As Portas do Céu se Abriram e eu Entrei ou, Bordeaux Extasy!

Só figurativamente e adorei a experiência , tanto que tenho esse título pronto faz TRÊS ANOS! A experiência foi tamanha que fiquei sem palavras e sigo sem as encontrar, já que descrever emoções é sempre um exercício dos mais difíceis. Todos ou pelo menos a maior parte dos aficionados por vinho, sabe que 2009 foi um graaande ano para os vinhos de Bordeaux e em 2012 os produtores de Grand Crus estiveram em São Paulo para dar a provar alguns néctares da região. Grandes produtores, vinhos com pontuações perfeitas (100 pontos), brancos, tintos, doces, um festival hedonístico difícil de ser esquecido, daqueles que ficam na memória ad eternum.

A grande maioria, para não dizer todos, está longe dos bolsos de nós pobres mortais então minha sugestão é, tem interesse, vai viajar, traga de fora! São esses grandes vinhos que, em minha opinião, devem ser aproveitados nas viagens e, neste caso, mesmo assim precisa ter um bolso algo gordo! Para não dizer que nunca falo das estrelas, ganhei coragem e decidi compartilhar com vocês alguns destaques do que provei e que comporiam maravilhosamente uma grande degustação com uma visão regional deveras interessante, vamos lá!

Bordeaux Pessac

Pessac- Léognan – esta AOC, mesmo tendo uma maior produção de tintos, gera os melhores e mais importantes brancos de Bordeaux. Três grandes vinhos de muita classe, Chateau Carbonnieux, Chateau Pape Clement e, para mim o destaque entre eles, o incrível Chateau Larrivet Haut-Brion, uma grande forma de se iniciar uma degustação deste porte.

Bordeauxs Tintos – mesmo não sendo um expert nas apelações (AOCs) de Bordeaux, tenho as minhas regiões preferidas e na prova confirmaram na taça as razões de minhas preferências. Destas AOCs, escolhi alguns vinhos (tinha mais de 50 não dava para ver tudo) para provar e destes alguns destaques que certamente colocaria na mesa dessa imaginária degustação, caso houvesse “cascalho” o bastante para tal.

Bordeaux Saint Emilion
Saint-Émilion – Por aqui reinam a Cabernet Franc e Merlot, vinhos teoricamente mais suaves (na prática nem sempre), de menor estrutura porém de boa guarda, profundo equilíbrio com fruta mais presente e macios. Alguns grandes vinhos como os; Chateau Troplong Mondot, Chateau Pavie Macquin, Chateau Angélus e meu preferido, um dos melhores, se não o melhor, vinho do evento. O Chateau Figeac! ABSOLUTAMENTE ESPETACULAR, um daqueles vinhos que figuram entre meus TOP 10 de todos os tempos e não dá para descrever, tem que lhe sacar a rolha e desfrutar com um outro grande apaixonado por este néctares. Este já estava divino, imagino daqui a mais uns cinco ou seis anos!

Bordeaux Pomerol

Pomerol – Terra do famoso Chateau Petrus e por isso muito valorizada, gera vinhos elegantes e finos porém de maior estrutura que os de St Émilion, idade média de maturação entre 6 a 8 anos com alguns grandes vinhos de guarda. Daqui se destacaram o Chateau Clinet a quem Robert Parker deu 100 pontos. Provei, não mudou minha vida (rs), não vale a nota perfeita (que não dou a nada nem ninguém), mas é um grande vinho. Com ele, mais dois destaques, o Chateau L’Évangile e meu xodó deste AOC, o Chateau Gazin do qual tomaria garrafas se a grana permitisse. Rico, delicado e complexo, absolutamente sedutor.

Bordeaux margaux
Margaux – Nas grandes safras estes vinhos costumam se superar e é, certamente uma das mais emblemáticas apelações de Bordeaux. Mesmo tendo a Cabernet Sauvignon como protagonista, são conhecidos como os vinhos mais elegantes, perfumados e sedosos de Bordeaux, especialmente da margem esquerda. Curto os vinhos desta parte de Bordeaux! Provei algumas preciosidades, entre elas os; Chateau Angludet, Chateau du Tertre e Chateau Giscours foram destaque e são todos grandes representantes da AOC, mas o Chateau Malescot Saint-Exupery está, em minha modesta opinião, um degrau acima dos outros escolhidos e é o que eu colocaria para representar a região nesta verdadeira seleção de craques. Pura poesia engarrafada, nada a falar, só beber!!

Bordeaux Pauillac

Pauillac – Três dos cinco Premier Crus de Bordeaux, vêm desta região, vinhos algo mais potentes e muito estruturados com enorme potencial de guarda, décadas! Aqui provei menos e só dois rótulos ambos muito parelhos; o Chateau Lynch-Bages e por nariz, ficaria com o Chateau Pichon-Longueville mesmo sabendo que o melhor seria guarda-lo por mais uns 15 anos antes de abrir. O problema é que já fiz 60, então guardar vinhos ficou meio relativo! rs Graaande e complexo vinho que mostra bem todo seu potencial de guarda.

Bordeaux Sautern
Sautern et Barsac – Mais que uma apelação (AOC), uma marca mundial de excelência em vinhos doces que harmoniza maravilhosamente bem com Foie Gras (ops é proibido! rs) e queijos azuis e frutas frescas, mais que com sobremesas. Dizem que um Sautern deve ser tomado com mais de quatro anos e os bons (como estes baixo) precisando de tempo para mostrarem todo seu esplendor. Os “velhos” com trinta ou quarenta anos nas costas, dizem ser verdadeiros elixires, não sei, nunca provei, mas topo convites! rs Para encerrar em grande estilo dois grandes representantes e um que extrapola e nos deixa boquiabertos com tanto esplendor. Chateai Doisy Daëne e Chateau Guiraud, ambos excelentes, mas o Chateau Coutet é verdadeiramente um vinho classe I, de Inesquecível e Incuspível! DIVINO, um conjunto de emoções na taça indescritível, e a uma fração do preço dos mais famosos, muito próximo da perfeição!

O que pode causar estranheza é como vinhos que são de longa guarda como estes podem já despertar tais emoções e prazer hedonístico. Pois bem, o que tenho verificado ao longo destes longos anos de provas, é que a grande safra costuma apresentar esse perfil, vinhos com grande capacidade de guarda, porém já muito palatáveis desde cedo! Só para citar alguns; Safra 2007 e 2011 em Portugal, 2006 na Itália, 2005 no Chile, 2015 no Uruguai entre outros, e agora 2009 em Bordeaux. Enfim, mais uma grande experiência e as características de cada uma dessas regiões foram colhidas no livro de meu saudoso mestre e mentor, Tintos & Brancos de Saul Galvão, que segue sendo meu principal socorro em momentos de dúvida sobre nossa vinosfera.

Vai montar essa degustação, não esquece de mim não tá?! Digamos que será minha cobrança de royalties! rs Gente, kanimambo e um ótimo fim de semana para todos (aqui tem leitura para todo o fim de semana prolongado)  e não esquece, dia 12 de Setembro agora tem o food truck gourmet com vinhos harmonizados saudando a França! Aguardo os amigos

Bordeaux pelo Breno, não Existem Dois sem Três!

 

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         Na 1ª aula, com 7 alunos, fomos ao noroeste de Bordeaux no restaurante Santo Colomba: Margaux, Pauillac, St Estephe.

          Na 2ª, com 8 alunos, fomos ao nordeste da região, sem sair do mesmo restaurante: St Emilion, Lalande Pomerol e Pomerol.

          Nesta 3ª aula, agora com 10 alunos, fomos a Graves, cujas expressões máximas são Haut Brion de Pessac Leognan e D’Yquem de Sauternes, presenças obrigatórias em qualquer lista que conte com os 20 mais importantes vinhos que já se fez.

Graves produz também alguns dos melhores vinhos brancos secos de Bordeaux, no corte clássico da região, Semillon/Sauvignon Blanc. É por isso que em vez dos clássicos quatro vinhos presentes nas aulas anteriores, esta contou com uma degustação mais completa – um grande branco, quatro tintos e dois sauternes!

18 de outubro

Por conta dos vinhos, construímos um cardápio mais abrangente: patê de campagne da Santa Luzia, patê de fígado de pato, figo com presunto cru; arroz de codorna, plateaux de fromage com queijos variados em massa, mas tendo como estrelas máximas dois azuis Roquefort Societé e St Agur e uma grande transgressão > um típico manchego no meio dos franceses, todos importados pela Caseus…

O texto que esquentou a conversa sobre Graves é menos sobre a micro-região e mais sobre Bordeaux como um todo: falamos de custos a partir de uma tabela apresentada no Atlas dos ingleses Hugh Johnson e Jancis Robinson, que comenta inclusive o custo do dinheiro em empréstimos agrícolas, algo – diz o livro – na ordem de 100000 Libras Esterlinas por ano por hectar de vinha, ou – na média – 20 Libras por garrafa nos vinhos mais caros.

As diferenças para produzir uma garrafa de vinho são gritantes entre o custo de um vinho comum e um grand cru, justificando uma parte da diferença de preço que cada um chega ao mercado, além dos princípios que regem o mercado em geral, a saber, Procura X Oferta.

Me permito copiar alguns dados que impressionam nas tabelas – enquanto um genérico Bordeaux AC, tem 3330/h vinhas plantadas, um chateaux do Médoc típico bem administrado planta 6500/h, contra 7800/h para um Cru Classé. Muito madeira nova nos últimos, nenhuma madeira nos primeiros. No fim da tabela as conclusões são acachapantes – o custo total por hectolitro do vinho mais simples é de 87 Euros, enquanto que os típicos de Médoc tem um custo médio de 488 Euros, contra 1050 Euros do fruto de Cru Classé. Na garrafa isso vale 0.65 Euros, contra 3.66 Euros, contra, finalmente, 7.88!

Ora, mesmo que 7.88 estejam longe dos 150 Euros que o cru classe pode custar no mercado, vemos que as diferenças de preço são medianamente justificadas…

Continuamos conversando sobre Pessac Leognan, seu solo de muito cascalho e grande aridez, sua receita próxima dos vinhos de Médoc, sua capacidade de produzir bons vinhos brancos, às vezes superiores aos tintos, como disse mais acima.

Por conta disso, L’Esprit Chevalier 2007 branco foi para mesa para enfrentar os patês, o presunto cru e o figo. Um vinho cujo custo no Brasil gira em torno dos R$250,00, caro demais para um consumidor que não está acostumado a investir mais de R$40,00 num vinho branco.

Depois dele, um surpreendente ‘Bois Pertuis 2006’, custando em torno de R$75,00, totalmente fora do grupo, mas mostrando toda a raça de um autêntico Pape Clement – um ícone – do alto de seus 68% de merlot, 22% de C.Sauvignon e o resto em C.Franc, muito bem avaliado pelo grupo que adorou saber seu preço, pois gostou demais do resultado na taça!

Chateau D’Eyran 2004 teve a honra de inaugurar a harmonização com o arroz de codorna, um prato delicado e pouco gorduroso, que sentiu um pouco o baque do vinho, sempre alcoólico, mas, equilibrado, com os taninos bem domados! Apesar de não ter sido o grande campeão da noite, chegou em primeiro para um dos alunos e em segundo para outro. 50%C.Sauvignon, 45% merlot e 5% de Petit Verdot, com um ano de descanso em madeira, após uma colheita manual e vinificação tradicional, produz algo em torno de 80 mil garrafas/ano entre ele e seu segundo vinho. E apesar de ser igualmente um vinho abaixo do preço referência (R$200,00 no mercado brasileiro para o consumidor final), comportou-se com galhardia.

O próximo a se apresentar, sempre tendo a companhia do arroz de codorna, foi o Chateaux Haut Bergey 2005, que se mostrou ainda mais concentrado, inclusive no preço: R$280,00! Com 16 meses de guarda em madeira (50% nova) e com sua constituição estruturada sobre Merlot e C.Sauvignon ele empatou com o campeão em preferências, perdendo apenas na contagem dos segundos lugares de cada um!

E que vinho, este Haut Bergey. Perdeu para um Smith Haut Lafitte, o grande campeão da noite, talvez não apenas pelo líquido, mas pelo rótulo, porque a única coisa que fiz até agora foi esconder o preço de cada, sem me preocupar em ocultar os rótulos… E como o Smith é facilmente memorável pelo nome inglês e faz parte da maioria da lista de grandes vinhos da região, é possível que seja inconscientemente mais “aspiracional” pelo degustador.

Mas independente de qualquer outra consideração, o Smith, com seu corte favorecendo a C.Sauvignon sobre Merlot e C.Franc, com seus 18 meses de madeira – sendo que 80% renovada – impressiona pelo mix tão típico da região, entre a grande concentração e a grande delicadeza! Trata-se, sem dúvida, do milagre que faz o bom vinho em toda a sua essência, sem recorrer a excesso de álcool ou a qualquer recurso perfumístico – contido no nariz, extraordinário na complexidade. Considere-se tudo isso e mais algo que só dá para sugerir numa degustação – seu poder de envelhecimento de algo além dos trinta anos, o que lhe confere ainda mais valor!

Achei que não teria melhor momento para apresentar Sauterne do que este. O prato com os queijos foi dividido entre os vinhos tintos que restaram em cada taça – pela disciplina que adquirimos na prática de reservar as amostras até o fim – e duas meias garrafas de brotirizados, um mais simples que é importado e comercializado na Santa Luzia, o C. Chante L’Oiseau e custou R$50,00 e um outro que vem pela Grand Cru, o Carmes de Rieussec que custa R$97,00.

Talvez por conta do grupo não ser muito habituado a vinhos de sobremesa em geral e por estarem todos mais preparados para uma degustação com vinhos tintos, os Sauternes não empolgaram, mesmo depois que chegou a sobremesa propriamente dita, manga grelhada com sorvetes artesanais de frutas do norte e nordeste. Anyway, a preferência recaiu sobre o mais simples, menos untuoso e menos doce, o Chante L’Oiseau, um pássaro que célere cantando, voou…

Dito tudo, os tintos foram todos muito bem avaliados, com ao menos 3 indicações de preferência entre primeiro e segundo lugares. Por isso, o campeão de fato talvez não tenha sido o eleito pela maioria e sim o vinho mais barato de todos, quatro vezes mais acessível, um verdadeiro ‘Vinho Inteligente’ – o Bois Pertuis que empolgou a todos, mesmo comparado com os outros!

Até a próxima.

Mais um texto do amigo e colaborador, agora com participação quinzenal aos sábados, Breno Raigorodsky; 59, filósofo, publicitário, cronista, gourmet, juiz de vinho internacional e sommelier pela FISAR. Para acessar seus textos anteriores, clique em Crônicas do Breno, aqui do lado

O Retorno do Breno – Aula de Bordeaux

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O amigo leitor Ricardo Brito cobrou e eu fui atrás do Breno. Sim, faz tempo que ele sumiu daqui do blog, mas agora retornará, também aos Sábados, a principio uma vez por mês com o relato de algumas aulas/degustação que ele está promovendo, mas não só, já que o espaço está aberto para o que lhe der na telha. Por falar em “dar na telha”, sumi com o post de ontem “garimpando Itália’ pois devido a problemas com a internet e ausência de sinal do speedy, a matéria ficou pela metade sem comentários e outras informações. Semana que vem publico de novo, sorry.

23 de agosto – A aula vai começar em pouco menos de uma hora. São 7 alunos e confesso um certo nervosismo na experiência, por ser ela – quem sabe – a mais difícil que já tive. Quanta ousadia a minha, propor 5 encontros, um a cada terceira segunda-feira do mês, sempre com vinhos Bordeaux, sempre 4 de cada vez.

                No primeiro encontro o lado alto do Médoc; no segundo o sudeste com Saint Emilion, Lalande e Pomerol; no terceiro o lado Graves da região; no quarto juntar o que ficou muito mancante e finalizar com um quinto encontro que reúna o melhor de tudo que se viu nos anteriores. Não me deixa nervoso os novos e muito menos os velhos alunos. Não me assusta o serviço e a harmonização, estes itens estão nas bravas e experientes mãos do Alencar do Santo Colomba, um cara que passou a vida harmonizando sua origem pobre com a vontade de aprender, equilibrando a ambição de melhorar na vida, com a memória malufiana, o talento e a picardia.

               Assusta Bordeaux, que é a região que mais produz disparidades em todo o mundo. Me pelo de medo com esta grandiosidade que constrói uma pirâmide de vinhos cruel, onde no topo fica o Olimpo – absolutamente inatingível – no centro apenas a média e na base, vinhos abaixo disso. Em outras palavras, Bordeaux é sinônimo de expectativa, portanto, passível de frustração. Ícone máximo do vinho, origem do mercado mundial, objeto de desejo de todo bon vivant do Século das Luzes, mantém-se no topo da mente até hoje, vive num misto de qualidades e imagem, que não mais impressiona como costumava impressionar, já que esta geração atual de bebedores de vinho entra no mundo do vinho pela porta do sabor muito mais adocicado, típico das degustações, sem compromisso com a gastronomia e normalmente produzido no Novo Mundo.

             Assusta o meu plano de trabalho: vinhos acessíveis (?!), na faixa dos R$200,00 por garrafa. Se fossem vinhos de R$2000,00 estaria bem mais tranqüilo (ehehehe). Explico para quem precisa explicação – Para Bordeaux, vinhos que custam este preço no Brasil R$200,00 estão um pouco além do mata-burro regional. Os grandes campeões custam dezenas de vezes mais do que os R$200,00, enquanto que os segundos vinhos das grandes casas (Chateaux) e as classificações abaixo chegam muitas e muitas vezes acima deste valor. Cito como exemplo ao acaso > um Chateau Ausone St Emilion, o grande cru da região – o único que rivaliza com o Cheval Blanc – custa a partir de 500E no negociante da região. Seu segundo vinho sai em torno de 200E e o seu terceiro sai a partir de algo em torno dos 85E. Estes 85E, traduzidos para o consumidor brasileiro, significa algo como R$1200,00 na loja. Portanto, um vinho de R$200,00 custa 6 vezes menos do que o terceiro vinho Ausone, que custa 3 vezes menos do que o segundo vinho da casa, que, por sua vez, custa 2 a 3 vezes menos do que o grande ícone!

              Como nos sairemos? Teoricamente, escolhi vinhos por este preço porque já atingem tudo da tradição técnica dos grandes e podem desempenhar papel relevante, surpreender representar dignamente sua região. Alguns deles apenas barateiam o processo naquilo que não me parece fundamental no resultado final, como, por exemplo, o descanso que se dá a determinados produtos em barris de aço, depois dos 18 meses em madeira de primeiro uso, no lugar do estágio em garrafa usual.

24 de agosto – Acordei mais tranqüilo. A minha parte foi boa, medianamente clara e ilustrativa (até onde dá para ser numa aula/jantar), com um mimo em forma de um espumante de boas-vindas (o belo Bulle nº1 rosé), com tabelas de safra, com preços de vinhos da região, com mapas de localização, com fichas técnicas de cada um dos produtos. A comida e o serviço do Alencar e a gentileza (arrematou o jantar servindo um Porto Vintage 20 anos) estavam no nível esperado, por mais que o ponto do sal do molho do cordeiro sobressaiu-se e se fez sentir, ao contrário da polenta de escargot que estava corretíssima.

             Para meu alívio e gáudio da torcida, os vinhos também se saíram bem:–

O primeiro deles não tanto, apesar do bom começo. Foi o Saint Julien Peymartin (importado pela Decanter), segundo vinho do Chateau Glória, do domaine Henry Martin. Apesar da confusão que esta cadeia proprietária produz na gente que não conhece todos estes nomes – pois já dá um nó no raciocínio pensar que se trata de um segundo vinho de um outro (???) que, por sua vez, pertence a um grupo muito maior e significativo – do ponto de vista da concentração de capital tudo é claro, nada é novo ou surpreendente. É mais ou menos como o Dodge que pertence a GM, do mesmo jeito que o Chevrolet, que tem na linha o Meriva, o Vectra, o Corsa etc. Foi muito bem enquanto esteve sozinho na mesa, mas abertas as outras garrafas não resistiu à confrontação. Perdeu para os dois Margaux e para o Paulliac nos quesitos potência, complexidade e majestade. E ficou atrás também no domínio dos taninos e na permanência. Ou seja, quem perdeu não foi o vinho, mas o professor que o colocou numa comparação desigual, apesar do cuidado de comprar garrafas do mesmo preço. Aceito minha parte da responsabilidade, no entanto, acreditei que se sairia bem do mesmo jeito que já vi o Chateau Beaucaillou – o mais forte representante Saint Julien – sair-se bem quando confrontado não importa contra quem!

               Os outros vinhos, Colombier Monpelou, Bouquet de Montbrison e Cordieu Margaux disputaram palmo a palmo a preferência dos participantes. No fim o Cordier ficou com 3 dos 7 votos, enquanto que o Monpelou arrebatou os outros 4. O Bouquet de Montbrison foi igualmente bem avaliado, mas ao perder na comparação do seu colega de região, ficou na semi-final contra o campeão de todas as etapas, o Colombier Monpelou, um vinho que – entre outras boas referências – aparece como líder em vendas por internet de Grand Crus franceses em Portugal.

Entre mortos e feridos todos se viraram muito bem! Veremos como será o nosso próximo capítulo, aguardem!

Mais um texto do amigo e colaborador, agora com participação quinzenal aos sábados, Breno Raigorodsky; 59, filósofo, publicitário, cronista, gourmet, juiz de vinho internacional e sommelier pela FISAR. Para acessar seus textos anteriores, clique em Crônicas do Breno, aqui do lado

Dicas da Semana

           Este mês de Outubro está repleto de eventos muito interessantes. Coisas para o qual você deve se programar desde já. Um deles é já hoje, no Portal dos Vinhos na região do Morumbi em São Paulo, os outros um pouco mais para a frente. Um imperdível curso  sobre vinhos de Bordeaux, promovido pela École du Vin de Bordeaux, no qual já me matriculei, e outras cositas más!

A Portal dos Vinhos , dos amigos Fátima e Emilio promove nesta Sexta, ligue logo para ver se ainda há lugares disponíveis, uma degustação só de vinhos de primeira linha, como já é costume da casa nesses eventos. Confira abaixo.

 Portal, tops do Novo Mundo

 

Papo de Vinhos promove encontro de Importadores – o Beto Duarte, autor do blog Papo de Vinhos reuniu diversos importadores e produtores  que estarão mostrando suas novidades num evento especial no Hotel San Raphael no próximo dia 27, algumas delas também vendendo com preços muito especiais. Diversos comentaristas e blogueiros do vinho também estarão presentes a este evento que prometer ser muito interessante. Inicialmente com 13 expositores confirmados, o evento vem ganhando adesão conforme passa o tempo e já são um total de 16 confirmados;  Anaimport / AOC Vinhos do Brasil /Cantu / Cave Antiga / Cave Jado / Casa Flora / Casa do Porto / Chaves Oliveira / Empório Sório (vinhos da Córsega) /  Interfood /  MMV / Santa Ceia / Tradebanc  / Wine Lovers / Miolo e Vinho Sul.

Flyer+Papo+de+Vinho

 

1º Festival de Vinhos da Primavera na SBAV – no dia 29 de Outubro. O evento vem de encontro ao aumento crescente de apreciadores de vinho no Brasil, com uma variada gama de preferências por tipos, estilos e procedências. Para o apreciador interessado em ampliar suas experiências com vinho, esta é uma oportunidade única e imperdível porque vai colocar à disposição para degustação dos visitantes um conjunto em torno de uma centena de diferentes rótulos de vinhos brasileiros e importados de muitos países importantes produtores. O valor do convite será de R$ 20,00 para sócios e de R$ 30,00 para não sócios, que dá direito ao usuário a degustar uma grande variedade de vinhos e comprar os escolhidos a preços especiais negociados com o Expositor. Local: sede da SBAV-SP, Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 2586, a partir das 16:00. Confira aqui >> http://www.sbav-sp.com.br/

 

Confraria do Queijo & Vinho, anuncia seu primeiro Wine Day no próximo dia 22 de Outubro. Grandes rótulos trazidos pelos próprios importadores para degustação e compra.

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Até 19 de Outubro o Sul da França está em Sampa – e nossos amigos da Cave Jado estão nessa. Sozinho, acompanhado por amigos ou pela família, esta é a ocasião para compartilhar momentos de descontração e descobrir as sensações  gustativas da enogastronômia do Sul da França.  Deliciosos, autênticos e muito coloridos, os produtos do Sul da França refletem toda a riqueza e a maestria da região de Languedoc, com um toque de alegria de viver que os torna tão “especiais”. A Cave Jado participa com dois vinhos da sub-região de Minervois, disponíveis nos restaurantes;  Le Bouchon – Vila Nova Conceição / Roux Bistrô – Jardim Paulista / Chez Fabrice – Vila Madalena / Bistrô Crepe de Paris – Jardim Paulista  e Santa Madalena – Bela Vista Reserva Bistrô – Bela Vista. Estes mesmos vinhos estão disponíveis no site com preço especial promocional. Vale conferir estes e outros bons rótulos desta simpática e jovem importadora.  

 

Curso de Formação em Vinhos de Bordeaux – O Conselho Interprofissional dos Vinhos de Bordeaux, com o apoio da União Européia e da École du Vin, realizará no Brasil um curso de formação sobre vinhos de Bordeaux e selecionará alguns candidatos para receberem uma formação  na École du Vin, habilitando-os como “Bordeaux Wine Educators”. Eu estarei lá, e você?

 Bordeaux

Legal, choveu gente querendo expandir seus horizontes e melhorar seu conhecimento sobre Bordeaux. Resultado, tiveram que mudar o local que deixa de ser o hotel na Al. Lorena para ser o da Alameda Santos 85. Beleza!

 

 Vinho Outlet – Vinhos e palestras nos dias 15 a 18 de Outubro. Vendas diretas por importadores e produtores de vinhos brancos, rosés, tintos e espumantes com até 50% de de desconto. De 15 a 18 de outubro, os paulistanos terão um espaço especial para degustar e adquirir por preços altamente competitivos vinhos nacionais e internacionais no ‘Vinho Outlet 2009’, evento voltado exclusivamente ao consumidor final que ocorre no Centro de Convenções do Shopping Frei Caneca, em São Paulo. Durante quatro dias de atrativas promoções, apreciadores novatos e experientes poderão conferir uma grande variedade em tintos, brancos, rosés e espumantes. “São milhares de rótulos com excelente relação best-value e descontos de até 50% com pronta entrega para abastecer a adega, antecipando as compras para as festas de final de ano”, afirma Zoraida Viotti, uma das organizadoras do evento. “Uma das grandes vantagens é que o público poderá degustar, antes de adquirir”, completa.

              Estarão disponíveis mais de 1.000 rótulos apresentados pelas importadoras e produtoras Interfood, Bruck, KMM, Delmaipo, Salton e Miolo, entre outras.  Os vinhos do Brasil também marcam presença com a vinícola Aurora e produtores gaúchos ainda inéditos no mercado paulista como Barcarola, Chesini, Don Miguel, Florence, Góes e Venturini, Mascarello, Milantino, Perini, Peruzzo, Pompéia, Terragnolo e Viapianna reunidos pelo Ibravin – Instituto Brasileiro do Vinho. Coordenada pelo especialista Eduardo Viotti, a programação da 2ª edição do ‘Vinho Outlet’ traz uma série de palestras onde os participantes poderão aprender como comprar, servir, degustar, harmonizar e desvendar a cultura e a história do vinho. “As atividades paralelas serão uma ótima oportunidade para quem deseja ingressar ou aprofundar seus conhecimentos sobre a arte de apreciar um bom vinho”, ressalta Eduardo. Confira abaixo a programação completa.

             Não fui na primeira edição do ano passado, mas dizem que foi bastante interessantes. Algo para conferir. Para ver a programação, roteiro de palestras e outras informações, acesse o site www.vinhoutlet.com.br

 

Assemblage Vinhos com Preços Muito Especiais, para os amigos da Granja Viana e região, acabou de chegar esta mensagem dos amigos Bete e Marcel que vale conferir.

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Salute e kanimambo

Desafio Bordeauxs Até R$100,00

Existem bons vinhos de Bordeaux abaixo de R$100? Sim existem e já são inúmeros os rótulos de vinhos originados Mapa bordeaux 2desta região disponíveis nos importadores e lojas. Há pouco tempo atrás estive num evento em que diversos desses rótulos foram degustados e daí a idéia de fazer este Desafio. Afora os vinhos provados e comentados no Garimpando Bordeaux, conheço diversos bons rótulos no mercado que mereceriam estar presentes neste Desafio de Bordeauxs até R$100, prova de que mesmo nessa região reconhecidamente cara, existe sim vida fora do universo dos grandes vinhos e não é pouca. Sejam da margem esquerda, direita ou entre entre-deux-mers este Desafio, junto com eventos como o de “Bordeaux ao seu Alcance”, promovido pelo CIVB (Conselho Interprofissional dos Vinhos de Bordeaux), visam divulgar essa mensagem e ao mesmo tempo compartilhar com os amigos algumas dessas descobertas.

             Estes Desafios de Vinhos que promovo, como já sabem aqueles que regularmente acessam o blog (valeu gente!), é itinerante e pretende não só falar dos vinhos, mas também falar dos novos lugares que conhecemos e compartilhá-los com o leitor. Desta feita vamos estar num lugar super especial e sobre o qual falo muito, mas ainda não tinha mostrado. É um local super aconchegante, charmoso, simpático e único na cidade em função de suas características, é a Vinea Store. Loja e importadora de vinhos com um incrível Jardim Gourmet, é um lugar idílico com vinhos para todos os gostos e, importante, bolsos também.

Clipboard Vinea 1

           Enviei um e-mail para os meus principais parceiros e alguns já apontaram seus representantes aos títulos de; Melhor Vinho, Melhor Custo x Beneficio e Melhor Compra. Outros ainda estão por se definir ou enviaram, mas ainda não chegaram o que talvez venha a resultar em algum “forfait”. De qualquer forma, eis alguns dos Desafiantes já confirmados com a Vinea podendo escalar dois por ser a anfitriã do evento:

  • Vinea Store – Chateau Desclau Cuvèe Marguerite 2002

                         –  Chateau la Raze Beauvallet 2005 – Médoc

  • Decanter – Chateau Noaillac 2005 – Médoc
  • D’Olivino – Château La Guérinnière 2005 – Saint Emilion
  • Zahil – Chateau Puycarpin 2006 – Côtes de Castillon
  • La Cave Jado – Cuvée Hommage 2003 – Côtes de Bourg
  • Expand – Chateau Le Monastere 2005 – Côtes de Bourg
  • Interfood –   Calvet Reserve Rouge Bordeaux 2005

Casa Flora, Ana Import, Vinci e Mistral ainda estão por definir, mas pelo menos um deles está confirmado só que tenho que soltar o post, então depois faço a revisão. Desta feita não sei se incluirei um vinho surpresa totalmente às escuras, ainda estou por definir, mas é algo que gosto de fazer já que dá um têmpero interessante à degustação. Depois detalho os vinhos, mas por enquanto fica a dúvida, quem será que faturará mais este embate? É as cegas, então tudo pode acontecer.

Aurora Blanc de Noir 004Como sempre, começaremos o Desafio preparando o palato para o que está por vir e para isso, poucos caldos são tão próprios quanto uma boa taça de espumante. Nesses dias, busco trazer rótulos menos conhecidos ou recém lançados para que a banca de degustadores possa conhecer esse novo produto que depois será compartilhado com os amigos leitores. Desta feita, provaremos o único Blanc de Noir brasileiro, de que tenho conhecimento, o Aurora Brut elaborado pelo método charmat com 100% de Pinot Noir. Eu já provei, mas não vou adiantar nada não!

Salute e kanimambo.

Garimpando Bordeaux

                Bem, o garimpo mesmo não foi feito por mim, eu só fui sorver do trabalho do CIVB (Conselho Interprofissional dos Vinhos de Bordeaux) em seu projeto “Bordeaux ao Seu Alcance” que tem tudo a ver com os objetivos deste blog. Como disse ontem, vinhos BGB (Bons, Gostosos e Baratos) existem em qualquer lugar e, mais do que nunca, há que se divulgar isso. Parece que os produtores e importadores, pressionados pela crise, finalmente veem descobrindo o que nós consumidores queremos, Qualidade com Preço, sendo este evento um claro exemplo disto.

                Muito bem organizado pela Cristina Neves num local muito bonito (Espaço Siquini Gourmet), o evento teve a participação de cerca de 15 importadores com algo ao redor de uns 80 ou 90 rótulos à prova. Nesta faixa de preços de até R$100,00, com alguns poucos desvios, os vinhos são mais jovens e prontos a beber não sendo rótulos de grande guarda apesar de que alguns podem evoluir com mais dois ou três anos de garrafa. Na grande maioria, no entanto, são vinhos já prontos a beber. Destes provei uns 28 a 30, na grande maioria bons, tendo cerca de uma dúzia deles se destacado. Falemos desses vinhos:

Casa do Porto, três rótulos entre eles o famoso Mouton Cadet, o Baron Nathaniel e o que mais me agradou, o Chateau Bastian 2005 Com 50% de Merlot, vinho muito saboroso, redondo, fresco e frutado sem grande complexidade porém bastante equilibrado e fácil de tomar. Uma boa relação Custo x Beneficio por R$65,00, o que acabou sendo uma constante no evento.

La Cave Jado, um pequeno e seletivo importador que tem por filosofia trabalhar com pequenos produtores e grandes sabores, escolhidos a dedo, ou melhor, a goles garimpados em diversas viagens pela região. Dois muito bons vinho; um mais leve e fácil de agradar porém já mostrando alguma complexidade e o outro um degrau bem acima, ambos da margem direita o que significa uma maior influência da uva Merlot no assemblage. O Chateau Piron 2005, um bom ano na região, é um vinho de médio corpo, pronto mas podendo evoluir um pouco mais em garrafa com uma entrada de boca cativante, taninos finos, cheio sem ser denso, boa acidez um vinho que agrada aos sentidos e ao bolso já que custa apenas R$59,00. O Cuvée Hommage 2003, um outro bom ano, apesar de características diferentes, mostrou-se um pouco mais fechado, complexo, de corpo médio para encorpado, fresco, boa estrutura e volume de boca, mostrando ser um vinho de guarda que deve evoluir bem por mais uns três ou quatro anos. Produção orgânica e um preço de R$92,00, o mais caro de seus vinhos, o que demonstra que este é um importador a se visitar e garimpar.

Decanter. Parceiro firme, importador sério e com ótimo portfolio trouxe quatro rótulos ao evento (Chateau Bel Air Perponcher branco e tinto, Chateau La Gasparde e Chateau Noiallac), todos bons porém com destaque para dois vinhos. O Bel Air Perponcher Reserve 2007 branco, um corte de Sauvignon Blanc, Sémillon e Muscadelle produzido pela família Despagne é muito saboroso, cítrico, balanceado e fresco por cerca de R$72,00 e o muito bom Chateau Noaillac 2005, corte de Cabernet Sauvignon/Merlot e Petit Verdot da sub´região do Medoc sendo produzido pelo conceituado Chateau La Tour de By. Um Cru Bourgeois de primeira com aromas de boa intensidade frutado e algo floral, na boca mostra-se ainda levemente fechado, mas já delicioso, complexo, estilo clássico da região, bem equilibrado, taninos aveludados, final algo mineral. Vinho para hoje e melhor ainda em mais dois ou três anos e o preço de R$104,00 é bem em linha com o que entrega.

Expand. Três vinhos entre eles um velho conhecido o Chateau David 2005, vinho simples, e saboroso porém sem grandes atrativos. Gostei bastantate do Clos du Roy 2006 branco que, apesar da safra, ainda apresenta uma boa acidez e conseqüente frescor assim como uma paleta olfativa muito aromática e convidativa. O destaque, no entanto, vai para o Chateau Le Monastère 2005 um mui agradável assemblage de Merlot/Cabernet Sauvignon e Malbec com12 meses de barrica. Frutado, intenso, bom volume de boca e final muito saboroso por apenas R$60,00, uma das muito boas relações Custo x Beneficio apresentados neste evento. Não presentes, porém ótimas sugestões também, são os Chateaus:  Rocher Calon, Jalousie e Plaisance sem contar a baba que é o Chateau Peyruchet Blanc.

Mistral. Dentro seu imenso portfolio, a agradável e simpática presença do Chateau la Gatte apresentado por seu proprietário. O elétrico e apaixonado, Michael Affatato um Ítalo-americano produzindo vinhos muito bons em Bordeaux junto com sua esposa francesa. Seu La Butte Vieilles Vignes (100% Merlot) representou os Merlots franceses em meu Desafio de Merlots do Mundo realizado ontem à noite. O resultado, bem esse é um outro assunto que postarei mais adiante.Foram quatro bons rótulos (La Gatte Rosé 07, com sabor e corpo de vinho, Domaine de Montalon 05, La Gatte Tradition 05 e La Butte Vielles Vignes 05) todos dignos de destaque. O que mais impressiona pela relação Custo x Beneficio e, nesse sentido, o melhor que vi no evento é o La Gatte Tradition 2005, um vinho jovem que não passa por madeira e está com um preço ao redor de R$45. Pleno de sabor, leve, suave, fácil de beber e harmonizar com os pratos de nosso dia-a-dia, mineral e harmônico, um grande achado que certamente virá a freqüentar minha mesa com uma certa assiduidade. O La Butte Vieilles Vignes 2005 é um Merlot produzido com vinhas de mais de 50 anos de idade, bem equilibrado, boa concentração, gostoso de se tomar e com um bom preço, ao redor de R$85,00, apesar de uma produção limitada. Domaine de Montalon 2005, o mais complexo deles todos, um vinho de muito boa estrutura, ainda firme, porém elegante na boca, vibrante mostrando um bom frescor, ótima textura, taninos finos e elegantes, um Bordeaux Superieur de primeiro nível e o preço é bem em linha com o produto, algo em torno de R$82,00.

Vinci. Três rótulos; Chateau Rauzan-Despagne Reserve 05, Chateau Saint-Marie 06 e, a meu ver, o destaque entre eles, o Legende R 2006, de Domaines de Baron de Rotschild, com tudo no lugar. Pronto, redondo, rico em sabores, sedoso e equilibrado, um vinho vibrante que enche a boca de satisfação deixando um gostinho de quero mais. O Preço ronda os R$90,00.

Vinea. Três rótulos; Chateau Grand Jean 2004, Chateau Desclau Cuvèe Marguerite 2002 e o Chateau la Raze Beauvallet 2005. Os dois últimos são ótimos e o Cuvée Marguerite 2002 (R$98,00) já me tinha sido recomendado pelo Luiz Horta. Como as sugestões dele dificilmente dão errado comigo, este mais uma vez comprovou uma certa sinergia de gostos. Muito bom corte de Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Malbec e Petit Verdot, com uma paleta olfativa intensa e frutada, frutos negros tipo cassis e nuances de couro. Na boca possui taninos sedosos, corpo médio, redondo e absolutamente pronto a beber com um final de boca algo especiado e de boa persistência. O Chateau La Raze Beauvallet 2005 (Mèdoc) foi o vinho que me virou a cabeça e me conquistou. Muito raramente numa degustação destas, tenho a capacidade de escolher um como o vinho da noite. Sempre tem alguns que me encantam por uma ou outra razão, mas desta vez cravei este vinho desde que levei a taça ao nariz e confirmei na boca. Um vinho que mostra ser ainda um pouco jovem, mas como a maioria dos bons vinhos, já mostra uma harmonia, riqueza de sabores e elegância de taninos que permite que seja tomado desde já e com muito prazer. Certamente evoluirá muito ainda, mas seu final de boca longo, bem fresco e frutado convida a mais uma taça. Tá, o preço está um pouco fora do combinado, está por R$127,00, mas ô R$27  bem pagos!

Vitis Vinífera. Mais uma das dicas do Luiz que tive que conferir. Não tive oportunidade de pegar preços, mas vi que o Luiz tinha mencionado em seu blog um preço ao redor de R$82,00 para o Chateau Lesparre 2002 de Michel Gonet (o mesmo do Champagne) que foi o vinho de maior destaque disponível no estande desta importadora do Rio de Janeiro. Macio, saboroso, bem equilibrado, boa estrutura, algo vegetal, taninos sedosos e um final de boa persistência. Realmente um bom vinho que agrada fácil, mesmo não sendo um vinho simples, e está prontíssimo para ser apreciado em toda a sua plenitude. Da linha de vinhos provados, o Lesparre Rosè e o Merlot também são vinhos muito agradáveis, simples, mas bem saborosos. Dependendo do preço duas interessantes escolhas.

Winery. Bons vinhos com bons preços. Dois vinhos em destaque; Grand Palais 2004, um vinho fácil, simples, macio e saboroso porém descompromissado sem grandes apelos emocionais, com um preço arrasador, em torno de R$35,00. O que mais me chamou a atenção foi o Chateau Giraud – Cheval-Blanc 2006 alguns degraus acima do primeiro, ainda um pouco fechado, mas mostrando taninos finos, elegante e amistosos, bem equilibrado, final aveludado e saboroso um bom vinho para acompanhar comida, mais do que para tomar solo e um preço muito camarada, por volta dos R$50,00.

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                Adorei a concepção do evento que vem demonstrar ao publico, através da imprensa e de formadores de opinião de nossa vinosfera, de que até da França chegam bons vinhos que cabem em nosso bolso. É isso que queremos e é isso que esperamos venha a ter mais divulgação, tanto é que a própria disseminação de blogs de vinho acaba sendo decorrência e indicação disso; a busca de bons vinhos a bons preços. Os grandes vinhos são ótimos, mas passam longe do poder aquisitivo da maioria do consumidor médio que não tem cartão corporativo e tem que trabalhar para pagar suas contas. Estes eventos mostram-nos que existe luz ao fim do túnel e não é um trem chegando! Parabéns aos promotores do evento, espero que ocorram mais do gênero com vinhos da Itália, da Espanha, de Portugal, da Austrália, Nova Zelândia, etc.

Salute e Kanimambo