Vega Sicilia Unico

Vega-Sicilia Único 99, Uma Lenda na Taça

Não é todo dia que temos a possibilidade e privilégio de estarmos diante de um vinho ícone. Na minha vida me lembro de alguns poucos encontros desses como com o Opus One e o Sassicaia, que nem fizeram tanto assim a minha cabeça. Não que não sejam bons, são ótimos, porém não achei que faziam jus a tanta fama. Por outro lado, outros foram inesquecíveis como, por exemplo, “meu” Andresen 1910!

Aproveito para contar um causo que ocorreu com um amigo meu daqui da loja e uma garrafa deste ícone espanhol. Esse Sr. X estava de visita a um amigo em Barcelona tendo marcado para se encontrarem num restaurante na cidade. Não querendo chegar de mãos abanando, até porque seu amigo espanhol lhe fazia os maiores mimos cada vez que vinha ao Brasil, passou antes numa loja de vinhos e comprou um Vega Sicilia Único. Ao chegar ao restaurante, desconhecendo os costumes da região, mostrou-se preocupado não sabendo se poderia abrir a garrafa e se havia taxa de rolhas, etc tendo solicitado a seu amigo que conferisse com o dono do restaurante se não haveria qualquer objeção. Seu amigo se levantou e foi em busca do proprietário voltando em seguida com ele que carregava a garrafa a garrafa nos braços como se segurasse um recém nascido. O proprietário lhe agradeceu a honra de trazer um Vega Sicilia Único para ser aberto em seu restaurante porque isso só dignificaria sua cozinha e que, não só não lhe cobraria rolha, como não lhe cobraria o prato para o acompanhar!

Pois bem, era uma garrafa dessas que abria, tremenda responsa e vega siciliaprivilégio! Nestes casos fica difícil falar do vinho, pois certamente há gente muito mais capaz que já escreveu um monte então pouco vou acrescentar ao que, provavelmente, você já leu por aí em revistas, livros e na net. O que posso falar sim, é do que eu senti. Jovem, absolutamente jovem de taninos finos bem marcados e muito presentes ainda apesar de seus 12 aninhos nas costas, anunciando que estamos diante de um vinho de longa guarda que tem tudo para evoluir muito positivamente por mais de uma década. A evolução aqui é menos aparente com a fruta ainda muito presente tanto no nariz quanto na boca, cor rubi, muito expressivo em boca com uma riqueza de sabores impressionante para um vinho produzido, também, num ano que não foi dos melhores. Aliás, nesses anos o bom senso pede que se compre vinhos de grandes produtores, sempre mais seguro! Possui um corpo de boa textura, seus taninos são sedosos e o final de boca é surpreendentemente fresco para um vinho que passou tanto tempo em barrica, muito longo, mineral e algo especiado, que nos deixa implorando por mais um gole e outro e outro ……… fazendo com que a garrafa acabe rapidamente. Um Ribera del Duero muito fino, cativante e elegante sem perder os traços de robustez típicos de seu terroir e vendendo saúde!

Muitos acham que este vinho é elaborado somente com Tinta del País (Tempranillo) porém ele normalmente leva um corte de alguma outra uva francesa; Cabernet Sauvignon, Malbec ou Merlot, muitas vezes das três dependendo muito do ano. Esta mescla de cepas nos vinhedos da bodega, data de 1864 quando Don Eloy Lecanda Chaves trouxe uma série de mudas de suas viagens a Bordeaux e só por causa disso são castas autorizadas na DOC. Neste caso, pelo que pude pesquisar, foram 10% de Cabernet Sauvignon e passa, entre os mais diversos tipos de madeira e cascos, algo como 82 meses em barricas sendo comercializado somente 10 anos após a safra correspondente, neste caso 2009! Não é o melhor vinho espanhol que já provei, tenho que confessar, mas é certamente o mais eloquente e mais marcante pois não é todo o dia que podemos levar à boca uma lenda.

Um vinho que não precisa de um momento especial para ser aberto, pois ao sê-lo faz dele um momento Único! Ainda me falta conseguir provar um Barca Velha, é sei, realmente uma falta grave em minha formação de enófilo ainda mais sendo luso, mas não tem sobrado din-din para isso e nenhum amigo ainda me convidou! rs Uma hora ainda quero tomar esses dois vinhos de uma mesma safra num Desafio Ibérico, alguém se habilita? Busco seis companheiros, mais eu sete, rachamos a conta!!

Kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui! Cheers, salud, salute, …..Brinde

Deuses do Olimpo 2011

  Antes de começar a listar meus melhores de 2011 e destaques por país neste ano que passou, gostaria de compartilhar com os amigos os néctares que invadiram minha vinosfera particular e se aninharam, ainda bem, na minha taça. São vinhos de grande qualidade que me deixaram, assim como quem compartilhou essas garrafas comigo, um pouco mais felizes pois, como já dizia o mestre Saul Galvão, “vinho só existe para dar prazer” e estes cumpriram sua missão com enorme galhardia. Foi um ano de muitos vinhos mais antigos e uma seleção de vinhos de sobremesa que beiraram a perfeição em seus mais diversos estilos.

Da esquerda para a direita:

Cune Inperial Gran Reserva 1999 – ainda muito vivo e vibrante. Absolutamente sedutor assim como a companhia no dia, a Confraria das Enoladies.

Chateau Palmer 1984 – gentilmente partilhado pelo amigo César e que, na união com o prato e pessoas presentes, mostrou o real significado da harmonização perfeita. Maravilha que já comentei aqui em post recente.

Angelica Zapata Estiba Reservada 2005 – 100% Cabernet Sauvignon e um dos melhores vinhos argentinos que já tive o prazer de tomar mostrando que nesta sub-região de Mendoza o Cabernet reina. Tomado com as amigas Enoladies, foi um vinho marcante que virou a cabeça até de quem não é lá tão chegada na taça!

Poggio di Sotto Brunello di Montalcino 2006 – o vinho que mudou meu conceito e impressão sobre os famosos vinhos desta região da Toscana. Provei, este lamentavelmente não tomei, num encontro do Consorzio de Brunello e sacudiu minha estrutura sensorial como poucos fizeram neste ano que passou. Divino!

Vina Tondonia Branco 91 – sempre uma experiência única tomar estes vinhos de Rioja que são extremamente marcantes com sabores diferenciados, uma complexidade ímpar, difícil encontrar brancos velhos desta envergadura. Para os apreciadores deste estilo, imperdível e este foi tomado na companhia dos amigos da confraria Valor du Vin.

Vega Sicilia Único 1999 – meu post sobre esta lenda em minha taça é bem recente então não falo mais nada. Uma outra experiência maravilhosa  fruto do desapego e generosidade enófila do amigo Fernando. Bão demais!

Bollinger Special Cuvée – não é á toa que é conhecido como um dos melhores, se não o melhor, champagne não safrado. Um exemplo de elegância e perfeita harmonia gerando enorme prazer numa explosão de estrelas na boca! Mais um vez uma dádiva na taça compartilhada com as Enoladies que este ano tomaram belos vinhos na confraria.

Dalva Porto branco velho 1963 – este provei na Expovinis e caí de joelhos, aliás nestes vinhos de sobremesa o fiz por diversas vezes, agradecendo a Baco por este verdadeiro elixir do deuses. Uma raridade do qual tive o privilégio de trazer um quarto da garrafa de volta para loja onde 10 participantes do curso de vinhos tiveram oportunidade de bicar e se embasbacar com os aromas e sabores na taça. Inesquecível e quem for comigo na viagem a Portugal terá o prazer de também o provar.

Caratello 2001 – um Vin Santo de lamber os beiços. Este tomei, com a benção e companhia do amigo Beto Duarte, por duas vezes e me lambuzei todinho!!!

Tokaji 6 Puttonyos 2004 da Pendits – o supra sumo dos vinhos de sobremesa, um vinho soberbo que gera emoções diferenciadas e únicas tendo sido compartilhado conosco pelo amigo César.

Moscatel de Setubal, Roxo Superior 1971 – Este comprei em Portugal para o amigo Alexandre comemorar seus 40 anos em 2010. Ele celebrou com outros rótulos e guardou este até que o vinho completasse seus 40 aninhos e, em mais um exercício de generosidade enófila , o compartilhou comigo e com o Cristiano num almoço de inicio de ano memorável! Ao ser aberto encheu a sala de aromas absolutamente sedutores que se comprovaram na boca de uma forma impossível de descrever. Este só tomando para saber! Talvez meu principal vinho do ano junto com o Brunello, o Dalva, o…….deixa pra lá!

S. Leonardo Porto Tawny 20 anos – Tinha esquecido como este vinho é excepcional e a meu ver, o melhor Tawny 20 anos que já tive oportunidade de provar. Absolutamente divino e só lamentei o fato de que quando o comprei não ter tido a disponibilidade financeira de comprar uma meia dúzia. Por aqui no Brasil não sei se alguém o está trazendo, mas os amigos de Portugal podem se esbaldar com este imperdível néctar, m grande Porto e uma vinho absolutamente maravilhoso que tomado na boa companhia do Ale e Cris, acompanhados de suas bonitas e simpáticas esposas, ganhou em muito na harmonização.

          Bem, esses saõ os doze que sentam no altar de Baco, mas sempre cabe um décimo terceiro que neste ano foi muito especial pois é mais um daqueles vinhos raros que poucos conhecem.

Quo Vadis Fondillon Solera 72, um vinho raro e excepcional tomado numa degustação especial com diversos outros surpreendentes rótulos deste produtor (Francisco Gomez) de Alicante na Espanha. Juntos nessa degustação promovida na Vino & Sapore pela Vinhos do Mundo e com a presença dos amigos Didu e Walter Tommasi que, tanto quanto eu, ficaram de queixo caído! Ainda não postei nada sobre ele porque queria estudar um pouco mais sobre este estilo de vinho antes de me aventurar a falar dele, mas me faltou tempo. Com mais de dez anos de amadurecimento em barrica, no nariz parece um Jerez, pelo estilo produtivo em processo oxidativo de solera, mas na boca mostra seu caráter doce, ótima acidez mostrando um tremendo equilíbrio, uma experiência e tanto que nos marcou a todos. Maravilha!

       Semana que vem apresentarei alguns dos destaques de 2011 a começar por Brancos e Rosés marcantes independentemente de preços. Depois, os Achados de 2011 por faixas de preço ou seja, Janeiro vai ser o mês das listas que, espero, irão lhe ajudar na escolha de seus vinhos neste ano de 2012. Salute e kanimambo!

Degustando uma Lenda!

           Como prometi, cá estou para falar um pouco do Vega-Sicilia Unico. Não é todo dia que temos a possibilidade e privilégio de estarmos diante de um vinho ícone. Na minha vida me lembro de outros dois tão somente, o Opus One e o Sassicaia, que nem fizeram tanto assim a minha cabeça. Não que não sejam bons, são ótimos, porém não achei que faziam jus a tanta fama. Desta feita foi diferente e aproveito para contar um causo que ocorreu com um amigo meu daqui da loja. Esse Sr. X estava de visita a um amigo em Barcelona tendo marcado para se encontrarem num restaurante na cidade. Não querendo chegar de mãos abanando, até porque seu amigo espanhol lhe fazia os maiores mimos cada vez que vinha ao Brasil, passou antes numa loja de vinhos e comprou um Vega Sicilia Único. Ao chegar ao restaurante mostrou-se preocupado não sabendo se poderia abrir a garrafa e se havia taxa de rolhas, etc tendo solicitado a seu amigo que conferisse com o dono do restaurante se não haveria qualquer problema. Com a garrafa na mão, o proprietário do restaurante lhe agradeceu a honra de trazer um Vega Sicilia Único para ser aberto em seu restaurante porque isso só dignificaria sua cozinha e que, não só não lhe cobraria rolha, como não lhe cobraria o prato para o acompanhar! Esta é a aurea que cerca este vinho e, nesse dia, eu tive o privilégio de abrir uma dessas garrafas em minha humilde loja sendo que esta jaz agora, junto com algumas outras preciosidades, em meu altar de Baco. Um tremendo presente de natal antecipado!

       Bem, mas você voltou aqui hoje foi para saber o que achei desse vinho, certo? Nestes casos fica difícil falar do vinho pois certamente há gente muito mais capaz que já escreveu um monte então pouco vou acrescentar ao que, provavelmente, você já leu por aí em revistas, livros e na net. O que posso falar sim, é do que eu senti. Jovem, absolutamente jovem de taninos finos bem marcados e muito presentes ainda apesar de seus 12 aninhos nas costas, anunciando que estamos diante de um vinho de longa guarda que tem tudo para evoluir muito positivamente por mais de uma década. A evolução aqui é menos aparente com a fruta ainda muito presente tanto no nariz quanto na boca, cor rubi, muito expressivo em boca com uma riqueza de sabores impressionante para um vinho produzido, também, num ano que não foi dos melhores. Possui um corpo de boa textura, seus taninos são sedosos e o final de boca é supreendementemente fresco para um vinho que passou tanto tempo em barrica,  muito longo, mineral e algo especiado, que nos deixa implorando por mais um gole e outro e outro ……… fazendo com que a garrafa acabe rapidamente. Um Ribera del Duero muito fino, cativante e elegante sem perder os traços de robustez típicos de seu terroir.

          Muitos acham que este vinho é elaborado somente com Tinta del País (Tempranillo) porém ele normalmente leva um corte de alguma outra uva francesa; Cabernet Sauvignon, Malbec ou Merlot, muitas vezes das três dependendo muito do ano. Esta mescla de cepas nos vinhedos da bodega, data de 1864 quando Don Eloy Lecanda Chaves trouxe uma série de mudas de suas viagens a Bordeaux. Neste caso, pelo que pude pesquisar, foram 10% de Cabernet Sauvignon e passa, entre os mais diversos tipos de madeira e cascos, algo como 82 meses em barricas sendo comercializado somente 10 anos após a safra correspondente, neste caso 2009! Não é o melhor vinho espanhol que já provei, mas é certamente o mais eloquente e mais marcante pois não é todo o dia que podemos levar á boca uma lenda. Não harmonizou com o prato, nem precisava, pois harmonizou com ele mesmo e com os amigos presentes, gracias Fernando por esta dádiva. Um vinho que não precisa de um momento especial para ser aberto, pois ao sê-lo faz dele um momento Único!

        Terminei, não falo mais de vinhos este ano e desejo, de todo o coração, que você possa em 2012 ter esse mesmo privilégio que eu. Tomar um grande vinho na companhia de um bom prato e, especialmente, de pessoas tão “gente” quanto estas com quem tive o prazer de compartilhar emoções tão especiais nesta noite tão inesquecível. Um brinde a todos e espero ver alguns de vocês embarcando comigo para Portugal em Fevereiro quanto teremos a oportunidade de passar por algumas dessas emoções juntos. Quem sabe um Barca Velha acompanhado de Javali na Pucura com castanhas portuguesas?!

     Salute e kanimambo por este ano que passou esperando poder seguir contando com vosso apoio por aqui e, porquê não, também na Vino & Sapore onde tem sempre uma taça amiga para brindarmos á vida!

Bons Pratos, Grandes Vinhos, Ótimos Companheiros!

 Todo o grande momento enogastronomico tem seu “foreplay” que é o preparo do espirito e de nossas aptidões hedonísticas para algo maior que está por vir. Quanto maior for o êxtase a ser alcançado, melhor deve ser o foreplay! Pois desta feita os amigos desta confraria sem nome (ainda) chutaram o balde e mandaram ver legal tendo sido uma honra e um privilégio ter em minha casa, a Vino & Sapore, gente desta estirpe com seus néctares abençoados por Baco! Falarei deste momento em dois tempos, um agora com a preparação para o momento de maior gozo e um segundo quando me dedicarei a tentar transmitir algo da torrente de emoções que se apossaram de mim. Para começar a preparar a boca, depois de um rosé meio morto que dispensarei de apresentações, abrimos um vinho que descobri há um tempo atrás e segue sendo uma enorme surpresa quando o apresento, Tannat/Viognier da bodega Alto de la Ballena, um vinho diferenciado de uma região e bodega pouco conhecida dos seguidores de Baco tupiniquins e até algums do próprio Uruguai. A grande maioria das bodegas produz seus vinhos em Canelones, próximo a Montevideu, mas esta bodega está próximo a Punta, aliás uma região a ser olhada já que por ali perto também temos a Dominio Cassis que elabora um Tannat de primeira, o Abraxas. Neste caso o Tannat é cortado pelo Viognier que lhe aporta um perfil aromático mais floral e uma acidez muito legal enquanto também doma algo de seus taninos que aqui se apresentam muito finos e elegantes num corpo de boa estrutura. Um vinho que vale a pena conhecer e esta garrafa agradeço ao amigo Mario que me trouxe de Montevideu.

          Para iniciar os trabalhos, um dos amigos nos trouxe um delicioso exemplar de Moet Chandon Brut Imperial 1995 que estava divino e se entrosou maravilhosamente bem com as caudas de lagosta gratinadas acompanhadas de um igualmente delicado risoto de limão siciliano e queijo brie! Minuto para enxugar a boca, espera aí! rs Voltei, mas continuo aguando!! Champagne safrada com idade ganha uma complexidade danada e este ainda se mostrou vibrante com uma acidez muito presente que encantou a todos e harmonizou á perfeição!

         É de conhecimento geral da maioria, que 1984 não foi uma safra lá muito boa para vinhos, exceção feita à Califórnia, porém para pessoas tenho a certeza que sim, pelo menos para um que é o amigo César, um jovem aficionado por bons vinhos e bons pratos! Encontrar-lhe vinhos de 84, todavia, é trabalho árduo e não sabíamos o que esperar deste Chateau Palmer 84 que havia recém chegado ao Brasil. Tinha tudo para estar moribundo , mas…….não foi bem isso que encontramos na taça. Para acompanhar o vinho, um Filé Mignon na Mostarda e Foie Grass! Hoje está difícil escrever, espera aí que vou pegar uma toalha!! rs Voltei e agora, com a toalha, acho que não teremos mais interrupções não. Onde estávamos mesmo, ah, o vinho pseudamente moribundo e seu acompanhante da noite, o Filé. Madre de dios, que coisa!!! Primeiramente o vinho surpreendeu a todos, já que pela safra pouco prometia, porém mostrou-se ainda muito digno, um vinho de muita elegância e complexidade, com aquela classe que um vinho de fina estirpe só adquire com a idade e anos bem acomodados, lembrei-me do amigo Silvestre e sua paixão por vinhos velhos. Toques animais, alguma fruta ainda presente porém de forma muito sutil, mata molhada, algumas notas de torrefação, taninos extremamente elegantes e acidez ainda presentes formam um conjunto que, se não exuberante, demonstrou um equilíbrio bem presente num final de boca macio e algo curto que, no entanto, deixa claro que estamos diante de um digno representante de Margaux e que os bons produtores se conhecem mesmo é nestas safras adversas. Um vinho sedutor que poderia ser “só” isso caso não existisse um prato a lhe fazer companhia e aí o pato virou ganso mostrando que uma boa harmonização pode operar milagres especialmente quando a terceira e quarta partes dessa equação estão presentes; momento e pessoas certas! Como dizem os hermanos, maridaje perfeita e literalmente de lamber os beiços, momento de grande persistência que ficará na memória por muito tempo e não posso deixar de agradecer ao César por isso. A foto, tomados que estávamos pela emoção, não é aquelas coisas e não faz jus ao prato, mas não podia deixar de publicar.

         Para finalizar veio para a mesa um Vega Sicilia Único 1999 e aí eu, que tinha separado uma outra garrafa surpresa para encerrarmos a noite, optei por guardar a viola no saco e sair de mansinho! Gente, há quem pense que só porque militamos nesse meio que temos acesso a tudo o que é grande vinho, ledo engano. Para alguns isso pode ser muito corriqueiro, porém para a maioria de nós isso é sempre um enorme privilégio! Mas espera aí, já falei demais por um post e minha toalha já encharcou, então deixemos esse Vega Sicilia Único para amanhã já que tenho causo para contar e o vinho merece vênia e um post só para ele! Antes de ir-me no entanto, tenho que tirar o chapéu para o mestre cuca da turma que junto com sua parceira fizeram deste encontro e degustação uma verdadeira explosão de sabores e sensações ímpares. Obrigado meu amigo Odair Marcelo, participante ativo e fomentador desta confraria, e Nega pelo verdadeiro show de cozinha que só veio comprovar minha tese de que, em qualquer atividade, só quem tem o dom consegue real destaque e que só suor, apesar de válido e essencial, não leva ninguém ao pódium! Agora precisam é montar vosso serviço de Chef in House, porque capacidade vocês têm e muita então este espaço está aberto para divulgar esse dom especial que vocês possuem.

          Salute, kanimambo e amanhã tem mais um capítulo sobre essa odisseia que foi a semana retrasada. É nestas horas, não só, que me lembro do amigo Didu que sempre nos lembra que chato mesmo, com todo o respeito aos profissionais do ramo, deve ser vender parafusos! Fui.