Na Minha taça

Rosé com Good Vibrations

Casa do Lago Rosé é o nome deste exemplar de rosé português que tem tudo a ver com nosso verão. Realmente um vinho delicioso, muito fresco, frutado, cerejas frescas, leve mas não ligeiro! Cem porcento Touriga Nacional da região Lisboa, só passagem por inox, um mês em garrafa e já sai para o mercado, pronto a beber e a seduzir. Vinho para ser tomado jovem em seus primeiros três anos de vida, mas quanto mais jovem melhor. Vinho de verão, para acompanhar frutos do mar, comida japa, para bebericar com os amigos sem compromisso, mas com qualidade que é uma marca da DFJ que o produz. Cheio das medalhas, rs, foi apontado como o melhor rosé de 2016 pela revista portuguesa Grandes Escolhas. Para mim um vinho alto astral, vibrante que não me cansa e me faz feliz, sem frescuras, sem complexidades, que deixa a emoção tomar conta da razão, vinho para curtir sem parcimônia.

Se fosse uma música seria Good Vibrations dos Beach Boys e daí a chamada! rs Abra a garrafa, clique no link abaixo e depois me diga se estou errado! Preço de mercado em torno de R$80 uma boa pedida para este verão e férias de final de ano, eu curto e recomendo. Kanimambo e aos poucos retomarei o ritmo por aqui, tem coisa demais represada, saúde!

Crianzas na Confraria

Com Z mesmo porque falo de vinhos espanhóis que compuseram o kit do mês de Outubro da Confraria Frutos do Garimpo. Na Espanha para um vinho ser Crianza (conceito que vem de criar, de maturação e não de jovem) ele tem que passar um período mínimo de maturação de 24 meses antes de ser colocado no mercado sendo que com um mínimo de 6 meses em barricas, sendo que em Rioja, como em Ribera del Duero e algumas outras regiões, o Concelho Regulador determina nada menos do que 12 meses e o restante em garrafas.

Com o apoio dos amigos Juan e Alexandre da SYS (importadora dos vinhos), escolhi dois rótulos de vinhos Crianza para a confraria, bem diferentes um do outro, mas dois vinhos que certamente têm seu espaço na minha taça dependendo do momento e da proposta gastrônomica.

Marqués de la Carrasca Crianza 2014 é um corte de Tempranillo com Cabernet Sauvignon e Syrah que é algo incomum, mas dentro das normas da DO La Mancha, a maior região produtora de Espanha. Afora o equilíbrio, o que mais me chamou a atenção neste vinho foi sua acidez marcante. Sua “crianza” em barricas é de 8 meses, sendo 25% francesa e 75% americana, certamente usadas. No nariz, possui uma intensa presença de fruta muito bem integrados às sutis notas de carvalho. Na boca, mostra boa textura, corpo médio, com um final de boca de persistência média e fresca, deixando na boca aquele gostinho de quero mais. Fácil de agradar, pronto, a garrafa tende a durar pouco! rs Preço médio em São Paulo entre R$90 a 95,00.

Montes de Leza Crianza 2015, que belo Rioja com muito anos pela frente de garrafa. Possui, para quem ache importante, 90 pontos de James Suckling, medalha de prata no concurso de Bruxelas, vem de Alavesa a parte mais ao norte da DOC Rioja e é 100% Tempranillo com passagem de 12 meses por barrica nova que lhe dá aquele toque amadeirado típico dos vinhos desta região. Apesar de jovem já se mostra bastante integrado e equilibrado com a madeira presente, porém sem ser agressiva. Frutos intensos com destaque para ameixa escura fresca, a acidez é outro ponto que me chamou a atenção, bom volume de meio de boca, rico e complexo, encorpado mas não pesado e com grande persistência. Um vinho de outro patamar de qualidade, para outros momentos mais gastronômicos. No mercado (SP) por volta dos 170 Reais.

Dois bons vinhos Crianza, cada um com seu estilo e propostas próprias porém um só objetivo, nos dar prazer e isso eles fazem bem. Como sempre, você é o juiz, prove e tire suas próprias conclusões, certamente os confrades que levaram os kits do mês o farão.

Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui sempre que der. Saúde!

Bulldog Branco na Taça

Da DFJ, região Lisboa em Portugal, vem mais este vinho branco para me fazer companhia ao almoço de Sábado. Há mais de dez anos atendendo e servindo culinária chinesa, boa e de bom preço, por aqui na Granja Viana, o Xin Hua desta vez me trouxe um bom Chop Suey de frango para saciar minha fome neste Sábado algo morno.

Para ornar, e ornou (rs), um Bulldog Blend Branco. Um corte de Arinto, Fernão Pires (Maria Gomes), Alvarinho e Chardonnay sendo que este último passa por 12 meses em barrica francesa de primeiro uso. O saldo é um vinho muito bem elaborado de médio corpo (Chardonnay e Fernão Pires garantem isso), fresco (Arinto e Alvarinho), uma certa untuosidade, bem seco, equilibrado, notas cítricas, toque mineral, boa persistência, uma boa surpresa na taça com preço ao redor de R$80 em média no mercado de São Paulo.

A harmonização ficou muito boa e acho que acompanhará bem carnes brancas em geral, peixes, crustáceos, ceviches um vinho bastante versátil e gastronômico, gostei. Como sobrou, de Sábado sempre sobra, terminei com ela fazendo mais um teste, desta feita com um Risoto de Camarão home made.

Gente, o que eu já tinha gostado, agora extrapolou! Terminei o Risoto com queijo Brie, a liga foi perfeita e me lambuzei tudinho!! rs Harmonizar não é, nem deve se tornar uma obsessão, mas convenhamos que quando orna a coisa muda de patamar ainda mais se bem acompanhado e eu, há 43 anos, ando bem acompanhado, praise the Lord, o que torna qualquer tentativa de harmonização meio caminho andado! rs O prato ganhou peso e untuosidade que se casaram à perfeição com o vinho, sábia escolha esta. rs

Enfim, esta garrafa veio da Lusitano Import que me enviou o vinho para prova e como gostei, cá estou compartilhando com os amigos, prove você e comprove, faça seu próprio juízo de valor, pois essas são apenas as minhas impressões.

Por hoje é só! Kanimambo pela visita, saúde e até um próximo encontro.

E Santa Catarina Segue Surpreendendo!

Há muito que digo que o futuro de vinhos finos de qualidade no Brasil está aqui e na Campanha Gaúcha. Este espumante em minha taça é mais uma prova disso, Panceri Brut Champenoise.

A Vínicola Panceri, inaugurada em 1990, está localizada em Tangará, no meio oeste Catarinense a cerca de 1000 metros de altitude, faz parte de uma região pouco explorada pelo enoturismo em função da falta de um aeroporto de acesso, o de Caçador está inativo, uma pena. Na região encontramos també a Villaggio Grando (Água Doce), Santa Augusta (Videira), e a Kranz (Treze Tilias) , ótima pedida para um passeio de 3 dias pelo pedaço, especialmente para quem puder se deslocar de carro. Fica longe do outro foco do vinho catarinense, a região de São Joaquim, então difícil visitar as duas de uma só vez, viagem para mais de uma semana!

Eu não conhecia os vinhos desta vinícola, mas aproveitando que uma amiga estava por lá, pedi uma caixa com uma amostra diversa de seus vinhos e já me deliciei com o primeiro que abri, até porque aprecio muito provar coisas diferentes. Na taça, Panceri Brut elaborado pelo método clássico (champenoise) com Sauvignon Blanc, eis aí algo que eu ainda não tinha provado! Nossa vinosfera é pródiga nisso, há sempre algo novo a ser provado, cuidado com aqueles que dizem saber tudo, já é falso em geral, mas neste mundinho impossível!! rs

Medalha Gran Ouro no Concurso Mundial de Bruxelas 2017 (realizado no Brasil), o espumante é muito bem feito, com bonito colar de espuma, ótima e abundante perlage, muito fresco na boca, frutado, cítrico, com sutis notas de brioche roubou a cena num “chá” da tarde (rs) com amigos em que estavam presentes um Rioja e um Petit Verdot chileno. Se mais garrafas houvessem, mais seriam bebidas, ficou na boca um retrogosto de quero mais! Lá, na vinícola, custa 60 pratas, tremendo preço, porém aqui em Sampa (se acharem) acredito que deva chegar por volta de 75 o que segue sendo uma ótima relação PQP (Preço x Qualidade x Prazer).

Tenho outros rótulos a provar e se tiver algo mais que me surpreenda novamente virei aqui compartilhar com os amigos. Este eu assino embaixo e fiquei com vontade! rs Saúde, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui.

Balthasar Ress Riesling Trocken, Gostei!

Dificuldade danada de encontrar um Riesling minimamente com qualidade a um preço razoável, já nem falo barato porque os vinhos alemães não primam por preços acessíveis, especialmente em terras brasilis. Este gostei bastante, numa faixa de gama de entrada o vinho satisfaz tanto em qualidade como em preço, eureca!

É um vinho da gama de entrada dos vinhos alemães (vinhos de mesa) que têm uma classificação algo diferente e bastante desconhecida da maioria dos seguidores de Baco, então aproveito para colocar aqui o gráfico para uma melhor apreciação e clicando neste link você acessa um artigo da Wine Folly (em inglês!), explicando o que é o quê, mas desde já dando um toque, Trocken quer dizer seco.

Bem, voltando ao vinho, não se deixe levar pelo fato de ele ser um “vinho de mesa”, porque queria eu tomar um vinho de mesa assim todo o dia! A Riesling, em função de sua grande acidez, envelhece muito bem e este exemplar jovem, segue muito jovem mesmo com três anos de sua colheita. Leve, mas sem perder sabor, nectarina, notas petrolatas (existe essa palavra? rs) sutis demonstram sua vibrante mineralidade, um vinho que dá enorme prazer tomar. Deve ser um grande companheiro para frutos do mar grelhados, vieiras, pratos da culinária japonesa e peruana, mas eu me diverti mesmo foi com umas torradinhas e queijo Lua Cheia da Serra das Antas, uma iguaria que casou à perfeição.

Com preço variando entre 113 a 130 reais, vale cada centavo em nossa realidade tupiniquim e certamente visitará minha taça mais vezes especialmente agora que a primavera se aproxima com um calor intenso. Tempo para desfrutar de pratos leves e vinhos idem, sem perder qualidade nem sabor, gostei e recomendo!

Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou por aí em qualquer lugar desta nossa imensa vinosfera. Aliás, aproveito para pedir aqueles que receberam um questionário de pesquisa meu, que por favor o respondam. Sei que é um pé, mas me ajudariam sobremaneira e fico desde já muito agradecido se o fizerem. Se não receberem e quiserem me ajudar com seu voluntariado, rs, me avisem nos comentários abaixo que darei um jeito de vos enviar. Saúde

Cara Sucia, Gostei!

Gostei, ponto! Aliás, gostei muito porque me deram enorme prazer tomar e me deixaram feliz. Afinal, o que é esse tal de Cara Sucia? Cara Sucia é um projeto dos irmãos Durigutti que dispensam apresentações, produtores de vinho em Lujan de Cuyo (Las Compuertas), Mendoza numa bodega inicialmente criada em 1959 e comprada pelos irmão em 2008. Na época essa bodega tinha uma capacidade para algo ao redor de 700 mil litros, mas a família já elevou essa capacidade para mais de 2 milhões. Seus vinhos “tradicionais” são altamente premiados por gente como Robert Parker, Wine Spectator, Wine & Spirits, Wine Magazine, Stephen Tanzer, Jim Atkins, James Suckling e outros ban-ban-bans da critica mundial. Aqui eles se dão ao luxo de voltar às origens com vinhos de uvas pouco conhecidas e valorizadas, em pequenas produções buscando vinhedos no leste de Mendoza, em Rivadavia, região menos midiática. Eu gostei muito do que provei e tomei, por isso estar aqui compartilhando com vocês estes dois rótulos.

Cara Sucia Cereza – mal sabia eu que esta uva existia! É uma uva criolla, dos tempos coloniais, cruzamento da Moscatel de Alejandria com a Listan Prieto. Vinhedos antigos (1940) e orgânicos, engarrafado sem filtrar nem clarear, somente 3 mil garrafas produzidas. Sem passagem por madeira, somente ovos de cimento, é um vinho que a maioria das pessoas, que como eu provou, o definiu como vibrante e divertido. Seus 13,5% de álcool são imperceptíveis, fresco que nem um branco, taninos quase inexistentes, cor brilhante cereja claro, seco, é vinho que surpreende, encanta e nos seduz. Não é Rosé, não é tinto, é um Claret! Uma experiência diferente para tomar de golão e que deixa em seu final um persistente sorriso no rosto. Já comprei algumas garrafas para minha adega pessoal.

Cara Sucia Cepas Tradicionales – mais uma viagem dos irmãos!  Bonarda, Syrah, Sangiovese, Cardinale, Beiquiñol, Barebera, Buonamico cofermentados. Vinhedos orgânicos antigos, também de 1940, leveduras autóctones, ovos de cimento, engarrafado (só 5 mil garrafas) sem filtrar nem clarificar. O conceito é o de menor interferência enólogica possível o que costuma me assustar um pouco, mas ao abrir a garrafa todos os possíveis preconceitos caem por terra. Nariz que pede para levar a taça à boca, fruta fresca, ervas, taninos sedosos e amáveis, muito boa acidez, absolutamente delicioso na boca, um vinho guloso que pede a próxima taça e acaba rapidinho. Sem protocolos, nem grandes harmonizações, é um vinho acima de tudo muito prazeroso de se tomar.

Os vinhos acabaram fazendo parte da seleção de Agosto da Frutos do Garimpo, espero que os amigos que levaram kits os curtam como eu. É isso por hoje, kanimambo pela visita e vem comigo a Santa Catarina? Saúde e nos vemos par aí nas curvas sedutoras de nossa sempre surpreendente vinosfera.

1982, O Vinho!

Um dos destaques provados na Vinhos de Portugal deste ano no J.K. em São Paulo, um vinho surpreendente! Antes de falar sobre o vinho, deixa eu compartilhar o que a Revista Adega falou dessa safra; 1982 – Talvez a mais aclamada e unânime safra de todos os tempos para a França, Itália, Espanha e Portugal, que produziram vinhos espetaculares em diversas de suas regiões .

Ao sentir seus aromas e colocá-lo na boca as sensações eram de um Moscatel, mas ledo engano, este vem da região Lisboa! Aos poucos me dei conta que estava provando um vinho com história, um Fernão Pires (uva branca regional portuguesa conhecida no Norte de Portugal como Maria Gomes) fortificado que a Vidigal Wines descobriu num cantinho de uma vinícola que eles arrendaram vizinha da sua, coisa rara que não sei se um dia será repetida e, certamente, eu não verei. A herdeira (neta) não sabia ao certo o que aquelas barricas continham e, para surpresa de todos, o pessoal da Vidigal se deparou com esse vinho fortificado, lá conhecido como licoroso. Essas barricas geraram apenas sete mil garrafas, tendo algumas delas chegado até nós, ainda bem!

Casa do Cônego 1982 é o nome desta belezura e a garrafa de 375ml com lacre de cera é um charme à parte confirmando que grandes perfumes vêem em pequenas embalagens, umas gotinhas deste verdadeiro néctar atrás das orelhas deve garantir interessantes fungadas! rs Brincadeiras à parte, o vinho possui uma sedutora e complexa paleta olfativa onde se destaca um certo floral, notas de frutos secos e daquela casca de laranja confitada. Na boca os frutos secos estão bem presentes, figo, notas de mel de laranjeira, caramelo, uma acidez incrível equilibra a doçura tornando-o especialmente prazeroso de se beber e o álcoól de 16.5% some no conjunto harmonioso. Panetone de frutas, torta de amêndoas ou noz pecan, doces conventuais portugueses, queijos fortes, foie gras (para quem gosta e pode, rs), creme catalana, apfelstrudel, solito num final de refeição, bão demais da conta e quem fez esse vinho há 37 anos atrás está de parabéns!

Com preço no mercado entre 180 a 220,00 Reais, é um vinho cativante para quem, como eu, aprecia este estilo porém fica uma certa tristeza ao final pois não haverá outro tão cedo. Para mim uma grande surpresa que me agradou sobremaneira e portanto assino em baixo.

Uma boa semana, kanimambo pela visita e fica a pergunta, já se programou para a prova de Vinhos & Queijos que estou promovendo na Vino & Sapore? É, não esquece e se puder ajudar a promover junto aos amigos eu agradeço. Veja mais clicando aqui.

Surpresa na Taça, Mistérios de Nossa Vinosfera

Minha amiga Paula Kerr foi durante anos proprietária de uma importadora de vinhos, a saudosa Vínica, e parceira tanto aqui no blog quanto na Vino & Sapore. Ficamos órfãos de um monte de bons rótulos e produtores com preços moderados, verdadeiras pepitas. Um desses vinhos foi o Roncier em duas versões e as duas deliciosas! Um era um branco realmente vibrante e o outro um tinto muito agradável, guloso, para tomar muitas garrafas e em ambos os casos era um vinho não safrado, de origem e uvas desconhecidas ou, pelos menos, não divulgados.

O produtor (L. Tramier & Fils) tinha diversos rótulos da Borgonha onde é sediado, então desconfiamos que algo de Pinot e Gamay certamente compunham o corte do tinto, mas tinha algo mais já que também possuíam rótulos do Rhône e a Granache e/ou Mouvédre poderiam eventualmente também andar por aqui, mas realmente isso não importa! rs  Vinho relativamente simples, bem feito, bastante frutado de taninos suaves, corpo médio e de bom preço, vinho para ser tomado jovem, um verdadeiro Vin de Bistro, sem compromissos mas cumpridor.

Cerca de 5 anos depois, arrumando a loja descobri uma garrafa misturada a outras, perdida! A essa altura de campeonato, pensei eu, já era, virou vinagre e vender jamais, então trouxe para casa. Por aqui ficou na adega mais uns seis meses até que Sábado passado a abri e ledo engano, eta vinho bão!! Incrível como o vinho prega essas peças na gente, um vinho simples sem grandes expectativas, que já deveria estar moribundo , envelheceu maravilhosamente bem. Esses mistérios sem explicação que o vinho volta e meia nos traz é que faz com que esse mundo seja tão cativante e intrigante.

A cor já mostrava a idade, os aromas terciários se mostraram de forma sutil, mas a boca, ah a boca! Fruta ainda bem presente, algumas notas mais terrosas, sous-bois, uma acidez ainda bem presente, taninos aveludados de boa persistência, puro prazer e a garrafa acabou rapidinho tendo sido companhia para um risoto de funghi. Curti demais, pena que não tenha “perdido” umas duas ou três garrafas dessas. rs

Agora, para quê falar de um vinho que não existe mais no mercado e, provavelmente, foi a última garrafa que tinha sobrado no mercado? Primeiro porque quem sabe alguém se habilita a voltar a trazer estes vinhos, entre outros do mesmo produtor, e segundo para demonstrar que mesmo com anos de litragem nas costas as surpresas se multiplicam, os vinhos nos demonstram que até os mais lógicos conceitos podem cair por terra a qualquer momento, que não existem verdades absolutas e que por tudo isto nossa vinosfera é tão sedutora. Por isso digo que há que desconfiar daquele que diz saber tudo em nossa vinosfera.

Quem gosta de sentir sempre os mesmos sabores, aromas e reproduzir as mesmas sensações não deve viajar por este planeta vínico, seu lugar, com todo o respeito, é no de destilados e mais não digo. Kanimambo pela visita e um toque, a degustação de Quinta-feira próxima, Destaques Chilenos do Guia Descorchados, teve um cancelamento e temos duas vagas a preencher! Uma ótima semana a todos, saúde

Cheers, Salud, Prosit, Sané

Piccini Mario Primo, Grata Surpresa!

Anteontem meu dia começou assim, provando nove vinhos depois de 1:45hrs num trânsito impossível, quase desisti, mas fiz bem em persistir mesmo com o atraso na chegada. Picini é um produtor que viaja pelas regiões e uvas italianas na elaboração de seus vinhos com cortes diferentes e criativos na busca de algo diferente. Mistura Puglía com Sicília e Abruzzo, tem Toscana com Marche, uvas tintas com brancas e “até” os clássicos Chiantis e Brunellos. rs A Vinci convidou e aceitei de bom grado, foi bastante interessante.
Destaque para seu Rosso di Montalcino [USD59,50] um vinho de boa tipicidade com uma perfil aromático de boa intensidade que convida à boca e boa persistência, um bom Chianti Riserva sem muita potência primando pelo frescor e de bom custo x benefício [USD27,90] mas o vinho que mais curti, vibrante e diferente foi o Mario Primo Toscana Rosso 2015.

Vinho tinto leve, para tomar a 10°C elaborado e com estágio somente em tanques de cimento, para tomar de golada acompanhado de amigos e bom papo. Blend de Sangiovese, Merlot, Canaiolo (tintas) com um toque de Trebbiano e Malvasia (brancas) muito frutado, fresco e vibrante, afora acompanhar, para quem prefere os tintos, aquele prato de queijos e embutidos e acho que se daria bem com Fondue de Queijo e Paella Marinara. O preço de USD23,69, a Vinci usa hoje taxa de 3,69 então 88 Reais, seria melhor se fosse 20 doletas (rs) e compraria de caixa, mas não chega a ser exorbitante vis-à-vis nosso mercado tupiniquim do vinho. Ah, ia-me esquecendo de mencionar, o rótulo e formato da garrafa são um charme à parte!

Kanimambo pela visita, saúde e nos vemos por aí em algum dos caminhos de nossa vinosfera!

Salute, Prosit, Cheers, Salud

Um Torrontés Para Quem Torce o Nariz!

É, preconceito de monte com essa uva branca ícone dos hermanos argentino, parcialmente justificável pelo histórico, porém de uns dez anos para cá o perfil tem mudado muito. Por insistência da amiga Cristina Passos após ter provado, me deliciado e aprovado o vinho de Criolla elaborado pelo mesmo produtor, ontem provei este vinho. Vinho para quebrar qualquer preconceito para com esta uva e, para quem gosta, uma tremenda de uma viagem!

Vallisto Torrontés 2018, belo exemplar da uva Torrontés da altitude (1800 metros) de Cafayate (Salta) que ao sair da geladeira e às cegas nos leva a viajar por outras uvas como a Sauvignon Blanc e Chenin Blanc, porém após algum tempo em taça com aumento de temperatura se mostra de forma diferente ganhando estrutura e complexidade surgindo notas florais sutis tipicas da casta. Um vinho para ser tomado não a oito graus, mas a 10 ou 12, ganhando untuosidade + complexidade e a mineralidade aflora com tudo, uma viagem de descobrimentos que recomendo.

A Torrontés, de vinhedos antigos com cerca de 60 anos, é a protagonista com 90%, o que pela legislação vigente o classifica como um varietal, porém foi adicionado um tempero extra de 6% de Viognier que certamente ajuda no corpo e textura, assim como Chardonnay que lhe aporta um pouco mais de complexidade e elegância. Frutos tropicias, ótima acidez, médio corpo, sutil floral, notas cítricas no final de boca como fizeram falta umas empanadas, mas um ceviche também ia bem!! rs Sur lie de 6 meses, 40% do vinho estagia por seis meses em barricas de carvalho usadas e o restante permanece em tanque até que seja feito o blend final para engarrafamento.

Gostei muito, equilíbrio perfeito, sem arestas nem excessos, marcante, um vinho que certamente encontrará abrigo na minha adega e frequentará minha taça com uma certa assiduidade. Preço entre 115 a 130,00 Reais o que, no nosso contexto tupiniquim vale, porém seria ótimo se estivesse abaixo de 100! rs

Bom fim de semana com bons vinhos e não importa se brancos, rosés ou tintos o clima está bom para isso e se adicionar um fondue então, aí dá namoro! rs Kanimambo pela visita, saúde