Soalheiro alvarinho

Belos Vinhos Brancos na Revista Gula

O inverno está quente, gente indo para a praia de fim de semana, então pensei; porquê não começar a semana com  algumas dicas de bons brancos! Estes eu destaquei no Especial de Vinhos da Revisa Gula em Janeiro de 2010 que deu foco em 200 grandes vinhos. São vinhos que me marcaram e seguem me seduzindo depois de tantos anos e muitas outras taças. Pode procurar, valem a pena!

Clipboard Uvas Brancas

Lindemann’s Chardonnay/Semillon – Australiano da hora, com nuances aromáticas delicadas e de grande frescor que tomam conta do nariz. Mais um desses vinhos encantadores, diferenciado, rico, mostrando uma certa complexidade ao palato, harmônico, corpo médio, certamente uma ótima companhia para um Fondue de Queijo.

Protos Verdejo – Rueda, Espanha, uma uva marcante! Amarelo palha com laivos esverdeados, brilhante em todos os sentidos. Aromas de frutas tropicais de muito boa intensidade com algo de grama molhada e nuances florais. Na boca é vibrante, muito saboroso, fresco com uma acidez cortante porém balanceado, sem arestas com um final de boca longo em que mostra uma certa mineralidade e algo cítrico. Nunca encontrei Verdejo igual com preço tão camarada.

Soalheiro Alvarinho – Sou suspeito para falar, eu sei, mas é um dos melhores bancos portugueses ano após ano. Vinho de muita classe, grande intensidade aromática em que sobressaem damascos e flor de laranjeira com espectro floral e frutado que encanta. Na boca é exuberante e algo cítrico com deliciosa textura e riqueza de sabores, sedutor e um final mineral que nos deixa pedindo mais.

Cheverny Le Vieux Clos – do Loire, na França, saborosíssimo corte de Sauvignon Blanc com um tempero de 15% de Chardonnay, que faz toda a diferença. Médio corpo, harmônico, complexidade de aromas e na boca é uma cativante “mistura” de sabores e sensações com o frescor da Sauvignon Blanc e a cremosidade e riqueza do Chardonnay, belo e encantador vinho.

Quinta dos Roques Encruzado – uva da região do Dão, Portugal, onde gera grandes vinhos brancos. Este belo exemplar da casta passa sete meses em barrica e mostra enorme complexidade. Muito balanceado, cremosos com madeira muito bem equacionada. Se decantado por uns dez a quinze minutos minutos, abre-se em deliciosos aromas frutados com nuances de baunilha e algo de amêndoas tostadas. Na boca, explode em riqueza de sabores, com frutos tropicais e alguma maçã verde mostrando-se bastante complexo e imensamente apetecível com um final mineral e muito fresco de grande equilíbrio.

Chateau de Tracy Mademoiselle T – mais um vinho do Loire que coloca a Sauvignon Blanc num outro patamar! Paleta aromática de grande intensidade e complexidade, absolutamente sedutora que nos faz abrir um enorme sorriso. Na boca é de um enorme frescor, intenso, frutos cítricos, uma boa dose de mineralidade em perfeita harmonia e elegância. Um vinho inesquecível e apaixonante para repetir diversas vezes.

Cheers, uma ótima semana e kanimambo pela visitaBrinde

Um Trio Luso que Deixou Saudades!

Recentemente na confraria Saca Rolha, tivemos a enorme satisfação de nos debruçarmos sobre uma série de bons vinhos portugueses, dos quais três em especial me encheram a alma de emoção. A confreira Raquel já escreveu aqui sobre eles, porém face a importância dos mesmos, não me segurei e também os vou aqui comentar.

Soalheiro Alvarinho 2011 – abri uma primeira garrafa, porém não achei que estivesse boa. Não que estivesse estragada, porém lhe faltava aquela acidez vibrante tão marcante neste vinho, senti que essa garrafa “envelheceu” precocemente e não demonstrava seu verdadeiro ser. Achei por bem abrir uma outra, só que na temperatura só tinha a Magnum que me foi presenteada pela saudosa amiga Inês Cruz e já por isso, uma emoção diferente ao desarrolhá-la. Mas houve mais, porque esta sim estava divina com tudo aquilo que este vinho significa para a vinosfera portuguesa dos vinhos brancos. Faz anos que sou um profundo admirador dos vinhos da Soalheiro, e este rótulo é presença certa em minha adega. A Magnum foi a medida certa para os 12 confrades presentes e certamente, tivéssemos ficado com a de 750ml, sede sentiríamos! O vinho é especial e está sempre ranqueado entre os melhores brancos lusos, mostrando  o valor da casta Alvarinho na região do Minho onde ela mostra todo o seu potencial.

Este Soalheiro é um vinho de muita classe, grande intensidade aromática em que se sobressai aromas de damascos e flor de laranjeira com espectro floral e frutado que encanta. Na boca é exuberante com nuances cítricas com deliciosa textura (algo “crocante”) e riqueza de sabores, acidez vibrante, sedutor e um final mineral que nos deixa pedindo mais. Obrigado Inês!

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Casa Ferreirinha Reserva Especial 2003 – Um grande vinho que cresce mais ainda quando fruto da generosidade de amigos confrades. Este desapego e desejo de compartilhar é uma das coisas que os enófilos têm de bom, especialmente quando uma garrafa mais especial está em jogo. É como viajar solo e ver uma paisagem lindíssima sem poder compartilhar o momento com ninguém. Não deixa de ser legal mas perde um pouco da graça e nos sentimos privilegiados ao sermos convidados a partilhar de tamanha experiência, porque este vinho é isso mesmo, uma tremenda experiência!

A histórica Casa Ferreirinha, adquirida pela gigante Sogrape em 1987, é a produtora do maior ícone português, o Barca Velha da região do Douro produzido somente em safras excepcionais. O Reserva Especial é o segundo vinho da casa e eu só fico imaginando, depois de tomar este, como será o primeiro! Não, ainda não tive a chance de provar um Barca Velha, muita areia para meu caminhãozinho (rs), mas este Casa Ferrerinha me encheu a boca de prazer. Mais do que por uma característica especifica, ele brilha pelo conjunto; pela complexa paleta olfativa e equilíbrio de boca com tremenda elegância e presença de taninos muito finos, riqueza de meio de boca e final longo. Um grande vinho em qualquer lugar do planeta!

Quinta do Portal Moscatel do Douro Reserva 2000 – mais um grande vinho para encerrar uma noite pra lá de especial e muito, muito agradável! A Moscatel brilha na região de Setubal, porém no Douro, mais precisamente na região de Favaios, também há belos exemplares a serem encontrados e este eu descobri na casa do amigo João Pedro em Portugal há cerca de 3 anos e gamei! Esta garrafa trouxe de Portugal há alguns anos e aguardava na adega o momento e as pessoas especiais com quem compartilhá-la. Não que seja cara (por lá não chega aos 20 Euros), até porque é pouco conhecido e frequenta pouco a mídia, mas porque desde a primeira prova me marcou profundamente. É um néctar dourado e marcante, doce no ponto e apoiado por uma excelente acidez que acompanha maravilhosamente bem doces conventuais ou torta de amêndoas, até panettone. Deste já falei aqui, então não vou me estender mais sobre ele, mas com estes três vinhos você faz a festa em qualquer lugar mostrando o alto nível da vinicultura e dos produtores portugueses!

Salute e kanimambo, seguimos nos encontrando por aqui. Tendo a oportunidade, não perca nenhum destes vinhos de Portugal, prazer garantido tenho a certeza.