As Uvas Brancas de Portugal

Em Portugal as uvas brancas abundam de Norte a Sul e eventualmente você poderá até se deparar com uma Chardonnay, Sauvignon Blanc e Gewurztraminer aqui ou acolá, porém o país é berço de uma série de castas muito interessantes sendo o país que, por km², possui a maior seleção de uvas autóctones, são cerca de 250 diferentes variedades . Portugal tem a cultura dos vinhos de lote (corte, assemblage, blends, etc.) com duas ou mais uvas, porém nas uvas brancas a vinificação delas como monocastas, em estreme (varietais) são bastante comuns especialmente com as castas Encruzado, Alvarinho, Arinto, Loureiro e Antão Vaz. Hoje vou listar algumas das principais castas brancas locais e em que região encontrá-las. Entre nessa viagem e curta os bons vinhos brancos lusos, garanto que não faltará prazer!

Folha - albarino_alvarinho1Alvarinho – Região do Minho (vinhos verdes) em especial na sub região de Monção e Melgaço onde atinge seu apogeu! Existe em algumas outras poucas regiões onde um ou outro eventual rótulo poderá se sobressair, porém em nenhuma outra é tão exuberante. Vinho marcado pelo aromas florais (laranjeira, tílias) e sabores que nos remetem a frutos de boa acidez como a grape-fruit e laranja.

Folha - antao_vazAntão Vaz – a marca da Região do Alentejo onde é, por muitas vezes, elaborado em blend com a Arinto e a Chardonnay, porém é comum sua vinificação em monocasta. Normalmente dá vinhos de maior corpo com notas aromáticas que lembram acácia, e erva cidreira e na boca frutos amarelos como pêssego, manga e damasco com acidez moderada. Vinhos que se mostram melhor após dois ou três anos em garrafa.

Folha - Arinto-parraArinto – Muito presente no Minho e Douro, onde também é conhecida como Pedernã, é também encontrada em diversas outras regiões, porém com maior destaque na Região Lisboa, especialmente no DOC Bucelas onde aparece como monocasta, assim como no Alentejo onde aporta acidez nos lotes com Antão Vaz.

Folha - AvessoAvesso e Azal – uvas essencialmente usadas na elaboração de vinhos verdes na Região do Minho, mas que elaborados como monocasta resultam em vinhos bastante interessantes. A Azal é mais floral com sabores mais cítricos, enquanto a Avesso dá vinhos um pouco mais encorpados e harmoniosos.

Folha - BicalBical – é típica da região das Beiras, nomeadamente da zona da Bairrada e do Dão (onde se denomina “Borrado das Moscas”, devido às pequenas manchas castanhas que surgem nos bagos maduros). A par da casta Maria Gomes, a Bical é uma das mais importantes castas da região. Esta casta é de maturação precoce, por isso os seus bagos conservam bastante acidez. Os vinhos produzidos com esta casta são muito aromáticos, frescos e bem estruturados. Na Bairrada a casta Bical é muito utilizada na produção de espumante

folha - Cerceal-Br-folhaCerceal – Também grafada como Sercial, é cultivada em diferentes regiões vitícolas. De acordo com a região pode apresentar características ligeiramente diferentes. São conhecidas a Cercial do Douro e do Dão, a Cerceal da Bairrada e a Sercial da Madeira, também denominada de Esgana Cão no Douro. As principais características das variedades da Cercial são a elevada produção e boa acidez. Mais presente nas Beiras (Bairrada/Dão/Beira Interior) em lote com a Bical e Maria Gomes.

Folha - encruzadoEncruzado – a rainha dos brancos no Dão, produz vinhos exuberantes, complexos e únicos com boa longevidade. Os vinhos são de cor citrina, com bom teor alcoólico e com uma grande delicadeza, elegância e complexidade aromática, com notas vegetais, florais e minerais.São finos e elegantes no sabor, denotando um notável equilíbrio álcool/ácidos.

Folha - godello_gouveioGouveio – mais presente no Douro, aparece também no Dão. É tradicionalmente usado em blend com a Viosinho e outras uvas regionais, porém sendo ótima opção na elaboração de espumantes. Vinhos que apresentam um excelente equilíbrio entre acidez e álcool, caracterizando-se pela sua elevada graduação, boa estrutura e aromas intensos. Além disso, são vinhos elegantes com boa capacidade para uma boa evolução em garrafa.

Folha - fernao_piresMaria Gomes – conhecida por esse nome no centro e norte de Portugal, especialmente na região da Bairrada, é designada como Fernão Pires mais ao sul onde também tem papel preponderante nas regiões Tejo, Lisboa e Setúbal. Gera vinhos muito aromáticos (lichia, rosas, tilias) maior teor alcoólico, mas com uma certa falta de acidez o que a faz ser usada na maioria das vezes como complemento em blends de vinhos brancos.

Foto - loureira_loureiro1Loureiro – mais uma uva com forte presença essencialmente na região do Minho. Menos acídula que a Alvarinho, gera vinhos muito equilibrados de muito boa intensidade aromática onde predominam as notas cítricas e florais. Na boca mostra-se tradicionalmente muito harmoniosa com nuances de casca de laranja, nectarina e algo de maçã verde. Apesar de ser vinificado, mais recentemente, como monocasta é comum a vermos associada com a casta Trajadura, Arinto e Alvarinho nos vinhos de lote denominados Vinhos Verdes.

Folha - viosinho1Viosinho – casta típica da região do Douro, também Trás os Montes, onde é muito usada em vinhos de lote com Gouveio e Malvasia Fina entre outras. Produz vinhos bem estruturados, frescos e de aromas florais complexos. Normalmente são também alcoólicos e capazes de permanecer em garrafa durante largos anos.

           Outras uvas regionais menos importantes; Rabigato (Douro/Dão/Minho), Malvasia fina (Beiras e Douro), Siria ou Roupeiro (Alentejo e Tejo), Rabo de Ovelha e Perrum (Alentejo), Trajadura (Minho). Bem, por hoje falei só das castas brancas, mas em breve retorno ao tema com uvas tintas tradicionais portuguesas que são mais um monte! Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos lembrando que se alguém quiser adicionar algo, fique á vontade.

Fontes de pesquisa: Infovini / Guia de Vinhos ProTeste / Comissões reguladoras vitivínicolas / Vine to Wine Circle.

Alvarinho Que Te Quero Bem!

Alvarinho ou Albariño, tanto faz porque a essência é a mesma e os vinhos são sedutores. Falar desta uva é falar dos Vinhos Verdes do Minho (varietal ou em blend) e da Galicia, mais precisamente de Rías Baixas, mesmo que não sejam as únicas regiões no mundo em que a encontramos, porém é por essas bandas que ela mostra todo o seu esplendor. Vinhos marcantes de acidez rasgante, tudo a ver com a gastronomia local e por aqui uma maravilha com Bruschettas de ostras defumadas, feijoada, costela de porco na brasa e outras tantas diferentes iguarias. Um dia levei um Alvarinho barricado (Muros de Melgaço) para fazer par com Barreado, campeão da noite e ótima harmonização! Por aqui já falei do Xisto, do Soalheiro, do Paco & Lola, do Pazo de Señorans e outros diponíveis em blends, sempre belos vinhos. Adoro esta uva e quem não a conhece ainda não deixe de experimentar alguns dos rótulos abaixo que participaram da 2º Edição do ALVARINHO INTERNATIONAL WINE CHALLENGE. ef22d39ad1407e04fb03149e73a76431 A

Estou Perplexo!

Viram o resultado de uma prova de vinhos Alvarinho/Albariño publicada na Prazeres da mesa deste mês?!! Não, então caso queiram ler a matéria completa comprem, peguem emprestado, leiam na banca, sei lá! De qualquer jeito, até para poder melhor tecer meus comentários, segue uma lista de parte dos resultados:

1º Quinta dos Loridos (Portugal/Lisboa) – 91 pontos

2º Bouza Albariño (Uruguai)  e Martin Codax (Espanha/Rías Baixas) – 90 pontos

3º Vale d’Algares (Portugal/Tejo) – 89 pontos empatado com Castro Valdes Sin Palabras / Dorado Superior e Lagar de Cervera.

4º Soalheiro (Portugal/Minho) – 88 pontos empatado com Portal do Fidalgo, Filaboa, Palácio da Brejoeira, Pazo Señorans, Rolan, Deu la Deu, Quinta da Lixa, Muros de Melgaço

seguidos de mais três rótulos com 87 pontos e três com 86 ou seja, no geral uma pontuação bastante alta para estes vinhos o que demonstra a capacidade desta cepa em gerar bons vinhos e o viés positivo dessa prova.

          No entanto, conheço as maioria dos vinhos provados, inclusive o melhor dessa  prova e, ver o Loridos levar o caneco e com tão alta pontuação me parece um absurdo. E o Bouza, já aqui comentado no blog há alguns anos atrás, que é realmente bom mas longe da complexidade e exuberância dos “vero”, também lá nas alturas! Não fosse a presença nessa degustação de gente do calibre de Didu Russo e Jorge Carrara, dois dos experts que mais respeito na nossa midia, provavelmente eu colocaria esse resultado em duvida, mas……. acho que tenho que me curvar aos fatos publicados. Dificil de digerir no entanto, tenho que confessar. Aliás, numa Expovinis, creio que 2008, também ocorreu uma dessas quando apareceu uma zebra chamada Rio Sol entre os TOP 10, então acho que fatos como estes podem ser classificados como acidentes de percurso que volta e meia pintam em nossos caminhos pela vinosfera!

           Tudo bem, sei que estas degustações são o retrato de um momento com aquelas pessoas e aqueles vinhos, mas que o resultado é surpreendente e me deixa perplexo pelo conhecimento (ou será desconhecimento?!) que tenho dos vinhos, lá issó não restam duvidas. Bem, mais uma para minha coleção de “vivendo e aprendendo” , mas fica aqui uma pergunta para satisfazer a minha curiosidade; quanto um resultado desses altera sua percepção de valor e motiva a compra? Pesssoalmente, sigo sendo mais Soalheiro, Muros de Melgaço, Pazo Señorans, Martin Codax, Muros Antigos, etc…….

Salute e kanimambo

Alvarinho Disfarçado de Riesling

      Me parece que há uma certa concordância de que a Alvarinho tem um “je ne se quois” (acordei cheio das frescuras hoje, rs) de Riesling e o Minho é o Mosel de Portugal ou, quem sabe, o Mosel é o Minho deles! Enfim, para os efeitos deste post isso não vem ao caso, pois corremos o risco do papo virar meio nacionalista, porém tenho que confessar que nunca pus na boca um Alvarinho tão Riesling apesar do corpo! Aliás, pelo corpo talvez mais Alsacia que Mosel, mas acho que já entenderam, certo?

Gloria, um vinho com a característica de acidez rasgante que faz o sucesso dos vinhos da região do Vinho Verde no Minho, norte de Portugal, porém com uma mineralidade muito presente que assume papel protagonista neste vinho. Aqueles aromas típicos dos vinhos bem minerais em que sobressaem o petróleo, e pedra de isqueiro surpreendendo á primeira fungada quem porventura esperasse aquela complexidade de aromas de frutas tropicais e cítricos da maioria destes vinhos. Sim, o mineral também é característica dos vinhos da sub-região de Monção, mas neste caso extrapola.

Já na boca essa mineralidade retoma um caminho mais equilibrado com a fruta cítrica aparecendo mais do meio de boca para o final com boa persistência e corpo, tendo também sentido agradáveis e sutis nuances de damascos frescos no retrogosto. No todo, um vinho bastante agradável que chega ao mercado numa faixa de preços em torno de R$60,00, bem razoável para um Alvarinho de boa qualidade que tem tudo a ver com nosso verão.   $

Aproveitando o ensejo, eis o que o site da Adega Alentejana nos diz sobre esta casta típica de Portugal que também produz belos vinhos na vizinha Rías Baixas, com o nome de Albariño, já do outro lado da fronteira na Galicia, Espanha:

          A casta Alvarinho é considerada uma das mais nobres castas brancas existentes em Portugal. Num país em que a grande maioria dos vinhos é de lote (vinhos elaborados com várias castas), os vinhos Alvarinhos foram os primeiros monocastas a se diferenciarem. O cacho de uvas Alvarinho é pequeno, pouco compacto e com uma forma peculiar, a “asa”. O bago é de tamanho médio, redondo, de cor amarela chegando a tons rosados quando bem maduro.

         A uva Alvarinho é cultivada sobretudo nos municípios de Melgaço e Monção, uma pequena subregião ao norte dos Vinhos Verdes. Nos últimos anos começou a ser plantada também em outras regiões mais ao sul. As videiras de Alvarinho produzem poucos cachos. O rendimento das uvas também é pequeno, sendo necessários 1,6 Kg de uva para fazer uma garrafa de 0,75 litro. Nas outras castas o normal é 1,0 Kg de uva para uma garrafa. Estas são as razões que justificam o preço mais alto deste vinho.

         Os vinhos Alvarinhos atingem facilmente a graduação alcoólica de 13%, os aromas são intensos a frutos citrinos (laranja e limão) e tropicais (manga e maracujá). São vinhos encorpados e com uma bela frescura ácida. Estas qualidades permitem que o Alvarinho possa ser consumido com até cinco anos de vida, o que não é comum nos outros Vinhos Verdes.

Salute, kanimambo e uma bela semana para todos

Soalheiro, melhor Vinho de 2010 para a Revista Wine.

            Soalheiro Primeiras Vinhas 2009 eleito o “MELHOR VINHO DO ANO” pela revista Wine – A Essência do Vinho em Portugal. De acordo com a revista, “Não raras vezes é apresentado como o “Riesling português”. A comparação é elogiosa, ainda que o Soalheiro seja um vinho bem português, do Alto Minho fronteiriço com a Galiza. Fruta, frescura e acidez são atributos que o fazem distinguir-se entre semelhantes e que também lhe permitem uma guarda por períodos mais longos que os habituais no caso dos brancos.” Eu tive a oportunidade de o tomar e comentar, tendo ainda há poucos dias falado dele para uns amigos. Realmente há Alvarinhos mais famosos em terras lusas, mas poucos são páreo para os vinhos deste produtor. Do mais simples rótulo aos mais complexos, sempre garantia de grande prazer e satisfação! ir a Portugal e não trazer umas garrafas na mala é crime inafiancável!! por aqui, quem o traz é a Mistral.

Um salute especial ao Soalheiro!