina e algo de lima

A Chenin Blanc se deu muito bem também em regiões quentes como a África do Sul, tendo chego por lá nos idos de 1650 levada pelos colonos holandeses. Também conhecida como Steen, ela representa hoje cerca de 20% dos vinhedos sul africanos. Em função do clima ela apresenta notas de frutas tropicais como banana, manga e abacaxi, e sua boa acidez gera vinhos bastante equilibrados. O vinho tende a apresentar-se com uma cor amarela esverdeada e reflexos dourados .

É muita propicia ao envelhecimento quando tende a adquirir aromas com notas de avelã, pêssego, mel e maçã madura. Como a chardonnay, a Chenin se adapta muito bem à vinificação com madeira ganhando uma cremosidade extra nesses casos e alguns produtores do Loire adotam a fermentação malolática o que lhe aporta notas mais untuosas.

Viognier – Ela tem origem, ou pelo ela é mais conhecida por ser a grande uva branca das Côtes du Rhône, onde é usada até mesmo para emprestar seu aroma potente e amanteigado, de fruta supermadura, aos encorpados tintos da região. Ela é também a origem e a razão da mais importante denominação de brancos da região, a Condrieu, Viognierberço de alguns dos maiores vinhos do mundo elaborados com esta casta. Em clima de verões secos e quentes, a Viognier amadurece bastante, gerando vinhos intensos, mais alcoólicos e muito aromáticos. É coadjuvante no célebre corte com syrah típico de Cote-Rotie onde produz vinhos estupendos, sendo este corte é também usado em outros países como Argentina, Califórnia e Austrália. Na França também se encontra bastante em toda a região sul, especialmente no Languedoc.

A Viognier é uma rara uva branca do sol – a maior parte das uvas para vinhos brancos, como a Riesling e a Sauvignon Blanc, entre outras, são uvas melhor aclimatadas a regiões frias de onde extraem suas melhores feições. Já a Viognier adapta-se e viceja em regiões de verões quente e de muita luz. As Côtes du Rhône (literalmente, as barrancas do rio Rhône, ou Ródano, localizadas no sudeste francês, logo ao norte da Provença) são quentes e caracterizam-se pelos densos e alcoólicos vinhos de frutas muito maduras, escuros e corpulentos quando tintos; aromáticos e amarelados quando brancos. Acidez, às vezes faz falta, já que esse não é seu forte.

Essa adaptação também define sua paleta de descritivos aromáticos, relacionados a frutas muito maduras e açucaradas, como ananás amarelinho, maracujá, mangas etc. Também adquire potencial para estagiar em carvalho, em que adquire complexidade e caráter. Além das sugestões oxidativas, o caramelo e os tostados das barricas lhe caem bem. A Argentina vem produzindo alguns bons exemplares que valem ser provados. É, nos melhores casos (Condrieu), um dos raros brancos de estrutura e longevidade.

Catarrato – A Catarratto é uma uva branca amplamente cultivada na Sicília, região do Catarrattosul da Itália, onde 60% dos vinhedos são destinados ao cultivo dessa variedade, utilizada na elaboração de vinhos brancos frescos e leves, fáceis de beber. Utilizada com alta frequência na composição dos vinhos Marsala, a uva Catarratto apresenta alto rendimento, sabor neutro e baixa acidez. Na mão de excelentes produtores, essa variedade é capaz de dar origem a vinhos interessantes e complexos, com textura suculenta, bom corpo e extremamente saborosos, com notas cítricas, flores brancas, amêndoas e até damasco em alguns casos.

Por suas características, é muito mais usado em cortes (blends) do que como varietal, sendo bom parceiro ás outras uvas autóctones regionais como Carricante, Inzolia e Grillo assim como á Chardonnay, mas bons produtores geram varietais bem marcantes.

Rabigato – Rabigato, é uma uva autóctone da região do Douro onde é costumeiramenterabigato usada em cortes com a Viosinho, Verdelho e Gouveio e que, em função de sua baixa produtividade, está gradativamente sendo substituída por castas mais interessantes comercialmente e de maior produtividade. Os vinhos de Portugal produzem sempre saborosas surpresas. A Rabigato oferece acidez viva e bem equilibrada, boas graduações alcoólicas, frescura e estrutura, características que a elevaram ao estatuto de casta promissora no Douro. Apresenta cachos médios e bagos pequenos, de cor verde amarelada. Poderá, nas melhores localizações, ser vinificada em varietal, oferecendo notas aromáticas de acácia e flor de laranjeira, sensações vegetais e, tradicionalmente, uma mineralidade atrevida.

Greco di Tufo – A uva Greco di Tufo é pouco conhecida entre nós, brasileiros, mas é plantada há mais de 2.500 anos no sul da Itália tendo como berço a calabria. Sua origem é discutida, mas os indícios trazem como origem a Grécia (por isso o nome

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Greco). É da Campania , uma região litorânea de terras vulcânicas, banhada pelo Mar Tirreno e cercada pelos Apeninos de onde chegam as últimas influências frias do Norte, que nos chegam os vinho mais conhecidos e respeitados elaborados com essa casta é o da DOCG Greco di Tufo, que se localiza ao norte de Avellino e a 1 hora de carro a partir de Nápoles. Esse vinho distingue-se dos outros brancos do sul da Itália por seu pronunciado caráter frutado. Os solos de vinha da região são derivados de tufo , uma rocha formada a partir de cinzas vulcânicas dando-lhe uma personalidade muito particular.

De acordo com o Master of Wine Mary Ewing Mulligan- , vinhos Greco di Tufo geralmente estão prontos para beber 3-4 anos após a colheita e ter o potencial de envelhecimento para continuar a desenvolver bem para 10-12 anos.  Os vinhos elaborados com esta casta apresentam a coloração ouro-claro, com reflexos âmbar. No nariz, os aromas mais usuais são os de pêssego, amêndoas torradas e figos. Na DOCG Greco di Tufo, são vinhos bastante encorpados e de muita personalidade. Beber preferencialmente entre o terceiro a quinto ano de vida.

Encruzado – Casta do Dão, Portugal, os vinhos são medianamente aromáticos e revelam um notável equilíbrio entre o volume alcoólico (generoso) e a acidez (como Foto - encruzadodeviam ser todos os vinhos, caso contrário cansam depressa). A sua delicadeza e as sensações frescas e minerais que proporcionam são um bálsamo para o fastio provocado pela tendência atual para produzir vinhos muito frutados, a fugir para o tropical, e de estrutura simples e suave. Com o tempo, os vinhos de Encruzado vão ganhando aromas deliciosos de mel, frutos secos, mas sem perderem a sua formidável acidez.

Para o enólogo Carlos Lucas, da Dão Sul, o vinho de Encruzado representa “o verdadeiro branco da Velha Europa: mineral, com notas cítricas e verdes sem ser vulgar quando novo, que envelhece bem, ganhando notas apetroladas e amendoadas e mantém sempre uma boa acidez”. Tem ainda a vantagem de resultar bem em madeira e em inox. “Ao fim de seis meses em barrica, ainda sobressai a fruta e a acidez. Com outras castas brancas, estaríamos a beber madeira”, sublinha João Santiago, da Quinta dos Roques.

Quando bem trabalhada nos oferece vinhos de alta qualidade, cor amarelo palha, nariz de amendôa, castanha e frutos secos, na boca acidez média, seco, bom corpo, frutado e de muita delicadeza. É bom não servir muito gelado em face de sua delicadeza, caso contrário, perdessem muito os aromas e sabores. Envelhece muito bem, sendo um dos brancos que vale esperar um pouco por seu amadurecimento, de três a quatro anos, sendo que os melhores exemplares se mostram mesmo é com mais um bom par de anos.

Quer seguir tomando seus chardonnays e Sauvignon da vida, tudo bem, há que se tomar o que se gosta. Agora, o seguidor de Baco que se preza gosta de alçar voos, descobrir novos sabores e eu encorajo essa atitude. Tem vezes que nem nos damos tão bem assim,  faz parte da vida, mas na maioria das vezes nos surpreendemos muito positivamente. Afinal, viajar é preciso então vamos nessa!! Kanimambo pela visita e vem me visitar na Vino & Sapore neste Sábado a partir das 16H quando terá lugar o 1º Saturday Afternoon Wine Tasting com 14 vinhos à prova e ainda as participações com prova e venda do Mestre Queijeiro e dos Páes artesanais da Raquel Santos. Veja mais detalhes clicando aqui.

 

As Uvas Brancas de Portugal

Em Portugal as uvas brancas abundam de Norte a Sul e eventualmente você poderá até se deparar com uma Chardonnay, Sauvignon Blanc e Gewurztraminer aqui ou acolá, porém o país é berço de uma série de castas muito interessantes sendo o país que, por km², possui a maior seleção de uvas autóctones, são cerca de 250 diferentes variedades . Portugal tem a cultura dos vinhos de lote (corte, assemblage, blends, etc.) com duas ou mais uvas, porém nas uvas brancas a vinificação delas como monocastas, em estreme (varietais) são bastante comuns especialmente com as castas Encruzado, Alvarinho, Arinto, Loureiro e Antão Vaz. Hoje vou listar algumas das principais castas brancas locais e em que região encontrá-las. Entre nessa viagem e curta os bons vinhos brancos lusos, garanto que não faltará prazer!

Folha - albarino_alvarinho1Alvarinho – Região do Minho (vinhos verdes) em especial na sub região de Monção e Melgaço onde atinge seu apogeu! Existe em algumas outras poucas regiões onde um ou outro eventual rótulo poderá se sobressair, porém em nenhuma outra é tão exuberante. Vinho marcado pelo aromas florais (laranjeira, tílias) e sabores que nos remetem a frutos de boa acidez como a grape-fruit e laranja.

Folha - antao_vazAntão Vaz – a marca da Região do Alentejo onde é, por muitas vezes, elaborado em blend com a Arinto e a Chardonnay, porém é comum sua vinificação em monocasta. Normalmente dá vinhos de maior corpo com notas aromáticas que lembram acácia, e erva cidreira e na boca frutos amarelos como pêssego, manga e damasco com acidez moderada. Vinhos que se mostram melhor após dois ou três anos em garrafa.

Folha - Arinto-parraArinto – Muito presente no Minho e Douro, onde também é conhecida como Pedernã, é também encontrada em diversas outras regiões, porém com maior destaque na Região Lisboa, especialmente no DOC Bucelas onde aparece como monocasta, assim como no Alentejo onde aporta acidez nos lotes com Antão Vaz.

Folha - AvessoAvesso e Azal – uvas essencialmente usadas na elaboração de vinhos verdes na Região do Minho, mas que elaborados como monocasta resultam em vinhos bastante interessantes. A Azal é mais floral com sabores mais cítricos, enquanto a Avesso dá vinhos um pouco mais encorpados e harmoniosos.

Folha - BicalBical – é típica da região das Beiras, nomeadamente da zona da Bairrada e do Dão (onde se denomina “Borrado das Moscas”, devido às pequenas manchas castanhas que surgem nos bagos maduros). A par da casta Maria Gomes, a Bical é uma das mais importantes castas da região. Esta casta é de maturação precoce, por isso os seus bagos conservam bastante acidez. Os vinhos produzidos com esta casta são muito aromáticos, frescos e bem estruturados. Na Bairrada a casta Bical é muito utilizada na produção de espumante

folha - Cerceal-Br-folhaCerceal – Também grafada como Sercial, é cultivada em diferentes regiões vitícolas. De acordo com a região pode apresentar características ligeiramente diferentes. São conhecidas a Cercial do Douro e do Dão, a Cerceal da Bairrada e a Sercial da Madeira, também denominada de Esgana Cão no Douro. As principais características das variedades da Cercial são a elevada produção e boa acidez. Mais presente nas Beiras (Bairrada/Dão/Beira Interior) em lote com a Bical e Maria Gomes.

Folha - encruzadoEncruzado – a rainha dos brancos no Dão, produz vinhos exuberantes, complexos e únicos com boa longevidade. Os vinhos são de cor citrina, com bom teor alcoólico e com uma grande delicadeza, elegância e complexidade aromática, com notas vegetais, florais e minerais.São finos e elegantes no sabor, denotando um notável equilíbrio álcool/ácidos.

Folha - godello_gouveioGouveio – mais presente no Douro, aparece também no Dão. É tradicionalmente usado em blend com a Viosinho e outras uvas regionais, porém sendo ótima opção na elaboração de espumantes. Vinhos que apresentam um excelente equilíbrio entre acidez e álcool, caracterizando-se pela sua elevada graduação, boa estrutura e aromas intensos. Além disso, são vinhos elegantes com boa capacidade para uma boa evolução em garrafa.

Folha - fernao_piresMaria Gomes – conhecida por esse nome no centro e norte de Portugal, especialmente na região da Bairrada, é designada como Fernão Pires mais ao sul onde também tem papel preponderante nas regiões Tejo, Lisboa e Setúbal. Gera vinhos muito aromáticos (lichia, rosas, tilias) maior teor alcoólico, mas com uma certa falta de acidez o que a faz ser usada na maioria das vezes como complemento em blends de vinhos brancos.

Foto - loureira_loureiro1Loureiro – mais uma uva com forte presença essencialmente na região do Minho. Menos acídula que a Alvarinho, gera vinhos muito equilibrados de muito boa intensidade aromática onde predominam as notas cítricas e florais. Na boca mostra-se tradicionalmente muito harmoniosa com nuances de casca de laranja, nectarina e algo de maçã verde. Apesar de ser vinificado, mais recentemente, como monocasta é comum a vermos associada com a casta Trajadura, Arinto e Alvarinho nos vinhos de lote denominados Vinhos Verdes.

Folha - viosinho1Viosinho – casta típica da região do Douro, também Trás os Montes, onde é muito usada em vinhos de lote com Gouveio e Malvasia Fina entre outras. Produz vinhos bem estruturados, frescos e de aromas florais complexos. Normalmente são também alcoólicos e capazes de permanecer em garrafa durante largos anos.

           Outras uvas regionais menos importantes; Rabigato (Douro/Dão/Minho), Malvasia fina (Beiras e Douro), Siria ou Roupeiro (Alentejo e Tejo), Rabo de Ovelha e Perrum (Alentejo), Trajadura (Minho). Bem, por hoje falei só das castas brancas, mas em breve retorno ao tema com uvas tintas tradicionais portuguesas que são mais um monte! Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos lembrando que se alguém quiser adicionar algo, fique á vontade.

Fontes de pesquisa: Infovini / Guia de Vinhos ProTeste / Comissões reguladoras vitivínicolas / Vine to Wine Circle.

Uvas Brancas, Vamos Navegar?

 

caravela1No total, falamos de mais de 1250 uvas vitis viníferas em uso (das 3 mil existentes), entre tintas e brancas, produzindo vinhos em mais de 520 regiões e 45 países, então é para colocar as barbas de molho quando alguém chegar te falando que conhece tudo de vinho, pois ele certamente ainda tem muito a aprender !

Dessas, pelo menos umas 350 (se alguém tiver um número mais próximo por favor avise) são brancas e a maioria dos seguidores de Baco só conhece uma meia dúzia, tipo; Sauvignon Blanc, Chardonnay, Riesling, Gewurztraminer, Semillon e eventualmente a Torrontés da nosssa vizinha Argentina e a Pinot Grigio italiana? Tá passado da hora de expandir os horizontes não acha? Existe um mundo enorme de sabores a serem explorados em países como Itália, Espanha, Portugal, Alemanha e a festa não tem hora para acabar ainda por cima com o calor que anda fazendo! Está na hora de começar a correr atrás do prejuízo e conhecer essa enorme variedade de deliciosos vinhos elaborados com uvas diferentes e pouco conhecidas.

Sou um apaixonado por vinhos brancos, costumo dizer que é a pós graduação no mundo do vinho, e não canso de experimentar sendo este post uma decorrência da escolha de uns vinhos para a degustação de uma confraria. Fica difícil escolher entre tanta coisa boa no mercado e mais do que recomendar vinhos, recomendo a viagem por algumas destas uvas. Escolha uma e saia procurando um vinho. Peça para os amigos fazerem o mesmo, não podem ser os mesmos rótulos, marque na casa de um e juntos descubram novas sensações! Eis uma listinha (adoro listas! rs) com uma série de dicas de uvas brancas a serem descobertas, boa viagem!!

Uva

País de Origem e Principal Região

Albillo

Espanha/Ribera del Duero

Aligoté

França/Borgonha

Alvarinho ou Albariño

Portugal/Minho e Espanha/Rias Baixas

Antão Vaz

Portugal/Alentejo

Arinto

Portugal/Lisboa e Alentejo

Assyrtico

Grécia

Avesso

Portugal/Minho

Azal

Portugal/Minho

Bical

Portugal/Dão e Beiras

Catarrato

Itália/Sicilia

Chenin Blanc

França/Loire e África do Sul

Encruzado

Portugal/Dão

Falanghina

Itália/Campania

Furmint

Hungria

Garganega

Itália/Veneto

Gouveio

Portugal/Douro

Grechetto

Itália/Lazio e Umbria

Greco di Tufo

Itália/Campania

Grillo

Itália/Sicilia

Gros e Petit Manseng

França/Madiran e la Gascogne

Gruner Veltliner

Áustria

Inzolia

Itália/Sicilia

Loureiro

Portugal/Minho

Maria Gomes ou Fernão Pires

Portugal

Marsanne

França/Rhône e Languedoc

Muller-Thurgau

Alemanha/Franken

Muscadet

França/Loire

Pinot Gris

França/Alsácia e Nova Zelândia

Rabigato

Portugal/Douro

Rjgialla

Itália/Friulli

Roussane

França/Rhône e Languedoc

Siria

Portugal/Beira Interior

Sylvaner

Alemanha/Franken

Trebbiano

Itália/Abruzzo

Verdejo

Espanha/Rueda

Verdicchio

Itália/Marche

Vermentino

Itália/Sardenha e Toscana

Viognier

França/Rhône

Viura (Macabeo)

Espanha/Rioja

Kanimambo, salute e seguimos nos vendo por aqui, nas degustações da vida ou na Vino & Sapore onde estarei até este Sábado esperando esvaziar a prateleira de promoções. Depois, muita coisa nova e em Fevereiro já uma gostosa programação de degustações temáticas, inclusive uma de brancos diferentes! Ótimo fim de Semana para todos.

A Influência das Castas na Elaboração de Blends.

        Meus amigos, qual a influência das castas na formação dos blends? O que busca o enólogo quando usa uma ou outra uva em maior ou menor escala? Eis aí um tema extremamente complexo com uma enormidade de variáveis, pois depende de cada Terroir e região produtora, porém este conhecimento das castas e suas influências objetiva a busca, essencialmente, da excelência na produção de vinhos. Recentemente recebi da Ana Grimaldi (RP da ótima Herdade da Malhadinha no Alentejo) uma curta e objetiva lista de cepas plantadas na vinícola que o enólogo da casa usa. Eu achei muito interessante pois nos ajuda a melhor entender esses vinhos e outros da região, por isso compartilho com vocês.

Cepas Brancas

Antão Vaz – pouca acidez ,mas tem uma boa fruta tropical (abacaxi) e normalmente dá vinhos com boa estrutura e untuosidade. (pessoalmente acho que faz lembrar bem a Chardonnay*)

Roupeiro – casta essencialmente de lote, vinhos neutros, mas limpos de aroma.

Verdelho – tem-se mostrado muito frutado e com notas minerais, em termos de prova também dá vinhos com boa boca.

Arinto – grande acidez, nariz um pouco mais contido e sério. Bom potencial de envelhecimento

Chardonnay – gordo, frutado, primeira casta a ser vindimada normalmente

Viognier – quando maduro é exuberante no nariz, flores brancas e aroma a pêssegos dominam a prova. Acidez relativamente baixa.

Cepas Tintas

Aragonez (Tinta Roriz no Douro e Tempranillo em Espanha) – taninos macios e notas de fruta vermelha quando maduro, baixa acidez. Se for colhido verde dá vinhos muito taninosos e desequilibrados

Touriga Nacional – exuberância aromática, violeta, bergamota e alguma laranja mesmo. Bom corpo e bons taninos

Syrah – casta que dá aos vinhos estrutura mas ao mesmo tempo elegância. Notas de fruta preta, violeta e algum animal. Vinhos com potencial de envelhecimento

Tinta Miúda (Graciano em Espanha) – casta cada vez mais importante possui grande acidez natural. Vinhos não tão exuberantes e fáceis como das outras castas, mais elegante, notas de terra. Taninos firmes gerando vinhos com potencial de envelhecimento

Cabernet Sauvignon – Aporta notas vegetais mesmo quando  está madurão, grande estrutura e taninos bem presentes.

Trincadeira (Tinta Amarela no Douro) –notas de alguma ameixa passa; predominando um aroma herbáceo associado a especiarias e alguma pimenta,; na boca, os vinhos são geralmente macios e com algum acídulo, mostrando notas semelhantes ao aroma. No geral, apresentam boa aptidão para envelhecimento.

Alicante Bouschet – base dos tintos da região, esta casta tintureira origina vinhos muito concentrados de cor, ricos em substâncias fenólicas (encorpados) com aromas vinhosos bem evidentes lembrando compota de ameixa bem madura.

         Óbvio, que só isso não adianta sendo o homem um elo essencial na formação do Terroir. O conhecimento, o cultivo das vinhas (é de lá que se originam os bons vinhos), a criatividade e tecnologia, tudo colabora para conseguir gerar grandes vinhos como são os da Malhadinha! Com esse conhecimento das castas e suas influências, no entanto, dá para se ter uma ideia do que o enólogo pretendia elaborar ao fazer determinada mescla de uvas. É uma verdadeira alquimia que quando bem executada, os portugueses são mestres nisso, resulta em vinhos de qualidade pois se tira de cada uva o que esta tem de melhor. Desta forma, na maioria das vezes o resultado são vinhos bem mais complexos e interessantes do que vinhos monocasta. No caso da Malhadinha, ótimos!

       Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos.

Seis Syrahs no Saca Rolhas

        Tenho degustado muita coisa legal em diversas degustações fora e também na Vino & Sapore, mas a falta de tempo não me tem permitido colocar no papel e tela essas experiências. Uma destas ocorreu ainda esta semana quando a confraria Saca Rolhas se reuniu para degustar vinhos Syrah de diversas origens. Uma bela degustação com um patamar de qualidade muito boa. Dois rótulos australianos, um francês, um português, um chileno e um sul-africano disputaram o título de melhor da noite.

Knappstein Shiraz 2008 (Austrália)– vinho de boa tipicidade da região, fruta madura, boa acidez, taninos equilibrados e um final de boca macia é um vinho redondo e fácil de gostar que possui uma ótima relação Qualidade x Preço x Prazer. Daqueles vinhos que, mesmo não sendo arrebatadores, terminam rápido na taça e pedem mais uma! (R$85)

St. Joseph Brunel de la Gardine 2007 (França/Rhône)– é sempre um prazer levar este vinho á boca por sua complexidade, riqueza de sabores e forma como ele se abre na taça tanto no sentido olfativo como no palato. Mais uma vez mostrou que é um vinho muito agradável porém se dá melhor com comida do que solo. Belo vinho, muito equilibrado, sem arestas e o quarto melhor do painel o que mostra que degustamos coisa muito boa nesta noite. (R$105)

Secreto Syrah 2009 (Chile)– na cor já mostra toda a sua diferença de terroir e conceito, mostrando-se cremoso na boca, fruta bem madura, boa estrutura, madeira bem presente, mas tem algo mais nessa composição do que somente Syrah, só não sabemos o quê e o produtor não diz! Saboroso, mas um degrau abaixo dos demais. (R$71)

Schild Estate Shiraz 2008 (Austrália/Barossa)– um senhor vinho que demora a abrir no olfato mas explode na boca causando um emaranhado de sensações. O 2005 já era muito bom e reinou por muito tempo nas diversas degustações que promovi ao longo dos últimos 4 anos, mas este chegou para chacoalhar o mercado e não é á toa que chegou onde chegou na avaliação da critica internacional, em especial da Wine Spectator que o destingiu com o sétimo lugar entre os top 100 de 2010. Muito rico, fruta madura (ameixa vermelha?) perfeitamente equilibrada com uma acidez no ponto e taninos muito finos e elegantes, um final de boca interminável em que aprecem nuances de tabaco, baunilha e pimenta. Não sei se é um blockbuster, mas certamente é difícil encontrar um vinho desta qualidade por pouco mais de 100 Reais. Faturou a noite com cinco primeiros lugares entre os doze participantes presentes, valendo cada tostão! (R$110)

Corte de Cima Syrah 2009 (Portugal/Alentejo)– para mim a maior surpresa da noite, um alentejano de grande qualidade que seduziu a maioria a ponto de alcançar a segunda posição da noite tendo sido para alguns o vencedor! Equilibrado, macio, madeira bem integrada, frutado e suculento, final muito saboroso, especiado, envolvente e de longa persistência, fazendo jus á fama deste produtor é uma das estrelas do Alentejo possuindo um portfolio de muita qualidade. (R$98)

Raka Biography 2009 (África do Sul) – escuro e denso mostrando-se muito equilibrado despertando sensações diferentes e alguns “uaus” entre os confrades e confreiras presentes. Talvez a melhor garrafa deste vinho que já tive oportunidade de provar. Aromas intensos e muito peculiares (café tostado/mineral/tabaco), encorpado, entrada de boca impactante mostrando uma personalidade muito própria e diferenciada de todos os outros vinhos tomados. Chegou de mansinho e levou o terceiro lugar da noite. (R$97)

        Este é somente nosso segundo encontro e já alcançamos, a meu ver, um patamar de qualidade muito bom com vinhos de preços médios. Agora é seguir garimpando trazendo á prova outros rótulos na busca de novas sensações e sabores. Junte os amigos você também, monte sua própria confraria  ou participe de degustações pois é uma ótima e agradável forma de ganhar litragem e descobrir os rótulos que mais lhe agradam sem ter que gastar muito,  transformando sua próxima compra em algo mais seguro reduzindo o risco de decepções.

       Uma curiosidade sobre os vinhos elaborados com esta cepa é de que afora a Austrália onde ela virou ìcone, o Chile vem produzindo alguns exemplares de muita qualidade, inclusive de clima mais frio, e na África do Sul onde ela está presente nos melhores vinhos de corte produzidos assim como em varietais. Garimpe por lá, você não deverá se frustar com as descobertas!

Salute e kanimambo

Tokaji e seus Puttonyos

Tokaji, o vinho de Tokaj ou Tokay, meras variações idiomáticas do lugar, é o nome desse inesquecível elixir dos Deuses! Até o ano passado ainda não tinha tomado um vinho de Tokaj e muito menos um seis puttonyos ou um Eszencia. Finalmente alcancei o nirvana ao provar o Pendits Eszencia 2000, que se tornou o melhor vinho que já tive oportunidade de saborear tendo me deixado deveras emocionado. Daqueles que, literalmente, deveria vir acompanhado da famosa almofadinha para nos ajoelharmos em longas preces de agradecimento! Absolutamente divino, emocionante e inesquecível. Dizem que harmoniza com sobremesas e queijos tipo roquefort e stilton, mas a meu ver isso me parece uma heresia. Melhor tomá-lo só, ele como protagonista maior sem nada para atrapalhar essa ligação direta entre ele e sua alma!!!

As pessoas acham que, só porque habitamos e exploramos com uma certa regularidade nossa vinosfera, sabemos e já provamos tudo. Ledo engano!! Existem sim uma dúzia de privilegiados que militam um patamar superior da critica e que sim, a convite na grande maioria, já tiveram a oportunidade de provar alguns desses grandes néctares como Chateau Petrus, Romanée Conti, Chateau d’Yquen, Chateau Margaux, Opus One, Penfolds Grange, Vega Sicilia Único, etc.. a maioria de nós no entanto, exceto talvez os mais endinheirados, nem rolha cheirou!

Bem, mas finalmente cheguei lá e degustei esses vinhos, um dia ainda preciso tomá-los, hoje, no entanto quero decifrar o que é um Tokaj, Puttonyos e o tal de Aszú que aprece nos rótulos desse néctar de origem Húngara.

Os vinhos são elaborados com uvas de uma região demarcada no nordeste da Hungria, conhecida como Tokaj-Hegyalja (colinas de Tokaj) e daí seu nome. Interessante que esta região está encostada na fronteira com a Eslováquia havendo um acordo para que esse país possa também produzir esse néctar, porém com um volume prédifinido que não pode ultrapassar 10% do total. Isso, no entanto, parece que está passando por reforma já que os eslovacos colocam pressão para mudar esse status-quo. Se alguém tiver mais informações, por favor colabore através de comentários.

As uvas usadas são essencialmente a Furmint e eventualmente a Hárslevelu com as quais se faz um vinho básico seco ao qual se adicionam cestas da uva botrytizada (Aszú) com capacidade de 20 a 25kgs. Quanto mais cestas destas, os famosos Puttonyos, são acrescidas às barricas de 136 litros (Gönci) mais intenso e mais doce será o vinho em função do aumento de açúcar residual. A categorização por níveis de Puttonyos se inicia no 3 e exige no mínimo um residual de açúcar de 60grs (6 a 9%). Veja o restante:

  • 4 Puttonyos – Minimo 90grs (9 a 12%) de açúcar residual .
  • 5 Puttonyos – Mínimo 129grs (12 a 15%) de açúcar residual .
  • 6 Puttonyos – Mínimo de 150 grs (15 a 18%) de açúcar residual.
  • Tokaj Eszencia Aszú – Minimo 180grs (mais de 18%) de açúcar residual.
  • Tokaj Eszencia – rarrissímos e caros exemplares com mais de  400grs (40 a 70%) de açúcar residual.

Alguns produtores se modernizaram e usam tanques, sendos puttónyos meras medidas de açucar residual.  Para efeitos comparativos, os não menos famosos Sauternes possuem um residual de açúcar similar aos Tokaj de 4 Puttonyos. Vinhos tão doces seriam, na percepção geral da nação, caldos extremamente enjoativos o que não é verdade em função de sua enorme acidez que balanceia essa doçura de forma espetacular. Esse alto teor de açucar e acidez colaboram para o tornar um dos vinhos mais longevos do mundo.

A primeira fermentação, em conjunto com o vinho básico, dura pelo menos oito horas e pode ir até três dias. A segunda  fermentação, é  lenta em função das baixas temperaturas das frias e humidas caves cavadas nas colinas, ainda na época das invasões Turcas, e o alto teor de açúcar. No caso do Tokaj Eszencia, produzido do caldo que escorre lentamente do acumulado de uvas colocadas nos tóneis, em grandes safras e sem qualquer pressão mecânica somente pela própria pressão do peso das uvas, gerando mais de 40% de residual de açúcar, a fermentação pode demorar anos e gera teores de álcool extremamente baixos.

Um vinho excepcional que obrigatoriamente tem que entrar no wish list de todos os amantes do vinho. Quem sabe 2011 não lhe traz essa “graça”? Eu torço por isso e recomendo os produzidos pela Pendits (Decanter) ou Oremus (Mistral), verdadeiros vinhos de reflexão.

Salute e kanimambo!

Fontes de pesquisa: WWW.tokaji.com e a Biblia do Vinho de acordo com Karen Macneil entre outros.

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