Campos de Cima Extra-brut

Melhores Vinhos de 2014

Todo ano publico algumas listas em cima dos vinhos provados no ano e não poderia deixar este ano em branco, mesmo porque foi especialmente rico. Em função das muitas provas de vinhos argentinos e algumas viagens a Mendoza com a Wine & Food Travel Experience, uma grande parte dos rótulos em destaque vieram de lá. A lista é em função do que provei no ano, posso repetir rótulos de outros anos, e a cada ano essa lista tem maior ou menor influência de determinado país ou região de origem (dependo das oportunidades de prova) e sempre levando em consideração o preço, porque acredito ser meu papel compartilhar com os amigos vinhos minimamente viáveis ao consumidor que dá um duro danado por seu din-din e sabemos que tudo, não só os vinhos, está pela hora da morte neste nosso Brasil sofrido e arroxado.

Pois bem, afora os meus 12 Deuses do Olimpo do ano, normalmente listo meus destaques por faixa de preço pois em cada uma delas existem vinhos que se sobressaem dos outros, mas este ano farei algumas outras mudanças dividindo-os também por tipos de vinho e começo por vinhos de sobremesa e espumantes.

Vinhos de Sobremesa:

Invariavelmente os bons têm preços algo altos, mas isso é muito relativo pois se falarmos de um elixir dos deuses datado de 1973 custa algo ao redor dos R$350,00 não me parece fora de propósito! Mas vamos a esta curta lista com, sempre, seus preços médios de referência São Paulo.

  • Nederburg Noble Late Harvest – África do Sul – R$89 a 95,00. Um achado e a melhor relação qualidade x https://falandodevinhos.files.wordpress.com/2014/08/nederburg-noble-late-harvest.jpgpreço x prazer neste quesito. Precioso com queijos azuis Leia mais clicando aqui, Amazing Grace!
  • Vinserus Cosecha de Otono – Argentina – R$55,00 colheita tardia de Malbec uma grande pedida com bolo de chocolate e frutas do bosque.
  • H&H Bual 15 anos – Portugal/Madeira – R$250,00 para tomar de joelhos harmonizando com uma torta de nozes, figos e maçãs.
  • Susana Balbo Signature Late Harvest – Argentina – R$110,00 também de Malbec, muita classe e complexidade que foi grande parceiro para um panetone de chocolate.
  • Quinta da Bacalhôa Moscatel Roxo 1998 – Portugal/Setúbal – R$200,00 envelhecido em barricas de whisky trazidas da Escócia, é marcante e inesquecível. Com panetone de frutas ficou divino, mas solo é também inebriante.
  • Taylor’s Porto Tawny 10 anos e Graham´s Porto Tawny 30 anos – Portugal/Douro – Dois grandes vinhos. Um provado em confraria direto da origem e o outro provado em evento, ambos sem preço, mas bons demais!

Espumantes:

Todas as reuniões de Confraria são abertas com um espumante que é uma bebida que me seduz. Dos mais simples aos mais complexos, cada ocasião tem o seu e eu me esbaldo! Quase todo o fim de semana abro uma garrafa, neste verão então!

  • Don Bonifácio Brut – Brasil/Caxias do Sul – um achado, pois não chega nas 40 pratas e é super fresco e vibrante. Ótimo em festas e eventos ( satisfaz a gregos e troianos), verão, em casa é coringa e tem sempre uma garrafa na geladeira!
  • Don Bonifácio Moscatel – Brasil/Caxias do Sul – a versão docinha do produtor, porém bem balanceada por uma acidez intensa que atenua o residual de açúcar típico deste estilo de espumante. Bom com queijos azuis, sobremesas ácidas (tortas de frutas como kiwi e framboesa ou cheese cake de frutos vermelhos) ou salada de frutas com sorvete de creme. Combina com beira de piscina de também!
  • Campos de Cima Extra-brut – na verdade da Campanha Oriental no extremo sul do Rio Grande do Sul, uma grata surpresa no ano passado (13) que comprovou e mostrou consistência ao longo de 2014. Bem seco sem perder o frescor, equilibrado com ótima perlage. Na casa dos 50 a 55 reais é uma tacada certeira.
  • Villaggio Grando Rosé Brut – para mim o melhor rosé nacional que conheço, excetuando o Orus que é de outra galáxia, e que costuma dar banho em seus concorrentes importados como o bom 3B da Filipe Pato (português). Creio que teve um leve aumento agora e ficou perto dos R$60,00 mas vale muito a pena, um espumante vibrante e muito bem feito por este importante produtor da Serra Catarinense.Borghel e camarão
  • Villaggio Grando Brut – o único com as três uvas de champagne ( Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meuniere) produzido no Brasil. Na mesma casa de preço do Rosé, mais uma vez muita qualidade presente, complexo, bom volume de boca e perlage persistente. Muito bom.
  • Valmarino & Churchill Nature NV – Também tem o Prestige que passa o dobro do tempo em barrica, mas este NV (não safrado) com o vinho base passando 3 meses em barrica americana, é um espumante diferenciado e possui uma relação de preço mais interessante. Uma experiência diferente que seduz facilmente quem tem uma queda por espumantes mais complexos e de personalidade própria. Anda na casa do R$70 a 75,00.
  • Collin Cremant de Limoux – Para quem quer um espumante francês mas não quer Champagne, eis aqui um belo exemplar de Cremant (espumante francês elaborado pelo método clássico Champenoise fora da AOC Champagne) por um preço bem mais camarada, na casa dos R$95,00. Gosto muito; sofisticação e equilíbrio com um preço bacana, difícil não gostar.
  • Contessa de Borghell Rosé – um espumante dry italiano da região do Friulli (norte do país, região de bons brancos e espumantes) com um residual de açúcar algo maior, porém com uma acidez marcante que gera um balanço muito agradável. Ótimo aperitivo e uma boa companhia para comida japonesa (sushis e sashimis da vida) ou até uns camarões empanados bem sequinhos numa tarde de verão! Preço ao redor de R$45,00, para ter em casa sempre.
  • Luis Pato Maria Gomes Brut – afora o nome inusitado da uva que no sul de Portugal atende pelo nome de Fernão Pires, é um espumante da Bairrada que surpreende a maioria que o prova. Tem umas notas sedutoras algo florais nos aromas e na boca mostra-se jovial porém maduro, fresco, equilibrado e muito rico. Mais um que me atrai por suas diferenças! Na casa dos R$95 a 98,00 é um belo espumante a ser servido para quem gosta de provar coisas menos comuns, recomendo.
  • Cave Geisse Terroir Nature – entra ano, sai ano sempre um grande espumante na taça fazendo muito champagne corar. Complexo, equilibrado, citrico com toques de brioche, seco, longo com ótima perlage é certamente um dos melhores se não o melhor espumante nacional da atualidade. preço na casa dos R$125,00.
  • Champagne Barnaut Grand Cru Grand Reserve Brut – França – R$250,00, um vinho para momentos especiais. Custa o mesmo dos champagnes genéricos que fazem a cabeça dos amantes de marca, porém dá de dez! As comunas Grand Cru são somente 17 das mais de 300 da AOC e premiam os melhores terroirs da região. Complexo, um grande champagne com o qual brindarei a meus 60 anos daqui a alguns dias, eu mereço!! Rs

Bem, por hoje é só e no fim de semana já dá para curtir alguns destes, o que acham? Semana que vem finalizo minhas listas de Melhores de 2014 que, como de costume, não sei quantos serão, porém aqui já compartilhei dezesseis rótulos! Cheers, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou em qualquer esquina de nossa vinosfera. Bom fim de semana.

Taste & Buy Brasil

      Final de tarde de Sábado quente, conseguimos reunir na Vino & Sapore um pequeno grupo de enófilos para degustar alguns bons vinhos brasileiros de produtores que surpreenderam quem por lá esteve. Espumantes, brancos, tintos e até sucos naturais mostraram bem o potencial e diversidade vitivinícola brasileiro. Senti falta de gente querendo colocar à prova seus preconceitos mostrando que estes estão mais enraizados do que pensamos e muito ainda há que ser feito pelos produtores nacionais para reverter este quadro. De qualquer forma, esta primeira iniciativa de tentar fazer algo mais focado nos vinhos brasileiros foi bastante interessante mostrando que quantidade não é necessariamente qualidade e, como sempre, vou listar aqui os meus TOP 5 e os TOP 5 Sales que, em última instância, demonstram no caixa a verdadeira avaliação dos presentes.

Meus TOP 5

Churchill Cabernet Franc 2011 – Como o 2008, é um vinho marcante tanto nos aromas como no palate. Dezoito meses de barrica que ainda precisam de tempo para se integrar totalmente, mas que já mostra ao que veio. Decantado mais de uma hora e servido a 19/20º foi decantado em verso e prosa pela grande maioria dos presentes. Para quebrar paradigmas e enterrar preconceitos!!

Villaggio Grando Innominabile lote IV – A la Caballo Loco, um vinho de sete castas (Merlot, Marselan, Malbec, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Pinot Noir e Petit Verdot) e mescla de quatro safras. Um delicioso corte que dignifica nossos vinhos de altitude, sim também os temos, a mais de 1200 metros na serra catarinense.

Angheben Teroldego 2008 – Entra ano, sai ano, para mim segue sendo o melhor vinho da Angheben e como curto vinhos diferentes, este me agradou muito. O 2005, já esgotado (quem achar compre) na maioria dos lugares estava com mais tempo de garrafa e evoluiu muito bem, agora precisamos esperar por este, porém já está muito bom!

Aracuri Collector 2009 – A segunda vez que o provo e a segunda vez que me surpreendo por seu profundo equilíbrio, complexo, meio de boca rico e final fresco com um leve apimentado. Vou querer colocar este vinho numa degustação ás cegas com outros cabernets regionais, acho que vai derrubar muita gente.

Campos de Cima Espumante Extra-Brut – Comprovou mina opinião inicial, um belo espumante com ótima perlage, consistente e abundante, aromas de frutos maduros com leve notas tostadas, sabores cítricos, seco no ponto, final longo que convida à próxima taça.

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TOP 5 Sales

Villaggio Grando Brut Rosé – Fresco, seco, refrescante e cheio de vida com uma perlage fina, já nasceu campeão (Expovinis 2013) e demonstrou neste evento o porquê de sua fama!

Valmarino & Churchill Brut Nature NV – espumante diferenciado com o vinho base passando por 12 meses de barrica de carvalho americano de 2º e 3º uso. Untuoso, marcante, ótima estrutura de boca.

Campos de Cima Viognier 2011– O branco que surpreendeu a todos pela satisfação gerada e um preço para lá de camarada!

Bella Quinta Reserva Cabernet Sauvignon 2006 – Vinho consistente que sempre que entra em eventos na Vino & Sapore obtém ótimo resultado de publico. O famoso BGB, Bom – Gostoso – Barato, que a maioria curte e por isso já está no portfolio há um tempão.

Churchill Cabernet Franc 2011 – Já comentado acima, um sucesso de critica e de consumo. Só cerca de 6000 garrafas produzidas! Ah, ia-me esquecendo de uma experiência única promovida, a perfeita harmonização do Churchill Cabernet Franc com um resto de Queijo da Serra (português) que tinha na geladeira, muito bom!!

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       Um destaque especial para um vinho que provei na Expovinis pela primeira vez e que ainda segue em barrica, mas que os amigos da Villaggio Grando gentilmente nos enviaram para prova e para compartilhar com os amigos presentes neste gostoso Taste & Buy, um vinho de sobremesa elaborado com um corte de Gros Manseng e Petite Manseng.  Uvas pouco conhecidas por estas bandas, advinda da França na região de Gascogne próximo a Cahors, que vai surpreender muita gente quando sair para o mercado. Depois falo dele em separado. Salute, kanimambo e como já disse na chamada para este evento, o Brasil está produzindo bons vinhos e em novas regiões, sendo duro mesmo é de achá-los com preços em linha com o mercado. Esta seleção garimpada possui um equilíbrio justo entre qualidade e preço, mostrando que isso é sim possível e que há muita vida fora da casa dos barões em produtores menores. Pesquise você também!