Quinta Divina Comemora 1 Ano

Tenho o privilégio de recepcionar mensalmente quatro confrarias e é sempre motivo de muito orgulho poder celebrar mais um ano de vida, neste caso o primeiro, pois de alguma forma isso vem demonstrar que o nosso trabalho está sendo apreciado o que me faz muito feliz já que me dedico a isso com paixão. Na loja as Enoladies (a primeira confraria) irão comemorar quatro anos dentro em breve, a Saca Rolha já completou três, a Vino Paradiso (de harmonização) já passou de dois anos e agora aniversariou a Quinta Divina!

Para comemorar, pedimos ao amigo Ney Laux que nos preparasse um jantar à altura do momento que tentaríamos harmonizar com dois diferentes vinhos. Sempre um espumante para abrir os “trabalhos” e como o jantar seria algo mais tarde, abrimos duas garrafas que tinha para prova como um “esquenta”. Eis minhas impressões.

quinta divina - ano 1

Cava Juve y Camps Vintage Brut Cinta Purpura – Para min é um clássico entre as cavas e nesse patamar de preço (R$120) difícil encontrar coisa melhor. Um espumante que aprecio muito e fez jus a este grupo de confrades tão especial quanto o vinho. Uma bela forma de iniciar o 12º encontro do grupo.

Lagarde Cabernet Franc 2010 – comprovou o que já tinha degustado na Lagarde quando de recente visita. Um belo vinho com muitos anos de vida pela frente, rico, médio corpo para encorpado que depois de um tempo abre muito bem na taça. Decantar por uma meia hora vale a pena e certamente será um vinho que vai para o trono! rs

Benegas Don Tiburcio 2009 – mais um bom vinho que provo da Benegas que prima por seus belos assemblages. Vinho de muita estrutura, denso, complexo, com taninos firmes e madeira bem integrada, frutos negros, um vinho que parece de uma gama mais alta do que é e que também abre bem na taça. Grande potencial de evolução por mais um bom par de anos. Aprovado.

Chegou o Ney, Oba! Como prato um delicioso Goulash de Filé Mignon sobre uma cama de Spaetzel que estava, como sempre, excelente com tempero na medida, a páprica no ponto. Teve gente, não vou falar quem (rs) que repetiu três vezes!! rs Para harmonizar, um teste com dois vinhos; o Lan Reserva 2007 de Rioja e um Loma Larga Syrah 2009 de Casablanca no Chile, dois vinhos de que gosto muito. Cada um reagiu de um jeito à comida o que foi um exercício muito interessante.

  • O Lan (Tempranillo com mazuelo e garnacha) já com sete anos de vida, mostrou algumas gostosas notas de evolução e amaciou o prato formando uma harmonização mais delicada. Um vinho com muita tipicidade que encanta no nariz e na boca.
  • O Loma Larga Syrah de zona fria (Casablanca) com seu perfil mais cheio de especiarias, ótima fruta e acidez algo mais afiada levantou o prato e foi uma explosão de sabores acentuando as especiarias do prato. O Malbec deles leva a fama e é muito bom, porém este Syrah é impressionante!

Duas harmonizações muito boas, questão de gosto, com resultados opostos o que nunca tinha experimentado. Gostei demais! Pensa que terminamos, terminamos não pois ainda estava por chegar a Tarte Tartin (torta de maçã para facilitar) do Ney que é famosa aqui na região da Granja Viana em que ele teve restaurante por 25 anos. Adoro harmonizar este prato com o Anselmann Gewurztraminer Spätlese que nasceu para isso, delicioso! Pode colocar junto com apfelstrudel que é outra ótima harmonização.

Enfim, café para alguns e hora de combinar o próximo encontro e o tema a ser abordado. Mais um delicioso momento de alegria e descontração num encontro de boa gente com boa gastronomia ressaltada por vinhos marcantes, sempre um privilégio! Salute, kanimambo e um ótimo fim de semana para todos. Semana que vem finalizo os posts sobre Mendoza, até lá.

Os Brancos Portugueses Estão em Ótima Forma

Não é de hoje que venho ressaltando a ótima fase pela qual passam os vinhos portugueses e um destaque especial deve ser dado aos brancos que vêm se destacando no cenário mundial na mais diversas faixas de preço. Induzi a Confraria Saca Rolhas a enveredar por este caminho no mês passado e só senti que não pudesse ter colocado alguns outros grandes brancos, porém há limites tanto para grana quanto para o número de rótulos nestes sempre agradáveis encontros mensais. Faltaram um monte de rótulos que adoraria ver por aqui e certamente cada leitor terá os seus indicados, mas eis o que a amiga Raquel, porta voz da confraria, tem a nos dizer sobre mais essa curta viagem de descobrimentos!

No começo do mês de Abril, resolvemos nos despedir daquele verão escaldante que tivemos este ano, com uma boa dose de vinhos brancos que, apesar de pouco consumido por nós, acho sempre uma boa escolha. São leves, refrescantes e acompanham bem uma refeição. Optamos pelos brancos de Portugal, tão pouco conhecidos e com uma variedade tão grande de castas nativas que mereciam uma noite de degustação só para eles.
Os vinhos portugueses tem me encantado cada vez mais. Tanto tintos como brancos, são cheios de tipicidade e caráter. São mais de 300 variedades de castas, com seus nomes esquisitos, que variam dependendo da região de onde provêm: A uva “Fernão Pires” do Dão, é chamada de “Maria Gomes” no Alentejo. A “Bical” da Bairrada, é conhecida como “Borrado das Moscas”no Dão. A “Tinta Roriz do norte é conhecida como “Aragonêz” no sul. A “Sercial”, “Cercial” e a “Cerceal”, são castas diferentes! E por aí vai…… Atualmente podemos encontrar no mercado uma grande variedade deles, coisa que à poucos anos não era possível. Acho que estão deixando a modéstia peculiar de lado e investindo na produção e divulgação do seu produto para todo o mundo. Sorte a nossa!

O primeiro vinho a ser degustado, como de regra, foi um espumante:

  • Luis Pato Bruto-2009 – Feito à partir da casta Maria Gomes, aparentava um leve tom dourado. Muito fresco, boa acidez, bom extrato, frutado e um leve traço de oxidação em função da idade.

Na sequência, provamos pela ordem:

  • Prova Régia Premium-2012 – Lisboa, D.O.C. Bucelas, feito à partir da Arinto. Amadurecido em tanques de aço inox, mas passa 1 mês em contato com as borras (sur lie). Os aromas estavam um pouco fechados no início, mas com o tempo e conforme a temperatura foi atingindo seu nível ideal, apareceram os aromas florais, vegetais e da própria levedura, agregando maior complexidade tanto no nariz como na boca. Ervas e frutas brancas vão ficando mais evidentes, com muito frescor e persistência.
  • Pomares-2012 – Douro, elaborado com Viosinho, Gouveio e Rabigato.
  • Nariz bem presente de frutas maduras como pêssego, abacaxi. Encorpado, bem estruturado e leve traço de madeira, apesar de não passar por ela.
  • Morgado de Santa Catherina Reserva-2011 – Lisboa, D.O.C. Bucelas, 100% Arinto. Fermentado em barricas de carvalho francês, com estágio de 9 meses sob as borras. Aromas muito frescos, minerais, florais (lavanda, jasmim) e especiarias. Muito equilibrado em acidez e corpo. Sabores que confirmam os aromas de frescor e evoluem bastante na taça.
  • Quinta dos Roques-Encruzado-2012 – Da região do Dão, elaborado com a uva Encruzado. Aromas delicados, cítricos. Muito elegante e equilibrado, sem deixar sobressair nenhum elemento de destaque. Apesar do frescor e leveza, mostra-se com boa estrutura e persistência. Com o tempo em taça, aparecem traços de tostado da madeira.
  • Muros de Melgaço 2010 – Região de Vinhos Verdes, 100% Alvarinho. Elaborado com um clone raro desta casta, que tem a casca alaranjada, confere a este vinho características bem diferentes do esperado. Com aromas cítricos e frescos no primeiro impacto, vai tornando-se mais encorpado e complexo com o tempo. Ótima acidez, que o faz um bom companheiro nas refeições, sem perder seu volume em boca até com pratos mais untuosos e marcantes. Ouvi dizer que escoltou com bravura até um barreado(carne cozida lentamente em panela de barro) Não duvido !
  • Malhadinha 2010 – Alentejo, foi elaborado com as castas Chardonnay, Arinto e Viognier. De cor dourada e muito aromático. Boa estrutura e equilíbrio entre corpo e acidez. Os sabores cítricos, de limão e tangerina (que me fizeram lembrar as balas azedinhas da minha infância) convivem perfeitamente com a densidade do tostado abaunilhado da madeira. Mostrou as qualidades de um vinho robusto e evoluído, sem perder o frescor, a alegria e a alma jovem, que caracterizam a maioria dos brancos.

Portugueses brancos
          Até hoje em dia, ainda ouço vez por outra, falarem que o vinhos brancos não estão no mesmo patamar de importância que os vinhos tintos ocupam e até justificam que os melhores vinhos do mundo são os tintos. Desculpem! Acho que as pessoas que afirmam isso, ainda não foram apresentados à um grande branco! Existem brancos excepcionais na Borgonha(França), no Reno(Alemanha), sem falar dos espumantes de Champanhe e os botritizados de Sauternes. Atualmente, não podemos esquecer os Vinhos Verde feitos à partir das castas Alvarinho e Loureiro, tão pouco conhecidos e com um potencial de envelhecimento incrível, o que só é possível quando se fala de vinhos de grande qualidade. Além disso, acompanham muito bem pratos a base de peixes e frutos do mar, são leves e com dosagem alcoólica baixa, o que faz deles mais agradáveis e refrescantes no verão.
Outro questão que sempre me chamou atenção, foi o fato de que os melhores e mais bem estruturados vinhos brancos produzidos pelo mundo, provêm de países frios, onde seu consumo não está necessariamente associado aos verões tropicais, com muito calor, como os que temos por aqui. Podem tanto acompanhar uma refeição, ou descontraidamente escoltar um aperitivo com amigos, ou mesmo serem apreciados num momento de relaxamento e reflexão. São muito versáteis e amigáveis!  Portanto se você é daqueles que ainda não se deparou com o “seu” grande vinho branco, não perca por esperar. Dê-lhes uma chance e garanto que seu leque de prazer só irá aumentar.

Bem amigos, por hoje é só, porém esta semana ainda está bastante movimentada com o Encontro Mistral e a APAS, então muita coisa ainda por garimpar. Uma ótima semana para todos e seguimos nos encontrando por aqui. Salute, kanimambo e afora dia 15 com uma noite espanhola, dia 31 promoverei um Wine Dinner Luso, reservem essas datas de Maio pois valerá a pena, eu garanto!

Merlots Premium Brasileiros ás Cegas

Começamos o ano de 2014 encarando paradigmas sobre o vinho brasileiro. Decidimos provar alguns dos principais e mais conceituados Merlots nacionais colocando-lhes um adversário no mesmo patamar para que tivéssemos um real parâmetro comparativo, um exemplar da Patagônia argentina. Pessoalmente, acho que na relação Qualidade x Quantidade, temos hoje o melhor Merlot da América latina, quiçá das Américas. Há ótimos vinhos chilenos, argentinos e até americanos, porém a média de nossa produção é realmente muito boa e com os mais diversos estilos, afinal Michel Rolland andou por aqui e deixou seu legado, sendo vinhos aos quais os seguidores de Baco deveriam dar um pouco mais de atenção enterrando seus preconceitos. Não acredita?! Tudo bem, mas pelo menos lhes dê uma chance; prove e às cegas!! .     

         Tendo dito isso, vou deixar a amiga e confreira Raquel Santos, a porta voz da Confraria Saca Rolhas, nos passar sua opinião sobre o evento e vinhos e no final dou um pitaco sobre o que provamos. Diz aí Raquel!

          No nosso primeiro encontro do ano, resolvemos começar pondo o pé no chão e ordem na casa.  Não que o ano que passou tenha sido ruim, longe disso. Basta ver quantas vezes a Confraria Saca Rolhas foi citada na lista dos “Deuses do Olimpo” neste blog! Realmente foi muito bom. Ótimas degustações, ótimos vinhos!

         Resolvemos fazer uma degustação às cegas, com vinhos nacionais, equivalentes, de qualidade premium e elaborados com a uva Merlot, das safras entre 2005 a 2008. Sabíamos que entre eles havia um intruso e isso sempre é bom para desequilibrar as referências pré concebidas e mexer um pouco com nosso sensorial.

         O fato de conhecermos melhor o que temos por aqui, poderia nos dar parâmetros para compará-los com outros merlots já degustados em outras ocasiões, do mesmo nível, em termos de qualidade, faixa de preço, e perceber da evolução da produção brasileira. A uva Merlot, proveniente da região de Bordeaux na França, proporciona vinhos com taninos macios, aromas elegantes e sabores frescos, frutados que evoluem muito com o tempo. Atualmente já é consenso entre os enólogos que é a casta que melhor se desenvolveu na serra gaúcha.

         Pudemos comprovar isso na taça com os belos exemplares que nos foram selecionados:

Salton Desejo 2006 – Aromas muito frescos de ervas, especiarias, cítricos ( lembrando casca de laranja). Na boca era suave, com média acidez, taninos finos e pouco corpo. Com o tempo, evoluiu bastante na taça, mostrando outro lado, mais consistente de madeira, couro e chocolate. Bento Gonçalves/RS. Preço médio: R$75,00

Miolo Terroir 2008 – Ataque alcoólico com presença de acidez e taninos. Na boca é muito frutado e vai se equilibrando cada vez mais com o tempo. Vale lembrar que esse vinho foi promovido pelo produtor como “melhor Merlot do mundo” depois de vencer uma competição internacional em sua faixa de preço. Vale dos Vinhedos/RS. Preço médio: R$130,00

 Pizzato DNA 99 2005 – Sua primeira safra, proveniente de um único vinhedo, que gerou seu famoso Merlot de 99, mereceu destaque pela qualidade e complexidade. De aromas frescos, mentolados e elegantes. Muito equilibrado, e grande potencial de evolução na taça. Foi se modificando incessantemente, com sabores e aromas sedutores. Vale dos Vinhedos/ RS. Preço na Vinícola: R$170,00

Valduga Storia 2006 – Muito aromático, com especiarias, madeira e frutas. Na boca, a madeira se confirma e aparecem nuances de caramelo, tostado, chocolate amargo, etc….. evolui muito na taça. Muito equilibrado! Bento Gonçalves/RS. Preço médio R$160,00

 Patritti Primogénito 2009 – À primeira vista, ou melhor, à primeira fungada, causou estranheza, por algo químico ou muito forte que não conseguimos identificar. Pareceu-nos bem diferente dos anteriores. Sabores marcantes de especiarias (anis), pinho, ameixas, frutas vermelhas e madeira bem incorporada. E apesar da potencia inicial, demonstrou bom equilíbrio e vocação gastronômica, com destaque para a acidez que pedia algo que o acompanhasse ou fizesse um contraponto. Esse era nosso intruso, que chegou metendo o pé na porta, mas depois se comportou muito bem! Patagônia/ Argentina. Preço médio: R$110,00

Merlots na Confraria Saca Rolhas

 Ao fim da degustação, algumas características ficaram evidentes para nós: Houve uma significativa evolução dos vinhos de qualidade em nosso país. Apesar de não se mostrarem desde o início, na taça, deixam claro seu potencial evolutivo, porém ao mesmo tempo que crescem na taça, também se cansam  logo. São como crianças felizes e saudáveis, que depois de um dia de brincadeiras agitadas, caem no sono instantaneamente em qualquer canto.

         Outra questão que me chamou atenção, depois pesquisando o assunto, foi a tentativa da mídia ou mesmo do produtor, de equiparar o produto nacional com o estrangeiro. A ideia de igualar seu produto a um Bordeaux ou promover um vinho como “o melhor Merlot do mundo”, soa, a meu ver,  um pouco exagerado. Eu, defensora que sou do vinho brasileiro, acho que temos muito à caminhar nesse sentido. Além disso temos a questão do custo Brasil, onde os impostos aqui aplicados não são nada incentivadores, tanto para produtores como para consumidores. Enfim, isso é assunto para muitos outros posts e que temos que continuar pensando e adequando à nossa realidade.

         Essa foi uma degustação para refletirmos o que foi, o que é e o que poderá ser, no futuro a produção de vinhos no Brasil. Se olharmos para trás, nos anos 80, quando a produção era ínfima e o que é hoje, podemos ver que existe uma grande evolução. E se compararmos com os países que produzem vinho à séculos, nós estamos apenas começando.  

       Como disse deixei para o fim meus pitacos sobre mais este encontro da Confraria. Como a degustação foi ás cegas, deixei para abrir os rótulos somente após uma votação quanto ao melhor vinho da noite. Houve uma clara divisão, porém a maioria optou pelo vinho mais pronto e mais redondo de todos, o Salton Desejo, seguido do DNA e do Primogênito. Pessoalmente, achei que o DNA e o Primogênito roubaram a cena um degrau acima dos demais, mas isso é muito pessoal! Incrível a vida ainda presente nesse DNA com já oito anos nas costas e que ainda promete grande evolução na garrafa, quem conseguir guardar verá! Por outro lado, afora o posicionamento de preço do Desejo da Salton que está muito em linha com o mercado, o restante está num patamar que realmente pretende ser exclusivo, vinho para poucos e, considerando que cada um monta a estratégia que lhe for mais interessante, algo que temos que respeitar ainda mais quando vendem tudo o que colocam no mercado.

     Não podia deixar de ressaltar que o Storia 2005 segue sendo imbatível. Já tinha provado o 2008 e agora o 2006, mas ficaram bem aquém da primeira edição deste ícone da Valduga, uma raridade no mercado que quando achado passa das absurdas 400 pratas! Enfim, mais uma noite muito agradável em que aprendemos um pouco mais das coisas desta nossa complexa vinosfera com toda a sua diversidade e variáveis, tendo tido como abertura o saboroso e fresco Angas Brut, o espumante australiano mais exportado, que preparou nosso palato para o que estava por vir. Kanimambo, salute e um ótimo fim de semana para todos lembrando que ainda temos algumas poucas vagas disponíveis para dia 13 na Vino & Sapore.

 

      

Blends: Desafio às Cegas – Argentina x Chile

               Mais um muito saboroso e agradável encontro da Confraria Saca Rolha reunida na Vino & Sapore. Não falei no post anterior que participo de diversas! Nossa porta-voz é a confreira e sommelier Raquel Santos que reproduz aqui sua visão dessas experiências que vivemos com bastante intensidade e alegria em nossos encontros mensais. Pois bem, embarquemos nos relatos dela, que já tem seus seguidores aqui no blog, e ao final dou meu pitaco.

Quando se fala em vinhos de corte (blends ou assemblage), há que se comparar com os varietais. Durante séculos, na produção de vinhos, poucas pessoas sabiam quais variedades de uvas existiam na bebida que consumida. Os principais produtores do velho mundo utilizavam as uvas que melhor se adaptavam à terra, misturando-as, como numa fórmula mágica e secreta, com a intenção de extrair o melhor resultado final possível. A melhor expressão da terra, clima e certamente a mão do homem, na produção de um vinho, chamou-se de “terroir”.

            Nessa época, ao se referir a algum vinho, falava-se em Bordeaux, Bourgogne, Barolo, Barbaresco, Rioja, Douro, etc. Era mais importante constar no rótulo a D.O.C. – denominação de origem controlada, junto com o nome do produtor, do que as castas utilizadas. Isso já estava implícito pela procedência e podiam variar de acordo com o clima daquele ano. Quando começou a produção de vinhos, no que chamamos hoje de “novo mundo”, optou-se por identificá-los pela variedade da uva como um fator de qualidade, já que eram mudas importadas das tradicionais e nobres castas europeias. Nós, consumidores, passamos a nos identificar com os estilos de cada uva, que por sua vez, definiria o estilo do vinho.

            No encontro da confraria de Julho, pensamos em confrontar duas regiões produtoras, muito bem conhecidos por nós : A Argentina, que se destacou principalmente pela Malbec, e o Chile, pela Carmenére. Só que, nesse desafio, optamos por vinhos de corte (blends), onde essas uvas aparecem associadas a outras. A ideia aí foi que mesmo com presença de outras castas, o resultado final não deixasse de evidenciar as características e o estilo dos vinhos dessas regiões.  

            Uma degustação às cegas, é sempre divertida, e fazia parte da brincadeira descobrir, dos vinhos degustados, quais eram argentinos e quais eram  chilenos. Para facilitar, foram servidos em pares (1 argentino e 1 chileno) por faixas de preços: (clique na imagem para aumentar)

Blends - Argentina - Chile

             1A. Estampa Gold 2009.

Muita fruta, madeira e especiarias(alcaçuz/cânfora…).Toque mineral, meio salgado que fazia contraponto com uma doçura alcoólica. Bem encorpado, boa acidez, com notas de tomate e pimentão.

Chile – Carmenére/Cabernet Sauvignon/Cabernet Franc/Petit Verdot.

            1B. Finca Agostino Família Gran Reserva 2008.

Suave no nariz, frutas maduras, ervas, eucalipto. Taninos suaves, mas presentes. Toque de menta, mate e amêndoas.

Argentina – Malbec/Petit Verdot/Cabernet Sauvignon/Syrah.

             2A. Aluvion Gran Reserva 2008.

Ataque floral no nariz(lavanda/violeta…), cânfora, noz moscada. Bem equilibrado, complexo e  bom corpo.

Chile – Syrah/Cabernet Sauvignon.

            2B. Norton Privado 2007.

Herbáceo com um leve mentolado. Muito potente em boca (acidez/taninos/álcool). Persistência longa, sobrando doçura. Pede comida.

Argentina – Malbec/Merlot/Cabernet Sauvignon.

             3A. Bressia Profundo 2007.

Muito suave no nariz. Com o tempo foi-se abrindo, demonstrando uma enorme gama de aromas: florais, vegetais, defumados, etc… Muito equilibrado na boca. Macio, encorpado e longo. Boa acidez o que denota um bom acompanhante gastronômico. Esse vinho levantou muitas ideias de harmonização!

Argentina – Malbec/Cabernet Sauvignon/Merlot/Syrah.

             3B. Caballo Loco Gran Crú Apalta 2010.

Esse é um vinho diferente. Produzido pela vinícola Valdivieso desde 1994. Muito potente e robusto, como o nome já diz, pode-se ver um cavalo selvagem de muita raça ali dentro da taça! Para domá-lo, dê o tempo que ele merece. É um desafio que sempre deixa um gostinho de “quero mais”, pela enorme gama de aromas,  sabores e sensações que vão se revelando pouco a pouco. 

Chile – Cabernet Sauvignon/Carmenére.

             No final da degustação, foi chegada a hora de revelar os rótulos provados e para surpresa do nosso anfitrião, tivemos quatro acertadores! Isso mostra que vinho argentino não é só Malbec e o chileno tampouco será só Carmenére. O estilo deles sempre estarão ali, marcando presença.  O prêmio, mais uma garrafa de vinho (é claro, rs..rs…), foi dividida entre todos! E não sei se foi proposital ou não……..querem saber qual foi o vinho?

            Um VARIETAL de uva Merlot, italiano.

            Poggio del Sasso 2011 – Cantina di Montalcino – Toscana.

Um vinho proveniente de onde as leis foram adaptadas ao gosto moderno. Os produtores da costa Toscana introduziram a uva Merlot e Cabernet Sauvignon na região dominada pela Sangiovese, ignorando a rígida classificação de DOC, e criando os chamados “Super Toscanos”.

            Os defensores dos vinhos varietais argumentam que estes são os que melhor expressam a verdadeira essência do terroir, através dos sabores da terra, o comportamento do clima e a ação do homem que traduz tudo isso de uma maneira mais verdadeira. Já os que preferem os blends, além de valorizarem o modo ancestral da vinificação, acham que a mistura de castas diferentes proporcionam vinhos de melhor qualidade, ou seja, favorecendo seu equilíbrio, corrigindo defeitos, e onde não só a matéria prima que a natureza nos oferece é utilizada para criar um vinho. A interferência do homem que o faz torna-se de grande importância se a ele é dada essa liberdade.

            Atualmente , a produção de vinhos no mundo, tem evoluído sempre no que diz respeito a tecnologia, do plantio até a distribuição. Temos desde vinhos artesanais, de pequenos produtores, naturais, orgânicos, biodinâmicos, com mais ou menos interferências no seu feitio. E dentre eles temos os blends e os varietais.

            Qual é o melhor? Temos que provar para saber…….essa é uma busca incessante que sempre existirá, graças a Deus!   

Cada um dos flights de vinhos, foi escolhido tendo como parâmetro uma determinada faixa de preço (80 a 90 / 100 a 120 e 190 a 210) para ver como a complexidade dos vinhos cresce conforme os preços o fazem. Caro não quer dizer bom e muito menos que seja do seu gosto, porém na maioria das vezes é fato consumado, quanto mais caro vinho melhor e mais complexo. Bons vinhos de cabo a rabo, mas a meu ver a Argentina ganhou (há controvérsias no grupo – rs) e esse Bressia Profundo, um grande vinho, foi para mim o melhor da noite!

Salute e kanimambo       

Confraria Vino Paradiso Harmoniza Carne ao Molho Indiano

Participo de diversas confrarias e na Vino  & Sapore hospedamos algumas, sempre um motivo de alegriaCarne Indiana na Vino Paradiso cada uma a seu jeito e com seus objetivos. A “Vino Paradiso”, no entanto, é algo diferente porque é sempre um Desafio que nos é colocado pelo Ney Laux, confrade, amigo e experiente chef de cozinha que há décadas faz a alegria de boa parte dos amantes da boa comida na Granja Viana. Mensalmente ele determina um prato e nós, eu e o também confrade Carlos, corremos atrás dos vinhos que acreditamos possam harmonizar com o prato como no caso de Bacalhau e Vinho e Joelho de Porco com Riesling entre diversos outros incríveis momentos. Na foto, o Ney, sua criação e a Renata que não resistiu aguardar sua vez e já quis atacar o prato do mestre!

Desta feita o desafio foi grande pois, como os amigos já sabem, harmonizar comida indiana com toda a sua complexidade de sabores, aromas e presença forte de especiarias, não é tarefa fácil. O amigo Carlos perdeu, o coitado estava na Toscana (rs), mas de lá deu sua dica, um Syrah australiano deveria dar samba. Bem, certamente esse deveria ser um dos escolhidos, mas que mais já que tradicionalmente brincamos com três vinhos? Pensei num Gewurztraminer, mas não tinha um à altura na loja. Enveredei destemidamente pelos tintos e acabei escolhendo um Zinfandel americano e um Touriga Nacional alentejano. Até o último momento, no entanto, fiquei com o branco na cabeça, achei que ainda seria a melhor opção, até que decidi incluir um quarto vinho nessa experiência, um Paul Mas Viognier 2010 da região do Languedoc.

Antes de falar do resultado, deixa eu falar um pouco do prato que, por sinal e para não perder o costume, estava delicioso e ele, em si, já exigiu uma certa dose de harmonização da parte do Ney. Um prato composto de três partes

1 – Cubos de filé mignon no molho com tomate, cebola, champignon e especiarias (cravo, canela, gengibre, semente de coentro, semente de mostarda, cúrcuma e pimentas).

2 – Chutney – maçã, laranja, passas de uva, gengibre, semente de mostarda e curry

3 – Arroz branco

A carne estava perfeita, rica, porém com a integração das especiarias de forma muito sutil e agradável. O chutney, adoro chutney, estava divino e as especiarias aqui bem mais presente, já o arroz trazia uma certa neutralidade que ajudou muito servindo como liga na harmonização de sabores. Essa complexidade toda reagiu de formas diferentes aos vinhos, pelo menos na minha avaliação, conforme abaixo

Paul Mas Viognier 2010 – uma agradável surpresa que se moldou muito bem ao conjunto (carne/chutney/arroz) dando um frescor especial ao prato e mostrando ter corpo bastante para ‘aguentar” o prato. A meu ver, empatou com o australiano tinto como os melhores no quesito harmonização com o conjunto do prato. De forma diferente, mas ambos muito especiais!

Wente Bayer Ranch Zinfandel 2009 – vinho muito saboroso, frutado e com um final tipicamente adocicado com nuances de especiarias, estas últimas bem sutis. Acompanhou  a carne mas morreu com o chutney. Não foi mal, mas não deixou saudades. Melhor só!

Tatachilla Keystone Syrah/Viognier 2004 – da Austrália, este vinho está em seu ápice e esse corte típico de Cote Rotie (Rhône) casou muito bem com o conjunto do prato. Complexo, especiarias mais marcantes e a Viognier lhe aporta um frescor a mais. Bela opção e aqui segui o conselho do Carlos, bela tacada!

Herdade de São Miguel Touriga Nacional 2010 – do Alentejo, um vinho delicioso, cremoso, bom volume de boca, taninos aveludados bem integrados e fruta no ponto em total equilíbrio. Para mim, olha o sangue falando mais alto, o melhor vinho da noite, porém perdeu na harmonização com o conjunto. Já só com a carne, para mim foi o melhor.

Vinhos 1 na Vino Paradiso

           Mais uma vez o Ney conseguiu se superar e tivemos mais uma noite extremamente agradável. Boa comida, boa bebida e grande companhia, mesmo quando um não esteja nos seus melhores dias, impossível não curtir esses momentos, pois os outros seguram! O restaurante ele fechou, momentaneamente esperamos, mas nós, confrades privilegiados, seguimos tendo a oportunidade de nos deliciarmos com seus pratos deliciosos, gastronomia de autor de primeira e com comida no prato!

É isso gente, nunca deixem de experimentar coisas diferentes, as descobertas são invariavelmente muito interessantes. Salute,  kanimambo  e não esqueçam, a 2º edição do Saturday Night Wine Tasting na Vino & Sapore está chegando, dia 10 de Agosto. Aguardo você, mas garanta antes seu convite.

Montando Sua Confraria

Você já se perguntou sobre o que ter em mente quando da montagem de uma confraria? Juntar um pessoal para tomar alguns bons vinhos, avaliá-los e/ou harmonizá-los, trocar idéias, enfim curtir esse mundo de Baco?  Eu cá tenho as minhas idéias sobre isso, mas optei por dar uma viajada pela internet me deparando com este texto que me agradou muitíssimo e achei por bem compartilhar com você que está pensando em criar ou dar uma arrumada na sua Confraria. O texto é do dedicado e entusiasta, por tudo o que li em seu blog porque não o conheço pessoalmente, Osvaldir Castro publicado há quase dois anos, em Maio de 2009 no seu blog “Per Bacco”, que creio não existe mais. Veja o que ele diz: “O vinho é a mais social das bebidas.  Que tal você reunir um grupo de amigos e formar uma confraria? Alí vocês terão a oportunidade de trocar conhecimentos e informações e, principalmente degustar muitos e muitos vinhos, o que seria muito mais difícil de realizar sozinho. Algumas regrinhas precisam ser observadas para o êxito do empreendimento:

  •     O grupo deve ter no máximo 12 membros, para que se possa fazer uma boa degustação
  •    Um dos integrantes será escolhido para coordenar o grupo (pode ser chamado de coordenador, presidente ou ditador)
  •    As reuniões poderão ser mensais, com as datas e locais escolhidos pelo grupo
  •    O horário estabelecido deve ser seguido rigidamente (quem se atrasar poderá ser multado – trazendo um vinho na próxoma reunião
  •    O local escolhido deve ser ausente de odores (perfume nem pensar)
  •     Deve ser fixada uma mensalidade, obrigatória, inclusive, para os faltantes (não deve haver nenhuma justificativa para a ausência)
  •    O grupo deve utilizar uma ficha de avaliação, facilmente encontada na internet, em sites de confrarias.  Ela poderá, no inicio, ser adaptada e simplificada
  •    A degustação deve ser às cegas, com as garrafas embrulhadas em papel alumínio ou outro papel opaco, numeradas por um elemento estranho ao grupo
  •    O número ideal de garrafas é 5 (mais do que isso o álcool poderá fazer a diferença!)
  •    A escolha dos vinhos deve obedecer a um critério establecido pelo grupo (tipo de uva, região, país,etc.)
  •    O responsável indicado para a aquisição dos vinhos deverá pesquisar informações sobre os mesmos (detalhar região, tipicidade da cepa, informar sobre a vinícola,etc.)
  •   As opiniões individuais devem ser sempre respeitadas, evitando-se polêmicas que não ajudam a enriquecer o cabedal enofílico (sic!)”

Agora, com relação á Confraria, que mais você acha que pode ser adicionado a essa receita? Eu vi, essa não lembro mais aonde, que o ideal é convidar pelos menos um mais endinheirado que é para ele levar o vinho caro! rs E aí participe mandando sua receita de montagem de uma confraria, junto tudo e depois publico mais um post.

Salute e kanimambo

Noticias de Nossa Vinosfera

         Mais um “time out” na sequência dos Melhores de 2009 para divulgarmos algumas noticias, umas nem tão novas, sobre nossa vinosfera. A falta de tempo, outros focos e as férias me tem impossibilitado de manter estes posts atualizados, mas estas são noticias que não podem ficar na gaveta. Para alguns, umas poucas noticias podem ser chover no molhado, mas para outros creio que são informações interessantes e, por outro lado, tem sempre coisa nova interessante neste imenso universo do vinho.

Marketing – Meu prêmio de ação de marketing do ano de 2009 vai definitivamente para a Miolo com sua grande e bem sucedida sacada de venda de espumantes Terranova na praia. Nota dez, e olha que sou duro de dar dez para qualquer coisa, mas veja o resultado; Os carrinhos personalizados da Miolo Wine Group que vendem desde dezembro os espumantes da linha Terranova à beira-mar têm causado alvoroço nas praias de Florianópolis (SC). A inusitada ação desperta o interesse dos veranistas e leva muitos a registrarem o momento em fotos. Além de oferecer espumantes na temperatura ideal na beira da praia, a novidade tem conquistado consumidores que ainda não conheciam os produtos da Miolo Wine Group. “Uma veranista ligou para o marido que fazia naquele momento compras de espumantes para o final do ano para encomendar o Terranova Moscatel”, conta Carlos Eduardo Nogueira, diretor de marketing da empresa. Em duas semanas, foram comercializadas 2 mil garrafas na praia somente na Ilha. (foto cedida pela Miolo)

Confraria Branco Leve – Há uns meses atrás, mais precisamente em 14 de Julho comentei aqui um vinho branco português produzido pela Adega Cooperativa do Cadaval (Estremadura/CVR Tejo) que ainda não tinha importador. Pois bem, a boa noticia é de que este rótulo está agora disponível na Lusitana de Vinhos & Azeites. Um boa pedida neste quente inicio do ano.

Concurso Gastronômico Fenaostra – Esta eu duvido que vocês conheçam, mas é importante evento em Santa Catarina edentro da programação, um concurso denominado Pérola da Ostra – categoria Gourmet, destinado aos amantes da cozinha, a caminho da profissionalização ou não, e tem como objetivo incentivar a cultura gastronômica, a produção de receitas e o consumo de ostras, um produto típico do Estado. Para participar do concurso, é necessário apresentar uma criação própria e original e os amigos da Marithimus marcaram presença.

                Foi no final de Outubro passado, e a dupla Marcelo Wippel da Silva e Antonio Carlos de Novaes e Silva (Marithimus) venceu o concurso na categoria Gourmet. A receita apresentada, Ravióli de ostras defumadas com calda de laranja aromatizada com gengibre, foi elaborada com ostras defumadas da empresa. O ravióli de ostras defumadas chamou a atenção dos jurados pelo contraste de sabor entre o defumado das ostras com o adocicado da calda de laranja. O gengibre deu um toque especial, emprestando o seu frescor, sem a esperada ardência que lhe é peculiar. Por isso, surpreendeu a todos. A tendência monocromática do prato também foi destaque. Quer ver a receita? Então clique aqui . Não sei não, mas em função dessa calda, eu arriscaria um Confraria Leve no lugar do tradicional espumante.

Riedel – As famosas taças de vinho mudaram de casa no Brasil se instalando na Mistral que de agora em diante é sua importadora e distribuidora exclusiva. Com uma tradição de quase três séculos, a perfeccionista família de origem austríaca mudou completamente a história das taças de vinho, abandonando os modelos de pequena capacidade, grossos e lapidados, em favor de taças grandes e finas, impecavelmente transparentes e produzidas artesanalmente com o mais fino cristal, uma para cada tipo de vinho. “A famíla Riedel nunca colocou seu nome em uma única garrafa de vinho, mas, nos últimos 50 anos, fez mais para aumentar o prazer dos enófilos que praticamente qualquer outra dinastia do mundo do vinho”, publicou a revista norte-americana Time. Boa sorte na casa nova.

Planeta Oceano – Jornal da região oceânica de Niterói já iniciou a distribuição da edição de Janeiro com a coluna Falando de Vinhos tratando do tema “Achados de 2009”. Quer ver, então clique aqui.

Gula – Por falar em mídia impressa, nesta próxima semana deve sair a primeira edição do ano de 2010 da Revista Gula com dicas dos Melhores de 2009. Sugestão, compre assim que chegue e aproveite para ler os pitacos que este vosso humilde servo deu por lá!

Tannat Vallontano – O amigo Didu e sua Confraria dos Sommeliers promovem mensalmente provas ás cegas com diversos temas. Dessa feita foi de vinhos Tannat em que estiveram presentes 13 rótulos uruguaios e um surpresa, o Tannat da Vallontano que acabou obtendo a quarta melhor nota do encontro. Uma ótima noticia para a Vallontano que mostra o atual estágio da indústria do vinho brasileiro e nos deixa com água na boca de provar mais este rótulo. Tá na lista!

Decanter Wine News: Algumas curtas com noticias interessantes dadas por esta importante revista inglesa:

  • USA – templo do consumo e dos vinhos de USD 100 e acima, a crise criou um novo marco no mercado que deve perdurar por pelo menos mais uns dois anos, o patamar hoje virou USD50! A grande faixa de consumidores entre 45 e 55 anos viu sua receita cair cerca de 45% nos últimos dois anos e com isso um crescimento na preocupação com consumo. Maior penalizado nesse processo foi a indústria local de vinhos que, tradicionalmente, vinha posicionando seus vinhos na faixa mais alta de preços e o crescimento de fatia de mercado dos produtores argentinos e chilenos.
  • Boom australiano chegando ao fim? – a produção australiana está cerca de 100 milhões de caixas acima da demanda prevista o que traz sérios problemas à industria. Esta situação se agravou com a crise mundial e o crescimento na presença internacional de vinhos de outros países do novo mundo como Argentina, Chile e África do Sul. Uma política de reestruturação da industria está sendo criada para ajudar os produtores de uvas a reformular produção e até eliminar vinhedos ou mudar de atividade. Ouch!
  • Flavescence Dorée – já ouviu falar disso? Pois bem, talvez venhamos a ouvir bem mais nos próximos anos já que esta doença das vinhas pode vir a se tornar uma nova phyloxera caso a devida atenção não lhe seja dada. Presente há um tempo em terras francesas, ressurgindo com mais força agora em Bordeaux, a presença dessa doença transmitida pela cicadelle, um pequeno gafanhoto que pula de folha em folha, amarela a folha antes de destruir a vinha. Isto, inicialmente, reduz a produtividade, mas pode levar à eliminação total de vinhedos. Ojo!!
  • Nicolas Patel no Chile – como dizem, se você não consegue batê-los, una-se a eles! Famoso produtor da Borgonha, se une à Vinícola “Vina Corpora” na região de Bio-Bio num projeto novo em que pretende produzir grandes Pinot Noir. É esperar para checar, já que teremos a primeira safra neste ano.
  • Singapore Airlines – apesar de algumas dificuldades financeiras que fizeram com que o CEO cortasse seu próprio seu salário em 20% (deve ser troco) na busca por uma reestruturação de custos para reduzir os prejuízos acumulados nos dois últimos trimestres, o orçamento de cerca de 5 milhões de libras para compras de vinho permanecerá! Algum produtor nacional de habilita?

Amanhã a volta da coluna do Breno – depois de merecidas férias e na expectativa de ser mais um avô fresco este ano, o Breno volta com suas deliciosas e certeiras crônicas, reflexões do fundo de copo. Amanhã, Sábado (16/01)

Uvas & Vinhos retoma sua trajetória – Alternando com as Crônicas do Breno aos Sábados, Uvas & Vinhos está voltando e, desta feita, com uma grande noticia, uvas autóctones portuguesas serão comentadas pelo amigo e enólogo do projeto Quinta do Seival da Miolo, o Miguel de Almeida. Alguém melhor para falar das uvas, sua história e sua característica do que quem trabalha com ela? Mais, o Miguel tem mostrado grande capacidade á frentes deste projeto, então será uma grande honra recebê-lo aqui. Estréia com Touriga Nacional no Sábado dia 23, não perca!

SISAB – Falando de coisas portuguesas, eis uma boa oportunidade para os amigos que estejam de férias em Portugal no final de Fevereiro e para os empresários da área enogastronômica que queiram conhecer um pouco mais do que Portugal tem de bom nessa área. Dias 22 a 24 de Fevereiro,o Pavilhão Atlântico do Parque das Nações, será palco desta importante feira de negócios, o Salão Internacional do Vinho, Pescado e Agro-industrial. Afora o salão a ser visitado, passar alguns dias em Lisboa e região é sempre um grande prazer, especialmente para os amantes da boa enogastrônomia, então não perca a oportunidade. Quer saber mais, clique aqui.

Por hoje é só. Amanhã é dia da volta do Breno e na Segunda e Terça a finalização da lista dos melhores Vinhos de 2009.

Salute, kanimambo e um ótimo final de semana.

Confraria na Taça

Nestas últimas semanas tenho tido a oportunidade de provar alguns vinhos diferenciados, como o que comentei ontem. Desta feita, mesmo com o friozinho de nosso inverno, tomei  dois vinhos bConfraria brancos 2rancos portugueses que ainda não estão disponíveis no Brasil, mas que espero possamos tê-los por aqui dentro em breve, são os vinhos Confraria (nome sugestivo) da Adega Cooperativa do Cadaval pertencente à CVR Lisboa. Por pura coincidência, meu primo trabalha na prefeitura da cidade, ô mundinho pequeno esse!

A Adega Cooperativa do Cadaval produz seus vinhos de uvas plantadas nos vinhedos que cobrem as encostas soalheiras da Serra do Montejunto e que, em declive suave, se estendem pelo vale. Foi fundada em 1963 por um grupo de pequenos viticultores que processaram na ultima safra um pouco mais de 7.000 toneladas de uva.  Presentemente, passa por uma grande reformulação no sentido de colocar a ACC no mapa de nossa vinosfera mundial, mas já possui uma marca bem conhecida no mercado português que é esta linha de vinhos Confraria composta de um vinho tinto e estes dois brancos provados. Há cerca de uns três para quatro anos, cheguei a tomar o tinto (castelão/aragonês e trincadeira), foi-me dado por meu querido primo Álvaro, e me lembro que mesmo não sendo nenhum blockbuster, foi um vinho que me agradou como um vinho correto para o dia-a-dia. Este post, no entanto, é para falar dos vinhos brancos, pois estes tomei agora e com a devida atenção.

Confraria Branco Leve 2008, é elaborado com a uva Moscatel num processo de vinificação a frio que resulta num saboroso caldo com apenas 10% de teor alcoólico e um muito leve açúcar residual que lhe dá um toquinho doce, queConfraria branco leve me fez lembrar um vinho off-dry alemão ou francês (loire) guardadas as devidas proporções. Um vinho muito interessante devido a ser menos comum numa vinosfera cada vez mais monocromática; nariz de ótima intensidade que convida a tomar, vibrante, muito leve agulha na boca, muito boa acidez, ótimo aperitivo, muito saboroso e fresco, ótima persistência, uma delicia que agrada/seduz fácil, tendo sido tomado no sábado como aperitivo acompanhado de um queijo de cabra, patê de atum com torradas e lulas à dorê com molho tártaro, tendo se dado muito bem. Faltou garrafa! Creio que deve se dar bem com comida Thai, talvez até um caril (curry) de camarão, levemente picante fazendo as vezes de um gewurtzraminer. Para os amigos portugueses, em pleno verão, uma grande sugestão de um vinho que costumo chamar de BGB (bom, gostoso e barato) para acompanhar os mais diversos frutos do mar sentado numa esplanada à beira-mar. Se chegar ao Brasil por um preço camarada, será a perfeita companhia para uma beira de piscina, na praia com mariscos, para se comprar às caixas!

Confraria branco seco 2Confraria Branco Seco 2008 é um corte de Fernão Pires, Vital e Seara Nova, esta última me era desconhecida, com 13% de álcool. Também um bom vinho, porém com outro estilo, mais gastronômico de maior corpo, mostrando bom equilíbrio, acidez na medida e um leve amargor ao final que não chega a incomodar, mas que torna importante manter-se a temperatura, tendo acompanhado muito bem um prato de fettucine com bacalhau e azeitonas verdes regado com bastante azeite. Pensei em  Amêijoas à Bulhão Pato (quem ainda não conhece está perdendo um manjar dos deuses), filés/postas de peixe frito com um arroz de tomate, pataniscas de bacalhau e até uma eventual carne branca com temperos leves, como outros possíveis bons companheiros para este saboroso  vinho.

              Sentados na varanda, curtindo dois vinhos brancos num almoço gostoso de sábado com “as crianças” e fazendo descobertas enogastronômicas, não dá para ficar muito melhor que isso e agradeço por esse privilégio.  Enfim, mais um dia bastante agradável, bonito, de céu azul e sol batendo na cara, apesar do friozinho dentro de casa, fazendo-me sonhar com mais um cantinho de Portugal a ser conhecido. Salute amigos.

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Dicas da Semana

Agora às sextas, sempre que houver matéria para isso, publicarei algumas das interessantes oportunidades de compras, promoções e eventos que acho valerem a pena ser compartilhados com os amigos. Desta forma, quando de boas compras e oportunidades, sempre dá para programar uma saída para garimpar no sábado! Hoje tem uma dica interessante para quem estiver programando sua viagem de férias, uma outra para quem trabalha ali na região da Vila Olímpia e Itaim e queira um almoço diferenciado, algo para quem esteja pela Granja Viana ou queira vir dar uma passeada por aqui neste fim de semana para respirar um pouco de ar fresco e um programa para os amigos da região do Sumaré, Consolação e Paulista na semana que vem. Dê uma olhada abaixo começando por uma deliciosa viagem à França.

 CAMINHOS DO VINHO

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O amigo Walter Tommasi que, além de profundo conhecedor de vinhos e de espumantes, membro de diversas confrarias, é editor-diretor da “ FREETIME, a revista de lazer do executivo “. Atualmente Tommasi vem dedicando-se, afora suas atividades na revista e como colunista em diversos outros meios de comunicação, ao acompanhamento de viagens enogastronômicas. Desta feita seus Caminhos do Vinho o levam para um passeio de degustação entre Champagne e Alsácia com visitas às adegas mais famosas do mundo! Roteiro de dez dias visitando locais como as impressionantes catedrais de Strasbourg e de Reims, a rota dos vinhos da Alsácia e as charmosas Nancy e Troyes. Olhem só que agradáveis férias você pode tirar agora em Junho.

  • 04 Jun: São Paulo-Paris. Comparecimento ao aeroporto internacional de Guarulhos para embarque no vôo Air France com destino à Paris
  • 05 Jun: Paris – Meaux – l’Epine. Chegada a Paris e saída para a cidade de Meaux.Visita da cidade e de uma fábrica de queijo Brie de Meaux, continuação para L’Epine e hospedagem no hôtel Aux Armes de Chamapgne.
  • 06 Jun: Epernay – degustação. Após o café da manhã, saída para Epernay, visita e degustação na Cave Moët & Chandon, almoço e degustação na Cave Mercier, passeio pela cidade de Epernay.
  • 07 Jun: Reims – degustação. Café da manhã e saída para Reims visita e degustação na Cave Taittinger. Almoço livre. Passeio pela cidade de Reims. Jantar livre
  • 08 Jun: Nancy – Colmar. Café da manhã, visita à cidade de Nancy e almoço livre, seguindo para Colmar com hospedagem no Hôtel Le Bristol.
  • 09 Jun: Castelo Haut-Koenigsbourg – Strasbourg. Após o café da manhã saída para o castelo de Haut-Koenigsbourg. Passeio pela cidade de Strasbourg: visita da Catedral, La Petite France, etc. Almoço livre e retorno à Colmar, jantar livre.
  • 10 Jun: Colmar – Rota dos Vinhos – Wintzenheim – Niedermorschwihr. Saída após o café da manhã de Colmar para a “Route des Vins d’Alsace “: Eguisheim – degustação no Domaine Leon Baur; Wintzenheim: degustação no Domaine Josmeyer. Almoço livre (sugerimos o restaurant Caveau Morakopf) na cidade de Niedermorschwihr. Após o almoço visita da cidade de Colmar: Museu Unterlinden, La Petite Venise, Centro Histórico.
  • 11 Jun: Kaysersberg – Riquewihr – Ribeauvillé – Bergheim. Café da manhã e saída para Kaysersberg: visita e degustação no Domaine Weinbach. Seguindo para Riquewihr, degustação no Domaine Dopff au Moullin, almoço livre (sugerimos o restaurante “Au Moulin”). Visita da cidade de Ribeauvillé: degustação no Domaine Jean Sipp, e em Bergheim degustação no Domaine Marcel Deiss. Retorno ao hotel. Jantar livre
  • 12 Jun: Troyes – Paris. Café da manhã e saída com visita da cidade de Troyes Continuação para Paris. Acomodação no Hôtel Rochester – Champs Elysées.
  • 13 Jun: Paris.  Café da manhã no hotel e dia livre em Paris.
  • 14 Jun: Paris – São Paulo. Pela manhã: Saída do hotel para o Aeroporto Charles de Gaulle e embarque no vôo Air France com destino a São Paulo. No final da tarde, chegada no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

         Este é um programa que ele desenvolve junto com a Nob Hill que é a operadora desse pacote e a quem vocês tem que contatar caso tenham interesse e uns 4000 euros no bolso. Eu lamentavelmente não tenho, mas que fiquei com água na boca lá isso fiquei! Alguém aí se  candidata? Pelo que conheço do Tommasi, esse é um produto que recomendo. Para maiores detalhes e condições de pagamento, contate a Nob Hill – http://www.nobhill.com.br/detalhes.php?id=393 que tem diversos outros verdadeiros momentos de sonhos à venda!

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Notícias da Confraria

            A Confraria do Queijo e Vinho é nossa parceira nesta missão de desmistificar e “popularizar” o consumo do vinho, esclarecendo e disponibilizando bons vinhos com bons preços. Nessa missão, eis que inicia uma nova fase com a recente inauguração de seu “Confraria Wine Bar” e projeto jazz.  Sucesso é o desejo de Falando de Vinhos e espero que os amigos prestigiem o local. Salute!