Tardana, uma uva que não conhecia!

Faz pelo menos uns 15 anos que iniciei minha viagem por nossa vinosfera, mas incrível como sigo me surpreendendo e me deparando com uvas desconhecidas gerando vinhos gulosos, vibrantes, marcantes cada um à sua maneira. Desta feita a uva foi a Tardana, o vinho Sol e a vinícola a Bodegas Gratia.

Da Bodega Gratias já falei aqui quando do vinho “Y Tu de Quién Eres”, porém não falei do projeto da família que é exatamente a de trabalhar tão somente com uvas autóctones da região, muitas delas em risco de extinção. Elaboram um ótimo encorpado e negro vinho chamado GOT, um varietal 100% de Bobal e agora me deparei com este belíssimo Sol, um vinho vibrante que me seduziu. Antes de falar do vinho, no entanto, deixa eu antes falar desta uva.

O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é tardana-grape-Gratias.jpg

A Tardana, uma cepa branca de pele grossa, é natural da região de Manchuela e Utiel-Requena próximo a Valência na Espanha, tendo esse nome pois amadurece muito tardiamente, depois dos tintos. Também é conhecida por Planta Nova. Apesar de ser uma vinífera, boa parte dela era colhida antecipadamente e vendida no mercado como uva de mesa comestível, algo que caiu em desuso devido ao aparecimento de uvas sem semente que tomou conta do mercado. Devido a não atingir níveis de álcool altos, demorar muito a amadurecer ficando propensa a sofrer com chuvas de granizo e apresentar relativa baixa produtividade, os grandes produtores a abandonaram e hoje a produção é mínima, beirando a extinção. O conceito por trás da “família” Gratias é exatamente esse, o de recuperar vinhedos e uvas da região e em extinção com o mínimo de intervenção, pequenas produções e vinhos únicos. Estão inclusive produzindo já um vinho laranja com a Tardana, mas esse só me deixou curioso, ainda não provei.

Sol de Tardana é levemente prensada e 1/3 termina de fermentar em talhas de barro passando posteriormente por um período de três meses sur lie. Aromas de boa intensidade apresentando um leve floral no nariz, notas de pêssego e damasco, fresco, talvez algo de maçã verde 🤔, na boca um toque mineral em função do solo calcário, boa textura, leve para médio corpo com equilibrados 12,5 de álcool, meio de boca marcante e vibrante com boa acidez e ótimo equilíbrio, um vinho sedutor que deixa um retrogosto de quero mais! rs  Falam de frutos brancos melão e pera, não achei não, mas isso vai de cada um. 😊 Gostei muito e tomaria várias! Do ponto de vista de harmonização, acho que é uma grande opção para pratos asiáticos bem condimentados. Tomei acompanhando um Bifum de Camarão ao Curry e foi divina a harmonização, mas quaisquer pratos de frutos do mar certamente serão boa escolta ao vino. Produção limitada, não chega cinco mil garrafas anuais, algo a se colocar numa wish list e vale a pena porque o preço é bem razoável, na casa das 130 pratas.

Enfim, mais um post, quem sabe na base de um por semana eu consiga criar novamente um ritmo de publicações. É isso, abraço e kanimambo pelos gentis comentários que venho recebendo, saúde e cuidem-se!

Y Tú, de Quién Eres?

Senta que lá vem história, meu primeiro vinho glu-glu, termo muito usado pelos amantes dos vinhos naturebas para descrever um vinho fácil de tomar, de golão! Vinho para tomar refrescado, até em copo de requeijão (heresia? rs) num bar qualquer de beira de estrada ou num Pueblo qualquer sem enochatisses, porque cada um é cada um. Por lá, um vinho de mesa, de “Pueblo”, mas deixa eu contar essa história vai?

O nome nasce de uma indagação dos anciões antigos de pequenos pueblos espanhóis quando um jovem que não conheciam aparecia, “Y tu de quien eres?”, e tu a que família pertences? Neste caso, do vinho, a resposta é, a um Pueblo! O local, Casas Ibañez, Albacete, a cerca de 100kms de Valencia, o produtor Bodega Gratias que trabalha com foco na elaboração de vinhos com uvas autóctones locais, mínima intervenção, adoção de processos artesanais e ancestrais, produzindo vinhos como antigamente. Jovens, resgatando a história local de fazer vinho e preservando castas autóctones.

Este vinho tinto, possuem um branco também de produção ainda menor e que ainda não provei, foi viabilizado através de um sistema de “crowdfunding” pois o projeto é muito pouco rentável em função da baixa produtividade dos vinhedos antigos com castas plantadas todas misturadas, neste caso todas autóctones e boa parte delas em risco de extinção. Entre as muitas castas que compõem este multivarietal ou field blend como gosto de chamar (no Douro as Vinhas Velhas costumam ser plantadas assim) castas como bobal, marisancho, teta devaca, pedro juan, morávia agra, morávia dulce, pintaillo, cegivera, rojal, valencín, albillo, etc..

A seleção de cachos é feita no vinhedo e os cachos colocados inteiros em tanques de 5 hectolitros onde fermentam de forma natural. Posteriormente, passam por um processo de “crianza”, tempo de afinamento, parte em inox, parte em barricas e parte em ânforas de barro. Com apenas 5300 garrafas produzidas, é um vinho para tomar de golão, o tal do glu-glu como mencionei no inicio deste post. Se você ficou interessado, sugiro entrar no site deles (www.bodegasgratias.com) e pesquisar um pouco mais.

Bem, ainda não falei do vinho! rs Esse estilo de vinhos pode e a maioria possui, aromas algo diferenciados que nos fazem remeter mais a cantina, taberna (estou viajando mas me permitam isso!) e alguns chegam ao exagero, este não, essa marca está lá, mas de forma sutil e sedutora. Tem uma bela cor vermelho cereja, com aromas de cantina, de frutas vermelhas e algo de mirtilos, especiarias, notas herbáceas de temperos verdes, e leve lembrança de kirch. Corpo médio, a adstringência na entrada da boca lhe confere um ar rústico que não tira seu charme, algo de salumeria, boa sensação frutada que lembra frutos negros e mostra um frescor muito interessante de final de boca que deixa uma sensação de quero mais na boca e um sorriso no rosto.  Eu curti demais, melhor se levemente refrescado a 14/15ºC, e me deixou curioso de conhecer esta bodega in loco!

Eu que não sou exatamente um apoiador dos vinhos naturais, tenho que me render ao fato de que há sim vinhos bem feitos que merecem ser conhecidos e este é um deles. Minha posição sobre isso é muito clara, o vinho tem primeiramente ser bom e palatável, depois se for orgânico melhor e bio ainda mais, questão que me parece lógica. Aceitar vinhos pouco palatáveis, de aromas esquisitos e pouco convidativos porque são naturais, não faz minha praia, mas cada um é cada um.

Como disse, gostei e recomendo. Para acompanhar, boa companhia para começar!! rs Depois, se estiver a fins, uns tapas, salames, queijo manchego e uma boa prosa. Ufa, falei um monte hoje, fazia tempo que um texto não fluía assim. Kanimambo pela visita, saúde, cheers, salute, salud, prosit, …

Crianzas na Confraria

Com Z mesmo porque falo de vinhos espanhóis que compuseram o kit do mês de Outubro da Confraria Frutos do Garimpo. Na Espanha para um vinho ser Crianza (conceito que vem de criar, de maturação e não de jovem) ele tem que passar um período mínimo de maturação de 24 meses antes de ser colocado no mercado sendo que com um mínimo de 6 meses em barricas, sendo que em Rioja, como em Ribera del Duero e algumas outras regiões, o Concelho Regulador determina nada menos do que 12 meses e o restante em garrafas.

Com o apoio dos amigos Juan e Alexandre da SYS (importadora dos vinhos), escolhi dois rótulos de vinhos Crianza para a confraria, bem diferentes um do outro, mas dois vinhos que certamente têm seu espaço na minha taça dependendo do momento e da proposta gastrônomica.

Marqués de la Carrasca Crianza 2014 é um corte de Tempranillo com Cabernet Sauvignon e Syrah que é algo incomum, mas dentro das normas da DO La Mancha, a maior região produtora de Espanha. Afora o equilíbrio, o que mais me chamou a atenção neste vinho foi sua acidez marcante. Sua “crianza” em barricas é de 8 meses, sendo 25% francesa e 75% americana, certamente usadas. No nariz, possui uma intensa presença de fruta muito bem integrados às sutis notas de carvalho. Na boca, mostra boa textura, corpo médio, com um final de boca de persistência média e fresca, deixando na boca aquele gostinho de quero mais. Fácil de agradar, pronto, a garrafa tende a durar pouco! rs Preço médio em São Paulo entre R$90 a 95,00.

Montes de Leza Crianza 2015, que belo Rioja com muito anos pela frente de garrafa. Possui, para quem ache importante, 90 pontos de James Suckling, medalha de prata no concurso de Bruxelas, vem de Alavesa a parte mais ao norte da DOC Rioja e é 100% Tempranillo com passagem de 12 meses por barrica nova que lhe dá aquele toque amadeirado típico dos vinhos desta região. Apesar de jovem já se mostra bastante integrado e equilibrado com a madeira presente, porém sem ser agressiva. Frutos intensos com destaque para ameixa escura fresca, a acidez é outro ponto que me chamou a atenção, bom volume de meio de boca, rico e complexo, encorpado mas não pesado e com grande persistência. Um vinho de outro patamar de qualidade, para outros momentos mais gastronômicos. No mercado (SP) por volta dos 170 Reais.

Dois bons vinhos Crianza, cada um com seu estilo e propostas próprias porém um só objetivo, nos dar prazer e isso eles fazem bem. Como sempre, você é o juiz, prove e tire suas próprias conclusões, certamente os confrades que levaram os kits do mês o farão.

Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui sempre que der. Saúde!

Harmonizando Jerez, Parte II de Uma Saga!

Finalmente chegou a hora e com este encerro meu trio de posts sobre o tema Jerez! Como de praxe em todas as degustações que monto, primeiro um espumante de boas vindas para preparar o palato que, em função do tema, desta feita optei por um cava de reputação ilibada, o Juve y Camps Cinta Purpura já com uma certo tempo de garrafa, notas de evolução que lhe trouxeram ainda mais complexidade, tudo a ver com o que viria a seguir. (clique nas imagens para aumentá-las)

Combinei com a Sandra e sua equipe, que com cada um dos vinhos serviríamos duas opções de harmonização. A grosso modo, o comum é uma série de tapas e pinchos com uma ou duas copas, mas desta vez passamos o sinal e ousamos, pelo menos um pouco! rs Nosso primeiro vinho e harmonização foi com um de meus Jerez acessíveis com que volta e meia abro eventos servindo com uns pinchos de Jamon Serrano e Brie (Manchego está caro demais!), amêndoas salgadas, azeitona, tremoço e coisas do tipo, desta feita quis ir um pouco além.

Manzanilla La Gitana – velho companheiro, toques amendoados com uma salinidade bem marcante e seco, muito seco. Dois pratos, os aspargos com azeitona e as incríveis anchovas maçaricadas marinadas ao limão. Como já esperava, esmero no preparo e deliciosos ambas as harmonizações. Para uns mais azeitona sem aspargos, para outros a combinação e para outros ainda, as anchovas. Achei boas as duas, mas as anchovas foram incríveis e aquele toque maçaricado fez a diferença, uau!

Amontillado Williams & Hubert Jalifa Selección Especial envelhecido 30 anos (VORS).- com o perdão da palavra, PQP!!! Esse acho que o Homem desceu e o abençoou pessoalmente. rs Absolutamente divino, daqueles que não sabemos se fungamos ou bebemos, na duvida os dois, mas uns pingos atrás da orelha antes de dormir deve elevar o libido! Dá para ver né, me deixou louquinho, mas tinha mais, tinha a harmonização com Salmão Gravlax  e sour Cream mais Alcachofras com Pinhole. Por similaridade a harmonização das alcachofras com os pinholes fazendo uma incrível liga com o Jerez ficou muito boa, mas o salmão ficou incrível, digno de muitos uaus na mesa, e por contraste despertou sensações diferentes. Ah, não falei muito do vinho né, notas de caramelo, baunilha, avelãs (nuts), sei lá, viajei aqui e pena que a garrafa era de 500ml, merecíamos mais! rs Meu preferido, certamente aporrinharei alguns viajantes amigos para me trazer algumas garrafas.

Hidalgo Villapanés Oloroso – a principio deveria ser servido após o Palo Cortado pois é mais potente que esse só que o Palo Cortado dizem possuir os aromas do Amontillado com a boca do Oloroso, então sá daria para comparar se os dois já tivessem sido tomados, ou não? Coisa de lógica lusa? Só sei que deu certo. rs Muita estrutura, paleta olfativa mais tímida, o peso pesado dos Jerez e tradicionalmente harmoniza com charutos, não me pergunte quais por que disso não entendo bulhufas. Duas eram as propostas aqui, um Croquete de Jamon e  Peito de Pato com cogumelos. Inacreditáveis aqueles croquetes, para pedir de dúzia, mas leves demais o vinho os trucidou. Já o pato, meus amigos, da hora e uma harmonização bastante complexa, show e sim, dizem as más línguas que com charuto também ficou bom!! rs De qualquer a forma, apesar de muito bom, o vinho que menos fez a minha cabeça já os charuteiros curtiram o pós confraria.

Lustau Palo Cortado 30 anos (VORS) – o vinho mágico que aparecia por obra da natureza, masque hoje se controla. Um intermediário de potência entre o montillado, mais sedoso, e a estrutura poderoaa do Oloroso. Realmente interessante o fato de que se nos guiarmos tão somente pela paleta olfativa podemos facilmente o confundir com o Amontillado. É precisa a definição que o Palo Cortado possui os aromas de um e o palato do outro, valeu muito esta sequência. Frutos secos, algo achocolatado, nuts, madeira, uma profusão de sabores e aromas. Atropelou o gostosa Tortilla de Batata, mas acompanhou maravilhosamente o incrível Carré de Cordeiro com Cuscuz.

Gonzales Byass Solera 1847 Cream – saímos do mundo dos secos e generosos, para o dos doces e este é muiiito bom. A data aqui não tem efetivamente nada a ver com a da Solera, mas sim uma alusão e homenagem ao ano de nascimento do fundador. Acho que confunde, mas talvez tenha também esse objetivo. rs Isso, no entanto, não atrapalha nem sabores nem aromas e aqui partimos para uma outra paleta, a de caramelo, uva passa, figos secos, que pedem sobremesas. A Palomino é predominante e é acrescida de 5% de Pedro Ximenez que lhe aporta o toque mais doce e cor escura. Após o blend é colocado em solera por 8 anos. O Cheese Cake de Damasco, excepcional, foi um deleite, uma harmonização primorosa que recomendo porque é marcante.

Equipo Navazos la Bota 76 PX com produção limitada a apenas 1800 garrafas – é, a escolha foi feita a dedo e imagens direto da loja em Madrid via Whats! Valeu a pena, mais um vinho de alto nível no páreo. Veio de uma solera do ano 2000 criada com vinhos antigos puros PX advindos de uma velha bodega que tinha encerrado suas atividades. Em 2008, quando do primeiro engarrafamento, já se falava de vinhos com mais de 20 anos de idade média, agora nesta segunda sacada com 30 anos, estamos diante de algo especial na taça. Denso, cremoso do tipo de colocar uma colherinha daquelas plásticas de café e esta ficar em pé (rs), retinto, cor iodizada, caramelo, bala toffee, cacau, uma bomba doce com 370grs de açúcar residual inviável com o que restou do cheese cake apesar da boa acidez. Dizem que vai bem com crema catalana e doces de chocolate, para mim acertamos no queijo Talleggio que podia estar até um pouco mais forte, mas casou bem com o vinho. É vinho para queijos forte, Reblochon, Taleggio, Pont laveque bem maturado, etc. muito boa harmonização

Lustau Solera Finest Selection Gran Reserva Brandy de Jerez, um destilado de primeira linha com uma única passagem em tanques de cobre elaborado com 100% de uva Airén trazida da região de la Mancha que posteriormente envelhecem em barricas de Amontillado, Oloroso ou PX. Este Finest Selection é uma seleção de brandies especiais que envelheceram por 40 a 50 anos em barricas de de PX, Amontillado e PX que depois de ser feito o blend envelhece por mais 15 anos em barricas de Jerez. É absolutamente divino e totalmente diferente do que esperávamos. Pensamos que iria se dar bem com charuto, de acordo com os charuteiros de plantão dançou, nada a ver e eles foram mesmo é de Oloroso. Apesar de seus 40% de teor alcoólico, mostrou-se extremamente macio, desce sem “rasgar” de forma sedosa. Incríveis aromas de baunilha, madeira, toffee, amêndoas, uma complexidade ímpar e sedutora, boca idem com algo de especiarias no final, muito louco isto. Me encantou, sim é potente, mas elegante ao mesmo tempo, gamei! Ainda tinha sobrado um tico de cheese cake de damasco, não resisti e coloquei um pouco na boca, explosão de sabores um “acidente” que deu muito certo, mas não se preocupe com isso não, curta o Brandy, eu que não sou de destilados já encomendei uma! rs Minha segunda preferência nesta incrível noite.

Gente, é isso, tenho que dizer que certamente esta está entre as três melhores degustações já realizadas pela Quinta Divina em quase seis anos de vida. Certamente a mais inusitada junto com a de Alcachofras e Vinho sob a batuta do mestre cozinheiro e confrade Carlos Godinho. Por sinal, já estou trabalhando nesse post também, aguardem. Muito bons vinhos, ótima cozinha, grandes amigos, que mais???

Um agradecimento especial aos amigos que compõem a confraria, foi uma tremenda honra e responsa, poder preparar tudo isto, aos confrades que compraram e trouxeram os vinhos (veja o post da saga), à Chef Sandra Antunes Souza do Flôrida Garden Café (Granja Viana) muita qualidade, sabor e esmero em todos os pratos apresentados. À equipe do Flôrida e, para quem for da Granja e região uma dica, eles estão abertos para eventos e almoço executivo, vale a pena!

Mais um longo post, mas tinha muito a compartilhar e fazer uma terceira parte seria demais né! Uma dica, explorem esses vinhos, são diferentes, grande pedida para papos, pinchos y tapas, ou experiências especiais que nem esta. Kanimambo pela visita e uma ótima semana para todos.

Saúde

De Madrid à Quinta Divina, a Saga de Uma Degustação Harmonizada de Jerez.

Se prepara, demorou para armar essa e a história é longa! rs Tudo começou em Setembro/Outubro do ano passado, após abrir os trabalhos com um Jerez Manzanilla em vez do costumeiro espumante, quando decidimos armar uma degustação para explorar a diversidade dos vinhos de Jerez que a maioria achava só serem doces. Fui orçar no mercado, inviável para o orçamento da Confraria. Opção encontrada, já que um dos confrades ia para Madrid em Novembro, comprar os melhores e os mais caros (Amontillado VORS 30 anos, Palo Cortado VORS 30 anos, Oloroso e o Brandy Solera Gran Reserva Special Selection) lá e os outros por aqui mesmo, no final saiu tudo por menos da metade do preço!

 

Tudo comprado, confrade feliz nos enviou foto pelo Whats e nós por aqui já esfregando as mãos, preparando o palato para o grande encerramento do anos e salivando, mas …! É, tem sempre um mas. rs Não é que no embarque do voo de volta Madrid, Lisboa, São Paulo a TAP proibiu o embarque desses e de outros vinhos que eles traziam!!! (cuidado, especialmente em voos com transbordo de aeronave) Eles vieram, os vinhos ficaram no guarda volumes do aeroporto. Na volta, todos correndo atrás de alguém confiável em Madrid para ir buscar esses vinhos e guardá-los.  Depois de alguns poucos dias, missão cumprida, e agora, como trazê-los??

Em Fevereiro, numa viagem a Portugal, lá vão os amigos a Madrid buscar os vinhos que, vejam só, embarcaram de volta de Lisboa, pela mesma TAP, sem qualquer problema, UFA!! Agora, enquanto os vinhos descansam, correr atrás de harmonizar isso tudo e mais uma saga! Um cara, chef conhecido de uma amiga, se predispôs a preparar um menu que seria executado na casa de um dos confrades aqui na Granja. Demorou ad eternum para chegar com uma proposta de 2000 Reais para ingredientes e vir até a Granja, Uber e mais R$500 (!!!!!) por pessoa. Vou ser sincero, nem abri o menu, seria muito mais negócio ir a um restaurante de primeira linha espanhol aqui em Sampa e ainda sobraria grana, pirou legal o cara. Se queimou à toa, bastava dizer que não podia, não tinha interesse, estava ocupado, certamente mais honesto e correto. Ah, nem me pergunta o nome dele, já esqueci!! rs

Fiquei feliz ao saber que a Chef Sandra Antunes de Souza, parceira em outras atividades inclusive numa degustação de vinhos espanhóis na Vino & Sapore onde servimos tapas e pinchos, tinha recém aberto seu Flôrida Garden Café onde também servia pratos ao almoço, por sinal muito bons, recomendo. Lá vou eu conhecer o lugar, super charmoso diga-se de passagem, e rever a competente amiga. Alguns poucos dias depois, tudo armado e chegou o grande momento que há seis meses esperávamos, explorar os vinhos de Jerez e suas potenciais harmonizações. Como o amigo Didu mencionou num post no Face fazendo referência ao mestre Don Jerez (José Luiz Pagliari), as harmonizações tradicionais são:

“Fino” – Aperitivos, Presunto Cru, Fritura de peixes e carnes brancas, Embutidos sem pimentão, Mariscos iodados, Aspargos e Alcachofra.

“Manzanilla” – Aperitivos, Presunto Cru, Fritura de peixes e Mariscos iodados.

“Amontillado” – acompanham sopas e consomes, as carnes brancas e os queijos curados.

“Oloroso” – acompanham bem as caças e as carnes vermelhas.

Os “Medium” e o “Pale Cream” acompanham muito bem o foie gras, os patés e as quiches, além de frutas frescas.

Os “Cream” são para sobremesas

“PX” – Pedro Ximenes são ideais para doces e queijos azuis

Como nessas coisas eu sou pouco tradicionalista e gosto de ousar, me debrucei na pesquisa sobre o tema e usando minha intuição mais a criatividade da Sandra e algo do tradicional, por que nunca tinha harmonizado Jerez fora o Manzanilla, eis o resultado do menu escolhido. Duas opções para cada vinho começando com Manzanilla seguido de Amontillado, Oloroso, Palo Cortado e o Cheese Cake com o Cream e o Taleggio com o PX.

 

Querem saber o resultado, bem, este post já está ficando longo demais, então vou deixar o resultado para Segunda, ok? Food for thought (como diriam os ingleses) para o fim de semana, rs, kanimambo pela visita e nos vemos na Segunda por aqui ou no fim de semana na Vino & Sapore. Já reservou presença no Desafio Sul Americano de Merlots, NÃAO???

Saúde

O Que é Um Vinho Jerez.

Longe de mim me intitular de especialista em Jerez, até porque para isso teria que ter uma litragem considerável nestes vinhos únicos o que não é o caso. Algo tenho no entanto, rs, e curto especialmente com tapas e pinchos diversos, porém não são vinhos de fácil assimilação pelo consumidor em geral, salvo os mais curiosos e  com boca já “calejada” por anos de exercício com a taça! De qualquer forma, este post hoje serve como uma introdução a esse mundo, já a sequência depende de você e passará, necessariamente, por alguns tragos! rs

O primeiro passo para explorar esse mundo diferente é entender que estamos entrando numa forma diferente de fazer vinho, o Jerez não é só diferente, é único e possui uma história de mais de 3000 anos na Andalucia, região estratégica da Espanha, tendo se tornado DOC em 1935.

Os Jerez são, como os vinhos do Porto, Madeira e Moscatéis portugueses, vinhos fortificados que variam de 15 a 20% de teor alcoólico dependendo do estilo e que muitos pensam ser só doces. Ledo engano e, para mim, os melhores ainda são os secos. O que mais saber sobre essa diversa família de vinhos?

Primeiro, todo o Jerez após o processo de fermentação passa pelo processo de envelhecimento (crianza) de SOLERA que é caracterizado por um encadeamento dos barris (600ltrs), como se fosse uma pirâmide em que o vinho jovem é armazenado nos barris do topo. O vinho mais velho permanece próximo ao solo (daí o termo solera).

As inúmeras fileiras entre o topo e a solera desta pirâmide guardam o vinho que está sendo envelhecido. Estas camadas são conhecidas por criaderas. A solera é quem fornece o vinho que será engarrafado e ás criaderas cabe o amadurecimento paulatino do Jerez. Nenhuma camada de criaderas possui vinho de uma única safra. Cada barril é enchido a 5/6 de sua capacidade (500 de 600 ltrs) total para que haja oxigênio em seu interior. A cada safra comercializada, 1/3 (pode variar dependendo do produtor) do vinho da solera é retirado para engarrafamento. Aos 2/3 que permanecem na solera, é adicionado 1/3 da criadera imediatamente superior, ou 1a. Criadera. A 1a. criadera é completada com 1/3 do vinho da 2a. Criadera e por aí adiante até 10 criaderas, apesar de a maioria usar tão somente 4 níveis de criaderas. Á Criadera mais elevada será então adicionado o vinho novo. Difícil que uma solera dessas se esgote então, dependendo do quanto se saca de cada uma e com que frequência, algumas soleras podem possuir vinhos muito antigos então ela costumeiramente é classificada por sua idade, dificilmente um Jerez é safrado, já que cada solera recebe vinhos de diversas safras. O Jerez mais antigo que já tomei foi um Alvear PX Solera 1927 que é o ano em que a solera foi criada. Esse mesmo produtor tem PX de 1830 e 1910!!

Segundo, os tipos de envelhecimento (crianza) variam em função do estilo que se quer produzir, crianza oxidativa ou biológica. Como as barricas possuem 1/6 de seu espaço vazio, as leveduras acabam formando internamente um véu, conhecido como flor, que evita a oxidação mas que só sobrevive se o teor alcoólico do vinho não exceder os 17% porque se não o véu se rompe. O Jerez pode passar também pelo amadurecimento oxidativo (acima de 17% álcool), depois que essa película desaparece, e o vinho passa a ser exposto ao oxigênio. O Jerez é produzido a partir de somente 3 diferentes cepas, todas brancas: a Palomino (vinhos secos), a Pedro Ximénez e a Moscatel para os doces.

Terceiro, os diversos estilos elaborados:

        Generosos, com menos de 5 gramas de açúcar residual por litro, os vinhos secos de Jerez, possuem teor alcoólico entre 15 a 22% e são fortificados (encabezados).

Fino/Manzanilla, de cor clara e pálida é costumeiramente fruto de mosto de primeira prensagem, amadurece totalmente protegido do oxigênio pela camada de fermento flor, crianza biológica, e é dos Jerez menos alcoólicos, com teor de 15° e o mais seco com apenas 1gr de açúcar residual. Manzanilla é o nome oficial próprio para Jerez Fino específico da cidade de Sanlúcar de Barrameda. Há quem os separe em dois tipos no entanto, mas a grosso modo a única diferença entre os dois me parece ser o terroir que dá um toque algo mais salgado ao Manzanilla já que o processo de elaboração é igual.

Amontillado, de cor âmbar não muito intensa, é parcialmente protegido pelo fermento flor (fermentação biológica), com teor alcoólico entre 17 e 22°, passando também por amadurecimento oxidativo após o rompimento da flor.

Oloroso, sofre alta exposição ao oxigênio durante o amadurecimento oxidativo, sem fermentação biológica,sendo costumeiramente de mostos de segunda prensagem com maior extração, apresenta cor âmbar que pode chegar até ao tom do mogno, e teor alcoólico entre 17 e 22°. Bem encorpado

Palo cortado, com aromas de Amontillado, com cores e paladares de Oloroso, e teor alcoólico entre 17 e 22°, sofre exposição parcial ao oxigênio durante seu amadurecimento.

         Generosos licorosos, um pouco mais doces, e com 15 ou 15,5° de álcool. Tradicionalmente um corte de vinhos já criados e com maior concentração de açucar residual.

Pale cream, de 45 a 115 g de açúcar/l, amarelo palha a dourado. (corte de Finos)

Medium, de 5 a 115 g de açúcar/l, de cor âmbar podendo chegar a mogno.

Cream, de 115 a 140 g de açúcar/l, de cor intensa âmbar variando a mogno, devido à maior exposição ao oxigênio durante o envelhecimento

        Naturalmente doces, de uvas colhidas tardiamente e expostas ao sol (soleo) para secarem desidratando e concentrando açucares. De aspecto denso, cremoso e escuro, com cor próxima ao ébano/iodo, processo oxidativo:

Doce, com mais de 160 g de açúcar residual por litro.

Moscatel, com mais de 160 g de açúcar/l, e concentração de vinho da uva Moscatel em pelo menos 85%.

Pedro Ximénez, com mais de 212 g de açúcar/l, e composto por pelo menos 85% de vinho da cepa Pedro Ximénez.

Além disso, o Conselho Regulador de Jerez certifica também categorias de acordo com o tempo de envelhecimento.

V.O.R.S. (Vinun Optimum Rare Signatum), com mais de 30 anos de envelhecimento.

V.O.S. (Vinum Optimum Signatum), com pelo menos 20 anos de envelhecimento.

Indicação de idade de 15 anos.

Indicação de idade de 12 anos.

A região ainda produz magníficos vinagres de Jerez e Brandy de Jerez que valem a pena serem explorados e para quem quiser se aprofundar neste tema sugiro visitar o site oficial do conselho regulador clicando aqui. Junto com os amigos da Confraria Quinta Divina decidimos explorar esse mundo numa degustação especial e harmonizada de Manzanilla, Amontillado, Oloroso, Palo Cortado, Cream, PX e um Brandy divino. Esse econtro da confraria despertou este post e num próximo compartilharei com vocês esta experiência que foi, digo desde já, da hora!

Kanimambo pela visita, saúde

 

La Carrasca 2010, Um Grande Reserva Espanhol

Este vem de La Mancha (região central vermelha no mapa ao lado), a maior região produtora de vinhos na Espanha, e por isso bem diferente dos vinhos de Rioja e Ribera regiões que muitos de nós estamos mais acostumados a ver com denominação Grande Reserva. De La Mancha, a grande maioria dos vinhos são Jovens (sem madeira) ou Roble (permanência mínima em barrica de carvalho de 60 dias) ou Crianza (período mínimo de envelhecimento de 24 meses, dos quais pelo menos 6 em barricas de carvalho), de preços mais acessíveis e que nos últimos anos têm melhorado e muito o nível de qualidade.

Vemos poucos Gran Reservas (período mínimo de envelhecimiento é de 60 meses, dos quais ao menos 18 deverão ter sido de barricas de carvalho e em garrafa o restante do período) por aí e portanto fiquei curioso para conhecer mais e provar óbviamente! rs Afora uma exigência menor de tempo em barrica que Rioja e Ribera, aqui também a diversidade de uvas homologadas é bem maior > Bobal, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Cencibel (Tempranillo), Garnacha, Graciano, Malbec, Mencía, Merlot, Monastrell, Moravía dulce o Crujidera, Petit Verdot, Pinot Noir y Syrah e aprodutividade maior. Consequentemente, nos deparamos com melhores preços e uma maior diversidade de estilos já que os produtores estão mais livres para criar.

Este Marqués de La Carrasca Gran Reserva 2010 é elaborado pela Bodega Lozano, uma empresa familiar (desde 1853) que está já na quarta geração em atividade. Um corte de 80% Tempranillo com Cabernet Sauvignon que passou por 24 meses de barrica, parte americana e parte francesa, e o restante dos 36 meses em garrafa nas adegas antes de sair ao mercado em 2015. Tomado em conjunto com amigos, a avaliação foi bastante positiva tendo sido ressaltado que para um Gran Reserva espanhol a madeira estava muito bem trabalhada e bem integrada ao conjunto o que me leva a crer que ao menos parte desse estágio em carvalho tenha sido em barricas de segundo uso.

O vinho se mostrou bastante frutado, com algumas notas mais químicas (acetona) tanto no nariz quanto em boca, taninos muito finos e bem integrados, macio, médio corpo, com uma gostosa acidez de final de boca e boa persistência. Fácil de agradar, teor alcoólico educado (rs) de 13.5% em perfeito equilíbrio, um vinho que em São Paulo está na casa dos 110 Reais o que, para um Grande Reserva espanhol, é uma tremenda barganha que vale bem o preço, mas longe dos vinhos de grande estrutura e potência, se você gosta desse estilo este não é seu vinho. Este é um vinho para quem valoriza elegância, se você gosta então vai se dar bem com ele.

Kanimambo pela visita, saúde

Mestizaje 2011, um Bobal de Fina Estirpe.

Uma Espanha diferente na taça, Mestizage 2011, um corte de  85% Bobal (vinhedo com mais de 50 anos), 9% Tempranillo, 3% Cabernet Sauvignon, 2% Garnacha e 1% Merlot de Pago El Terrerazo perto de Valencia. Um Pago é uma classificação espanhola que trata de uma microrregião, neste caso 87 hectares, de excepcional qualidade independentemente de estar, ou não, dentro de uma DOC, são 18 no total. A Bobal é uma uva bastante comum, porém poucos são elaborados como varietais, lembrando que com 85% ou mais de uma uva o vinho é considerado um varietal, sendo mais presente em cortes onde aporta cor, taninos e acidez.

A uva é nativa da região espanhola de Valência, Urquiel-Rellena, La Mancha e é uma das uvas mais apreciada no país, segunda tinta mais plantada, possui caráter denso e rústico. Ao longo do tempo a uva Bobal conquistou o apreço dos produtores contemporâneos por oferecer vinhos de boa qualidade, taninos abundantes, cor escura (alto teor de resveratrol), com muito boa acidez e tudo isto se encontra presente neste vinho que, após sete anos está, em minha opinião, em seu apogeu, mas ainda vai dar o que falar por mais um par de anos.

Elaborado pela Bodega Mustiguillo, fermentou em barrica e depois estagiou em tanques de aço inox e barricas francesas por 9 meses. A idade lhe fez muito bem! A fruta está bem presente numa paleta olfativa de boa intensidade, na boca deliciosa textura com bom volume, notas terrosas, frutos negros, taninos finos bem integrados, acidez viva, final de persistência média, um vinho que dá um prazer enorme de tomar. Tinha tomado faz tempo, mas está melhor! Uma pena que se acabou!!

Saúde, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui ou em qualquer outra curva de nossa vinosfera!

Wine Tasting Best In Show!

Já escrevi um post sobre os campeões de bilheteria na Wine Tasting da Vino & Sapore que você pode ler clicando aqui, já este é um post sobre o vinho que mais produziu uaus nesse Sábado, o Best in Show entre diversos muito bons vinhos. Na escolha dos vinhos junto com o amigo e parceiro Juan Rodriguez da Almeria, optamos por escolher um vinho algo mais caro porém com, obviamente, a qualidade que o respalda. Estoquei pouco, imaginei que não sairia tanto mesmo considerando que certamente agradaria a grande maioria. Não é que acabou e ainda esta semana estou atendendo alguns pedidos que não pude atender no dia!

O vinho em questão é espanhol, a praia do Juan, de Ribera del Duero e de vinhedos orgânicos (reconhecido em 2004) e parcialmente bio que é um plus no final das contas. É o Domínio de Basconcillos Eco 6 Meses, um vinho 100% Tempranillo ou Tinta Fina como ela é conhecida na região. Leveduras selvagens, apenas seis meses de barrica para lhe dar aquele algo mais sem atrapalhar a fruta. Bem aromático com notas de frutos vermelhos e um sutil abaunilhado.  Ameixa, cereja, médio corpo para encorpado, ótima textura, bom volume, muito rico meio de boca, complexo, alguma especiaria (pimenta), taninos finos ainda bem presentes mostrando que ainda há muita vida por viver nesta garrafa. O final de boca apresenta uma acidez mais marcante e algumas notas minerais em função do solo calcário da região e uma maior altitude dos vinhedos. Um vinho marcante com a personalidade da região mostrando-se um pouco mais austero, porém sem perder a elegância que o caracteriza.

Um vinho que por aqui em São Paulo anda na casa dos 150 a 165 Reais o que está em linha com a qualidade entregue. Um belo vinho para comprar e curtir sem medo de ser feliz.

Kanimambo pela visita, saúde

Uau, que vinho!

Adoro quando isto acontece! rs De repente, não mais que de repente, apareceu-me este vinho, um total desconhecido. Fui atrás de informações, pouco ou nada achei então só tinha um jeito, abri a garrafa e … tchan, tchan, tchan, paixão ao primeiro olhar, que cor sedutora! Já me animei e cada vez mais curioso para levar a taça à boca e desvendar os sabores que prometiam.

20171008_133429Clos D’Esgarracordes 2009, esse é o nome dele. Vem de uma região pouco conhecida, IGP Castelló entre a Catalunha e Valencia. Esta IGP (Indicación Geográfica Protegida), criada recentemente, é um estágio anterior à celebração de DOC, e hoje conta com apenas uma dúzia de produtores e uma produção ao redor de míseros 600 mil litros. A Bodega Baron D’Alba que elabora este vinho (seu topo de gama hoje entre cerca de 12 rótulos) possui apenas uns 15 hectares de uvas entre elas Macabeo (branca), Cabernet Sauvignon, Garnacha, Merlot, Monastrell, Syrah y Tempranillo. Neste vinho, usa um blend de Cabernet Sauvignon, Merlot, Tempranillo y Syrah que me chamou a atenção na taça pela cor que mostra uma evolução já bem presente traindo sua idade. Se você gosta de vinho cheios de potência, de grande extração, vinhos power, não embarque neste barco porque certamente não apreciará esta viagem. Sorry, mas a pegada aqui é outra! rs

São dezessete meses de barricas francesas e americanas sendo engarrafado sem 20171008_133215filtração, porém não encontrei muitos sedimentos não! A madeira está já integrada, presente mas integrada em perfeito equilíbrio, notas terrosas, couro, bosque, alguma salumeria, frutos negros, taninos aveludados, acidez balanceada, rico e complexo meio de boca com um final bem persistente, a cada gole uma viagem, novos sabores, vinhos velhos têm dessas coisas e por isso são tão encantadores e vibrantes a seu modo. Nem todos apreciam, mas para quem gosta este é um prato cheio e vale bem as 140 pratas, mas vai ter que fuçar por aí! rs

Eu abri a dois, não sobrou gota (!), e só acompanhei com uns pinxos de Jamon Serrano e Brie, precisa de mais nada não! Um achado da Cavisteria do amigo Fabio Barnes que compartilhou comigo esta beldade e permitiu que eu também colocasse algumas garrafas no portfolio da Vino & Sapore. Não costumo indicar se vendo ou não os vinhos que aqui compartilho, por questão de isenção, mas como é raridade e algo especial achei que deveria, mesmo não sendo o objeto do post.

20171008_133152

Sabe aquela coisa de sair da mesmice de que tanto falo, então … (rs). Bem gente é isso, demorei uma semana para chegar com mais este post, mas espero ter mais ao longo da semana que espero seja divina e não esquece, dia 23 tem prova de Cabernets Franc de Mendoza com jantar no bom Antonietta Cucina! Kanimambo, saúde e inté.

 

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar

Salvar