Gran Enemigo

Visitando El Enemigo na Républica de Chachingo!

É dessa forma carinhosa com que Alejandro Vigil se refere ao lugar onde está a sede da El Enemigo, ou Bodega Aleanna, em sua casa! Um projeto de grande sucesso em parceria com Adrianna Catena sobre o qual fica difícil falar, mas visitar este lugar lúdico, pleno de magia e grandes vinhos é hoje um must para quem visita Mendoza.

Conheci o lugar pela primeira vez em Abril de 2015 quando com um outro grupo lá chegamos num final de tarde para um acolhedor assado no “quincho” recém inaugurado. Uma noite mágica diga-se de passagem, e nesta volta pouco mais de dois anos e meio depois, nos deparamos com um lugar transformado, incrível o que conseguiram realizar em período de tempo tão curto! O que eram sonhos e projetos estava tudo ali ao nosso alcance e, desta vez, com a presença do “maestro” em pessoa.

É inacreditável a transformação, o incremento do restaurante, diversos ambientes, a loja, a decoração, arte (adorei a exposição de esculturas de madeira com ferro!), os jardins, tudo impecável, de extremo bom gosto, complexo e divertido, um pouco como os vinhos que levam a marca El Enemigo, um lugar de exceção para vinhos de exceção, mas sem afetações, sem frescuras porém com finesse, simpatia, classe e qualidade em tudo o que vemos e provamos. Estar no lugar é algo marcante, tomar a totalidade de seus vinhos inebriante e podes desfrutar da presença do “maestro” um momento inesquecível.

Falar dos vinhos é chover no molhado e só não tomamos o El Enemigo Syrah/Viognier porque esse vem todo para o Brasil e nem adianta procurar por lá. Vou tentar resumir em poucas palavras cada um.

El Enemigo Chardonnay – Muita finesse acima de tudo com grande equilíbrio e mineralidade, madeira bem sutil. Belo exemplar de Chardonnay de altitude!

El Enemigo Bonarda – Um dos melhores da região, denso, fruta madura abundante, taninos macios e acidez no ponto

El Enemigo Cabernet Franc – leva um tico de malbec, encorpado, aromas de boa intensidade, encorpado, taninos aveludados, toque terroso, fruta madura, especiarias, muito boa persistência.

El Enemigo Malbec – pode ser que seja pelo tico de Petit Verdot que Alejandro coloca aqui, ou não, mas certamente é um dos Malbecs de gama média que mais gosto da região. Leva também um pequeno porcentual de Cabernet Franc gerando um vinho muitoIMG-20170905-WA0011 rico, concentrado, muito aromático com ótima textura e taninos finos abundantes.

Almoçamos com esses e ainda tivemos um bônus, tomamos o incrível Nicolas Catena, um vinho de grande gabarito onde a Cabernet Sauvignon fala mais alto. Um vinho excepcional, de grande elegância. Aí fomos passear um pouco num tour pela cave e jardins voltando para a grand finale, a prova com os Gran Enemigo, todos os quatro, inclusive o Cepillo, uma novidade, que adorei. A base de toda essa linha de vinhos é a Cabernet Franc.

Gran Enemigo – Blend de Cabernet Franc (73%), Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Malbec – aromas sedutores, encorpado, denso, rico, notas achocolatas, salumeria, sutil herbáceo, sofisticado com boa carga tânica.

Gran Enemigo Agrelo e Gualtallary – Cabernet Franc (85%) com Malbec um de Agrelo em Lujan de Cuyo e segundo de Guatallary em Tupungato – afora a diferença de solo entre eles, há também um enorme diferença de altitude (de 930 para 1470m) o que faz com que o de Gualtallary apresente uma finesse, elegância e acidez bem mais marcantes. Questão de estilo, eu gosto dos dois, mas o Gualtallary me encanta e é um dos melhores vinhos da atualidade produzidos na Argentina.

Gran Enemigo El Cepillo – novo na casa e de uma região diferente, El Cepillo fica em San Carlos, tenho que confessar que me balançou e disputou com o Gualtallary minha preferência. mesmo corte de Cabernet Franc e Malbec, mas agora a 1300 metros de altitude, mantendo a acidez gulosa do Gualtallary, porém com fruta algo mais madura, notas de especiarias bem mais presentes, ótima textura, taninos aveludados, final longo e apimentado, amei!!

Para quem vai a Mendoza, certamente um lugar a não se perder pois afora os vinhos o lugar é especial. Abaixo um vídeo montado com algumas fotos tiradas pelo grupo e por mim, nem sempre muito boas (rs), mas que mostra um pouco da alegria vivida e do que você estará perdendo caso não passe por lá em sua próxima visita! Clique na imagem e abra a porta para momentos de “buena onda”, salud!

El Enemigo key Hole

Kanimambo pela visita, uma ótima semana e seguimos nos encontrando por aqui ou em qualquer esquina de nossa imensa vinosfera!

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Grandes Vinhos Argentinos no Premium Tasting

Pela primeira vez fora da Argentina e para um publico privilegiado, o Wines of Argentina Premium Tasting foi show! Belos vinhos e ótima organização em que provamos uma série de grandes vinhos e outros muito bons, por aqui não tinha vinho ruim não, nem mais ou menos! Uns me agradaram mais que outros e os vou comentar aqui.

Foram servidos em flights de 5, exceção do último, totalizando 29 vinhos de uma grande diversidade. Em cada um dos flights tomados às cegas, eu elegi um destaque, exceto num em que houve dois. Eis meus TOP 6 entre os muito bons vinhos apresentados e uma menção honrosa para o Colomé Torrontés que é um dos meus preferidos e foi uma abertura à altura dos vinhos que viriam em seguida. Melhor ainda, tem um preço muito bacana e acessível!

Parte 1 – 15 Vinhos

 

Argentina Premium Tasting 1
Lagarde Primeras Vinas Malbec 2011 – Este reconheci porque sou um fã deste vinho e o tinha tomado fazia pouco. Violáceo lindo e brilhoso na taça, paleta olfativa intensa, taninos aveludados, fruto fresco, untuoso, bom volume, especiarias, excelente vinho que ainda vai crescer muito nos próximos três a quatro anos, mas que já dá muito prazer tomar. Como já falei dele uma vez; “deixa a vida me levar, vida leva eu, sou feliz e agradeço  por  tudo o que Deus me deu”!

Gran Enemigo Single Vineyard Agrelo 2010 Cabernet Franc – um grande vinho que ainda não tinha tido a oportunidade de provar e que me seduziu por completo, tanto que acabei o elegendo para compor um dos tronos de meus Deuses do Olimpo. Nariz sedutor que pede para levar a taça à boca onde apresenta grande equilíbrio, taninos sedosos e finos, elegante, meio de boca muito rica, para vir à mesa de fraque e cartola. Leva uns 10% de Malbec.

Finca Decero Amano Remolinos Vineyard 2011 blend – uma das grandes surpresas do evento. Frutos negros, madeira bem integrada, complexo, meio de boca denso e gordo, prima pelo equilíbrio sem excessos ou arestas. Um vinho de muita classe com um corte inusitado e muito bem elaborado de Malbec, Cabernet Sauvignon, Tannat e Petit Verdot. Há tempos que falo dos ótimos blends argentinos e este só veio confirmar minha tese, gostei demais!

Parte 2 – 14 vinhos

Argentina Premium Tasting 2
Riccitelli Vineyard Selection Malbec 2012 – Um vinho mais franco e direto, taninos secantes mostrando-se ainda bem jovem, fruta abundante, ótima estrutura, boa dinâmica de boca com ótima persistência mostrando bom equilíbrio.

Passionate Wines Demente 2012 – Cabernet Franc com Malbec com uma paleta olfativa intensa, um verdadeiro bosque de frutos silvestres com nuances florais. Entrada de boca marcante, ótima textura, acidez gostosa se fazendo presente e pedindo um teco de bife de chorizo (rs), taninos finos, final longo algo mineral e muito apetitoso.

Dominio del Plata Nosotros Malbec 2010 – falar deste vinho começa a ser igual chover no molhado de tanto que já o comentei aqui no blog então não vou me alongar, só dizer que é um dos Malbecs mais marcantes e elegantes que tive o prazer de tomar nesta minha vida de comentarista das coisas de nossa vinosfera. Quer ler mais sobre ele, basta ir em pesquisa (canto direito superior ) e escrever Nosotros. Haverão diversos posts a ler e também tem lugar entre meus Deuses do Olimpo de 2014.

Catena Zapata Adrianna Malbec 2010 – Não conhecia e há muito andava curioso. Intrigante seria minha primeira impressão. Austero, toque mineral, algo salgado, firme, denso, incrivelmente rico e complexo meio de boca, cassis, especiarias, madeira muito bem aplicado ao conjunto, um tremendo de um Malbec que gostaria de provar daqui a uma meia dúzia de anos. Estilo diferente do Nosotros, mas igualmente cativante.

Certamente uns terão outras opiniões e escolheriam outros vinhos, mas dentro rótulos de tamanha qualidade isso seria de se esperar. O interessante é que eu nem sou tão chegado assim em Malbec, porém foram estes que mais me chamaram a atenção nesta seleção de belos vinhos! Por isso adoro viajar por esta vinosfera sem verdades absolutas onde não há espaço para preconceitos, bom demais.

É isso, um ótimo fim de semana e sugiro dar uma passada na Vino & Sapore no Sábado (das 10 ás 19h) para aproveitar a promoção e almoçar em algum dos bons restaurantes da região da Granja Viana e arredores. Cheers, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou por aí em algum lugar de nossa vinosfera!

Os Deuses do Olimpo – Meus TOP 12 Vinhos de 2014

deuses-do-olimpo

Sempre grandes vinhos que habitaram minha taça mesmo que por alguns poucos momentos de puro deleite, uns mais que outros, porém todos marcaram posição, disseram ao que vieram e deixaram marcas profundas em minha memória. São vinhos que apelidei de classe “I” de Incuspível! Daqueles que quando chegam na taça nos vimos “forçados” a saborear até a última gota nos deixando inebriados de prazer. Eis minha lista dos deuses que fizeram jus a seu lugar no Olimpo, sempre vinhos que estão á venda no Brasil.

Brancos:

Vina Tondonia Reserva 1991 – Rioja/Espanha – para virar a cabeça de quem acha que um vinho branco não pode envelhecer bem. Mais para um Jerez que um vinho branco normal, é marcantemente diferente e quando acompanhado de um presunto cru ibérico, é de lamber os beiços e pedir bis. Incrível como é profundo e como está tão vivo com a Bacoacidez ainda bem presente como quem quer nos dizer que ainda há mais alguns anos de vida nessa garrafa. Não há quem fique imune ás reflexões sensoriais que ele aporta, um vinho que mexe com conceitos, preconceitos e muito mais!

Chateau de Citeaux Domaine Bouzerau Puligny Montrachet 1er Cru Les Champs Gain 2010 – Borgonha/França – Um Chardonnay estonteante que não sabemos se fungamos ou bebemos! Uma paleta olfativa intensa que nos implora por levar a taça à boca onde ele termina de nos subjugar e nos deixa de joelhos agradecendo a Bacco por tamanha dádiva. Um exemplo de como se usar barrica com sabedoria, sur lie por um ano, aportam sofisticação e complexidade levantando a fruta e com um final bem mineral como manda o figurino. Um clássico da região que encanta até quem não é chegado em brancos.

Tintos:

Monte olimpus

Gran Enemigo Single Vineyard Agrelo 2010 – Mendoza/Argentina – tendo como base a nova coqueluche argentina, a Cabernet Franc, com um toque de Malbec, é um tremendo de um vinho que exala elegância e finesse por todos os poros sem perder a identidade. Um vinho rico e complexo, de taninos sedosos e acidez pontual que resulta num final de boca apetitoso que pede a próxima taça, e a próxima, a próxima……..rs.

Poggio di Sotto Brunello di Montalcino 2007 – Montalcino/Itália – Este ano tive o privilégio e enorme prazer de tomar deste elixir por duas vezes. Na minha modesta opinião, pois não sou especialista em Brunello, um dos melhores que já tive a portunidade de provar sendo realmente inesquecível. Prima pelo equilíbrio, pelos aromas, pela complexidade, classudo e fino, um vinho galanteador, se é que isso existe, que nos arrebata do chão ao primeiro gole e nos leva ao nirvana!

Casa Lapostolle Barobo – Chile – uma tremenda surpresa e mais um preconceito quebrado pois os vinos do produtor nunca me encantaram. Um grande vinho que consegue unir potência com uma finesse ímpar. Na degustação não peguei a safra, mas ……..não muda nada do que estava na taça. Um dos melhores chilenos que já provei nos últimos anos rivalizando com um Chadwick 2005 que tomei há uns 5 ou 6 anos. Uvas de diversos vales em que o produtor tem vinhedos.

Nosotros Malbec 2009 – Mendoza/Argentina – existem diversos ótimos Malbecs na Argentina, mas este tem algo de especial. Rico e profundo, complexo e elegante, ótima textura que seduz, um vinho que cativa à primeira fungada. Sem excessos, profundamente balanceado, um Malbec diferenciado e por isso mesmo inesquecível. Sou apaixonado por este vinho e tomado lá na condição em que foi, deixou marcas, sempre deixa!

Quinta da Leda 2007 – Douro/Portugal – Um clássico da casa Ferreirinha, terceiro na linha sucessória (rs) abaixo do Barca velha e Casa Ferreirinha Reserva Especial, um vinho que respira Douro por todos os poros e está no momento certo para ser devidamente venerado e tomado. Um vinho que nos vai aparecendo em camadas; frutos escuros maduros, tabaco, especiarias, algum balsâmico, gordo meio de boca, formando um incrível e harmonioso conjunto que nos deixa triste ao final, vai faltar vinho nessa garrafa! Porquê não comprei mais algumas?!!! Grande e prazeroso vinho.

Benegas-Lynch Meritage 2007 – Mendoza/Argentina – o que falar de um blend de somente 3.000 garrafas ano, 18 meses de barrica e cinco de estágio em garrafa antes de sair ao mercado. Certamente um vinho para guardar por mais uns dez ou quinze anos, mas quem resiste?!! Café, notas terrosas, taninos integrados e aveludados, toque mineral no final de boca bem longo e prazeroso nos fazendo recordar um bom Bordeaux. Umas das muitas gratas surpresas de minhas andanças pela Argentina e um must a conferir.

Lagarde Henry I Gran Guarda 2009 – Mendoza/Argentina – a cada ano o blend muda e não sei das outras safras, porém nesta o corte de Malbec, Cab. Sauvignon, Cab Franc e Petit Verdot foi perfeito. Ótimo volume de boca, porém sem ser pesado, encorpado, complexo, grande equilíbrio, frutos negros, taninos finos e notas de especiarias num final interminável onde aparece algo de tostado e mocha, vinhaço! No meu wish list, provar mais umas três diferentes safras e ver como este se compara.

Mas La Plana 2007 – Penédes/Espanha – 100% Cabernet Sauvignon, este vinho supera todas as expectativas mostrando que esta uva pode gerar grandes vinhos em todos os tipos de terroirs do mundo. Deixou doze enoladies sem fôlego e pedindo bis! Deliciosa textura, intenso, notas tostadas, rico meio de boca com enorme persistência e taninos aveludados que encantam. Um vinho que precisa de tempo sempre, melhor quando tomado com mais de seis anos de vida.

Mastroberardino Radici Taurasi 2007 – Campania/Itália – a Aglianico é uma uva que gera vinhos potentes e duros que precisam de muitos e muitos anos de garrafa até que alcancem seu melhor equilíbrio. Surpreendentemente este vinho estava absolutamente divino e pronto, um deleite hedonístico! A resposta a minha indagação sobre a finesse do vinho ainda “tão” jovem foi; fazemos vinhos nas vinhas, enquanto outros o fazem na cantina!

Quinta da Lagoalva Grande Escolha Alfrocheiro 2009 – Tejo/Portugal – esta uva é tradicionalmente usada em cortes nos vinhos do Dão, Beiras e Bairrada, mas é no Tejo que ela desponta como um varietal sedutor e complexo pelas mãos do Diogo (jovem enólogo e sócio da Quinta da Lagoalva) que o trabalhou com maestria. Não é um vinho muito conhecido e tão pouco muito divulgado, porém é para mim o melhor vinho desta casa produtora.

Na semana que vem meus destaques por estilo (brancos e tintos) por faixa de preço. Para os acima listados (de forma aleatória) não publiquei preços porque como costumo dizer, nem todo o vinho caro é grande, mas todo grande vinho é caro! Desta forma falamos de vinhos a partir de R$250,00 até R$1100,00. Tivesse mais um lugar nesse templo de grandes vinhos, certamente o Catena Zapata Adrianna Malbec 2010, um grande vinho num estilo diferente do Nosotros, também estaria presente, mas temos que fazer opções!

Que Baco permita que em 2015 alguns desses néctares possam estar em suas taças. Cheers, Kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.