Montalcino Não é Só Brunellos

Para os amantes do vinho há regiões no mundo que são pura idolatria; Douro, Rioja, Bordeaux, Champagne, Mosel, Piemonte e Toscana, entre muitas outras. Na Toscana, Montalcino e seus Brunellos e Rossos de Montalcino (elaborados com 100% da casta Sangiovese Grosso) reinam absolutos, porém a Toscana tem outras regiões incríveis que pouco são divulgadas ao consumidor e o mesmo ocorre com Montalcino que não é feita só de Brunellos!

Afora esses ícones da vitivinicultura italiana toscana, Montalcino possui outros DOCs;

  1. Sant’Antimo DOC fundada em Janeiro de 1996 – Tanto Bianco como Rosso, elaborado com todas as uvas autorizadas na Toscana. Os tintos pode também ser elaborado em varietal, porém nesse caso deverá se especificar a uva no rótulo, mas restrito somente às castas; Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Nero. Nos brancos; Chardonnay, Sauvignon Blanc ou Pinot Grigio. Também se produzem Vin Santo branco e tinto nesta mesma DOC.
  2. Moscadello de Montalcino – apresentado tanta na forma de espumante como de vinhos doces de sobremesa.

Bem, depois dessa pequena introdução, deixa eu falar para vocês do vinho que provei no Winebar promovido pela Expand com um vinho DOC Sant’ Antimo, o IRRosso diIR Rosso Casanova di Neri 2013, não confundir com o Rosso di Montalcino que é outro vinho, deste conceituado produtor de Brunellos! Aqui a Sangiovese é complementada por uma parte de Colorino (muito usada em Chianti), com passagem de 15 meses por barrica e mais 6 meses em garrafa antes de sair para o mercado. O vinho mostrou bem a marca da casa produtora que, pelo menos do que já provei, possui um estilo mais austero, mas não duro!

Cor escura (muito jovem), aromas terrosos, frutos negros, boca densa, de ótima textura e volume de boca, concentrado, taninos presentes, firmes mas sem agressividade, longo, um belo vinho que pediu o que não lhe dei, um tempo de aeração, creio que se mostraria mais com 30 a 45 minutos no decanter. Vinho que promete muito com mais uns três anos de garrafa para quem puder guardar. Eu após complementar meus sessenta anos, não guardo mais nada a não ser meus Porto Vintage! rs

Passou por cima de meu Caldo Verde, é o que tinha no momento (rs), mas posteriormente preparei um sanduíche de chouriço português e aí o baile ficou legal, pena que a bateria do celular tenha ido para a glória! O sanduba talvez não tenha feito jus à nobreza do vinho (R$180), mas não é de hoje que alguns casamento entre realeza e plebe dão certo, este deu! rs

Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui ou vem passear comigo pelos vinhos de altitude de Santa Catarina dia 28 de Outubro a 2 de Novembro. Detalhes em elaboração, mas como serão somente 12 vagas, me avise desde já de seu interesse e lhe enviarei roteiro completo em primeira mão tão logo esteja pronto.

Bellini, Um Drink De Sucesso

Há algumas semanas tive a oportunidade de conhecer um drink que está fazendo sucesso no Brasil, o tal do Bellini. Eu conhecia o craque, o capitão que levantou a primeira taça do mundo para o Brasil em 58, mas agora a convite do Winebar e da Expand, provei o drink que tem origem em Veneza, mais Belliniprecisamente no famoso Harry´s Bar, tendo a vinícola Canella (sobrenome do fundador, nada a ver com a especiaria) o conseguido engarrafar em 1988 após diversos estudos e tentativas.

Tenho um profundo respeito pelo Otavio Piva (Expand) que tem história em nossa vinosfera tupiniquim sempre sacando um coelho da cartola quando menos se espera ou dando aquele drible de deixar o adversário sentado no chão num momento crucial do jogo e marcando o gol. Mais uma vez ele comprova essa aptidão, esse feeling que poucos têm e que faz a diferença, com as vendas demonstrando isso. Parece que trazer o Bellini foi mais uma certeira tacada dele já que e o mercado Brasileiro rapidamente se tornou o quarto maior mercado do mundo para o produtor.

Afinal, o que é um Bellini? Não, não é vinho, é um drink à base de Prosecco, o contra rótulo indica ser um frisante, com adição de suco de um pêssego branco especial da região e umas gotas de framboesa para lhe dar cor e com apenas 5% de conteúdo alcoólico. Cá entre nós, não fez a minha cabeça, mas o Champagne Ice também não faz o menor sentido para mim, então isso não quer dizer grande coisa porque o consumidor está comprando bem ambos! Colocar gelo num Champagne é que nem colocar guaraná num whisky 12 anos, acho que há opções mais baratas que darão o mesmo efeito, mas cada um escolhe e gasta como quer então há que respeitar o poder do marketing e o gosto do consumidor.

Achei doce demais e gelar a dois graus como recomendado me parece um paliativo meio sem propósito já que a essa temperatura nada perdura nem sabores nem aromas, porém tenho que confessar que ficou mais apetitoso quando adicionei duas pedras de gelo e também quando adicionei um pouco de espumante brut que tinha aberto. Harmonizá-lo com comida me parece uma aberração, porém umas frutas cítricas poderão até dar certo, mas eu o tomaria como simples aperitivo, descompromissadamente, gelado a uns 5 ou 6 graus sem acompanhamentos a não ser um bom papo ou piscina e, no meu caso, com gelo ou uma adição de uns 20% de um espumante brut bem cítrico e fresco.

Como o consumidor brasileiro tem uma certa queda pelos docinhos, me parece que o sucesso está garantido mesmo a cerca de 85 pratas a garrafa. O drink da moda e da high society que já gera algumas novidades com versões outras como o Rossini com polpa de morango.

Salue, kanimambo e até Segunda quando volto a falar de minha última viagem à Argentina, ainda na Patagônia. Enquanto isso, dê uma espiada no roteiro da Wine & Food Travel Experience para Mendoza dia 21 de Janeiro, IM-PER-DÍ-VEL!! Bom fim de semana

Dois Espumantes, Dois Momentos, Duas Propostas, Dois Mundos

     Duas mancadas minhas ao não participar dos encontros promovidos na Winebar com a Salton e a Maxime Blin, casa produtora de Champagne trazida ao Brasil pela Vinea.  Com o advento da loja, há dias em que o domínio do tempo sai de meu controle já que o cliente tem sempre a preferência, porém no Domingo comecei a recuperar esse tempo e abri duas garrafas. Foi um almoço regado a espumantes; um da Salton, brasileiro, com uma proposta mais ligeira que foi tomado de entrada e o Máxime Blin Rosé, francês, com uma proposta mais séria que foi tomado DSC02993com o prato principal.

Salton Intenso Brut elaborado com Malvasia pelo método Charmat e é um vinho de cor bem clara, ligeiro, de boa intensidade de borbulhas, algo floral (flores brancas) no nariz, sensação de final de boca levemente doce, fresco com um toque cítrico. Espumante que deverá ter uma aceitação muito boa no mercado já que é lançamento para este final de ano, tanto por ser um vinho fácil de agradar quanto pelo preço que deve estar por volta dos 30 Reais. Neste almoço acompanhou as entradas de bolinho de bacalhau e queijo boursin com tomate seco servido com torradinhas. Uma harmonização simples e ligeira que cumpriu seu papel.

Champagne Máxime Blin Brut Rosé, hora do prato principal! “Autre Chose”, como diriam os DSC02995franceses, em todos os aspectos inclusive preço, como seria de se esperar, de um vinho desta famosa região elaborado com 100% Pinot Noir. Surpreende ao ser colocado na taça por sua cor acobreada, brilhante e intensa, textura cremosa pouco usual, porém parcialmente explicado em função de 15% do vinho base usado ser tinto e envelhecido por um ano antes da elaboração do espumante, creio eu. Espumante com ótima perlage, fina e persistente, colar de espuma presente e duradouro, mostrando-se bem encorpado pedindo um prato á altura. Meu risoto de lulas não foi páreo e creio que um prato mais estruturado e condimentado (Camarão à Mary Stuart?) deverá se dar melhor com este Champagne algo diferente com uma personalidade marcante e muito própria. As sensações na boca nos lembram frutos do bosque, um toque de frutos secos e até notas de uma certa evolução com a Pinot bem mais marcante do que o usual num espumante de, aparentemente, maior extração, um vinho diferenciado e complexo que a Vinea traz com exclusividade e custa algo ao redor dos R$275,00.

Dois Mundos, duas propostas, dois momentos em dois espumantes bem diferentes entre si. Uma bela experiência sensorial que abrilhantou mais um gostoso encontro familiar no almoço de Domingo. Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos.

Surpresas com Espumantes Chilenos

Sempre tive um pé atrás com relação aos espumantes do Chile que a meu ver sempre estiveram bem atrás nos nossos, até porque acredito que tanto em quantidade como em qualidade e também preço, estamos na frente dos Hermanos tanto chilenos como argentinos! Há bons espumantes em ambos os países, reconheço, porém sem o volume de rótulos de qualidade e muito menos de preço, mas os rótulos que tenho provado têm me surpreendido, inclusive no preço onde os  brasileiros nadam de braçada. Aliás, eis aí um mistério que nunca consegui desvendar, porquê os produtores nacionais conseguem produzir tão bons espumantes de forma competitiva e empacam tanto nos vinhos tranquilos?! Pelo menos até agora ninguém me deu uma resposta minimamente plausível, quem sabe alguém se aventura?

Enfim, voltemos ao tema do post! Dos espumantes chilenos, tive a oportunidade de provar dois recentemente, um trazido pelos amigos Marcia e Marc e outro agora, advindo da degustação do WineBar promovida pela Wines of Chile, ambos curiosamente rosés. O primeiro foi tomado na companhia dos amigos, foi o Undurraga Rosé, elaborado com 100% Pinot Noir, um espumante que nos surpreendeu por sua cor intensa, estrutura e ótimo DSC02966equilíbrio, boca seca e frutada com uma perlage muito boa. Um bom espumante que tomado na companhia dos amigos ficou melhor ainda.

Agora me chega este Santa Digma Estelado Rosé da Miguel Torres Chilena que tomei em dois estágios. O primeiro enquanto preparava o almoço de domingo (um sloppy sunday), adoro cozinhar com vinho (rs), um gostoso risoto de lula e o segundo acompanhando o prato. Este já surpreende na cor, um rosado claro, brilhante e sedutor, mas a maior surpresa vem quando você olha o rótulo e vê que ele foi elaborado com a uva País. Já vi alguns produtores trabalhando com esta uva secular  que chegou ao Chile pela mão dos colonizadores espanhóis no século XVI, porém ainda são raros os vinhos de qualidade no mercado. Até pouco, era somente usada para a produção de vinhos mais rústicos e sem expressividade, baixo teor alcoólico e alta acidez. Aos poucos, os grandes produtores começam a trabalhar e a descobrir as riquezas desta uva, sendo que este espumante já por dois anos seguidos foi considerado o melhor do Chile.

DSC02968Posso dizer que sobrou nada para contar a história! Tomei quase que solo e desceu muito bem. Tanto como aperitivo refrescante enquanto preparava o rango, como acompanhando o risoto que leva um pouco de pimenta e biquinho e um leve toque de tempero de paella o que contrastou muito bem com o frescor do Estelato.  Bem seco, nariz sutil e delicado, acidez acentuada, perlage muito fina e abundante, creio que se dará bem também com crustáceos, camarões grelhados, manjubinha (lembram!) e queijos de cabra como aperitivo ou solo! Um belo e surpreendente espumante que está no mercado por volta dos R$75 mais ou menos dez. preço justo, porém já vi por R$65 e aí eu acho uma barbada.

A foto com o prato não ficou aquelas coisas, a garrafa já estava pela metade (rs), mas dá para ter uma ideia! Ainda preciso ter umas aulas com a amiga Nádia Jung, quem sabe aprendo algo sobre fotografia. De qualquer forma, creio que minhas aptidões são outras! Salute, kanimambo e um brinde rosado a uma deliciosa semana para todos.

Perez Cruz Cabernet Sauvignon Reserva, um Básico de Peso!

Digo básico porque este é o rótulo de entrada desta pequena família de produtos da Perez Cruz que somente produz oito diferentes rótulos e um dos pioneiros em adotar o nome de COT (originalmente usado em Cahors na França – “Côt Noir”) para a Malbec no Chile, porque de básico só tem o preço que se mantém estável já faz uns dois anos! Esta é mais uma das garrafas que recebi quando do WineBar promovido pela Wines of Chile e é sempre bom rever alguns vinhos após uns anos pois checamos a quantas anda o vinho e nossa capacidade sensorial quando comparamos notas após 3 anos.  

  • Em Fevereiro de 2010 sobre a safra 2007 escrevi – “é o Reserva Cabernet SauvignonClipboard Perez Cruz CS Res responsável por 75% da produção da vinícola. É um vinho de muito boa tipicidade, frutado, taninos redondos, macio, muito equilibrado com um final muito agradável, porém um pouco curto. Um belo Cabernet chileno por um preço bem acessível, por volta dos R$65,00”. Importadora na época, Wine Company
  • Em Setembro 2013, safra 2011 – pode ser impressão minha, porém o vinho me parece que ganhou corpo. Está mais estruturado, meio de boca mais denso porém mantendo os frutos negros bem presentes e os taninos aveludados que são sua marca registrada. O final de boca continua muito agradável e levemente especiado porém ganhou a profundidade que não senti antes. Madeira e álcool muito bem integrados, nos trazem um conjunto realmente apetecível e guloso que vale muito o preço sendo um  dos bons achados chilenos disponíveis em nosso mercado a um preço que varia entre os R$55 a 65,00. Importadora hoje, Vinho Sul.

Não sei se eu mudei ou se o vinho que na safra atual leva um “tempero” de 5% entre Syrah e Carmenére ou, ainda, seja algo a ver com a safra, ou se todos os antes citados, porém gostei mais deste último. Desse WineBar ainda tem mais alguns vinhos por provar e assim que der os comento aqui, mas por hoje é só. Salute e kanimambo pela “audiência”. rs

Tinto & Branco Chilenos na Taça

Não tive a oportunidade de participar do Winebar da Wines of Chile que antecedeu a Wines of Chile Tasting e lançamento oficial das novas denominações (áreas) Costa, Entre Cordilleras e Andes, então vou colocando aqui minhas impressões sobre os vinhos provados conforme os for degustando.

Comecei por uma dupla de tinto e branco de Casablanca, área da Costa na nova denominação. Mesmo a foto não sendo das melhores, nas taças estavam o Ventisquero Reserva Pinot Noir e o Terrunyo Sauvignon Blanc da Concha y Toro. Cada um do seu jeito e no seu patamar de qualidade e preço, foram bem na minha taça, sendo que o Terrunyo extrapolou por sua exuberância. Falemos dos vinhos e do que senti deles:

A Ventisquero produz bons vinhos em diversas gamas de qualidade e eu gosto bastante dos vinhos da família Queulat em especial o Merlot. Este Pinot Noir se mostrou muito agradável mostrando fruta abundante no nariz e uma cor rubi demonstrando uma extração maior o que é típico dos pinots chilenos. Na boca está bem redondo, saboroso e frutado fácil de gostar, boa acidez, taninos delicados como manda o figurino e um final com uma certa mineralidade. Cumpre bem seu papel considerando-se que é vinho na casa dos R$45 a 55,00 nos dias de hoje.

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Terrunyo Sauvignon Blanc da Concha y Toro, vinho de pontuação média, pelos grandes critico mundiais, ao redor de 90 pontos com alguns picos. Mudamos de patamar, não subimos um degrau, pulamos alguns! Nunca tinha tomado este vinho e tenho que confessar que me surpreendi pois é dos melhores Sauvignon Blanc que já tomei , não só do Chile mas das Américas. Paleta olfativa gostosa em que notas cítricas, maçã verde e notas de orvalho matinal nos fazem viajar um pouco. Na boca é pura sedução, repete as sensações da fruta fresca com uma mineral bem presente, um vinho em perfeita harmonia, elegante e marcante que faz lembrar muito os vinhos do Loire que me encantam. Um belíssimo exemplar de Sauvignon Blanc que não é para qualquer bolso, mas falamos de um vinho top de gama, então o preço acompanha, entre R$100 a 120 pelo que pude ver na internet.

Tenho mais uns três para provar, mas de saída me dei bem. Realmente os terroirs do Chile e uma enormidade de bons produtores são farto material para pesquisa (prova) como pude mais uma vez comprovar, inclusive na Wines of Chile Tasting! Em breve mais do Chile mas quem quiser uma experiência a mais, dia 28 de Agosto na Vino & Sapore farei uma apresentação sobre os vales, suas uvas e vinhos, com ênfase na introdução das novas áreas e, obviamente, provaremos alguns bons vinhos e serviremos um prato. Será a partir das 20 horas então caso tenha interesse, me enviem um comentário que entro em contato.

Mandela (o vinho) na Taça, Uma Experiência Africana

Há algumas semanas tive a oportunidade de participar de mais um saboroso evento do Winebrar, uma degustação virtual, com os amigos Alexandre Frias, Daniel Perches e o Rogério da Ravin. Nessa oportunidade, provamos dois vinhos que recém chegaram ao mercado pelas mãos dessa importadora.

Os vinhos da House of Mandela têm por trás de si, toda a experiência e sabedoria do grupo Fairview na produção o que por si só já é uma boa razão para nos aventurarmos por seus aromas e sabores. Dois vinhos de gama de entrada que a importadora estava vendendo com desconto promocional de lançamento, não sei se ainda está, e saía por R$39 em vez do preço de tabela que é de R$49,00. Vieram três varietais, um Sauvignon Blanc, um Pinotage e um Syrah, porém nessa noite provamos somente os primeiros dois:

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Sauvignon Blanc – Gostei bastante pela ausência dos aromas e sabores fortes de aspargos no vinho, algo que não me agrada nos vinhos desta cepa. Este se apresenta bem fresco, mais citrino com grama molhada bem presente numa presença de boca toda ela mais sutil e elegante e balanceada terminando com uma certa mineralidade. Um vinho muito agradável de se tomar e certamente uma bela companhia para os queijos de cabra e frutos do mar grelhados ou fritos.

Pinotage – a meu ver mui agradável e cativante  no olfato, apresentando-se  franco e bem integrado, final saboroso e surpreendente persistência. Nada daquela típica borracha queimada mais presente nos vinhos de entrada de gama, aparecendo uma fruta pouco comum e um final com alguma especiaria.

Pessoalmente creio que o Sauvignon Blanc é mais harmonioso e vibrante com um potencial mais interessante para ser tomado solo, sem comida, enquanto o Pinotage tende a cansar um pouco depois da segunda taça o que poderia mudar com pizza de, peperoni , linguiça de javali e coisas do gênero. Pensei até num belo X-Picanha! Vale a prova e é uma boa introdução aos bons vinhos sul-africanos. Salute e kanimambo!

Herdade do Rocim, Um Alentejano na Taça

Recentemente tive o privilégio de participar de mais uma rodada do Winebar, desta feita um encontro  com os vinhos da Herdade do Rocim. Vinhos alentejanos de raça que chegaram para incorporar o vasto portfolio da World Wine e que neste lançamento oficial contou com a participação da simpática enóloga Catarina Vieira que, junto com António Ventura (outro enólogo da casa), assina este vinho.

Tínhamos dois rótulos a provar, o Olho de Mocho e o Herdade do Rocim. O Olho de Mocho (Coruja) é um vinho de alta gama porém não vou comentá-lo aqui porque minha garrafa estava prejudicada e muito lamentavelmente pelo que pude ler dos comentários dos colegas envolvidos no evento. Já o Herdade do RocimHerdade do Rocim Tinto Tinto 2009, um blend de Alicante Bouschet, Aragonez, Syrah, Touriga Nacional e Trincadeira, esse apreciei e bem.

Começou por me chamar a atenção logo ao abrir em função da intensa paleta olfativa com leves toques florais se sobressaindo sobre uma base bem frutada. Fiquei sem saber, porém me parece que muito desse bouquet tem a ver com a nossa já conhecida Touriga Nacional que deve ter uma participação bastante grande nesse corte. Cerca de 60% do vinho passa por barricas (8 meses) e o restante em inox o que ajuda a preservar a fruta e deixa a madeira menos evidente e mais integrada ao conjunto que me soube muito bem. Corpo médio, fruta madura e alguma especiaria sentida no meio de boca, taninos finos, equilibrado,  final elegante e apetecível com um leve toque de cacau, média persistência formando um conjunto  envolvente e fácil de se gostar.

                 Um vinho bem feito que me agradou bastante, mas que poderia estar num patamar de preços algo mais convidativo. Hoje, o preço anda na casa dos R$98,00. Salute, kanimambo pela visita e no próximo dia 23 assista a mais uma degustação do Winebar, desta feita com vinhos Sul- africanos. até lá, e uma ótima semana para todos.

Os Vinhos do Argentina Winebar de 10 de Abril

        Como parte das festividades do Dia Mundial do Malbec em 17 de Abril, ocorreram uma série de eventos entre eles dois encontros do Winebar (clique para assistir). Como eu tinha uma degustação de Malbec comemorativa ao dia no próprio dia 17, tive a grata satisfação de participar na do dia 10 em que três vinhos foram degustados; O Andeluna Altitud Malbec 2010, Sottano Reserva da Familia 2008 e Lagarde Primeras Vinas 2009 que mostraram bem a diversidade dos estilos de vinhos elaborados no país da Malbec, mas não só! Afinal, tenho provado ótimos Cabernets de Mendoza, muito bons Tannats de Salta e belos Merlots e Pinots da Patagônia, então há muito por onde se escolher e ainda há um movimento de blends que tem dado o que falar e que poucos conhecem. Aliás, pensando nisso acho que vou armar uma degustação só com alguns belos blends que tenho provado!

      Bem, mas nosso papo de hoje tem a ver com os vinhos do Winebar, então deixa eu compartilhar com os amigos as minhas impressões sobre eles.

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Andeluna Altitud Malbec – quando estive em Mendoza em Novembro do ano passado, já tinha tido a oportunidade de conhecer esse vinho e esta amostra só veio confirmar minha primeira opinião. Se tudo, inclusive os vinhos, precisam de uma segunda chance, este a teve e comprovou uma falta de equilíbrio enorme (apesar da opinião contrária de alguns colegas) com seus excessivos 15.8% de teor alcoólico e enorme extração tânica com uma adstringência que toma conta da boca até a ponta do nariz . Não sou um técnico, a opinião é pessoal e calcada nos anos de janela e milhares de vinhos provados, porém este vinho é um claro exemplo de um estilo excessivo de vinhos produzidos na região e que não me agradam, porém tem lá seu séquito de seguidores mundo afora. Há poucos dias tive a oportunidade de provar um vinho do Douro, depois falo dele, com 16.5% de teor alcoólico que estava perfeitamente balanceado dando a percepção de 13,5 a 14% , então o excesso de álcool, pelo menos até a terceira taça (rs), não é um problema em si, mas seu equilíbrio sim. Sinceramente não me agradou, mas acredito que uma hora de aeração deverá trazer grandes benefícios ao vinho com uma maior integração de taninos e álcool.  Preço por volta dos R$70 a 80,00.

Sottano Reserva da Familia – o vinho de safra mais antiga (08) da prova, mas que, por sua estrutura, ainda vai longe devendo evoluir muito bem por mais uns dois anos (para quem conseguir esperar) quando deverá atingir seu ápice. Um vinho de toques algo florais e bem frutado (frutos negros) com nuances de especiarias e uma cor quase negra que tinge a taça. Na boca mostra grande estrutura , volumoso, equilibrado, firme e denso, taninos finos, um final bem especiado em que uma pimenta se manifesta de forma bastante intensa quando um pouco mais quente e menor quando algo refrescado. Vem da sub´região de Perdriel que tradicionalmente nos traz vinhos de grande concentração e estrutura, então demonstra bem a tipicidade do terroir. O teor alcoólico aqui é algo menor, 14,5%, e bem integrado no todo, mas mesmo assim uma meia hora de aeração certamente lhe fará bem. Para quem gosta de vinhos potentes, certamente uma grande pedida e um vinho que eu tomaria de bom grado na companhia de pratos igualmente substanciais com o um belo bife de chorizo ou paleta de cordeiro na brasa. Yummy!!! Preço ao redor de R$90 a 100,00.

Lagarde Primeras Vinas – um prazer hedonístico! Como mencionei na hora, o vinho que eu levaria para a cama!! rs Saltamos alguns degraus no sentido de complexidade e sofisticação num vinho. Este ainda está bem jovem, porém desde cedo mostra todo o potencial advindo de uvas de vinhedos de 1906 e 1930, as primeiras vinhas do produtor. O GRANDE vinho da noite! Aquele que consegue unir com maestria a potência com complexidade e elegância num vinho que literalmente empolga quem o toma e gosta de vinhos d essa estirpe. Um dos melhores Malbecs que já tomei, certamente entre meus top 10, e que me surpreendeu muito positivamente. Violáceo lindo e brilhoso na taça, paleta olfativa intensa e sedutora (ameixa madura com nuances de chocolate ao final) que chama a taça à boca e é lá que ele dá olé! Me entusiasmei, sei, mas fazer o quê, não é esse o grande barato do vinho? Despertar emoções e nos trazer prazer? neste caso, missão cumprida com louvor pelos produtores e enólogos responsáveis! Voltemos ao vinho porque já entrei em devaneios mil, mas quando me entusiasmo com algo os adjetivos rolam soltos e fáceis faltando objetividade, fazer o quê? Nessas horas a música é uma só; “deixa a vida me levar, vida leva eu, sou feliz e agradeço  por  tudo o que Deus me deu”! rs Na boca o vinho é de uma riqueza e complexidade únicas, confirmando a fruta e um perfeito equilíbrio entre taninos, álcool e acidez mostrando que ainda há muita vida pela frente e guardar algumas garrafas deste vinho será certamente um investimento bem feito no prazer. Os taninos são muito finos, daqueles que se apresentam sedosos na ponta da boca, sem excessos, bom volume de boca, untuoso, para tomar só ou bem acompanhado, um vinho de primeiro nível na constelação de grandes vinhos da vinosfera mendocina. O preço gira entre R$165 a 180,00 o que acho um pouco puxado. Fosse uns 135/140 Reais e seria um Best Buy entre seus pares!

        Uma bela experiência, bastante didática, que demonstrou bem o que se queria mostrar, a diversidade de estilos dentro de uma mesma região, neste caso Mendoza.  Eu curti muito e só pelo incrível Lagarde Primera Vinas (por sinal um belo rótulo também) já valeu muito a pena! Salute, kanimambo e amnhã tem mais.