Um Afago do Maledetto

Depois de tanta aberração e descompasso com a realidade, finalmente alguém teve o bom senso de alterar a legislação no tocante á obrigatoriedade de todos os estabelecimentos comerciais somente venderem vinhos selados independentemente de quando foram importados e comercializados a partir de Janeiro próximo. Agora essa obrigatoriedade só terá efeito em Janeiro de 2015. Na verdade é um pouco aquela história do bode na sala, pois não refresca muita coisa, mais um paliativo típico de nossa Terra Brasilis que adora tapar o sol com a peneira!

           Se quisessem, efetivamente, corrigir erros, o correto seria simplesmente definir que produtos importados antes da lei e devidamente cobertos pela documentação pertinente,  estão com sua venda liberada. Me parece, mesmo não sendo jurista,  que aí sim existiria justiça fiscal, até porque não dá para uma lei ser aplicada retroativamente.  Fácil, fácil, mas como adoram complicar as coisas…….ficamos com esse afago e damos vivas! Triste e frustrante, então me desculpem se não solto rojões. De qualquer forma, segue na íntegra a resolução:

IPI – ALTERADA A LEGISLAÇÃO SOBRE A APLICAÇÃO DO SELO DE CONTROLE NO ENGARRAFAMENTO DE VINHOS
PUBLICADA EM 01/09/2011 – 08:51

Foi prorrogada de 01/01/2012 para 01/01/2015 o prazo de sujeição ao selo de controle pelos estabelecimentos atacadistas e varejistas que comercializam os vinhos classificados no código 2204 da Tabela de incidência do IPI
(TIPI). Os estabelecimentos artesanais e caseiros, não associados a cooperativas, com produção anual não superior a 20.000 litros de vinhos, estão dispensados da aplicação do selo de controle.

( INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB N – 1.188/2011 DOU 1 DE 31/08/2011 )

Fonte:  Editorial IOB

Salute, kanimambo e bom fim de semana.

Selo Fiscal, O Maledetto vai Vencer? Triste Noticia, Triste Dia!

Já tinha dito em artigo anterior datado de 27 de Agosto passado, que o Maledetto desse projeto que contempla o abominável selo fiscal deveria cair devido aos diversos pareceres técnicos e enorme impacto negativo junto aos pequenos produtores, a maioria, e a nós consumidores, porém que não me espantaria se uma canetada vinda de cima, se sobrepondo aos interesses da maioria e dos técnicos, viesse para nos afrontar. E não é que hoje acordei com esta notícia no meu computador! Parece que ao finalizar o post anterior sobre vinhos brasileiros provados, já estava prevendo algum desastre!

Mantega garante selo para os vinhos brasileiro e importado

 25 de março de 2010 – Os vinhos brasileiro e importado receberão a partir de abril um selo fiscal que assegurará a formalização de todo o setor. A garantia foi dada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta quinta-feira (25), em Brasília, ao presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Paulo Tigre. O industrial liderou uma comitiva que representa 95% da cadeia produtiva do setor no Brasil. “A medida visa coibir a informalidade, evitar a fraude do produto e contribuir com o fortalecimento do segmento”, afirmou Tigre, destacando que esta é uma conquista que vinha sendo apoiada pela entidade e beneficiará mais de 200 mil pessoas do setor rural e industrial. O ministro antecipou que irá fazer a divulgação oficial da implantação do selo no próximo mês, na sede da FIERGS, em Porto Alegre. “O selo será importante para avançarmos na formalização do setor e melhorar a competitividade do vinho brasileiro”, salientou Mantega.

“Queremos fortalecer o desenvolvimento de toda a vitivinicultura nacional e o selo é um passo importante nessa direção. Será um selo fiscal e de qualidade, pois inibirá o contrabando e garantirá a qualidade, atestando a pureza do vinho”, explicou a presidente do Sindicato da Indústria do Vinho do Rio Grande do Sul (Sindivinho-RS), Cristiane Passarin, que representa 700 indústrias gaúchas do setor, das 1.200 existentes no Brasil.

 “O selo é uma ferramenta fundamental, mesmo que não resolva todos os problemas do setor”, disse o coordenador da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin, entidade que cuida dos interesses dos produtores rurais. “São mais de 20 mil famílias gaúchas e catarinenses que dependem do cultivo da uva e produzem em média 550 mil toneladas por ano. Fornecem a matéria-prima pura para a indústria e estão confiantes que o selo ajudará a evitar as distorções do mercado em relação à concorrência. Muitos produtos são rotulados como vinho, mas usam outras misturas para baixar os preços”, declarou, destacando que a remuneração dos produtores também será beneficiada.

Participaram da audiência com o ministro Guido Mantega dirigentes do Sindivinho-RS, Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Comissão Interestadual da Uva, Câmara Setorial da Uva e do Vinho no Brasil, União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) e Federação das Cooperativas Vinícolas do RS (Fecovinho).

             O que move essas pessoas? Porque razão insistem nessa aberração já devidamente comprovada como retrógada e ineficiente nos países onde foi aplicada, acho que nem Freud explica? Quer dizer, cada um tem lá suas idéias e desconfianças, porém como não temos imunidade parlamentar e corremos risco de ser precipitados no julgamento, melhor é simplesmente registrar o nosso total repúdio, depois não sabem porque é tão difícil comercializar o vinho brasileiro o que torna a luta de uma Eivin, e dos lojistas que apóiam esse trabalho, missão tão inglória.  Ou vocês duvidam de quem vai pagar essa conta?! Preparen-se para vinhos ainda mais caros, tanto importados como, especialmente, dos nacionais que já andam nas alturas com muitos deles já tendo aumentado entre 6 a 10% neste inicio de ano, mesmo com uma inflação e crescimento de PIB pífio assim como uma taxa cambial favorecendo a importação de insumos. Já estão faturando por conta?

        Reduzir essa enorme carga tributária que contribui para atravancar nossa produtividade e convida à sonegação, isso nem pensar né Sr. Mantega? Destaquei os nomes envolvidos na eventual aprovação do Maledetto só para que não nos esqueçamos de alguns dos responsáveis por um dos maiores retrocessos na história de nossa vitivinicultura. Vade reto satanás, vade reto Mantega, Paulo Tigre e companhia!

             O presidente da União das Vinícolas Familiares e de Pequenos Vinicultores, Luis Henrique Zanini, um dos poucos com bom senso e coragem para desafiar o “establishment” foi categórico em entrevista ao Jornal Zero Hora de Porto Alegre, hoje pela manhã: ” Esse governo nos traiu e mostrou que está do lado do agronegócio. Desde o início, queríamos que essa questão fosse amplamente debatida, o que não ocorreu. Foi uma medida autoritária, de reserva de mercado para os grandes produtores.”  Hoje, sem salute, não é dia de brinde e estou é muito P da vida, mas agradecendo pela visita e pedindo desculpa pelo desabafo, kanimambo e que venham dias e gente melhores! 

Ps. quem ainda não conhece e quer conhecer mais sobre o assumto, digite “Selo Fiscal” no espaço para pesquisa acima e leia os diversos posts e impactos que essa aprovação pode provocar no seu bolso.

Noticias do Mundo do Vinho

Wine globe 3Big Brother do Vinho. É, nossa vinosfera não escapou dessa febre de “reality shows” e seis homens e seis mulheres suarão a camisa no “The Winemakers”.  Trabalhando na colheita em Paso Robles (Califórnia) e em turnos num wine bar, os competidores serão testados em seus conhecimentos e o ganhador terá o privilégio de elaborar e comercializar seu próprio rótulo no mercado americano. Tem alguém aí interessado?! Tente, creio que eles estão selecionando um novo grupo para o Winemakers II >> http://thewinemakers.tv/ (fonte: Decanter magazine)

 

Quinta do Portal é “Winery of the Year” pela Wine & Spirits. Vinícola Duriense (DOC Douro – Portugal) , fez por merecer com vinhos muito bem pontuados o que só vem enobrecer os produtores portugueses como um todo. Uma bela noticia para os vinhos portugueses direto das terras do Tio Sam que será publicado no anuário da revista que sai agora em Outubro. Yessss!! (Fonte: Infovini)

 

Consorzio Chianti Classico reduz comercialização em 20%. Para tentar evitar a super-oferta e a pressão por redução de preços, a comercialização da safra de 2009 será reduzida por no mínimo 24 meses. Aliás, na mesma linha de ação e pelos mesmos motivos, o Conselho Interprofissional da Região Demarcada do Douro, limita a produção da vindima de 2009 a, no máximo, 110.000 pipas, um corte de aproximadamente 10%. Sinal dos tempos e mostra que nossos importadores podem melhorar preço de compra o que, junto com a nova onda de valorização do Real, possibilitaria a reversão dos aumentos preventivos dados há oito ou dez meses atrás. (Fontes: Decanter e Jornal de Noticias – Portugal)

 

Já ouviram falar da Marithimu’s? Não, então preparem-se porque é só uma questão de tempo!  Na Europa é Marithimus 003muito comum e grande a diversidade de produtos gourmet em conserva, não sei nem se é esse o termo, mas no português bem claro, enlatados e em frascos. Ali´s, o caderno Paladar do Estadão publicou uma matéria muito legal sobre o assunto há uns meses atrás (lembro de ler, mas não encontrei em meus arquivos), mas por aqui ainda se olha bem de soslaio para esses produtos e pouca, ou quase nenhuma, produção local existe. Esta nova empresa que já tem seus produtos testados por diversos chefs e restaurantes, nos traz uma linha de frutos do mar que, pelo que já li, prometem ser daqueles produtos que todo o amante da enogastrônomia deverá ter em casa.  Ostras, Mexilhão e Polvo, iguarias que estão na despensa aguardando o momento certo para serem testados numa harmonização com Protos Verdejo e Soallheiro Alvarinho. Depois conto como foi, mas enquanto isso conheça os produtos e o conceito através de visita ao site da empresa clicando no link acima.

 

Mais sobre o “Maledetto” Selo Fiscal. Muitos  já publicaram, mas não custa deixar claro que a instituição desse maledetto só beneficiará a arrecadação do governo, para seguir aumentando suas benesses (esmolas assistencialistas em troco de voto) especialmente no momento eleitoral que se avizinha, e aos grandes produtores. Não traz nada de positivo nem para os pequenos produtores , nem para os importadores e muito menos para nós consumidores. Enfim, já deixei minha posição claramente nos diversos posts que escrevi sobre o assunto que podem ser lidos digitando “Selo Fiscal” e clicando em pesquisar. Com a palavra a UVIFAN:

 “No dia 10 de agosto, segunda-feira, a UVIFAM – União Brasileira das Vinícolas Familiares e de Pequenos Vinicultores – promoveu o I Encontro de Vinícolas Familiares, realizado no auditório do IFRS – Campus Bento Gonçalves. Na ocasião, o economista Werner Schumacher fez uma explanação acerca das dificuldades que a adoção do Selo Fiscal para vinhos acarretará aos produtores brasileiros e sobre outras questões de relevância para as pequenas cantinas do país. O Selo Fiscal é um instrumento de controle já presente em outros produtos, como o cigarro, que foi solicitado à Receita Federal por alguns representantes do setor vinícola sob o argumento de que sua adoção coibiria o contrabando e a sonegação. Porém, várias entidades e produtores, entre eles a Uvifam, acreditam que o selo trará inúmeros prejuízos à cadeia, burocratizando ainda mais os processos, aumentando os custos, sem solucionar, no entanto, os problemas do setor.

Dezenas de vitivinicultores vindos de várias cidades da região, como Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Farroupilha, Garibaldi, São Marcos, Flores da Cunha e também do estado de Santa Catarina, estiveram presentes no debate. O presidente da entidade, Luis Henrique Zanini, ressaltou a importância da união das pequenas vinícolas na busca por melhores condições de trabalho que garantam sua competitividade e consequente sobrevivência, já que os pequenos produtores raramente têm seus interesses contemplados pelas políticas do setor. “

Eu apoio esse movimento, inclusive pelo bom senso nas suas colocações e o esforço concreto no sentido de impedir que esse “monstrinho” nasça.

Salute e kanimambo

Ainda o “Maledetto” Selo Fiscal.

É, o “maledetto” segue seu caminho e, se ninguém fizer nada, quando virmos já estaremos pagando por isso; nós consumidores, parte dos importadores, os pequenos produtores, etc.. No entanto, quando a injustiça é grande e os atos descabidos, sempre haverá gente para botar a boca no trombone e fazer ecoar a vóz da razão. O Luis Henrique Zanini, já tinha emitido um alerta e um manifesto sobre este status-quo há algum tempo e eu o publiquei aqui. Pois bem, este brado de alerta não se calou no tempo e espaço, como é tradição neste país, e fez fôlego voltando à carga com tudo, exaltando os pequenos produtores a se unirem para provocar mudanças, dizendo NÃO ao Selo Fiscal e fez questão de mais uma vez expor as graves conseqüências dessa implementação. Mais do que eventuais opiniões técnicas que eu possa ter, estas são desprovidas de experiência no setor. Este alerta, desabafo e convocação à luta, no entanto, vem de alguém que vive essa situação. Vale a pena ler e tomar posição. Diga não você também, use este e outros blogs para expressar sua rejeição ao, como diz Zanini, Maior Retrocesso da História da Vitivinicultura Brasileira.

 

Caros amigos,

 

Jamais poderia imaginar uma repercussão tão forte de um humilde texto, que despretensiosamente levantou uma “voz solo” na multidão. Para sintetizar em uma só expressão as centenas de manifestações recebidas sobre o assunto Selo Fiscal para os Vinhos, cito esta: O MAIOR RETROCESSO DA HISTÓRIA DA VITIVINICULTURA BRASILEIRA.

O vinho brasileiro segue em rota de colisão com ele próprio, tornando-se cada vez mais antipático e burocrático aos olhos do consumidor. O mais estarrecedor disso tudo é que, como previsto, um significativo número de vinícolas e associações mostra-se contrário à ressurreição deste tiranossauro. Sob a ótica de um cidadão brasileiro, enólogo e produtor que paga seus impostos e sobrevive do vinho junto com sua família, coloco um imenso ponto de interrogação sobre a decisão da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Viticultura, Vinhos e Derivados a respeito do assunto. Na Câmara não há representação de pequenos produtores de vinho e, assim, sua posição não pode ser considerada legítima e democrática. Sufocou-se o debate. Não houve interesse em esclarecer às vinícolas e suas associações o real significado de se adotar o selo fiscal para os vinhos. O Selo será a sentença de morte para muitos que não terão condições de conseguir e/ou manejar a selagem. Significará o desaparecimento do produtor artesanal e facilitará o domínio dos grandes mecanizados.

Uma democracia segmentada não é democracia. Este pequeno grupo que hipoteticamente representa o setor não pode viver no mundo das idéias e colocar goela abaixo imposições que não fazem sentido para a realidade dos pequenos produtores de vinhos brasileiros. Em 2005, quando também alguns solicitavam a adoção do selo para os vinhos finos, a Uvibra que hoje luta pela aprovação da medida, emitiu o seguinte parecer, constante na CP. CIRC. 10/05, de 11 de julho de 2005: “Sabe-se, por experiência de quem utiliza ou já utilizou o selo, mesmo em outros produtos, que o mesmo não evita a fraude e nem a sonegação. Também, a Argentina, que utilizava selos nos seus vinhos, mas há 7 anos atrás deixou de fazê-lo, por verificar que essa obrigação era mais um ônus das empresas vinícolas, acarretando-lhes custos sem proporcionar o retorno esperado. Outrossim, esse pedido ao Governo, uma vez aceito, conduziria a uma quase impossibilidade de sua supressão no futuro, o que acontece, por exemplo, com os produtores de cachaça. Além disso, o sistema de compra de selos junto à Receita não é gratuito, é burocrático e bastante complicado.” Um dos argumentos utilizados hoje para que o selo seja adotado é que a medida iría inviabilizar a importação de vinhos argentinos e chilenos baratos pelos supermercados, uma vez que a selagem deveria ser feita na origem. Ocorre que JÁ EXISTEM NO CHILE E ARGENTINA EMPRESAS (AS MESMAS QUE CONSOLIDAM CARGAS, COMO DHL, HILLEBRAND, ETC) QUE PRESTAM O SERVIÇO DE COLOCAR OS SELOS ANTES DO EMBARQUE. Ou seja, a selagem vai dificultar a importação de vinhos APENAS dos pequenos produtores europeus de vinhos de alta qualidade, alto preço e pequena produção. (Aqueles que menos incomodam o produtor local).

Pela primeira vez na história, caso o selo seja acatado pela Receita Federal, saberemos quem serão os responsáveis por liquidar com o que resta do mercado de vinhos brasileiros. O tiro sairá pela culatra. Alguém enxerga isso? Vivemos num país onde o consumo do vinho não ultrapassa os 2 litros per capita há décadas (dos quais 80% de produtos nacionais). A solução é tornar nosso vinho brasileiro mais atraente, acessível e simpático ao consumidor, reduzindo seus impostos e promovendo-o de forma inteligente. Em vez disso, estamos sobrevivendo de leilões e procurando maneiras de resolver o problema das sangrias.

Por isso, convoco a todos os produtores, pequenos ou não, que não concordam com essa medida descabida, a unirem-se pela primeira vez na vida e fazer história. Faremos um grande abaixo-assinado endereçado ao Ministro da Fazenda e à Secretaria da Receita Federal manifestando posição contrária à adoção do selo e pedir uma maior discussão, com a participação dos pequenos, antes que essa medida arbitrária seja tomada de maneira irreversível. Assim poderemos provar que a decisão da Câmara Setorial não é representativa, pois nós produtores abaixo-assinados somos contrários à selagem, além das seis Associações que se abstiveram e das duas que votaram contra durante a votação na Câmara Setorial.

TODOS os que têm o vinho como paixão ou ganha-pão têm o direito de entender melhor esse processo e se manifestar a respeito de tão importante assunto. Por fim, se os ideais de liberdade ainda ecoam em nossas almas, não aceitaremos essas resoluções. Afinal, está no nosso sangue farroupilha “não se entregar, assim no más.”

 

Luís Henrique Zanini, enólogo e sócio da vinícola Vallontano, no Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves (RS).

 

Quer se manter atualizado e saber mais sobre o que anda acontecendo, digite “selo fiscal” no espaço á direita no topo da página e clique em search. Lembro que este espaço estará sempre aberto a ouvir o outro lado, porém mesmo quando consultado, até agora nada obtive de explicações ou declarações formais que pudesse publicar. Mais uma vez, nada contra a industria nacional do vinho, muito pelo contrário, meu posicionamento é essencialmente pró-consumidor.

Salute

 

Ps. O texto marcado na cor vinho, são inclusões minhas.

Mais um Pouco Desse ” Maledetto” Selo Fiscal no Vinho

             Interessante saber alguns dados mais sobre este assunto que nos afetará diretamente. Contrariamente ao que a Câmara Setorial da Viticultura, Vinhos e Derivados tenta divulgar, não ocorreu uma votação maciça a favor da resolução (veja o que aprovaram aqui), muito pelo contrário. A noticia divulgada aos quatro cantos dizia que havia treze votos a favor e dois contrários, não por acaso dos que representavam os importadores. A real votação, aparentemente, se deu desta forma:

  9 votos favoráveis ao selo COM condições.

  6 votos favoráveis ao selo SEM condições.

  6 abstenções.

  2 contra. ( ABBA e ABRABE)

Por outro lado, de acordo com Ciro Lilla (Mistral) ao blog do Didu, “ na votação da Câmara, a maioria dos que votaram a favor da selagem não tinha lido a Instrução Normativa 504, de 2005, que regula a selagem em seus mais de 70 artigos”. Parece piada, mas não é! Primeiramente que nos dias de hoje a burrocracia de plantão ainda consiga estabelecer uma instrução normativa com 70 artigos e, do outro lado, gente que vota em algo sem conhecer os detalhes que, obviamente, terão impacto direto sob suas próprias operações.

         Já me falaram, em off, que parece que estou defendendo os importadores e nada poderia estar mais errado. Nem importadores nem os produtores nacionais, minha bandeira é o do consumidor, eu e você! O lema deste blog sempre foi Melhores Vinhos por Melhores Preços e esta aberração que estão inventando é absolutamente contrária a este principio. Aliás, tomei posição sobre o assunto já faz um tempinho e acho que tudo isto nada mais é do que um ato protecionista da ineficiência disfarçado de defesa da legalidade contra o contrabando e falsificação. Mais um ato típico da cultura tupiniquim que prefere tapar o sol da peneira, muito mais fácil, do que realmente trabalhar e suar por soluções estruturadas e definitivas visando algo duradouro com projetos de médio e longo prazo factíveis de serem implantados.

Cadê a grande imprensa e seus escolados jornalistas especializados?! Não basta relatar noticia enviada pelos assessores de imprensa, (canso de ver textos meramente copiados e colados sem sequer uma mudança de virgula) há que se sair de cima do muro, tomar posição e emitir opinião em alguns momentos, este é um deles, antes que o estrago seja feito e nós tenhamos que pagar a conta de mais este descalabro. Quer se manter atualizado e saber mais sobre o que anda acontecendo, digite “selo fiscal” no espaço á direita no topo da página e clique em search para ver outros posts sobre o assunto e dê uma passada no blog do Didu (link aqui do lado) que tem conseguido obter mais informações de fontes sérias e idôneas assim como a manifestação de alguns conceituados profissionais do setor.

Para finalizar, uma frase de Tomas Jefferson: “Sobretaxar o vinho como uma taxa sobre o luxo é, ao contrário, uma taxa sobre a saúde de nossos cidadãos.”

Noticias do Mundo do Vinho

wine-globe-21

ViniPortugal, As vendas de vinhos de mesa portugueses cresceram em todos os mercados no ano passado, indicam os números da Viniportugal. “O ano de 2008 correu bem para os vinhos de mesa portugueses. Agora, em 2009, temos de trabalhar o dobro”, referiu ao Expresso Vasco d´Avillez, presidente da associação interprofissional que agrupa federações, associações e organizações profissionais ligadas à produção e comércio de vinho.

De acordo com os dados já disponíveis, o mercado inglês foi o que registou um crescimento mais moderado, limitado a 1%, mas nos Estados Unidos, por exemplo, os vinhos de mesa das diferentes regiões demarcadas nacionais cresceram 20% em quantidade e 30% em valor. O desempenho deste segmento contrasta com o registrado no vinho do Porto, que teve o pior resultado da década, com as exportações a caírem mais de 7%.

 

Enoblogs de bolso, ótima noticia que o Alexandre, a mente por trás do site, nos trás e uma grande sacada para quem gosta de viver antenado com as coisas do vinho. Diz ele; “Muita gente, assim como eu, passa um bom tempo fora do escritório e nosso único meio de conexão é o celular. Pensando nisso, desenvolvemos uma versão compacta do Enoblogs para celular. O minisite mostra os últimos 10 posts na telinha e, assim como na web, basta clicar no título do post para abrir o post inteiro direto no blog correspondente. Muito simples. Basta abrir o nevegador de seu celular e digitar o endereço: www.enoblogs.com.br/m. Já testei em iPhone e Blackberry e funcionou bem, mas como ainda está em fase de testes, devemos implementar novas funções em breve. Espero que gostem tanto quanto eu, de acompanhar o Enoblogs onde quer que estejam.”  E aí, conecte-se!

 

E eles conseguiram!!! A aberração do selo fiscal para vinhos nacionais e importados foi aprovada nesta Sexta-feira por voto favorável de 13 das 15 entidades ligadas à cadeia produtiva que participaram da reunião ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Viticultura, Vinhos e Derivados, em Bento Gonçalves. O segmento apresentou três requisitos para que a implantação do selo vá adiante: 1º) o setor é favorável desde que a manipulação dos importados seja feita na origem (sem comentários!); 2º) que a iniciativa seja avaliada por dois anos e, caso não alcance os resultados esperados, retorne a condição anterior (piada?); e 3º) redução do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) para os produtos genuínos (vinhos) e aumento de tributo para os derivados da uva e do vinho (coquetéis e sangrias). Um atraso de vida, um ato insensato e, só para variar, nós acabaremos pagando essa conta! Se alguém tiver o nome dos iluminados que votaram a favor, terei prazer em divulgá-los aqui no blog. Ah, ia-me esquecendo, quem cala consente. Fonte: Globo Rural

 

 

Wine Expo/NY tem presença de brasileiro e não é produtor não, ou será que tem algum? Quem tiver a oportunidade de visitar o Centro de Convenções Jacob K. Javits, em Nova York, do dia 27 de Fevereiro a 1 de Março, vai conhecer 600 dos melhores vinhos de vários países e encontrar 170 produtores da bebida. Além da degustação de diferentes sabores, a Wine Expo/NY traz as maiores novidades em relação a acessórios, como adegas, taças e racks especiais.

        Entre os destaques desse setor está o designer de móveis Artur Moreira. O brasileiro se inspira em grandes mestres, como Niemeyer, Dali, Picasso e Gaudi, para desafiar a gravidade com as curvas desenhadas em madeiras nobres. As “esculturas funcionais” de Artur Moreira – assim os móveis dele são conhecidos nos Estados Unidos – conquistaram o mercado internacional. Em 2008, ele foi incluído na lista de “Artistas a serem observados”, da revista Art Business News.

ny-expo-racks

Há 10 anos morando no exterior, o designer chamou a atenção com os racks expostos em uma feira de vinhos da qual participou em Aspen, no Colorado, no ano passado. Foi isso que o fez ser convidado para participar da Wine Expo/NY pela primeira vez. “Uma boa garrafa de vinho precisa ser tratada com carinho, afeto e glamour. Eu acredito que um vinho de qualidade, quando é bem cuidado, proporciona ainda mais prazer à quem vai degustá-lo”, diz Artur, que é um apaixonado por vinhos.

Outras informações sobre o designer de móveis podem ser encontradas no site www.arturmoreira.com

 

Vintage Wine Fund. Esta deu na ultima edição da boa e gostosa revista Freetime. Parece curioso e é, dá para investir em vinhos sem ser um seguidor de Baco e tão pouco possuir adega para guardar suas preciosidades. Tem é que ter muita grana, porque o investimento mínimo neste Wine Fund é a ninharia de 250 mil euros. O que é este Wine Fund? É um fundo de investimentos administrado pela OWC Asset Management Ltd. na Inglaterra. Lançado em 2003, investe seus recursos em grandes vinhos e produziu ganhos reais de cerca de 85% no período de 2003 a 2007. Nada mau, não? Problema é que 2008 trouxe consigo uma queda em torno de 20%, demonstrando que mesmo os setores mais endinheirados vêm se retraindo nesta época de “marolinhas” e “pequenas gripes passageiras” em que “o pior já passou”. Não sabe o que fazer com aqueles dólares/euros debaixo do colchão? Agora já sabe e, para facilitar, eis o site deles – www.vintagewinefund.com. Sinal dos tempos, vinho virou ativo financeiro!!

 

 

A PIZZATO já está a pleno com sua programação especial do “Dia da Colheita” sendo realizado todos os Sábados pela manhã durante o mês de Fevereiro, com um almoço harmonizado para recuperar de uma árdua manhã nos vinhedos e na cantina.

          Ano de 2009, ano novo, novas perspectivas, e uma nova safra de qualidade já está presente nas videiras garantindo a bela paisagem do Vale dos Vinhedos. As uvas estão sadias e os cachos brilham ao sol. De chapéu e avental, na companhia do Sr. Plínio Pizzato, proprietário, que irá mostrar todo o processo, desde o plantio das videiras, o crescimento, desenvolvimento das uvas até seu amadurecimento. Depois, junto com os enólogos, será acompanhada a vinificação passo a passo, com direito a um retorno à tradição de “pisa das uvas” para os que quiserem viver a experiência. E o principal: com a taça na mão e a prova do vinho, resumindo todo o caminho do plantio da videira à elaboração.

          Para repor a energia e a disposição depois destes momentos entre as videiras e a vinificação, a PIZZATO Vinhas e Vinhos e a restauranteur Giovana encerram o “Dia da Colheita” com um almoço harmonizado com vinhos e espumantes da casa. Quer saber mais, dê uma ligada para lá,- (54) 3459.1155 e (51) 8186.7386 ou envie um e-mail direto para a Giovana no giovana@pizzato.net  ou entre no site www.pizzato.net.

 

 

Albariño na Austrália? Eu que pensava que só existia na Galicia (Espanha), Minho (Portugal) e na vinícola Bouza no Urugai, descubro mais essa na revista Decanter, mas será mesmo?! O ampelógrafo francês Jean-Michel Boursiquot suspeitava que o que os australianos chamavam de Albariño era, na verdade, algum clone de Traminer branco ou de Savignin. Estudos de DNA posteriormente realizados na França corroboram com isso. Os produtores australianos, no entanto, insistem em sua versão que o que está plantado no sul da Austrália, é realmente Albariño conforme comparações efetuadas com as cepas originárias da Galicia.

         Nesta ultima semana, Ângela Martin especialista em Albariño esteve na região onde visitou um dos 56 vinhedos de Albariño existentes e confirmou que o que ela viu se assemelha muito ao que ela planta em seus vinhedos na Galicia. Polêmica reinstaurada, o Australian Wine and Brandy Corporation informa que os produtores locais deverão seguir rotulando seus vinhos como Albariño enquanto seguem estudos para determinar a veracidade dos fatos o que deverá levar mais ns dois ou três meses.

 

Restaurant Week, inspirado no de Nova York, o evento de São Paulo se junta a cidades como Washington, Boston, Londres, Amsterdã e outras 100 grandes cidades do planeta nessa Maratona Gourmet. Serão mais de 100 restaurantes que aceitaram o desafio de preparar cardápios diferenciados com entrada, prato e sobremesa a um preço fixo, igual em todas as casas participantes do evento: almoço por R$ 25,00 + 1 e jantar por R$39,00 + 1 (couvert não incluído), valores com os quais não seria possível apreciar as iguarias das casas que participam. Este 1 real acrescido na conta é para doação a Fundação Ação Criança por sua reputação incontestável de seriedade em seu trabalho de dar alimentos aos menos favorecidos. A doação dos comensais é espontânea e opcional.

O sucesso do último evento, agosto de 2008, estimulou vários sp-restaurant-weeknovos restaurantes a se unirem a esse movimento, agitando o turismo gastronômico da cidade. Um comitê formado por importantes nomes de SP avalia os restaurantes inscritos para ter certeza de que só casas com qualidade façam parte desse evento. Integram o comitê: Vitor James Urner, presidente da Fundação Ação Criança; Edon di Fonzo do La Marie; Alessandro Segato do La Risotteria; Hugo Delgado do Obá; Mukesh Rebolo do Govinda; Andréa Kaufman do AK Delicatessen; Adriana Leal do Capim Santo e Bernard Roca do Thai Garden. O projeto do Restaurant Week começou em SP em agosto de 2007 com uma arrecadação discreta par a Fundação Ação Criança de R$ 6.000,00. No segundo ano, em duas edições de eventos, a arrecadação foi em torno de R$ 62.100.00.

Iniciativa legal em que ganham todos os participantes. Está esperando o quê? Já vá fuçando no site www.restaurantweek.com.br e montando seu programa de degustações de diversos restaurantes. Neste primeiro Rstaurant Week do ano, o evento está restrito a São Paulo e Rio de Janeiro. No segundo semestre serão Sampa, novamente, Recife e Brasília. Já sei, os meus leitores de outros locais como BH, Porto Alegre e Curitiba vão estrilar, mas não tenho nada com isso não!

 

 

Ibravin informa que crescem as exportações brasileiras de vinhos finos. As exportações de vinhos e espumantes brasileiros das 34 empresas que integram o Projeto Wines From Brazil (WFB) somaram US$ 4,68 milhões em 2008, das quais cerca de 60% da Miolo. O valor é 99,4% superior às vendas de 2007, que renderam R$ 2,34 milhões. Os dados foram totalizados pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) nesta quarta-feira (28/01). “Antecipamos em um ano a meta prevista para 2009”, comemora a gerente de promoção comercial do Ibravin, Andreia Gentilini Milan. “A fatia dos vinhos finos já é de 7,5% [3,74 milhões de litros] da produção nacional de 50 milhões de litros”, destaca. O destino das exportações de vinhos e espumantes brasileiros subiu de 25 em 2007 para 27 países em 2008. Os maiores volumes são exportados para; Holanda (14%) com US$ 838 mil, seguido por Estados Unidos (10%) com US$ 552 mil e Alemanha (6%) com US$ 326 mil. Suíça, Reino Unido, Austrália, Japão, República Tcheca e Canadá aparecem como os novos países compradores de vinhos e espumantes brasileiros, fechando o ranking dos 10 principais mercados importadores.

Fazendo Contas ao Vinho

Na empolgação da época de promoções, bota-foras e coisas mais do estilo deixamos um pouco de lado um dos maiores dilemas de nossa vinosfera, o preço. O Luiz Horta, Didu e outros têm dado umas estocadas nesse tema, com muita precisão por sinal, mas gostaria de dar a minha contribuição a esse assunto que me é bastante próximo e algo bem sensível já que mexe numa das partes de nosso corpo que mais dói, o bolso. Desde o inicio deste blog deixo claro o meu comprometimento com o tema preço e sua importância na análise de qualquer vinho. Primeiramente porque se é caro tem a obrigação de ser bom, por outro lado, o fato de que ser mais em conta não é fator desabonador (qualidade está no conteúdo da garrafa e não no preço) e, final mas principalmente, porque preço é sim um importante fator de decisão para a grande maioria da população apreciadora de vinhos, a não ser que só se tome vinhos recebidos gratuitamente ou pagos com cartão corporativo.

Reclamam que o consumo não cresce, o que não é verdadeiro. O que não cresce como se gostaria é o consumo per capita que vem se mantendo estável entre 1,8 a 2 litros per capita ano. Se, todavia, o consumo per capita se mantém estável e a população cresceu bastante, obviamente que o consumo vem crescendo e os números oficiais demonstram isso. Agora, porquê não cresce mais? Uma das razões principais é que manter o consumo elitizado, verdadeiro absurdo estratégico, mantém o consumo estanque já que, está mais do que provado e comprovado, conforme o preço sobe o consumo cai. Por si só, os grandes néctares não são, exceção feita a algumas pouquissímas vinicolas no mundo, o que mantêm as empresas. Estes exclusivos rótulos trazem-lhe a fama que possibilitará realmente ganhar dinheiro com as gamas de entrada e médias, que são a verdadeira fonte de lucro das empresa e estas linhas, obrigatoriamente, têm que ter preços que seu publico consumidor possa pagar. No Brasil ganhamos menos, temos mais despesas/custos (pagamos tudo em dobro) e ainda temos os preços de vinho mais aviltados do mundo. Não acredita? Façamos a conta.

Um vinho que você encontra nas lojas da Europa por 9 euros (aproximadamente 27 Reais), deve ter um preço de produtor abaixo dos 6 euros, mas consideremos este valor para efeito de cálculo. As despesas de importação e fretes totalizam, em média dependendo do mix de produtos, algo próximo a 100% o que nos levaria a um custo posto armazém do importador por volta de 12 euros. Impostos adicionais gerados pelo sistema de distribuição mais uns 20% levando-nos a 14,40 euros. Agora temos que adicionar as margens do importador para cobrir seus custos empresariais, custo Brasil e lucro, assim como as dos lojistas o que nos levará a algo entre 23 a 26 euros (cerca deR$70,00 a 80,00), ou seja, cerca de 2,5 a 3 vezes o preço de prateleira do produto na origem, que é o que, enfim, acho aceitável dentro do contexto, já que, obviamente, queria que esse spread fosse bem menor. Nos rótulos de preço mais alto, esses porcentuais caem e o preço final pode chegar a ficar entre 2 e 2,5 vezes. Tudo aquilo muito acima, ou muito abaixo, disso é de se estranhar e os casos de 5 ou 6 vezes o preço são o que mais nos revoltam como consumidores. Quando vindos dos paises vizinhos, especialmente Argentina e Uruguai, esses custos são menores, porém não tenho esses detalhes no momento.

A grande mudança comportamental do consumidr brasileiro nos ultimos 10 anos, é que a Internet, e todas as suas ferramentas, nos propiciaram comparar preços cada vez mais rápida e facilmente no mundo inteiro e com uma economia estável ganhamos parâmetros. Desta forma, o consumo se tornou mais conciente, pois agora ficou mais claro saber se o que estamos pagando é justo ou se estamos sendo esfolados. Agora entraremos num período de dois a três meses de puro “desbalance” de preços. Os importadores já estão saindo com suas novas tabelas contemplando os aumentos derivados da taxa cambial e do aumento do IPI, o que deve significar algo entre 20 a 30% de aumento no preço final a nós consumidores. Alguns produtores nacionais, já querendo pegar essa onda, falam de aumentos também próximo disso e tem mais.

Pegando o gancho da mensagem do Luis Henrique que publiquei aqui, o governo em conjunto com produtores nacionais, pelo menos com a anuência deles, trabalha numa invenção, ou seria aberração, chamada “selo fiscal” que deverá ser comprado e afixado nos vinhos. A idéia é que cada selo custe, pelo que escutei, algo ao redor de 3 reais mais todo o custo logístico e de mão de obra. Como é base de custo, todas as outras margens incidem em cascata sobre ele gerando um aumento final que estimo deva ficar por volta dos 5 reais por garrafa, talvez mais. Obvio que para os vinhos de elite que custam 200, 300 ou 500 Reais, este valor nem faz cócegas devendo, inclusive, provavelmente ser absorvido pela cadeia de distribuição. O problema é, por exemplo, nos Alfredo Rocca e las Moras, básicos nossos do  dia-a-dia, que terão seus preços acrescidos em cerca de 31% (R$5 sobre os 16 cobrados hoje nas gôndolas) ou dos famosos Reservados chilenos ou um Quinta de Cabriz Dão Colheita Selecionada (20% de aumento) ou, ainda, de um Travers de Marceaux ou Bom Juiz (mais 10%). Isso tudo em cima de todos os outros aumentos já citados. O pior é que atingem exatamente aqueles que começam a se familiarizar com vinhos finos, porque isto afeta principalmente os rótulos de menor preço a porta de entrada para que novos consumidores apareçam e se desenvolvam galgando os diversos degraus de conhecimento e de consumo. Com o devido respeito, esse selo fiscal é de uma tremenda ignorância, coisa de gente desassociada com a realidade! Depois ainda contam piada de Português …… bem, deixa para lá!

Algumas lojas, importadores e produtores nacionais estarão com estoques a preços antigos, outros já de estoque novos, outros remarcando por conta dos custos de reposição, outros não e por aí vai. Com toda essa verdadeira zorra, perderemos momentaneamente o parâmetro recém adquirido, mas logo, logo o mercado se estabilizará e voltaremos a poders avaliar melhor em que pé o mercado ficou e o estrago, ou não, provocado. O provável resultado final de tudo isto, caso falte sensibilidade e bom senso aos importadores, produtores e governo, é que vinho bom abaixo de R$30,00 (Euros 10 ou USD 13) vai ficar cada vez mais escasso, entrando na lista dos ameaçados de extinção, e aquela balela de democratizar o consumo vai para o brejo de vez!

A persistir essa ameaça, a Ibravin bem que pode colocar a viola no saco e esquecer seus planos mercadólogicos recém elaborados, pouparão uma grana lascada. Não precisa ser muito inteligente para entender que, com todo estes aumentos, o consumo cairá e a evolução cessa gerando problemas no médio e longo prazo. O que fica claro é que, mais que nunca, o garimpo será essencial para conseguirmos seguir tomando bons vinhos por bons preços, algo que vai se tornando cada vez mais difícil. Encontrar bons rótulos, parceiros sérios e compartilhar isto com os amigos leitores será, mais que nunca, uma árdua tarefa tanto deste blog como de todos aqueles que de alguma forma estejam envolvidos no meio, especialmente dos colegas blogueiros do vinho e da imprensa especializada.

Sorry, quando me entusiasmo extrapolo e alonguei o assunto um pouco demais tendo o texto virado um manifesto. Para quem teve a paciência (rsrs) de ler até ao fim, kanimambo. Salute e esperança de dias melhores.

Burocracia no Vinho

Estou retransmitindo uma mensagem recebida que serve como mais um alerta para que todos que, de alguma forma, estejam envolvidos nas coisas de nossa vinosfera tomem posição e uma atitude.

Não sei se você que está lendo este texto, produtor de vinho, jornalista ou simpatizante, sabe que algumas medidas estão sendo pleiteadas junto ao governo federal para a adoção de mais um controle para os vinhos. Se a medida for adotada, sem uma ampla discussão, estaremos dando um grande passo para afastarmos o nosso consumidor e prejudicar a imagem do vinho brasileiro diante dos próprios brasileiros. Como produzir e vender vinhos num país onde em vez de andarmos para frente, corremos para trás? Mais uma vez, gastaremos tempo e dinheiro com medidas, que embora bem intencionadas,  pouco  contribuirão para sanar a problemática do setor vitivinícola. Em vez de nos preocuparmos com o baixo consumo do nosso produto, motivado pelo desconhecimento de sua qualidade e com a extorsiva carga tributária, nos socorremos mais uma vez no governo, pedindo que resolva (ou que crie) mais um problema: o Selo Fiscal. Não seria melhor nos unirmos para pedir ao governo que suspenda o IPI do vinho como fez para os automóveis? Isto seria prático e rápido.

 A adoção do selo para o vinho diminuirá de fato a sonegação, o contrabando e a falsificação? São perguntas que devemos nos fazer antes de instituir mais este elemento em nossas vidas de produtores. As pequenas vinícolas não podem mais pagar o preço por um  mecanismo criado sem uma prévia avaliação dos  impactos futuros nas pequenas organizações e em toda cadeia produtiva. Teremos mais um custo para nossos vinhos? Afinal, o selo será comprado, colado, catalogado, controlado, comunicado, etc. Além de rótulos, contra-rótulos, cápsulas, tags, selos de indicação geográfica, teremos que explicar para o consumidor mais o Selo Fiscal? Mais uma vez estaremos afastando nosso consumidor, empurrando-o para o consumo fácil de uma cerveja. Vinho não é commodity, não pode levar na sua imagem o mesmo selo usado em cigarros e em destilados. O amante do vinho não pode tirar um lacre que insinue que este produto está no rol dos possíveis criminosos fiscais.

Tantos são os esforços para o reconhecimento do vinho brasileiro e o que estamos tentando fazer? Contribuir para que o Brasil se torne o país do vinho mais burocrático do mundo? Quem vai sobreviver a isto? Conversando com muitos produtores de vinhos, grande parte não aceita a idéia deste selo, pelos motivos supracitados. Deve existir uma maneira menos agressiva de resolver nossos problemas. Quando tudo estiver pronto e decidido, não adiantará reclamar. Temos que lutar dentro do nosso setor e divergir quando necessário.

O que sinto é que a cada dia o vinho brasileiro vai perdendo espaço para ele mesmo, vai perdendo a sua essência, transitando mais no papel do que na boca dos brasileiros. Uma pena.

 

Luís Henrique Zanini – Enólogo  

 

Falou tudo e é do ramo! Será que vão acordar para a vida ou vão, mais uma vez, perder o bonde do progresso?!! Usei o texto e titulo da mensagem que o próprio Luis Henrique me enviou, mas será burocracia ou será que voltamos á famosa burrocracia da mediocridade tupiniquim?

Um Passo Atrás?

È um passo atrás na evolução comercial, no desenvolvimento da qualidade, na abertura de mercados, no desenvolvimento do mercado do vinho Brasileiro. É uma visão retrograda, ultrapassada, velha e típica das sociedades ineficientes e políticas nacionalistas míopes, que protegem os medíocres e penalizam os consumidores. O porquê deste desabafo, porque mais uma vez estão trabalhando contra nós consumidores, na calada da noite, no sentido de, em nome da falácia de proteção da industria nacional e de empregos no campo, tratar de encher um pouco mais os bolsos do estado às nossas custas. Como se já não pagássemos um montão! Mas vamos aos fatos.

Desde uma passeata que ocorreu em Porto Alegre há cerca de seis meses, na pseudo defesa da uva e dos vinhos, mas que na verdade se tratava mesmo de proteger interesses dos produtores, que venho aguardando o momento certo para me manifestar e creio que chegou a hora. Todos que me lêem, sabem de minha algeriza a preços exorbitantes, margens absurdas praticadas por algumas importadoras, alguns lojistas e alguns produtores nacionais. Digo alguns, porque já há muita gente que acordou para a vida e não quero generalizar, porém ainda há poucos meses deixei clara esta minha posição nas criticas construtivas feitas aos produtores nacionais e suas ineficiências que, obviamente, têm como únicos bodes expiatórios os impostos e as importações. Não que estes não tenham lá sua parcela de culpa, especialmente quanto aos impostos, mas não são as unicas razões porquê os estoques estão altos e as vendas não decolam.

Não nego a existência de dificuldades, só sugiro que o tema seja tratado em seu âmago, desprovido de corporativismo ou ações paliativas, tratando o cerne da questão de forma objetiva e concisa sem jamais deixar de levar em conta o lado de quem, invariavelmente, paga a conta, o consumidor. Que se corrijam distorções, porém esconder-se atrás de barreiras é buscar protecionismo para encobrir as eventuais ineficiências de um setor apresentando a conta aos consumidores, não muito obrigado! Acredito que o caminho passa por ações que busquem uma redução de impostos adequando-os aos níveis médios internacionais, a mudança do status-quo do vinho tornando-o passível de ser classificado como alimento e sendo beneficiado por taxação diferenciada, projetos de modernização e profissionalização dos produtores na busca de maior eficiência, redução de custos, aumento de produtividade, campanhas conjuntas e institucionais visando difundir o consumo consciente do vinho, melhoria da cadeia distribuidora e estratégias comerciais que viabilizem a chegada de melhores vinhos a melhores preços ao mercado consumidor. Do pouco que sabemos, estes estudos sendo elaborados pela Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Viticultura, Vinhos e Derivados, são um remendo protecionista inibindo importações de forma genérica, algo que não agrega nada à industria nacional, engorda os cofres já gordos do governo federal e prejudica o consumidor que terá de pagar mais caro por produto de qualidade inferior. E olha que os vinhos, e o suco de uva, a nível geral, já estão com os preços pela hora da morte tornando o garimpo cada vez mais dificil!

Atitudes protecionistas, como estas, não são boas para ninguém e provocam, tradicionalmente, efeitos colaterais historicamente comprovados como; estagnação técnica, aumento de preços, mediocrização do produto, redução de consumo, etc. num rol de efeitos todos eles muito mais prejudiciais a longo prazo do que qualquer eventual potencial ganho imediato até porque, da mesma forma que existe um efeito no campo, também o há em toda a cadeia comercial que emprega bem mais gente. É a livre competição que faz com que haja evolução e o próprio desenvolvimento qualitativo já encontrado em boa parte dos produtores nacionais ao longo dos últimos 10 anos é prova irrefutável disso. Cana para os contrabandistas e seus canais de venda, mas deixem as importações como estão já que é ela a grande mola propulsora para o crescimento do consumo e melhorias na produção nacional. 

Abaixo, cópia da carta  que copiei do blog do Didu, alertado que fui por post do Luiz Horta, onde li a matéria que me motivou a este desabafo. Parece-me que o José Augusto é um dos sócios da Vitisvinifera, importadora do Rio de Janeiro, e as inclusões em azul são comentários de cunho pessoal meu.

 

Prezados amigos do vinho.

 

Os tambores de guerra soam também por aqui. Em sua recente reunião do dia 12 de dezembro, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Viticultura, Vinhos e Derivados revelou uma estratégia comum de produtores de vinho e orgãos governamentais que coloca em sério risco a oferta e os preços de vinhos importados no Brasil. Vejam a seguir um resumo das propostas apresentadas:

 

A) Impostos

1. Desejam estabelecer uma taxa de aproximadamente R$ 5,00 por garrafa de vinho importado para substituir a cobrança do Imposto de Importação. Durante a discussão do tema, circulou a informação de que “alguns ministros não gostam ou não aceitam a idéia” e preferem manter a cobrança de um percentual, indicando que o mesmo deveria ser aumentado dos atuais 27% para 55% (isso mesmo, mais de 100% de aumento no Imposto de Importação). (para benefício de quem? Nosso é que não é!)

2.  Que não seja aprovada a proposta do Ministerio da Agricultura de abolir a retirada de garrafas para amostra, de acordo com um novo procedimento que viria a ser implantado visando a simplificação dos procedimentos de análise do vinho. (para quê facilitar se podemos dificultar?)

 

B) Burocracia, além de outras propostas, querem que:

 

1.os rótulos de vinhos importados contenham, em português, a classificação do vinho (por exemplo “vinho tinto seco”). Informação essa que já é obrigatória no contra-rótulo. Isso seria um desastre pois os pequenos produtores de vinhos extraordinários jamais poderiam criar um rótulo diferente para vendas de pequenas quantidades.  (E viva a burocracia. Qual o fundamento para repetir uma informação já existente?!)

2. as garrafas ganhem um selo fiscal. Outra providência exorbitante uma vez que os impostos são cobrados enquanto as mercadorias encontram-se sob a guarda da Receita Federal. Isso obrigaria a que cada caixa fosse aberta no porto e os selos fossem aplicados individualmente. Podem imaginar o custo dessa operação?? Conhecendo a agilidade dos portos brasileiros, imaginam o tempo que isso ia exigir? (sem comentários, pois corro o risco de faltar com respeito a alguém!)

 

            Como podem ver, nenhuma das propostas favorece o consumidor. Todas implicam em aumento de custos, seja por via direta de impostos ou indireta de custos operacionais.

 Creio de devemos levantar a voz contra essas mudanças. Com a palavra, os consumidores.

 Abraços

José Augusto Saraiva

 

Deixo este espaço aberto apara que essa Câmara Setorial nos informe das ações positivas para transformar nossa vitivinícultura numa fonte de renda turistica, na transformação da classificação do vinho como alimento, na redução de impostos tanto nos insumos como nos custos financeiros, nos eventuais projetos de melhorias técnica e de manejo que propiciem maior produtividade, dos controles sobre produção excessiva, etc. que resultem em melhorias efetivas e de longo prazo para o setor, levando em conta os interesses também dos consumidores. Disponibilizem-nos um site em que possamos acompanhar o que efetivamente está sendo tratado nesse estudo e possibilitem nossa interatividade no processo, de forma aberta e democrática. Toda a moeda tem duas faces e toda o dilema tem, pelo menos, duas versões, então somos todos ouvidos!