Vivendo e Aprendendo!

Por mais que tenhamos litragem e anos nas costas, a vida é um eterno aprendizado e este encontro com o Jean Claude Cara e os vinhos da Cavisteria , hora disponíveis on-line na Vinho Clic e fisicamente (alguns) na Vino & Sapore, foi um desses momentos.

Tenho que confessar que não sou um expert em Borgonha, região que sempre achei muito complicada e onde já tomei os maiores tombos, já que nem tudo que brilha é ouro, devido aos preços tradicionalmente na estratosfera e o que cabe no bolso da maioria de nós pobres mortais na maior parte das vezes deixa a desejar. Não existe, pelo menos nunca passou por minha taça, Borgonha bom e barato, especialmente por aqui com nossa dolorosa realidade de preços. Se falarmos de premier Cru e Grand Cru então, aí haja bolso!! Entre outras coisas fiquei feliz porque provei, em minha humilde opinião, alguns muito bons vinhos com preços, dentro da realidade borgonhesa tupiniquim, bem razoáveis apesar de ainda seguirem não sendo para todos os bolsos, mas já dá para eventuais escapadas ao orçamento! rs Dica para quem não tem o bolso tão gordo assim, divida uma meia dúzia de rótulos com confrades, eu vou nessa.

O Jean Claude é um especialista em vinhos antigos, especialmente nos da Borgonha onde vive a maior parte do tempo. Como um bom Caviste, busca vinhos tradicionais, de pequenos produtores fora do main stream e possui uma vasta coleção de vinhos centenários e raros em sua cave em Beaune. Neste projeto, trouxe alguns dos vinhos mais acessíveis, uns para guardar outros prontos a tomar de alguns desses pequenos produtores. De R$140 a 1900,00 e algo mais, uma seleção de vinhos dos quais tive o privilégio, junto com alguns poucos amigos convidados, de provar numa agradável noite no Loma Casa & Café lá em Moema. Por sinal, lindo o lugar, um misto de; antiquário, objetos de decoração,acessórios e obviamente café e quitutes!

Na prova;  um Aligoté mais jovem, dois Borgonhas tintos e finalizamos com um Mersault que mexeu comigo, tinha que ser branco!! rs Para encerrar uma noite muito educativa, foi servido um delicioso Bouef-Bourguignon acompanhado de outra de suas criações, um Elephant Rouge sobre o qual já comentei aqui e é um projeto local com a Villaggio Grando em Santa Catarina. Antes de falar dos vinhos, bem resumidamente porque há coisas difíceis de descrever, deixa eu compartilhar um pouco desta experiência e aula dada pelo Jean Claude

> Vinhos elaborados pelo método ancestral, velha guarda, tradicionalista, vinhos de longa guarda. Colheita manual, longa maceração (4 a 5 semanas) , fermentação malolática em barricas novas com estágio de 18 a 24 meses com battonage, engarrafados sem filtrar. Os mais velhos, tomar a 18ºC, nada de refrescar. Na prática fez todo o sentido.

> Brancos encorpados, longevos, prensagem mecânica e não pneumática, para tomar a 12ºC e os mais encorpados e antigos a 16º. Os vinhos mais tecnológicos, modernos, “mexidos” para agradar se degradam com 8 a 10 anos, já estes tradicionais seguem evoluindo por muitos mais anos. Provamos um 2001 divino!

> Leveduras indígenas são de uso padrão.

> Borgonha é ano, não rótulo. O mesmo produtor, com as mesmas uvas, com o mesmo processo de produção, elaborará vinhos diferentes ano após devido às mudanças climáticas entre os anos que alteram sobremaneira os vinhos e que, por sua vez, evoluirão de forma diferente ao longo de suas longas vidas. Não deixa de ser uma verdade genérica para regiões onde as mudanças climáticas podem mudar radicalmente de ano para ano, algo menos comum por aqui na Argentina e Chile, porém é algo a se pensar. O método tradicional, ou ancestral como o Jean Claude gosta de o chamar, intensifica essas diferenças pois não possuem “maquiagem”.

Domaine Remoriquet Gilles Aligoté 2016, este foi o primeiro vinho provado, uva branca pouco conhecida entre nós e que sempre que provo me surpreendo muito positivamente. Imperceptíveis 12 meses de barrica, boa estrutura de boca, notas sutis herbáceas, bom volume e de uma persistência incrível. Para beber já e guardar, porque vai evoluir.

Jayer-Gilles Cotes de Nuit Village 2011, cereja nos aromas, acidez bem presente, complexo meio de boca, taninos finos e um longo final. Vinho que deverá evoluir muito nos próximos três a quatro anos, já extremamente sedutor.

Vincent Bouzerau Beaune 1er Cru les Pertuzoits 1999, um jovem adulto de 20 anos vendendo saúde! Envolvente, sua entrada é arrebatadora toma conta da boca e de nossos sentidos, framboesa, sous bois, algo de couro, vinho para mais 10, 20 anos e de acordo com o Jean Claude, muito mais. Como tenho 65 anos, tomo agora e em 5!! rs

Guy Boucard Meursault Charmes 1er Cru 2001, soberbo para terminar a prova e comprovar a fama de grandes Chardonnays da AOC e eu, para variar, gamei. “Só” um adolescente atingindo a maioridade e com uma vida pela frente com seus 24 messes de barrica francesa nova, servido a 16ºC, foi exuberante. Algo salino, alguma untuosidade, parece doce (mel/caramelo) mas não é (pode isso Arnaldo?), nutty, cítrico mostrando notas de limão siciliano bem presente, ótima textura, final de boca algo mineral que não termina nunca, um vinho literalmente egoístico, daqueles para tomar solo (máximo mais um! rs) e com calma, apreciando cada gota do néctar e descobrindo sensações no “decorrer” da garrafa enquanto pensamos em quanto a vida pode ser bela!

Esses e outros vinhos, uma bela seleção imagino só pela mostra provada, já estão disponíveis na Vinho Clic e eu já armei uma degustação de cinco deles na Confraria Saca Rolha com os vinhos que estão na Vino & Sapore, uma boa forma de descobrir esse mundo “novo” de uma Borgonha ancestral, que são vinhos diferenciados, pelo menos do que estou habituado a tomar da região, disso não me restam duvidas. Gostei do que vi e provei, faça você seu próprio juízo de valor provando e comparando alguns desses rótulos, eu vou fazer isso! rs Melhor ainda, coloque junto um vinho similar de marca mais conhecida de grande produtor (tecnológico?), prove tudo ás cegas e sinta, ou não, as diferenças entre eles.

Kanimambo pela visita, saúde e aproveitem o fim de semana tomando bons vinhos em boa companhia. Se faltar bom vinho posso ajudar, já a companhia, bem essa você terá que se virar ou me chama!! rs

Cheers, prosit, salud, salute

Só Borgonha 1er Cru na Saca Rolha

Mais uma vez a confraria Saca Rolha se reuniu para desfrutar amizade, alegria e vinhos. Desta feita elevamos o patamar e por decisão unânime decidimos juntar alguns bons borgonhas e mais, só rótulos 1er Cru! A Raquel, nossa porta voz , dá aqui seu testemunho do evento porém antes deixem-me dar só uma interessante informação sobre a região. Recentemente vi uma lista dos 50 vinhos mais caros do mundo e dos top 10, oito, repito, oito são da Borgonha inclusive os primeiros dois! Vamos ao relato da Raquel:

A Borgonha divide com Bordeaux a notabilidade de região produtora de vinhos na França. Se por um lado, Bordeaux bourgogne_mapimprime seu caráter austero e tradicionalista, personificado através de seus châteauxs e suas grandes propriedades, a Borgonha se mostra principalmente pelas características agrícolas, com pequenas propriedades de gestão quase sempre familiar. Para seus produtores, a importância do “terroir” é o que diferencia e dá identidade ao vinho, sendo seus vinhos produzidos com apenas duas castas, Pinot Noir e Chardonnay, em suas principais sub-regiões de; Chablis, Cotes de Beaune e Cotes de Nuit sendo que na Cotes Chalonnaise também são autorizadas as brancas Pinot Blanc, Pinot Gris e Aligoté assim como a tinta Gamay que reina quase que absoluta nas regiões sul de Maconnais e Beaujolais.

            Quando surgiu a ideia de fazermos o encontro da confraria só com vinhos da Borgonha, a primeira preocupação foi o custo. Sim, são vinhos caros e sempre assustam os que querem se aventurar por essas pequenas parcelas de terra, que os “bourguignon” chamam de “Crú” e que tratam como se fossem seu solo sagrado! Desde o Século XI, os monges da Abadia de Cluny começaram a estudar e desenvolver a vitivinicultura nessa região, baseando-se principalmente na influência que as diferenças do solo exerciam na qualidade das uvas. Até hoje,  esses estudos são aprimorados e mapeados minuciosamente, mostrando cada vez mais  as diferenças geológicas, e o respeito pela excelência de cada terroir, principal fator que qualifica a produção desses vinhos. Cada “Crú” é dividido em “Climats” , lotes de vinhas, que por sua vez são divididos em “Lieu-dit” , que são vinhas com uma designação própria.

            Além disso, adotam uma classificação de qualidade com regras rígidas, onde se leva em consideração o tipo de solo, drenagem, insolação, densidade de pés por ha, rendimento por pés, etc….. que se divide entre os Comunais ou Villages, que é a maior parte da produção. Premier Crú (apenas 10%) e Grand Crú (apenas 1,7%). Por aí, já dá para entender um pouco o porque do altíssimo preço! A produção além de artesanal, é muito pequena. Só para se ter uma ideia, as vinhas do famoso “Romanée-Conti” , limitam-se a uma área de 1,62ha (16.200m2).

           É nessa escarpa, resultante de uma anomalia geológica, que mais parece uma colcha de retalhos que vamos nos divertir! E como diversão pouca é bobagem, nossa confraria munida de todo hedonismo que tem direito, escolheu degustar apenas vinhos de qualidade Premier Crú.

            Como sempre, começamos com um espumante e desta feita da região:

         Crémant de Bourgogne François Labet – elaborado pelo método tradicional com uvas Chardonnay. Cor amarelo palha, bem clarinho. Delicado e seco na boca. Tem a mineralidade típica do solo dessa região.

SR - Mercurey

           Próximo a Auxerre, está a região de Chablis. Possui um tipo de solo único, que lhe caracteriza e imprime em seus vinhos, uma identidade inimitável. Seu solo Kimmeridgiano do período jurássico (150 milhões de anos atrás) é formado de conchas  pré históricas. Dessa região provamos o Chablis Montée de Tonnerre 1er Cru 2009 – do produtor Billaud-Simon. Muito fresco e aromático. Boa acidez, bom corpo e longa persistência. Um vinho com alma marinha que combina com um final de tarde de verão na praia. Se tiver um prato de ostras frescas por perto, melhor ainda!!

             Na parte central da Borgonha, próximo a vila de Chalon-sur-Saône, está a Côte Chalonnaise. De lá, veio o Le Clos du Roy Mercurey 1er Cru 2009 –  produzido pela Domaine Faiveley. Bem clarinho na taça. Aromas frescos florais e de especiarias. Na boca mostrou-se bem diferente da expectativa incitada pelo nariz. Mostrou-se mais robusto e duro, com as mesmas especiarias, porém de maneira mais pungente. Frutas vermelhas compotadas dividiam sua doçura com a acidez, dando um equilíbrio no todo. Um vinho inquieto como a juventude. Acho que se for lhe dado um tempo de guarda deverá ter grande evolução.

             Foi chegada a hora da surpresa da noite. Estava previsto um Pinot Noir intruso para ser degustado às cegas. A primeira impressão, ainda na taça , era de um vinho mais turvo, sem o brilho do anterior. No nariz mostrava aromas suaves, vegetais, florais e animais. Em boca era bem frutado (frutos vermelhos maduros), algo lembrando vermute. Taninos macios , bom extrato e acidez bem colocada. Os que apostaram na América do sul acertaram : Este veio do Chile – Little Quino 2012 – Elaborado por William Févre,  importante produtor de Chablis. Evoluiu bem na taça, apesar de tratar-se de um vinho jovem.

             Voltando à Borgonha, mais precisamente ao norte de Beaune, está a vila (ou comuna) de Savigny-les-Beaune. Tomamos o Savigny-les-Beaune “La Dominode” 1er Cru 2008 do Domaine Pavelot. A primeira impressão desse vinho foi um enorme frescor nos aromas. Algo lembrando mentol, lavanda e sensação gelada. Sua cor, rubi  muito vibrante e luminosa. Boa acidez de frutinhas de bosque (framboesas, cerejas) , taninos suaves e corpo médio , mas com persistência. Com o tempo os aromas e sabores foram evoluindo com muita complexidade. Podia-se sentir um pouco de couro, terra molhada e um fundo floral. Um vinho que estava pronto!

             Na sequência do nosso tour enófilo, caminhamos para o sul de Beaune, onde encontramos a vila de Volnay. O escolhido foi o Volnay 1er Cru-Marquis d’Angeville 2008. Pudemos notar que nesse caso não foi especificado no rótulo o nome do 1er cru de onde se originou suas uvas. Depois pesquisando sua ficha técnica descobri que nesse caso ele é feito com uvas de três vinhedos diferentes. Ou seja, um assemblage de três “climats”,1er Cru. Assim como o anterior, o primeiro ataque dos Borgonhas é sempre muito fresco e perfumado. É como se nos convidassem a um encontro elegante e sedutor. Poderia ficar divagando horas à respeito das sensações desse vinho! Mas isso foi a minha experiência e evidentemente cada um tem a sua.

            O final do passeio foi em Côtes de Nuit , mais precisamente em Gevrey-Chambertin tendo degustado o Gevrey-ChambertinLe Champeaux” 1er Cru 2005 de Olivier Guyot, um produtor biodinâmico. A primeira coisa que me chamou atenção nesse vinho foi o rótulo. Apesar de muitos desprezarem essa informação, a mim ela diz muito, afinal é a roupagem que o produtor dá ao seu produto. Garanto que alguém pensou muito na escolha de uma imagem, que conseguisse transmitir ao menos no primeiro contato, um pouco daquele conteúdo. E nesse caso, a imagem de um camponês , com seu cavalo, trabalhando a terra, mostra bem a importância que a agricultura tem na região da Borgonha. É um rótulo simples, mas elegante, onde em primeiro lugar vem o nome do produtor, depois o ano da colheita, e em seguida o Cru e o Climat. Depois das apresentações, vamos às taças! Logo já podíamos notar uma cor mais acobreada  por tratar-se de um vinho mais evoluído (2005). Nariz discreto, mas dando dicas que está tudo ali. Aquele frescor mineral, quase um vento gelado, trazendo depois um floral, muitas frutas, ervas do campo, terra úmida, etc…….No primeiro gole, toma conta da boca uma sensação aveludada que aos poucos, vai confirmando todas aquelas dicas preliminares. Um vinho redondo, sem arestas que chamem a sua atenção a um detalhe especifico. É tudo junto e misturado e loooongo. Equilíbrio perfeito.

            Os vinhos da Borgonha, principalmente os de Pinot Noir, encontram a perfeita harmonia com o solo e clima. Sua exuberância e plenitude é copiada no mundo todo. Os que buscam um “estilo bourguignon”, em outras terras, lutam por algo que não existe nem lá. A palavra estilo só pode ser usada quando se faz o mesmo vinho todo ano e na Borgonha estão interessados no caráter de cada terroir. No vinhedo, as uvas recebem o mínimo de intervenção possível. E foi nesse pedacinho de terra, ela que é tão sensível ao clima, encontrou seu perfeito habitat. Gosta do frio, que proporciona amadurecimento mais lento dando-lhe tempo para desenvolver todo seu potencial. Por outro lado, sua casca fina, precisa de muito sol, pois o frio continuado a deixa exposta a fungos e outras doenças. Ou seja, busca por locais onde haja grande amplitude térmica. Dizem que a Pinot Noir é uma uva feminina. Delicada e melindrosa, ela dá trabalho a quem quer cultivá-la. Exige obstinação, perseverança e principalmente entendimento da natureza. Mas estando no lugar certo, e sendo muito bem cuidada, devolve com alegria tudo que recebeu.

           Para finalizar uso as sábias palavras de Carlos Drummond de Andrade que um dia disse: “Os homens distinguem-se pelo que fazem, as mulheres pelo que levam os homens a fazer.”

Boas Compras II – Borgonha/Loire/Cotes-du-Rhône

              Um dos bons e diversificados portfolios de vinhos Franceses disponíveis no mercado, é o da Expand, com rótulos para tudo o que é gosto e tamanho de bolso. Mas não é só a Expand, a Decanter tem uma vasta lista de opções assim como a Mistral. As lojas apostam menos nos vinhos desta região, pela própria complexidade de rótulos e preços muitas vezes caros, optando por investir em vinhos de maior segurança do ponto de vista comercial. Neste segundo post do mês com vinhos destas regiões, separei alguns destaques tanto da Expand como da Decanter que são muito interessantes e têm um preço que os faz serem Boas Compras. São dezenove rótulos para você comprar sem medo de ser feliz!

 

Expand, uma loja de importadora que dispensa apresentações. São trinta anos de pioneirismo com vinhos de muita qualidade, diversos rótulos bem caros e excelentes, porém com muitos rótulos que cabem no nosso bolso e, nem por isso, nos satisfazem menos. Eu provei diversos.

 

  • Albert Bichot Bourgogne Pinot Noir Vieilles Vignes 05, um dos meus Bourgogne genéricos preferidos, mostrando boa fruta madura no nariz, com nuances florais, harmônico e saboroso final de boca com taninos aveludados. Preço R$68,00, um dos melhores para vinhos desta denominação (apellation).
  • Albert Bichot Bourgogne Chardonnay 05 Vieilles Vignes , no ponto para ser tomado, é um vinho muito balanceado, leve floral com nuances minerais e bastante agradável e fresco na boca. Preço R$69,00.
  • Albert Bichot Chablis 05. Como todo o Chablis, não é um vinho barato, mas considerando-se o produtor e o restante dos preços no mercado, este até que está com um preço bom, R$98,00.
  • Bourgogne Blanc Chardonnay 06 do Chateau de Fuissé-Jean Jacques está com um bom preço e deve ser provado, R$68,00.
  • Domaine Fournier Pére et Fils Sauvignon Blanc 05, Vin de Pays (VdP). Esta cepa, no Loire, produz vinhos realmente deliciosos e de muito frescor. Este, possuí ótima acidez, paleta aromática de boa intensidade com nuances florais, elegante e muito saboroso na boca. Uma boa opção para quem quer tomar um vinho de qualidade, de maior sutileza e finesse do que habitualmente está disponível nos vinhos do Novo Mundo. Preço R$55,00.
  • Chateauneuf-du-Pape Vieux Telegraphe Telegramme 05. Este produtor é muito conceituado e respeitado na região, produzindo vinhos de muita qualidade. Neste caso, o vinho obteve 91 pontos da Wine Spectator e, para um vinho desta AOC com este currículo, o preço até que é camarada, R$215,00, mesmo que não para o meu bolso.
  • Guigal Cote-du-Rhône 04. O da safra de 2003, que foi o que tomei, apresentou médio corpo para encorpado, muita elegância, taninos finos e elegantes, com boa acidez e longo final de boca com um retrogosto lembrando especiarias. Acredito que o 2004 não seja muito diferente, tendo obtido 87 pontos da Wine Spectator. Preço R$68,00, que é um ótimo preço.
  • Cote Rotie Brune et Blonde 03 de Guigal. Guigal é conhecido como o papa dos Cote Rotie, vinhos caros e únicos que são um corte de Syrah com a uva branca Viognier. Tradicionalmente, os vinhos desta região são caros e este é um rótulo “mais em conta” desta AOC e deste excelente produtor. Preço R$328,00.
  • Albert Bichot Brouilly 05, no ponto para ser tomado, R$65,00.
  • Albert Bichot Beaujolais-Village 06, os Village são Beaujolais de maior qualidade produzidos na parte norte da região e, com este preço, acho que vale a pena provar. R$45,00, uma pechincha.

Decanter, importadora com sede em Blumenau, Santa Catarina, tem um portfolio muito interessante. Abriu uma loja maravilhosa em São Paulo, faz umas duas semanas, vale a visita pois está muito bonita, decorada com muito bom gosto e um projeto muito feliz da arquiteta responsável. Final do dia faça seu Wine Hour lá, já que o wine bar é de primeira. Deles, destaquei os seguintes rótulos, começando pelo Loire:

  • Pouilly-Fumée Mademoiselle de T 05. A minha experiência com a cepa Sauvignon Blanc se divide, agora, entre AT e DT, ou seja; antes de Mademoiselle T e depois de T. Realmente é um vinho que está em outro patamar. Paleta aromática de grande intensidade e complexidade, absolutamente sedutora que nos faz abrir um enorme sorriso. Na boca é de um enorme frescor, intenso, frutos cítricos, uma boa dose de mineralidade em perfeita harmonia e elegância. Um vinho inesquecível e apaixonante. Preço R$99,00
  • Domaine du Salvard Cheverny Le Vieux Clos 06. Outro belo exemplar de um vinho branco do Loire, só que este é um corte de Sauvignon Blanc  com uma pitada, cerca de 15%, de Chardonnay. Médio corpo, harmônico, complexidade de aromas e na boca é um cativante “blend” de sabores e sensações com o frescor da Sauvignon Blanc e a cremosidade e riqueza do Chardonnay, belo e encantador vinho. Preço R$63,70, imperdível.
  • Bourgogne Pinot Noir 05 de Domaine Antonin Guyon. Produtor muito conceituado sediado em Savigny. Este é o rótulo de entrada em seu portfolio. Preço R$92,70.
  • Savigny-les-Baune 03, mais um vinho de Antonin Guyon, este estrelado no Guide Hachette 2007. É de uma denominação (AOC) de que gosto muito, tradicionalmente produzindo vinhos de grande elegância e muito aromáticos. Preço R$178,30.
  • Bourgogne Pinot Noir Vieilles Vignes 06 do Domaine Pierre Labet. De bom volume, tipicidade e complexidade, embora fácil de beber. Preço R$79,30.
  • Hautes Cotes-de-Nuits Bec à Vent 04, com duas, entre três possíveis, estrelas no Guide Hachette 2007. Preço R$112,70.
  • Petit Chablis 06, mais uma opção de Chablis abaixo de R$100,00 o que não é fácil de encontrar. Este ganhou duas estrelas no Guide Hachette 2007 para quem este petit Chablis ainda se tornará grande! Preço R$82,80.
  • Beaujolais-Village 06, com uma estrela Guide Hachette 2007, é um vinho com alma da região mas elaborado por Christoffe Coquard que possui uma vasta experiência no Novo Mundo com passagem pelos Estados Unidos, Nova Zelância e África do Sul. No mínimo, um vinho diferenciado. Preço R$51,80.
  • Beaujolais Juliénas 06, mais um vinho da Maison Coquard, de uma região que, tradicionalmente, gera vinhos de boa estrutura, elegantes e bem frutados. Este deve estar no ponto e obteve “meras” três estrelas no Guide Hachette. Preço R$65,50.

É isso, mais uma boa lista de vinhos Franceses que você pode comprar sem sustos. Na Sexta publicarei o ultimo desta série de posts com Boas Compras do mês. Enquanto isso, mais informação, detalhes sobre a região do Rhône e “otras cositas más”! Salute e kanimambo.

Endereços e Telefones para contato, encontre na seção  “ONDE COMPRAR”  

Boas Compras I – Borgonha/Loire/Cotes-du-Rhône.

Como o tema deste mês teve como principal região, a Borgonha, achei que podíamos iniciar esta lista com destaques de vinhos da região com algo diferente. Em vez de vinhos, que virão na seqüência, começamos com uma promoção de taças de vinho específicas para os vinhos da Borgonha.  Em grande parte, as taças de vinhos mais comuns, conhecidas como Bordeaux, dão conta do recado. Há no entanto, características muito peculiares a cada vinho, que são ressaltados por formatos específicos de taças. Não querendo dar uma de enochato, há diferenças sim, mas somente nos grandes vinhos se sente mais esse diferencial. Por outro lado, imaginem se tivermos que comprar uma taça para cada tipo de vinho, seria uma loucura e fora de propósito no sentido financeiro da coisa. Há que ter bom senso e, como dizem, o bom vinho vai bem até no gargalo! Brincadeira á parte, acho que uma boa taça, não precisa ser cara, é um bom investimento para quem quer se aventurar em nossa vinosfera. Podendo, todavia, tenha uma taça para Bordeaux que servirá para a grande maioria dos vinhos e uma para Borgonhas caso você seja aficionado pela região. Estas taças, com um bojo maior e mais largo, trazem toda a complexidade aromática dos Pinot Noirs ao nariz, com bem maior intensidade e concentração. Clique em Guia de Taças, link aqui do lado, e procure por Burgundy (red) para ver diversos formatos de taças.

 

Cia dos Copos – Esta loja, sobre a qual já teci diversos comentários e é nossa parceira, nos disponibilizou três opções em oferta. Como podem ver, há taças para todos os gostos e bolsos.

  • caixa c/6 taças Linha Gastro Borgonha 570ml (Bohemia) por R$ 79,90.
  • caixa c/6 taças Linha Sommelier Borgonha Cristal Hering, 700ml por R$212,00.
  • caixa c/6 taças Borgonha 560ml origem Ásia por R$ 58,00.

Dê uma passada em uma das suas lojas, lamentavelmente só em São Paulo, onde certamente existirão diversas outras opções tanto de taças para Borgonha quanto para Bordeaux, Champagne, vinhos brancos, Porto e outros mais.

 

Nova Fazendinha – Este é um importador pouco conhecido fora do Rio de Janeiro, especializado em rótulos Franceses, especialmente no que o François, proprietário, denomina como vinhos proletários, ou seja; que cabem no bolso da gente. Tive oportunidade de degustar diversos vinhos deles, a maioria recomendei e, para os amigos do Rio como o Igor, Leandro e Marcelo, eis aqui uma boa opção de muito bons vinhos, que são uma verdadeira pechincha pelo que oferecem de retorno em sabor e prazer. Em São Paulo, devido à diferença de tributação e frete, os preços devem estar uns 20% mais altos, o que, mesmo assim, ainda resulta em ótimas compras.

  • Cremant de Bourgogne Bailly-Lapierre Brut Reserve – Para nós, pobres mortais, que não podemos beber Champagne todos os dias este excelente Crémant Método Champenoise, envelhecido 2 anos em garrafa será o substituto perfeito. Uma surpresa e um belíssimo espumante que não faz feio perante os bem mais caros Champagnes. Preço R$64,00.
  • Hautes Cotes-de-Baune Clos de La Perriere 05 de Domaine Parigot – Vinho de muita tipicidade. Profundamente aromático, frutado e elegante na boca, nos dá imenso prazer deixando aquele gostinho de quero mais na boca. Um vinho de respeito, imperdível para quem gosta de um bom Pinot Noir desta região. Preço R$76,00.
  • Morgon Domaine de La Bêche 05 de Olivier Depardon – Um grande vinho de Beaujolais, para quebrar o preconceito de que a uva Gamay só produz vinhos fracos e sem estrutura. Este tem tudo, a fruta e o frescor mas tem, também, uma boa estrutura. È muito saboroso, redondo, com taninos finos e elegantes, mais uma grande surpresa por um preço muito camarada, R$47,00.
  • Cotes-du-Rhône Village 04 Domaine de la Renjarde – Um dos meus preferidos entre todos os Rhônes que provei, extremamente saboroso, redondo, guloso com boa paleta aromática e um leve apimentado no longo final de boca. Um vinho excepcional pelo preço, R$55,00.
  • Chablis 1er Cru Montmains 05 de Domaine Race – A safra 2005 foi excepcional na Bourgogne, de Norte a Sul, para os Brancos e os Tintos, e  Denis Race não deixou escapar a ocasião produzndou um Chablis Premier Cru soberbo, vibrante com notas bem frescas de frutas cítricas, rico e redondo com fruta complexa, acidez equilibrada e toque mineral num final de grande persistência. Preço R$80,00.

Wine Premium – dois bons vinhos básicos produzidos por Olivier Leflaive em que, um em especial, me encantou;

  • Bourgogne Pinot Noir 05 – Produzido na região de Cotes de Beaune, lembra alguns Villages. Parece um vinho mais evoluído, com uma linda cor ruby, brilhante e límpida como só um Pinot de qualidade possui. Um nariz muito elegante, aliás como tudo neste vinho, em que se destaca uma fruta vermelha (Ameixa?) fresca e leves toques florais. Na boca é de médio corpo, sedutor, taninos finos e aveludados, um vinho realmente encantador e de boa persistência. Talvez o melhor dos Bourgognes genéricos que provei, realmente delicioso e complexo, um belo vinho. Preço R$85,00
  • Bourgogne Rouge Cuvée Margot 05 – Este eu não provei, mas é bastante elogiado em blogs e sites internacionais e, teoricamente, superior ao Pinot Noir acima. Preço R$98,00

Zahil – Entre vários rótulos de qualidade, dois me conquistaram. Veja abaixo: 

  •  Rasteau Village 05 de Domaine la Soumade  (Zahil), um corte de 80% Grenache com 10% cada Syrah e Mourvédre que resulta num belíssimo vinho com um nariz não muito intenso. É daqueles vinhos que cresce muito na boca,  com forte presença da uva Grenache que lhe traz uma intensa fruta vermelha, boa acidez, taninos finos e elegantes, denso, de corpo médio com um longo e suculento final de boca com leves toques de especiarias. Beleza de vinho que, certamente melhorará ainda mais com um ou dois anos de garrafa. Preço R$96,00.
  • Cotes-du-Rhône 04 Domaine la Soumade, o genérico do Village acima. Não o provei, mas pelo que li e mais o histórico desse irmão mais velho acima, acho que é mais uma boa opção que merece ser provada. Preço R$76,00.
  • Chateau Saint Esteve D’Uchaux Cotes-du-Rhône 05, uma das melhores relações Qualidade x Preço x Satisfação que encontrei em todo este mês de degustações com os vinhos da região. Um vinho muito bem elaborado, franco, jovial, bom frescor e agradáveis aromas de frutos silvestres. Na boca é leve, redondo, fácil de tomar e muito saboroso. Um grande achado por um preço excelente, R$43,00.
  • Chateauneuf-du-Pape “Tradition” 04 de Domaine de la Solitude, os Chateauneuf-du-Pape não são baratos, mas são incrívelmente deliciosos, complexos e elaborados. O top de linha desta casa custa R$1155,00, mas este rótulo com “somente” 89 pontos do Robert Parker, está com um preço muito bom, R$165,00.

Neste mês, teremos ainda mais dois, quem sabe três, posts com boas compras e, desta vez, vou terminar elaborando a minha adega de vinhos Franceses baseado em tudo o que garimpei nestes últimos dois meses. Por enquanto, que Baco lhes acompanhe na escolha, tem muita coisa boa aqui.

Salute e kanimambo.

 

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