Villaggio Grando

Direto do Front – Expovinis 2013

     Ontem não consegui postar, mas abaixo seguem alguns destaques do que vi e provei por lá. A Expovinis mudou muito de perfil nos últimos anos e hoje a maioria dos expositores é de produtores internacionais procurando importadores e produtores nacionais mostrando suas novidades e buscando compradores.

     Como comentarista de vinhos que sou, meu foco é sempre de compartilhar com os amigos minhas experiências nesta021001_WineSpitting_Main saborosa vinosfera que nos cerca então de cara deixo de lado uns 80% da feira pois de nada vai adiantar eu falar para você dos Brunellos ou Bordeauxs existentes por lá porque você não vai conseguir comprar depois nem, provavelmente, verá a maioria novamente. Para os consumidores amigos que hoje estarão livres para visitar a feira, no entanto, há sim ilhas enormes de França, Itália (uma só de Brunellos), Espanha, Portugal, Argentina e Chile com um monte de coisa boa para você se esbaldar, mas vá de taxi ou metrô e não deixe de cuspir, mas com delicadeza! rs

    Desta feita minha reportagem será mais fotográfica, mas indicativa de onde ir para provar alguns vinhos de muita qualidade que depois você poderá comprar se gostar. Afora estes destaques, certamente uma visita e prova aos estandes dos produtores portugueses de Vinho do Porto e Madeira é sempre uma deliciosa experiência e um dos Madeiras imperdíveis é a Henrique e Henriques “HH”. Agora vamos lá aos destaques que, este ano, só falam português!

Destaques Brasil

Destaques Brasil

    Curto muito os vinhos de Santa Catarina e em especial da Villaggio Grando e da Quinta das Neves. O Rosé “Rosa da Neve” da Quinta da Neve foi uma grata surpresa, um blend muito balanceado de quatro castas; Pinot, Cabernet Sauvignon, Sangiovese e Merlot. Da Villaggio Grando um espumante Brut Rosé elaborado pelo método Charmat com as cepas Merlot e Pinot Noir foi destaque entre os espumantes nacionais tanto nos TOP 10 como na minha taça. Foi, no entanto, as amostras de barrica de dois novos vinhos que deverão aparecer no mercado até ao final deste ano que realmente me entusiasmaram, o Tannat/Malbec e, especialmente, o Licoroso Branco elaborado com as uvas francesas Petit Manseng e Gros Manseng, muito sedutor e bem feito, uma grata e saborosa surpresa!

Novidades da Malhadinha

Novidades da Malhadinha

Sou fã desde há muitos anos dos vinhos da Herdade da Malhadinha Nova no Alentejo e a cada edição da Expovinis sempre há interessantes novidades adicionadas a seu portfolio. Dos rótulos novos, estes dois me chamaram mais a atenção e se estiver por lá não deixe de dar uma passada nos “Vinhos do Alentejo” para bater um papo com a entusiasmada e vibrante Ana e o simpático e jovem enólogo da casa o Nuno Gonzalez que certamente os guiarão por sabores muito marcantes. O Verdelho, muito aromático e fresco é vibrante com toques minerais, seco e sedutor enquanto o Touriga mostra toda a exuberância da casta com muita classe e elegância, grande Touriga!

 Vinhos do Porto

Quinta do Infantado Portos

Já devia ter provado no ano passado, mas acabei passando e desta feita coloquei na lista para não perder e valeu muito a pena, inclusive pela simpatia da Paula Roseira sua diretora comercial que, inclusive, nos preparou um delicioso Portonic. Seus portos são muito bons e algo diferenciados tendo seu Reserva Tawny Dona Margarida com seis anos de barrica me seduzido assim como seu excelente Tawny Colheita 10 anos. Todos sabem que adoro Vinhos do Porto sendo um consumidor habitual destes néctares em seus mais variados estilos e este realmente abriu uma porta para minha adega pessoal. O Branco Seco, também usado na elaboração do Portonic, também se mostrou muito interessante. Portos diferenciados que vale a pena conhecer, tinha até um Vintage 2007!

Best in Show

best in Show - Marias

A não ser que algo muito especial e surpreendente apareça em minha taça hoje quando irei para a prova ás cegas dos vinhos até R$50 selecionados e aproveitarei para finalizar meu roteiro pela feira deste ano, este não tem para ninguém! Um grande vinho que inaugurou uma nova classificação de vinhos para mim, a dos “incuspíveis”! Blend de Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Syrah e Aragonez é um grande vinho hoje e certamente dentro de alguns anos, caso alguém o consiga guardar, estará ainda melhor. De uma elegãncia e complexidade incríveis, é um vinho que realmente deixa marcas e, até em função de tudo isso, lamentavelmente também na carteira especialmente em terras brasilis. Só tinha uma garrafa deste néctar, então ……..

Best Design & Stand

Best design - Gragnos

Certamente o estande mais bem bolado e sofisticado de toda a feira. Como eles dizem por lá; “Très Chique” ou como dizem por aqui,  chique no úrtimo! Produtor do Languedoc, o Chateau Gragnos investiu pesado na busca por um importador e em marcar seu nome no mercado brasileiro. Tem até uma pequena e estilosa cozinha gourmet em que o visitante se inscreve para participar e um chef harmoniza os vinhos com finger foods elaborados ali mesmo. Um rosé muito bom no estilo Provence e um Saint-Chinian bastante elegante, em linha com a sofisticação da marca. Tudo vai depender de preço e de quem eventualmente os importará por aqui para ver se valerá a pena, mas que impressionou, impressionou!

     Bem, por hoje é só e assim que der vem mais coisa, mas não e esqueça, se ainda quiser sobraram algumas poucas vagas para nosso curso sobre Portugal – Suas Regiões, Uvas e Vinhos na próxima Segunda. Para finalizar o curso, um caldo verde com chouriço, broa de milho (a verdadeira) e uma surpresa! Ah, estava me esquecendo, ainda tentarei provar hoje, dizem que há por lá um espumante Russo bastante interessante, é provar pra crer! Salute, kanimambo e um ótimo fim de semana para todos.

Olha o Além Mar aí Geeente!

Chegou, o Além Mar chegou depois de longa e ansiosa espera, pelo menos minha! A Villaggio Grando de Santa Catarina, vinhos de altitude a mais de 1200 metros, é uma daquelas vinícolas que me atrai por ser uma empresa que está sempre pesquisando e envolvida em projetos para nos surpreender com vinhos diferenciados. Este rótulo eu aguardava com ansiedade para ver se ele chegará com a mesma impetuosidade que as mostras de barrica que recebemos por duas vezes prometiam. Um projeto que possui  a mão do conceituado enólogo português Antonio Saramago e que já motivou dois posts meus. O primeiro num encontro de amigos blogueiros em Jundiai no Rosso Bianco e o outro numa prova de harmonização com Barreado no restaurante Tordesilhas. Ainda não sei exatamente qual o preço a que deverá chegar ao mercado, vai depender do Estado e do tamanho da facada de impostos covardemente aplicada no consumidor, mas acredito que deverá andar por volta dos R$70 a 90,00. Não exatamente barato, mas um preço que deverá fazer juz á qualidade entregue. Lançado a pouco menos de 48 horas, resta-nos agora conferir!

Encontro de Brasileiros na Rosso Bianco.

A bonita e boa loja capitaneada pelo Tiago fica situada em Jundiaí onde nos encontramos com o amigo Marcio Marson e equipe da Eivin para provar alguns dos rótulos brasileiros que hoje distribui.  Uma bela experiência que contou com a presença dos amigos blogueiros Cristiano (Vivendo Vinhos), Daniel (Vinhos de Corte), Alexandre (Diario de Baco), Beto (Nosso Vinho), Marcelo ( Emporio Vila Buarque), Jeriel (blog do Jeriel) e Guilherme Grando da vinícola Villaggio Grando e um convidado especial, Eduardo Milan, enófilo que, para minha agradável surpresa é granjeiro também. Tanto o Marcio como o Alexandre, trouxeram algumas novidades e preciosidades que tornaram este encontro muito especial.

              Vejam só o que estava sobre a mesa: Para iniciar os “trabalhos’ dois bons espumantes nacionais, o Marson Brut Champenoise e o Stellato Rosé. Na sequência, Villaggio Grando Chardonnay, Cordilheira de Sant’Ana Gewurztraminer Reserva Especial, Prelúdio da Vinha Solo, Corte Bordalês C de Vilmar Bettu, Terragnolo Marselan, e direto da barrica, Villaggio Grando Innominabile Lote IV e  Além Mar. Eis os meus comentários sobre os vinhos provados:

MARSON Brut Champenoise – já uma velha conhecida minha e um dos bons espumantes nacionais do momento fruto do blend de Chardonnay com Pinot Noir e uso de leveduras capsuladas. Frutos tropicais, brioche aparecendo de forma muito sutil, boa perlage, acidez balanceada, um espumante que me agrada e não é de hoje. Deu-se muito bem no meu Grande Desafio de Espumantes no final do ano passado, uma prova às cegas com 42 espumantes das mais diversas origens e estilos, um baita desafio sensorial não muito do agrado dos mais tradicionalistas. 

STELLATO Rosé da vinícola Santo Emilio em Santa Catarina, a 1200 metros de altitude. Um rosé diferenciado em função do uso de Cabernet Sauvignon e Merlot em sua composição.  Charmat longo com sur lie de 3 meses e uma fermentação malolática parcial, dão-lhe grande complexidade aromática que se repete na boca. Uma fruta mais madura que aparece de forma muito sutil, fino, elegante, ótima acidez, toques de fermento, um vinho todo ele muito delicado, fresco e apetecível com um volume de boca muito interessante em relação a outros espumantes rosés que costumam ser algo mais ligeiros. Já tinha chamado atenção para ele quando da Expovinis 2009, mas o preço ……..

Villaggio Grando Chardonnay 2008 sem passagem por madeira e produzido em Campos de Herciliópolis na região de Caçador a 1300 metros de altitude em Santa Catarina. A Villaggio Grando, quem me acompanha há mais tempo sabe que sou fã desta vinícola, produziu cerca de 12.000 garrafas deste gostoso caldo que tem o meu estilo de chardonnay, um vinho leve, fresco, rico com uma certa mineralidade sem perder o charme da cepa que, mais que nunca por não estar mascarada por trás dos excessos de madeira, mostra-se em toda a sua plenitude. Fino, cheio de sutilezas, leve toque de abacaxi e baunilha que pode levar a pensar em uso de madeira, flor de laranjeira, boa acidez e um final muito saboroso.

Cordilheira de Sant’ana Gewurztraminer Reserva Especial 2008, um clássico desta cepa em terras brasilis, com somente umas 3.300 garrafas produzidas. Para o meu gosto o vinho precisa de mais tempo de garrafa, mostrando-se algo curto e verde, seco, com um final algo abrupto e um nariz muito convidativo mostrando toda a tipicidade da uva.

Prelúdio 2007 da Vinha Solo, fruto do novo projeto de Marco Daniele em Campos de Cima da Serra, o primeiro dos bons tintos provados neste agradável noite na companhia de tanta gente boa. Blend de merlot, cabernet sauvignon e cabernet franc, um prato cheio para quem gosta dos vinhos do velho mundo, estilo Bordeaux da margem direita. Nariz complexo, intenso, terroso, couro e fruta vermelha bem presentes formando uma paleta olfativa inebriante. No palato não reproduz a mesma exuberância, porém mostra-se um vinho muito agradável de tomar , médio-corpo com  bom volume, taninos bem colocados, finos e aveludados, acidez no ponto produzindo um bom equilíbrio, com um final de boa persistência e muito saboroso. Um vinho que me seduziu e fez minha cabeça com um valor adicional, bom preço!

Corte Bordalês C 2001, produzido pelo “garagista” Vilmar Bettú, pequeno artesão do vinho que produz alguns dos vinhos mais caros e mais exclusivos do Brasil, tendo virado ícone para muitos dos críticos e especialistas do vinho. Desta feita estamos frente a frente com um caldo de reduzida produção, somente 580 garrafas envelhecidas em “madeira velha” por 13 meses. Um vinho que, após 9 anos, ainda se mostra bem robusto com taninos firmes e até algo rústicos. No palato é tímido abrindo-se lentamente em taça e, apesar da idade, um vinho que certamente se beneficiaria muito de um tempo de decantação. Na boca, tenho que confessar e pode até ser uma heresia, não me encantou. Esperava mais, pois as expectativas geradas eram muito grandes, porém senti alguma coisa verde e vegetal no final de boca que me incomodou. Não lhe tiro qualidades, muito pelo contrário, porém eu e ele necessitamos de outra conversinha tete a tete e em outro ambiente e devidamente decantado por pelo menos uma hora .

Terragnolo Marselan 2009 – uma amostra de barrica (12 meses de carvalho francês) e mais um vinho de pequena produção, neste caso 400 garrafas. Surpreendente e imagino como ele deverá ficar quando sair ao mercado dentro de mais uma meia dúzia de meses! Tinha como parâmetro desta cepa, o vinho 4º Geração, porém depois deste vinho fica claro que tinha porque a Terragnolo subiu o nível em diversos degraus. Nariz muito agradável em que se destaca a fruta fresca e, apesar dos taninos ainda muito presentes, mostrou grandes qualidades sendo muito rico, saboroso, ótima estrutura já mostrando um bom equilíbrio, aliando corpo com elegância, que deverá se acentuar com o tempo. Um vinho que deve chegar para chacoalhar o mercado! De tirar o chapéu, só precisamos ver a que preço virá já que a produção é muito limitada.

Villaggio Grando Inominabile Lote IV – ainda tenho que provar o Lote III que está na adega, mas sou fã deste vinho e não é de agora, já que desde Novembro de 2008 que nossos caminhos se encontram. É um vinho diferenciado tanto em sua elaboração como conceito e origem já que vem de cerca de 1300 metros de altitude próximo a Caçador na serra catarinense, um dos locais mais frios do Brasil com um terroir muito particular que se reflete em seus vinhos. Os Lotes I e II primavam pela elegância, o que este também tem, porém talvez lhe faltasse um pouco de pegada. A um assemblage de Cabernet Sauvignon / Cabernet Franc / Merlot / Malbec e Pinot Noir, agora agregaram um pouco de Petit Verdot que lhe aporta corpo e uma complexidade adicional, de certa forma preenchendo uma lacuna e tornando-o mais completo, mais harmônico e um vinho que promete, lembrando que esta foi uma prova de barril, pois o vinho ainda não foi engarrafado. No mercado está o Lote III, que já leva Petit Verdot, o qual comentarei assim que o tomar, mas este apresentou um ótimo volume de boca, os taninos presentes ainda algo verdes, mas já denotando muita qualidade, complexo, rico e um final de muito boa persistência. Um vinho do velho mundo e certamente mais um que surpreenderia o meu amigo Rui Miguel (Pingas no Copo) blogueiro de primeira linha na vinosfera lusa. Eu, que já gostava do vinho, desta feita me seduzi pelo caldo e acho que o vinho apresenta enorme potencial que só o tempo nos poderá confirmar, eu aposto nisso!

Além Mar da Villaggio Grando – apenas 8000 litros produzidos em conjunto com o conceituado enólogo português António Saramago e o enólogo da casa o francês Jean Pierre Rosier. Barricas de primeiro uso francesas, um corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Malbec que, dentro de alguns anos será só de castas portuguesas ainda em processo de evolução na vinha. Mais uma amostra de barrica que vai dar o que falar quando sair ao mercado. Vinho encorpado, cheio, de ótima estrutura, boa acidez, de certo um ótimo companheiro da boa gastronomia. Gosto dos vinhos deste produtor. Têm um estilo que combina comigo, e este é mais um que virá para marcar presença. Uma pena que apesar dos esforços deles, o maior mercado consumidor de vinhos no Brasil (São Paulo) lhes seja vetado por uma carga tributária absurda imposta por nosso governo estadual que caminha num sentido contrário ao de Santa Catarina que baixou impostos. Teimosamente seguimos tentando e a Eivin é um parceiro importante nesse projeto. Grato aos dois pelo privilégio de provar esses ótimos caldos.

              No geral, uma excelente oportunidade de rever amigos e nos deleitarmos com vinhos de muito boa qualidade que só vêm confirmar a excelente fase que vive a produção brasileira. Houvesse mais bom senso na órbita governamental (Estado de São Paulo e Governo Federal) com a redução de impostos e favorecimento tributário aos estados produtores, nada de compensar aumentando dos importados ou promovendo absurdos como a lei do selo que só prejudicam o consumidor, assim como um maior acerto na distribuição e políticas comerciais que em geral ainda deixam a desejar, e certamente teríamos um cenário bem mais propicio ao maior consumo e continuo aprimoramento do vinho brasileiro. Quem sabe ainda viverei para ver isso acontecer!

Salute e kanimambo

Desafio Luso-Brasileiro, Surge o Campeão!

Bem, certamente que os amigos Rui e João Pedro  tecerão seus próprios comentários sobre este agradável encontro com os espumantes e, especialmente, com as pessoas. Quisera eu ter a verbe de um Rui ou de um Luiz Horta para poder colocar exatamente tudo o que foi este evento ocorrido em Loures, próximo a Cascais, com um delicioso jantar promovido pelo Grand Chef Jean-Pierre Carvalhô, um amante não só do vinho como da boa gastronomia, mas vai do meu jeito mesmo. Certamente um dos melhores Desafios de Vinhos que já realizei, até porque o anfitrião fez questão de despejar sobre a  mesa algumas preciosidades engarrafadas, após 11 espumantes! (desses falo num outro dia)

            Pela primeira vez um destes desafios foi efetuado ás claras o que foi uma quebra de paradigma. O Chandon Excellence e o Valduga 130, foram degustados no dia seguinte em uma degustação do Dão com o produtor João Tavares de Pina da Terras de Tavares (mais um de meus célebres desencontros) com a presença de um outro blogueiro luso que não tive a oportunidade de conhecer nesta viagem já que um compromisso de última hora fez com que ele não pudesse comparecer, é o Miguel da Pingamor. O resultado individual então, é a soma das notas dividida pelo número de degustadores e o resultado por país contempla os cinco portugueses e cinco brasileiros excluindo o de maior e o de menor nota média individual.

             O resultado traz à tona a grande fase pela qual passa a produção de espumantes brasileiros sejam eles Brut, Extra-brut, Nature, método champenoise ou charmat, mas também mostra que os os espumantes portugueses são páreo. Não entrarei em detalhes sobre os espumantes brasileiros, deixarei isso para os amigos João Pedro e Rui, até porque no Grande Desafio de Espumantes realizado no final do ano passado teve ampla divulgação e seria chover no molhado. Desta feita, o espumante que mais se destacou entre os brasileiros foi o Miolo Millésime (a melhor garrafa deste espumante que já tomei) ao qual pela primeira vez dei 90 pontos. Divino; complexo, ótima acidez, rico e com uma perlage fina, abundante e persistente, um grande espumante. Um outro que nos trouxe muito prazer ao tomar confirmando sua performance  no Grande Desafio de Espumantes, foi o Ponto Nero Extra Brut um dos menos valorizados rótulos nacionais o que faz com que sua relação qualidade x preço x prazer seja hoje uma das melhores no mercado e espero que assim permaneça. Com uma performance constante, o Cave Geisse Nature é um espumante de grandes qualidades mostrando sua matiz altamente gastronômica que satisfaz sobremaneira, tendo o Salton Evidence e o Villaggio Grando Brut, representando Santa Catarina, confirmado o que deles se esperava e o VG promete um belo futuro já que é sua primeira safra e o único exemplar brasileiro, pelo menos que eu conheça, que tem em sua composição a casta Pinot Meunier, ficando o Chandon Excellence e o Valduga 130 como sempre, entre os melhores da prova.

         Do lado português, a meu ver dois grandes destaques o Vértice Gouveio e o Caves Montanha 2003 da região da Bairrada. Dos desafiantes portugueses, no entanto entrarei um pouco mais em detalhes, lembrando que neste caso, diferentemente dos tradicionais Desafio que promovo, os comentários não são o resultado da média da banca degustadora, mas unicamente uma coletânea de minhas anotações e impressões:

  • Quinta de Cabriz Bruto, um blend de Malvasia Fina e Bical produzido na região do Dão, pelo grupo Dão Sul. Talvez o mais simples de todos os espumantes provados, um rótulo muito em linha com a grande maioria dos bons espumantes médios brasileiros mostrando-se bem agradável de tomar, porém sem grandes atrativos que lhe dessem um destaque digno de ser mencionado.
  • Murganheira Super Reserva Bruto, elaborado com as castas Malvasia Fina, Cerceal e Tinta Roriz na região de Tavora-Varosa a primeira DOC de espumantes a ser implantada e situada na região do Douro. Para minha surpresa, eu que sou um fã dos Murganheiras, apesar de um espumante bastante agradável, foi o que menos me entusiasmou entre o total dos vinhos provados.  Saboroso, fresco, mas pouco marcante no palato apesar do bom nível de acidez, faltando-lhe complexidade. Bom, mas não chega a encantar.
  • Kompassus Bruto, um Blanc de Noir elaborado com Touriga Nacional e Baga na Bairrada, mas que apresenta em seu contra-rótulo a adição de Arinto, uma casta branca, mistério que quem sabe algum amigo português ou o próprio produtor possa nos elucidar. É a coqueluche do momento em Portugal continental, mas não foi um espumante que me cativou achando-o um pouco monocromático.
  • Cave Montanha Bruto Super Reserva 2003, blend muito interessante de Chardonnay com Arinto, também da região da Bairrada. A Arinto, com sua fruta e acidez aporta um frescor muito grande ao vinho cortando um pouco da untuosidade do Chardonnay que me pareceu ter uma leve passagem por madeira, mas posso estar errado. Como não consegui obter grandes informações do site do produtor, fica difícil afirmar. Agora, foi um dos espumantes mais interessantes provados nessa noite, muito complexo, guloso e intrigante, com bom corpo e muita personalidade que não passa despercebido pela taça, deixando rastros e indagações.
  • Vértice Gouveio, o único varietal presente ao Desafio e oriundo da região do Douro. Um belo espumante, mais para o estilo de um cava que de um champagne, mostra-se muito equilibrado, frutado com leves notas de panificação, perlage muito boa e fina mostrando-se bastante persistente com uma acidez cítrica muito atraente que pede sempre mais uma taça. Minha mais alta pontuação entre os espumantes portugueses provados e um caldo vibrante que cativa fácil.

      Agora você já deve estar para lá de curioso para saber o resultado final, não? Pois bem, não o farei esperar mais, o desafio quem levou foi o Brasil e o Grande Campeão do Desafio, aquela garrafa a que o Rui tanto se chegou, foi o Miolo Millésime, sendo seguido pelo Vértice Gouveio e logo em seguida pelo Ponto Nero Extra Brut. Completando o pódium com a mesma pontuação média do Ponto Nero, só que bem mais caros, o Valduga 130 e o Chandon Excellence. Veja os resultados gerais na tabela abaixo:

Rótulo Média de Pontos Classificação
Kompassus Blanc de Noir Bruto

87

9

Vértice Gouveio

91

2

Quinta de Cabriz Bruto

86

12

Montanha Bruto 2003

88

7

Murganheira Super Reserva

87

10

Total Portugal

439

 

 

Villaggio Grando Brut

86

11

Cave Geisse Nature 2007

88

8

Miolo Millésime 2006

92

1

Ponto Nero Extra Brut

90

3

Salton Evidence

89

6

Chandon Excellence

90

5

Valduga 130 Brut

90

4

Total Brasil Sem Miolo e Villaggio

446

 

Preferidos dos três:

  • João Pedro – Vértice Gouveio, Miolo Millésime e Chandon Excellence todos com 91 pontos (cerca de 17,3 pontos/20)
  • Rui Miguel – Miolo Millésime com 94 pontos (cerca de 18,3 pontos/20)
  • João Filipe – Miolo Millésime com 90 pontos. (17 pontos/20)

Salute, kanimambo

Sublime Simplicidade

        Muitas vezes ficamos quebrando a cabeça, criando os mais complexos pratos e buscando as mais incríveis harmonizações com um vinho à altura. Na maioria das vezes, no entanto, o menos é mais e aqui está um belo exemplo disso, um simples arroz de bacalhau com brócoli e um saboroso e macio merlot da Villaggio Grando de companhia.

         Os vinhos da Villaggio Grando me são muito apetecíveis e não é de hoje tendo já provado toda a sua linha de produtos que agora, com uma política mais adequada de preços, valem quanto pesam. Este Merlot 2007  é de cor rubi, média  concentração e leve halo. Delicado aroma frutado, ameixas,  chocolate, toques químicos e defumado  agradável.  Alta acidez, corpo médio e persistência longa, final de boca elegante, taninos finos e muito agradável. Já o bacalhau; desfiado e refogado com o brócoli juntando-se no final o arroz que cozinhou com parte da água advinda da última dessalgada  (24 horas na geladeira com 4 trocas) do bacalhau, é um prato fácil e rápido de ser elaborado, muito saboroso e leve mesmo que regado com bastante azeite do bom. O equílibrio foi perfeito e recomendo aos amigos tentarem esse encontro para confirmar como este mundo da enogastronomia, graças a Deus, não é nada binário. Aqui matemática não explica, mas dois mais dois não somam quatro e sim muito mais.

         Com 600grs de bacalhau desfiado, comida para cinco e eu, obviamente, comi  mais do que devia, porém ainda restou esse pratinho que matei solito no dia seguinte. Ainda sinto o gostinho e olha que já faz mais de uma semana!!!

Salute e kanimambo

Espumantes – Sequência de Resultados do Grande Desafio

           Nem todos podem ser vencedores e, como numa prova atlética, tem dia que não é dia! O que ficou claro, porém, é que no geral os espumantes presentes a este Grande Desafio foram de boa qualidade, alguns ótimos. Como sempre acontece, alguns podem não ter estado bem no dia, outros estão muito jovens e, outros ainda, podem simplesmente não terem sido entendidos por mim e pela banca degustadora. Faz parte do processo.

         Como insisto em deixar claro, estes Desafios são uma fotografia do que aconteceu naquele dia, com aquela garrafa, naquele local e com aquele grupo de pessoas. Sem contar que a ordem de apresentação é aleatória o que, neste caso especifico onde diversos estilos e origens foram misturados, algum pode ter dado o azar de ter sido degustado logo a seguir a um dos bons champagnes. Fechar os olhos para todas essas variáveis é querer negar a realidade tentando trazer um processo binário para um mundo extremamente sensorial. Então, interpretemos os resultados com a devida parcimônia lembrando que estamos diante de um evento essencialmente hedonistíco. Altere um desses fatores da equação e, certamente, os resultados também serão alterados, mesmo que parcialmente. De qualquer forma, existem três ou quatro rótulos que farei questão de revisitar durante este próximo ano de 2010 para rever minha avaliação.

       No dia 1 de Janeiro deste ano, tomei uma resolução, tomar mais espumante e aprofundar meu conhecimento sobre estes deliciosos e festivos vinhos.  Um espumante faz a diferença e transforma qualquer hora em um momento muito especial, então decidi criar um montão de momentos especiais ao longo do ano, porque não celebrar todo o fim de semana? Acho que consegui cumprir essa resolução tendo compartilhado com os amigos essas experiências ao longo do ano e agora neste Desafio, mas vejamos agora como ficou a classificação do restante do embate:

Class.

Rótulo

Pontuação Preço Médio Prod/Imp.
21 Trapiche Extra Brut 84,50 35,00 Interfood
22 Valduga 130 84,42 65,00 Valduga
23 Casillero Sparkling Brut 84,08 75,00 VCT Brasil
24 Cremand Cuvée Plaisir Perlant (Alsace) 83,92 86,00 La Cave Jado
25 Moinet Prosecco Millesimato 83,42 65,00 Winery
26 Marrugat Cava Gran Reserva Nature 2004 83,42 75,00 Winery
27 Freixenet Cordon Negro 83,25 49,00 Preebor
28 Spumante Incontri Muller Thurgau 82,98 73,00 Vinea
31 Pizzato Brut 82,58 45,00 Pizzato
30 Bridgewater Mill Sparkling (Austrália) 82,58 78,00 Wine Society
29 Juve y Camps Gran Reserva Nature 2004 82,58 168,00 Peninsula
32 Marco Luigi Reserva da Familia 2008 82,50 30,00 Marco Luigi
33 Do Lugar Brut 82,50 32,00 Dal Pizzol
35 Dal Pizzol Brut Tradicional 82,50 44,00 Dal Pizzol
34 Incontri Prosecco VSAQ 82,50 97,00 Vinea
36 Cuvée Sylvain Brut 82,33 59,00 La Cave Jado
37 Villaggio Grando Brut 82,17 40,00 Villaggio Grando
38 Don Giovanni Brut Ouro 30 80,75 75,00 Don Giovanni
39 Irresistibile Brut (Portugal) 80,42 40,00 Sem Importador
40 Valduga Extra Brut Gran Reserva 2004 80,00 90,00  Valduga
41 Don Giovanni Nature 79,92 50,00 Don Giovanni
42 Trivento Nature 78,67 45,00 VCT Brasil

         Cada um da banca degustadora tem sua própria “verdade” e suas preferências que certamente pipocarão em seus blogs, mas este é o resultado da média.  Os meus top 10 foram, pela ordem; Champagne Zoémie de Sousa Marveille Brut / Brédif Vouvray Brut  / Cremant de Bourgogne Cuvée Jeaune Brut / Champagne Taittinger Reserve Brut / Champagne Piper-Heidsieck / Champagne Tsarine Cuvée Premium Brut /  Champagne Drappier Carte D’Or Brut / Chandon Excellence Cuvée Prestige / Cava L’Hereu e El Portillo.

         Ao longo do mês irei publicando posts com comentários sobre os espumantes desta segunda metade da tabela, sempre em grupos de quatro ou cinco. Uma última observação, no caso de empate em pontuação, o desempate se dá sempre pelo preço mais baixo, ok?

Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.

Grande Desafio de Espumantes – os Brasileiros

           Não é de agora que os espumantes brasileiros são bons, mas faz um pouco mais de três para quatro anos que a mídia e os produtores iniciaram um trabalho mais forte de divulgação. Contrariamente aos vinhos tranqüilos onde a produção nacional, apesar da grande melhora de qualidade, perdeu espaço no mercado desde 2005 para os importados, no segmento de espumantes o inverso acontece com um crescimento de participação porcentual do mercado de cerca de 64% em 2004 para 75% em 2009. Somente neste ano o crescimento de vendas atingiu 14% sendo no Moscatel onde essa média é mais alta, cerca de 22%. Daí a começarmos a falar que o Brasil se tornou um dos três melhores produtores do mundo e que em alguns casos até champagne bate, num afã nacionalista muito típico nosso, não demorou muito. Minha avaliação geral é que, sim nos Moscatel estamos muito bem e entre os melhores do mundo, mas nos Rosés e Brancos apesar dos bons rótulos produzidos, ainda temos muito a crescer, inclusive no quesito regularidade.

          Deixo claro que é uma opinião particular, compartilhe ou jogue pedra quem quiser, mas acho que afora os investimentos necessários no vinhedo e na produção, um dos principais problemas para nos tornarmos realmente membros da elite dos espumantes é a falta de constância. Isto pelo que tenho observado nos últimos quatro para cinco anos, com algumas poucas exceções. Ainda é muito comum um determinado produtor estourar na mídia e na critica num determinado ano e no outro ficar bem aquém. Precisamos tempo para poder demonstrar nossa qualidade, humildade para seguir trabalhando na melhoria, constância de qualidade e um maior intercâmbio com o mercado e produtores internacionais. Temos muito bons espumantes, alguns até ótimos, bons preços, mas mantenhamos os pés na terra e deixo o forum aberto para comentários.

          Pessoalmente gosto muito dos nossos espumantes que trazem um frescor e uma característica cítrica muito interessantes que, a meu ver, são muito a cara do Brasil. Por isso convidei alguns dos principais produtores nacionais tendo o Brasil representado  cerca de 36% dos rótulos em prova com quinze espumantes que, só para relembrar, listo agora com menção do método de elaboração usado: Miolo Millésime Brut – R$75 (tradicional), Salton Evidence  Brut– R$65 (tradicional), Chandon Excellence Brut – R$90 (charmat), Marson Brut– R$59 (tradicional), .Nero Gran Reserva Extra Brut – R$45 (charmat longo), Valduga Gran Reserva Extra Brut 2004 – R$90 (tradicional), Cave Geisse Nature 2007 – R$45 (tradicional),Pizzato Brut – R$45 (tradicional), Dal Pizzol Brut – R$45 (tradicional), Do Lugar – R$32 (charmat), Don Giovanni Ouro – R$75 (tradicional), Marco Luigi Reserva da Família Brut – R$30 (tradicional), Villaggio Grando /SC – R$40 (charmat), Valduga 130 Brut – R$65 (tradicional) e Don Giovanni Nature – R$50 (tradicional). Destes, os que mais se destacaram na prova foram, por ordem de classificação, os que seguem:

1º Chandon Excellence Cuvée Prestige – Um senhor espumante que consegue juntar o frescor e característica cítrica dos espumantes nacionais com a complexidade dos franceses, não fosse a casa produtora originária de lá. Este não peca pela ausência de constância e a cada vez que o provo ele se mantém neste alto nível. Perlage muito boa, fina e abundante, mostrando que o método charmat pode sim gerar espumantes muito elegantes, formando um colar de espuma atraente na taça. Mineral bem presente, cítrico invocando laranja confitada, algo de fermento e brioche com nuances tostadas compõem uma paleta olfativa bastante complexa e delicada.  Já na boca é cremoso, gostosa textura, um produto de muita qualidade que seduz os mais exigentes e termina muito fresco com algo de frutas secas e novamente aquela presença gostosa de notas minerais.

2º Marson Brut – Uma grata surpresa de um espumante bastante tradicional no mercado que mostra uma perlage bastante fina e de boa persistência. No mais, talvez o mais exótico de todos com presença de frutas tropicais maduras como abacaxi e banana combinadas com um frescor imenso, fruto da ótima acidez muito bem balanceada formando um conjunto que satisfaz sobremaneira deixando na boca um gostinho de quero mais. Leve, gostoso, um final bem frutado e de boa persistência que abre o apetite.

3º Miolo Millésime Brut 2006 – Top dos espumantes da Miolo, é um pouco pálido na cor, mostrando-se ao nariz com aromas mais presentes de levedura e algo cítrico com nuances de amêndoas torradas. Na boca apresenta maior corpo, enche mais a boca e a cremosidade advinda de uma espuma abundante invade a boca com muito frescor. Perlage de tamanho médio, abundante e de boa persistência. Na boca é equilibrado, saboroso, um espumante que nos seduz facilmente e que já é boa companhia para uma refeição.

4º Salton Evidence Brut – Nariz citrino com nuances de flores brancas, tudo muito sutil e delicado convidando a levar a taça á boca. Na boca é fino, equilibrado, bom colar de espuma, muito boa perlage, fina, regular e consistente que nos massageia a boca com pequenas agulhas e mostra nuances tostadas, algo de padaria e bem mineral com um final onde desponta algo de maçã verde e muito boa acidez.

5º .Nero Extra Brut –  Elaborado pelo método charmat longo de seis meses que resulta num número considerável de bolhinhas bem finas e persistentes, muito cítrico e fresco numa boca gulosa, franca sem grande complexidade, mas muito saboroso que nos faz pedir mais uma taça, e outra, e outra … Prima pela finesse, final elegante, vibrante com toques de maracujá. Entre os Brasileiros, foi considerado o Melhor Custo x Beneficio

6º Cave Geisse Nature 2007 –  Aromas muito agradáveis, com um leve brioche intermediado por algo cítrico, nuances doces (mel) e toques florais muito sutis e elegantes. Na boca é cremoso, acidez maravilhosa que aporta um incrível frescor, balanceado, final muito saboroso, delicado com notas minerais e muito longo. Um espumante muito fino e sedutor tendo apresentado um leve amargor final que não chegou a incomodar.

          Todos espumantes que fazem juz aos comentários positivos da mídia especializada, ou seja sem grandes surpresas, que eu compraria sem exitar pois me agradaram muitíssimo. Na sequência os outros nove desafiantes: Valduga 130 / Pizzato Brut / Marco Luigi Reserva da Família Brut 2008 / Do Lugar Brut / Dal Pizzol Brut / Villaggio Grando (recém lançado nem rótulo tinha ainda, sendo a primeira prova dele) / Don Giovanni Brut Ouro / Valduga Extra Brut Gran Reserva 2004 e Don Giovanni Nature que compuseram um nível de qualidade bastante alto.

         Em Fevereiro deverei ir a Portugal e quero armar, com alguns amigos blogueiros de lá,  um Desafio Luso-Brasileiro de Espumantes durante minha estadia. Serão oito rótulos (os TOP 6 acima mais dois convidados) versus sete portugueses, meu primeiro Desafio Internacional. Bem, por hoje é só, na sequência outros posts sobre esta deliciosa maratona de espumantes que, neste quente verão, são um must! Nada de ficar esperando ocasiões especiais, abra um espumante e faça o momento especial. Quer coisa mais chique do que naquele encontro com os amigos abrir um espumante de boas-vindas? Melhor, não precisa nem gastar muito para isso!

Salute, abraço e kanimambo.

Grande Desafio de Espumantes

Esta é a terceira prova do grande painel que estou avaliando este mês. Já tivemos uma dúzia de espumantes moscatel, uma dúzia de espumantes rosés e agora quarenta e dois rótulos entre Champagnes, grandes Cavas, cremants de Bourgogne, de Alsace, Prosecco  e espumantes de qualidade da Austrália, Chile, Argentina, Portugal e, obviamente, a maioria dos tops brasileiros sejam eles elaborados pelo método charmat ou tradicional/clássico. Ao final deste mês, teremos provados 66 espumantes que só vêm agregar aos muitos já comentados, sugeridos e recomendados ao longo destes primeiros dois anos de vida de Falando de Vinhos.

               Trabalho insano, nem sempre entendido e se arrependimento matasse, eu estaria ….. vivo! Não está sendo fácil não, ainda mais depois de um acidente (todos bem) que me deixou sem um carro durante todo o mês, mas não me arrependo não pois estou coletando dados e ganhando muita experiência que tento, na medida de minhas limitações, partilhar com os amigos que me visitam  quase que diariamente o que, por sinal, é uma baita responsabilidade que levo muito a sério. A organização de tudo isto é complicada e juntar a banca de degustadores tantos dias um outro quebra-cabeças nem sempre bem sucedido até pelos afazeres profissionais de cada um e convites mais interessantes que o meu.  

           Para compor a banca de degustadores desta prova que é dividida em dois dias de degustação os amigos; Álvaro Galvão (Divino Guia), Breno Raigorodsky (cronista e juiz FISAR), Simon Knittel (Kylix), Emilio Santoro (Portal dos Vinhos), Alexandre Frias (Diario de Baco/Enoblogs), Daniel Perches (Vinhos de Corte), Dr. Luís Fernando Leite de Barros (enófilo), Evandro Silva e Francisco Stredel (confraria 2 panas), Ralph Schaffa (restauranteur) e eu que nos reuniremos nas aconchegantes instalações da casa dos amigos Armando e Denise, o Emporio da Villa. Afora degustarmos esses deliciosos e refrescantes caldos, nada como algumas deliciosas pizzas da casa. Tem diversas ótimas e criativas opções, mas quatro em especial eu recomendo; a de abobrinha temperada com queijo brie, a de alcachofra e as de salmão e al mare que sugiro acompanhar com um Sauvignon Blanc bem fresco, yummy!

             Mas vejamos o que nos espera nesses dois dias. Certamente muito outros rótulos e produtores poderiam estar aqui, alguns foram convidados e não se manifestaram e outros, bem a quantidade de rótulos é enorme! De qualquer forma, creio que com os rótulos aqui listados temos um grupo de desafiantes bastante heterogêneo e  uma mostra razoável do que de bom existe no mercado.

DIA 1

DIA 2 

Champagne De Sousa Zoémie Cuvée Merveille Brut – Decanter – R$256,00 Champagne Piper Heidsieck – Interfood – R$180,00
Champagne Taittinger Brut – Expand – R$200,00 Champagne Drappier Brut Carte d’Or– Zahil – R$185,00
Champagne Tsarine Brut – KB-Vinrose/BR Bebidas – R$170,00 Cremant Bourgogne Picamelot Cuvée Jeaune Thomas Brut 2004 – D’Olivino – R$147,00
Cava Juve y Camps Brut Nature 2004 – Peninsula – R$168,00 Marrugat Cava Gran Reserva Nature 2004 – Winery – R$75,00
Cave Geisse Nature – Cave Geisse/Vinhos do Mundo – R$45,00 Don Giovanni Nature – R$50,00
Chandon Excellence – BR Bebidas – R$85,00 Miolo Millesime – R$75,00
Moinet Millesimato Prosecco Brut 2007 – Winery – R$ 65,00 Incontri Prosecco VSAQ – Vinea – R$97,00
Cremand Cuvée Sylvain (Loire) – Cave Jado – R$59,00 Marc Brédif Vouvray Brut – Mistral – R$86,00
Marco Luigi Reserva da Familia Brut 2006 – R$30,00 Pizzato Brut – R$45,00
Valduga Extra Brut Gran Reserva 2004 – R$90,00 . Nero Extra Brut – Domno do Brasil – R$45,00
Cava Freixenet Cordon Negro – R$49,00 Cava L’Hereu Reserva Brut  de Raventós i Blanc – Decanter – R$87,00
Don Giovanni Ouro 30 – R$75,00 Valduga 130 – R$65,00
Salton Evidence – R$70,00 Anna de Codorniu – Interfood – R$75,00
Barton & Guestier Cuvée Reservée Chardonnay Brut (Loire) – Interfood – R$65,00 Cremand Cuvée Plaisir Perlant (Alsace) – Cave Jado – R$86,00
Marson Brut método tradicional – Eivin – R$59,00 V. G. Brut – Villaggio Grando – R$40,00
Spumante Incontri Muller Thurgau – Vinea – R$73,00 Bridgewater Mill Sparkling (Austrália) – Wine Society – R$78,00
Santa Julia Brut – Ravin – R$43,00 Trapiche Extra Brut – Interfood – R$35,00
El Portillo Reserva Brut – Zahil – R$58,00 Casillero Sparkling  – VCT Brasil – R$75,00
Raposeira (Portugal) – Vinhas do Douro/BR Bebidas – R$85,00 Irresistibile Reserva Brut (Portugal) – Sem importador
Do Lugar Charmat – Dal Pizzol -R$32,00 Dal Pizzol Brut tradicional – R$45,00
Espumante surpresa Veuve Paul Brut Brut – Zahil – R$49,00
   

            O porquê deste melange?  Primeiro porque gosto de desafiar o establishment, segundo porque a única forma plausível, pelo menos a meu ver, de comparar qualidade e sabores de vinhos é numa comparação direta ás cegas e terceiro porque quero conferir algumas “verdades” de nossa vinosfera. Por outro lado, é um tremendo exercício sensorial para quem participa da banca. Se os tomasse a todos em casa, tranquilo, avaliando todos os aspectos com calma e curtindo o caldo, certamente seria mais prazeroso, mas longe de ser tão didático. Afora isso, importante que um painel deste porte não ficasse apenas restrito a uma pessoa e sim a dez o que lhe dá outro valor.

           Bem amigos, isto foi só para vos deixar com água na boca no aguardo dos resultados que publicarei na próxima segunda dia 30 e mais detalhadamente em outros posts ao longo do mês de Dezembro assim como na coluna dos jornais Planeta Morumbi e Planeta Oceano.  Por enquanto é só, salute e kanimambo por visitar.

Dicas da Semana

Prepare-se para a Mistral Tour 2009, não nesta próxima semana, mas é um evento muito especial que esta importante importadora promove a cada dois anos, alternadamente com seu já tradicional e genial Encontro Mistral para o qual vale agendar-se desde já. De acordo com informações recebidas da Sofia, assessora de imprensa da Mistral, a 3ª edição deste evento se dará  entre os dias 17 e 22 de Agosto de 2009, apresentando ao público mais de 200 grandes rótulos, produzidos em algumas das melhores vinícolas do mundo. A caravana de produtores, comandada por Ciro Lilla, percorrerá cinco cidades brasileiras: São Paulo (dias 17 e 18), Rio de Janeiro (dia 19), Belo Horizonte (dia 20), Brasília (dia 21) e Curitiba (dia 22).

             O Tour Mistral acontece nos anos em que o Encontro Mistral – grande evento de vinhos bienal da importadora – não é organizado. O Tour traz um número menor de vinícolas, mas apresenta uma variedade maior de vinhos de cada produtor e viaja por mais cidades brasileiras. Sommeliers, donos de restaurante e apreciadores em geral terão a oportunidade de degustar tintos, brancos e espumantes de cerca de 25 prestigiadas vinícolas, provando alguns dos rótulos mais reputados na atualidade, e conhecer um pouco mais sobre a cultura vitivinícola de cada um dos nove países participantes.

Mistral Tour Clipboard

            Entre os nomes de destaque nesta edição, está o enólogo português Luis Pato, conhecido como “o revolucionário da Bairrada” por ter produzido vinhos de classe com a até então rústica uva Baga; o italiano Tancredi Biondi Santi, da Castello di Montepó, responsável por supertoscanos de prestígio, como o consagrado Sassoalloro; o espanhol Miquelàngel Cerdá, proprietário da Anima Negra, que produz empolgantes vinhos orgânicos em Mallorca e com a casta nativa Callet; Diogo Campilho, enólogo da Quinta da Lagoalva, um dos principais produtores da emergente região portuguesa do Ribatejo, com seu cultudo Syrah, para muitos o melhor do país; Douglas Murray, sócio e diretor da Viña Montes, pioneira em vinhos de alta qualidade no Chile e as italianas Elisabetta e Chiara Nonino, da Grappa Nonino, verdadeira grife e grande referência em destilados de bagaço de uva.

         Grandes rótulos serão lançados no Brasil durante o evento, como o esperado Amayna Syrah, concebido para ser um dos melhores tintos do Chile com esta variedade; o Cuvée Alexandre Carmenère, da Casa Lapostolle, um “mini” Clos Apalta (eleito o “melhor vinho do mundo” pela Wine Spectator nesse ano); o espetacular Quinta do Vesúvio, da Symington Family Estates, criado para ser o melhor tinto de Portugal; o novo Passo Blanco, da Masi Tupungato, desenvolvido com a casta italiana Pinot Grigio e a argentina Torrontés; a Viña Carmen apresenta a linha Nativa de vinhos orgânicos; Luis Pato traz o novo espumante Touriga Nacional, a Viña Montes, o aguardado Montes Alpha Carmenère e a Pisano, o Arretxea Tannat/Petit Verdot  (já provei e é estupendo).

  • Argentina – Alto Las Hormigas / Catena Zapata / Masi / Tikal
  • Austrália – Coldstream /  Penfolds /  Wynns
  • Brasil –  Vallontano
  • Chile –  Amayna / Casa Lapostolle / Viña Carmen /  Viña Montes
  • Espanha – Anima Negra
  • Itália – Badia a Coltibuono / Castello del Terriccio / Castello di Montepó /  Grappa Nonino /  Tasca d’Almerita / Tenuta di Capezzana .
  • Portugal – Luis Pato /  Quinta da Lagoalva / Quinta do Côtto /  Symington Family Estates
  • Nova Zelândia –  Sileni Estates
  •  Uruguai – Pisano 

Horário: das 17h às 21h30

Preço: R$ 180 por dia – Vagas: 200 pessoas por dia 

Reservas e informações: tel.    (11) 3372-3400  – E-mail: tour@mistral.com.br

 

 

 

Tem Paella e Vino na Confraria do Queijo & Vinho. Juntos os amigos Juan (Peninsula) e Margarida (Confraria) promovem este evento enogastronômico que vale a pena agendar. Esse Protos Rosado deve ficar da hora com a paella!

Paella na Confraria

 

Kylix lança linha nova em sua loja. Baron Philippe de Rothschild e GeoWine estão lançando os vinhos Mapu e Rayun a preços promocionais, na loja do amigo e parceiro Simon. Até dia 11 de Agosto, ou final de estoques, você compra 4 e leva 6! Eis alguns dos vinhos disponíveis, todos por R$32,00, mas como você leva seis, equivale a R$24,90 por garrafa, uma baba!

  1. Rayun Sauvignon Blanc – Vinho cor amarelo claro com reflexos esverdeados. Nariz intenso e elegante, lembrando maracujá e cítricos. Frescos, frutado, com acidez bem integrada.
  2. Rayun Cabernet Sauvignon  –  Vinho 100% Cabernet Sauvignon de cor escura profunda, aromas de frutas vermelhas, flores e especiarias. Taninos maduros, boa concentração de fruta em perfeito equilíbrio. 
  3. Mapu Cabernet Sauvignon/Carménère – Vinho de bela cor vermelho intenso, marcado por aromas de frutos negros, amora e especiarias. Fresco, frutado, em equilíbrio entre a elegância da Cabernet Sauvignon e a suavidade da Carménère.
  4. Mapu Sauvignon Blanc/Chardonnay – Vinho brilhante e limpo, amarelo dourado, com aromas de violetas, frutas tropicais e pêssego. Fresco e suave, combina perfeitamente amaciez da  Chardonnay com o toque fresco da Sauvignon.

No dia 4, agora na próxima terça, tem também o já tradicional Wine Day da Kylix que vale a pena visitar. Desta feita terá as presenças de alguns rótulos da Mercovino, Lusitana, Grand Cru e Vinhos do Mundo. Para maiores informações Ligue para  (11) 3825.4422  ou acesse o site www.kylixvinhos.com.br.

 

Happy Hour na Costelaria Rancho do Vinho, agora no Morumbi. Conceituada Costelaria na Régis (Itapecerica da Serra) de casa nova, por sinal muito bonita, estratégicamente localizada na região do Morumbi próximo ao Taboão e ao Butantã, promove um Happy Hour especial. Tá certo que a promoção é com a Ambev, mas faça como os portugueses e espanhóis, use a cerveja para limpar a serpentina e depois peça uma boa garrafa de vinho.

 Costela happy Hour

 

Restaurante Varanda Grill Reduz Preços do Vinho. Reconhecida pela qualidade de seus cortes, pelo ótimo ambiente e por ter uma das melhores cartas de vinho da cidade, o Rafael, assessor de imprensa do Varanda, me informa que eles estão reforçando seu compromisso de oferecer a melhor relação preço/qualidade entre as cartas de vinho dos restaurantes de São Paulo, adequando seus preços ao novo patamar alcançado pela taxa de câmbio. Após manter inalterados os preços dos mais de 350 rótulos importados durante a fase mais aguda da crise econômica, a casa agora reduz os preços da grande maioria dos vinhos de sua carta, aproveitando a valorização do Real frente ao Dólar.

             A redução tem variação entre 4% e 30%, dependendo das negociações obtidas com os diversos importadores, com destaque para alguns campeões sul-americanos, como o Catena Malbec 2006, que passou de R$ 79,00 para R$ 69,00 a garrafa (-12,7%), o chileno Montes Alpha Cabernet Sauvignon 2006, que passou de R$ 115,00 para R$ 100,00 (-13%) e do argentino Achaval Ferrer Quimera 2006, que antes custava R$ 155,00 e agora saí por R$ 147,00 (-5,2%). “Estamos negociando constantemente com as importadoras para melhorar ainda mais os preços de nossa carta de vinhos”, afirma o restaurateur Sylvio Lazzarini, lembrando que frequentemente o Varanda é apontado por publicações especializadas como uma das melhores cartas de vinho de São Paulo.

         Nunca estive por lá como consumidor, sempre em degustações, mas uma coisa afirmo, os cortes são de grande categoria. Carne suculenta, saborosa, uma ótima dica de restaurante especializado em carnes e com um ótimo serviço, ambiente aconchegante e, pelo que pude ver nos preços do vinho, estão em linha com os preços na importadora o que o transforma num restaurante amigo do vinho e, especialmente, do enófilo! Rua General Mena Barreto, 793 – Jd. Paulista – São Paulo – Tel:     (11) 3887-8870    .

 

Villaggio Grando tem interessante campanha de Dia dos Pais. Uma campanha diferenciada promovida pelos amigos da Villaggio Grando à qual já me inscrevi, afinal também sou filho e pai! Agora, melhor ainda que a campanha, são seus saborosos vinhos. Clique aqui.

Villaggio Grando e pais

Innominabile II – O Retorno

         Se há uma coisa que sou nesta vida, é persistente e tive que fazer o Innominabile II retornar a minha taça! Tudo bem, tem gente que diz que estou mais para teimoso, mas acho que isso é intriga da oposição. rsrs Conheço este vinho e, tanto quanto o pessoal de vinícola como o de um leitor amigo com comentário consternado que estava com o resultado do Desafio de Vinhos Assemblage, sentia que tinha que abrir logo a garrafa que me restava na adega e fazer a prova dos nove. Esperava o momento adequado e este finalmente chegou quando decidi fazer um fettucine com bacalhau aqui em casa, seguindo a receita do amigo Alexandre do Diário de Baco. Realmente super simples e rápido de fazer tendo harmonizado muitissímo bem com este vinho.

         Como pode ser visto pela foto, mesmo que não muito boa, o vinho possuía uma cor bonita ruby com leve halo aquoso. Nada a ver com o que Innominabile 002tínhamos tomado no Desafio, já de cor atijolada e rala. Este está vivo, com aromas algo florais, na boca mostra madeira bem integrada, taninos macios,  maduros, finos e sedosos mostrando bastante elegância, saboroso, delicado mostrando bom equilíbrio e acidez correta, um vinho gastronômico que cresceu com o prato e necessita de um tempinho em decanter para realmente mostrar seu potencial. O final é de média persistência e muito agradável,  mostrando um estilo bem velho mundo.

         Repetiu o que já conhecia dele e mostrou ser um vinho de muitas qualidades em que se destaca a finesse e harmonia ao contrário dos muitos vinhos anabolizados que se vê por aí.  Combinou muito bem com o bacalhau en função da elegância dos taninos que se equilibraram de forma harmoniosa com a delicadeza do prato. Poderia ter ganho o desafio caso fosse esta a garrafa em disputa? Provavelmente não, mas certamente se haveria bem melhor do que o resultado que obteve, pelo menos no meu conceito, dando uma maior canseira aos seus adversários da noite. Uma pena, mas aprendi mais uma; de que duas garrafas de um mesmo vinho, de uma mesma safra e guardado num mesmo lugar, podem envelhecer e evoluir de forma totalmente diferenciada uma da outra. São estas peculiaridades que fazem com que viver em nossa vinosfera jamais seja um tédio. Para quem quer mesmice, adote whisky ou cachaça! 

Salute e kanimambo.