Wine Lover's

Altorfer, um Suiço em Mendoza.

         Ou será em São Paulo? Na verdade, um pouco aqui um pouco lá! É a história de muitos hoje em dia num mundo cada vez menor e mais cosmopolista. Estes seres cosmopolistas descobrem Mendoza trezentos anos depois dos jesuítas que viram nestas terras uma série de vantagens para a produção de vinhos, e transformam a região numa grande babilônia. Felix Martin Altorfer é um desses seres que após longa carreira como executivo de multinacionais com grande atividade na América do Sul e vivendo em São Paulo, reúne um grupo de investidores e opta por produzir vinhos de qualidade em Mendoza tendo como um de seus principais mercados sua terra natal, Suiça.

         De um bate-papo num encontro de amigos, nasce o contato de Don Martin com a Cátia Betta e Giselda Badelucci da Wine Lover´s (os mesmos que venceram meu Desafio de Uvas Ícones com seu Pezzy King 05, um saboroso Zinfandel) que iniciam as importações destes vinhos da Viñas Don Martin. Foi num português fluente, para minha surpresa inicial, que Don Martin nos recebeu junto com as anfitriãs no aconchegante Bela Sintra para um almoço informal com meia dúzia de pessoas do setor, entre eles os colegas Jeriel e Álvaro Galvão assim como o amigo Walter Tommasi da Revista Freetime (link aqui do lado).

        É em Alto Agrelo, região privilegiada de Mendoza de onde vêm alguns dos melhores caldos argentinos, que Don Martin comprou 60 hectares de terra e iniciou sua plantação de vinhedos a partir de 2004 tendo concentrado investimento em Malbec, que representa cerca de 50% das vinhas, mais Cabernet Sauvignon, Syrah, Petit Verdot e Chardonnay. Em 2008 foram  produzidos algo ao redor de 80 mil litros (120 toneladas de uva) com um pouco mais disso sido vendido a terceiros. Para assessorá-lo neste empreendimento, o enólogo Roberto de La Motta com uma muito bem sucedida na Chandon da argentina com o vinho Terrazas e que hoje possui sua própria bodega (Mendel). Resultado? Surpreendente! Não só pelos vinhos, mas essencialmente por uma política comercial sã que nos apresenta bons vinhos com preços justos e muito convidativos.

          Neste gostoso almoço, não só pelo local e comida mas especialmente pelas pessoas presentes, tivemos oportunidade de provar dois rótulos dos cinco produzidos pela Vinas Don Martin sob a marca Fincas Altorfer, o Malbec 2007 e o corte Malbec/Cabernet Sauvignon 2007 que são os que a Wine Lover´s presentemente está trazendo. Afora estes dois, os produtore elaboram um roé de Malbec, um Syrah e um Cabernet Sauvignon que me deixou bastante curioso já que tenho gostado muito dos cabernets desta região que acho, inclusive, superiores aos Malbecs. Outros rótuloscomo o Chardonnay e uma linha reserva,  virão, mas há que aguardar. De qualquer forma falemos destes vinhos provados que me agradaram muito e recomendo aos amigos como duas ótimas opções numa faixa de preços que requer muito garimpo. Muito boa relação Qualidade x Preço x Prazer.

Finca Altorfer Malbec 2008 – com imperceptíveis 14,9% de teor alcoólico, um vinho que prima pelo equilíbrio. Normalmente não costumo comprar vinhos, que não conheça, com tal teor de álcool, já que é difícil produzir vinhos tão potentes sem perder a elegância que é um dos predicados que busco nos vinhos que compro e recomendo. Pois bem, de la Motta acertou a mão, o vinho mostra a concentração de fruta vermelha tipica que se busca no Malbec, porém sem exageros , taninos ainda presentes, pois o vinho ainda está bastante jovem, porém finos, aveludados, sem qualquer agressividade com uma acidez apetitosa no palato e diria, até algo delicado.

Finca Altorfer Malbec/Cabernet 2007 – um teor de álcool mais “civilizado”, apesar de ainda algo alto com 14,1% porém mais uma vez o equilíbrio adequado que faz com que não se note quando na temperatura adequada. Muito fruto negro, aromas tostados e algo especiarias presentes num vinho que se apresentou mais pronto nos taninos, redondo e elegante porém denso mostrando boa estrutura e uma riqueza de sabores atrativos que convidam à próxima taça. Harmônico, mais um belo trabalho do enólogo que aplica somente três meses de madeira a estes vinhos para que se agregue alguma complexidade sem que se encubra a fruta que é o principal foco.

            Por seu corpo, achei que o corte daria a melhor harmonização com o arroz de pato, porém dei com os burros n’água  (como dizem na minha terra) já que o Malbec se mostrou mais parelho para o prato, assim como o fez com o bacalhau, apesar dos taninos um pouco mais jovens. Só para mostrar que em harmonização não existem regras e que a teoria na prática acaba, invariavelmente, sendo outra. Agora vem a cereja no creme, o preço de R$48,00 que a Wine Lover´s pratica e, se for um cliente VIP (basta se associar ao clube e seguir algumas regras de compra – clique lá e confira), este valor cai para abaixo de R$40,00. Ainda bem, para nós consumidores, que ainda encontramos bom senso no mercado e tiro chapéu para o duo, produtor e importador, que entendem o consumidor mesmo tendo um negócio a tocar e miram longe.

            Para finalizar um almoço muito bem harmonizado entre vinhos, pessoas e pratos, uma bandeja de doces que é uma coisa de sonhos.  Não vou falar nada, até porque dizem que uma imagem vale mais que mil palavras e esta creio que vale por bem mais!

Salute e kanimambo.

Desafio de Uvas Ícones – Quem Faturou?

           Talvez uma das mais enriquecedoras degustações que já realizamos. Um Desafio diferente que fez com que tomássemos consciências de nossas limitações e o quanto ainda temos para aprender. Aos amigos que compuseram a banca de degustadores que julgariam esta prova, lancei um desafio extra, descobrir qual a cepa de cada um desses vinhos servidos às cegas. Fácil? Então, você que pensa que já sabe tudo, experimente fazer um exercício semelhante e depois falamos. Passamos por dois processos, provar e analisar os vinhos e puxar por nossas memórias para tentar achar as tipicidades de aromas e sabores que compunham cada cepa na taça. Muito bom, mas por outro lado, também nos mostra o quanto isso é menos importante no vinho quando comparado ao todo, se tornando um “mero” detalhe do conjunto!

            Nosso principal objetivo, no entanto, é apurar os ganhadores da noite e, como sempre nestes desafios, algumas surpresas;  atletas de primeiro nível que não estão numa boa noite, outros menos cotados que se superam, momentos em que o vinho se assemelha à vida. Não existem verdades absolutas em nossa vinosfera e duas garrafas do mesmo vinho e safra, guardadas de forma igual e no mesmo local, podem evoluir de forma diferente então cada um destes Desafios vem carregado de indagações de como os vinhos se comportarão. Mais uma vez, um belo painel que tenho o privilégio de organizar com o apoio de um monte de gente que já destaquei em posts anteriores. Agora quero compartilhar a experiência., comentando um pouco sobre os vinhos conforme a ordem em que foram servidos, lembrando que notas e comentários são a média e coletânea do que colhi nas planinhas de degustação. Ao final listo o vinho preferido de cada degustador e a nota dada por ele.

Uvas Ícones 006Barbera Le Orme 2006 de Michele Chiarlo (Zahil) representando a Itália, com 88 pontos da Wine Spectator, é um vinho da região de Asti mostrando bem sua tipicidade com uma cor rubi, brilhante com bastante fruta vermelha ao nariz. Na boca é macio, sedoso e equilibrado, rico com um final muito fresco pedindo comida. Um vinho gastronômico, mas versátil que também se toma muito bem sozinho ou acompanhado de um bom prato de queijos e frios, sendo fácil de agradar desde os mais neófitos dos enófilos até aos mais tarimbados. Muita elegância num vinho que costumo denominar como amistoso e confirmou minha opinião anterior. Obteve a média de 85,73 pontos e custa R$79,00.

 

Uvas ìcones 001Touriga-Nacional Reserva 2005 da Quinta Mendes Pereira (Malbec do Brasil) representando Portugal, recebeu 16,5/20 pontos da Revista de Vinhos portuguesa, tendo-se mostrado á altura das expectativas. De nariz intenso, fruta confeitada e algo balsâmico com sutis nuances florais . Na boca apresentou-se com taninos firmes porém finos, harmônico, saboroso, complexo, acidez no ponto mostrando-se também bastante gastronômico (arroz de pato?) com um final de boa persistência. Um belo vinho que alcançou a pontuação média de 86,36 e custará, assim que chegar, por volta de R$90,00.

 

Uvas Ícones 010Zinfandel Pezzy King 2005 (Wine Lover’s) o competidor mais difícil de conseguir já que quem tinha não quis participar e quem queria não tinha o rótulo disponível. Ao falar com a Giselda, por indicação do amigo Álvaro, no entanto, a coisa mudou de figura. Não são muito os rótulos disponíveis no Brasil e, consequentemente, não são sabores a que estejamos acostumados. Este possuía uma paleta olfativa muito intensa e convidativa onde se destacavam toques de licor de cereja, fruta em compota e amoras. Na boca segue intenso, de bom volume de boca, taninos maduros e sedosos, harmônico com um final algo adocicado com coco e chocolate perfeitamente balanceado por uma acidez correta que deixa um retrogosto de quero mais. Belo Vinho que obteve a média de 88,91 e custa R$110,00. Tem uma história de que cliente VIP tem 20% de desconto, então vale conferir no site deles.

 

Uvas Ícones 005Tempranillo Sierra Cantabria Crianza 2004 (Peninsula) foi o desafiante espanhol que veio com um senhor retrospecto, o de ter obtido 90 pontos da Wine Spectator e ficando entre os top 100 de 2008 dessa conceituada revista. Acho que os 40 minutos de decantação foram pouco para este renomado vinho que se apresentou fechado, nariz tímido em que aparecem aromas de fruta vermelha fresca (ameixa) e algum tostado. Na boca segue fechado, algo austero, taninos ainda jovens e firmes ‘pegando” um pouco, acidez muito boa que convida a comer e pede um prato com “sustança”. Final de boca mostra um certo desiquilibrio, coisa que um tempo mais em garrafa, ou o dobro do tempo em decanter, devem harmonizar mostrando todo o potencial do caldo. Obteve uma média de 83,41 pontos e custa ao redor de R$109,00. Um vinho que necessita de uma segunda visita!

 

Uvas Ícones 007Carmenére Ochotierras Gran Reserva 2005 (Brasart), o representante Chileno desta cepa que possue amantes e ferrenhos opositores. Eu não sou fã, mas gosto de alguns rótulos, entre eles este. Vinho pronto não devendo melhorar mais do que já está. Nariz balsâmico com nuances vegetais e alguma especiaria. No palato apresenta-se redondo, macio, equilibrado com taninos sedosos, boa acidez e estrutura mostrando-se muito elegante e saboroso. Obteve a média de 84,68 pontos e custa em torno de R$90,00.

 

Uvas Ícones 012Pinotage Morkell PK 2004 (D’Olivino), o desafiante sul africano desta cepa que também é pouco conhecida por aqui com muita coisa bastante rústica e barata (existem exceções) e caldos como este, com muita qualidade, um vinho que enobrece a casta. Classificado por alguns membros da banca como, misterioso e intrigante, mostra no olfato aromas complexos em que aparecem com maior destaque cacau e frutas secas, com boa evolução em taça. Na boca é harmônico, boa estrutura, denso e rico de sabores com um final muito agradável com toques de especiarias. Vinho para tomar com calma e mais uma boa participação dos vinhos desta importadora. Obteve a média de 87,73 pontod e custa ao redor de R$120,00.

 

Uvas Ícones 015Pomar Reserva 2006, o nosso vinho surpresa da noite, e que surpresa! Da Venezuela, Bodegas Pomar, região de Lara a 480mts de altitude vem este saboroso corte de 60% Petit Verdot, 23% Syrah e o restante de Tempranillo, um assemblage diferente e criativo que surpreendeu a todos tendo sido escolhido por um dos membros da banca, como o melhor vinho da noite. Como vinho surpresa, posso introduzir qualquer coisa no painel, então a escolha por um vinho que não fosse varietal, mas que trazia consigo uma enorme dose de exotismo. Por ser um corte foi fácilmente identificado pela maioria, porém a sua origem deixou a todos perplexos. Fruta madura, ervas e alguma especiaria compõem uma paleta olfativa muito agradável que convida levar a taça à boca onde se mostra muito equilibrado, elegante, complexo com boa evolução em taça, taninos aveludados e muito gostoso. Um conjunto sem arestas que obteve o reconhecimento de quase todos, houve uma única nota mais baixa, que resultou numa média de 86,45 pontos e não está disponível para venda.

 

Uvas Ícones 018Pinot Noir J. Cacheux Bourgogne Les Champs D’Argent 2006 (Decanter), nosso desafiante  francês e talvez o vinho mais fácil de identificar pois já no exame visual se mostrava com toda a sua tipicidade com uma cor rubi clara, brilhante, quase clarete. Nos aromas muita sutileza com a presença de frutos do bosque como morangos e framboesas assim como leves nuances florais. Na boca, taninos finos e sedosos ainda bem presentes, rico e complexo mostrando nuances de salumeria, um vinho sedutor como são a maioria dos bons Pinots, em especial os da Bourgogne. Obteve a média de 86,45 pontos e custa ao redor de R$119,00.

 

Uvas Ícones 008Shiraz Bridgewater Mill de Adelaide Hills 2005 (Wine Society), o representante da Austrália onde essa cepa virou rainha. De boa tipicidade, nariz discreto mostrando alguma fruta vermelha e especiarias. Na boca aparece uma madeira mais presente, porém sem subjugar o caldo, e álcool um pouco saliente sem ofuscar um conjunto muito agradável, de bom corpo, taninos presentes, aveludado e macio, acidez moderada, elegante com um final bem saboroso que satisfaz e nos faz pedir mais. Obteve 86,91 pontos e custa ao redor de R$87,00.

 

Uvas Ícones 017Malbec Rutini 2006 (Zahil), o nobre desafiante desta cepa que já virou sinônimo de Argentina, mesmo sendo francesa (como a maioria), mas que vem crescendo também no Chile e até aqui no Brasil já começam a aparecer alguns exemplares. Rubi violáceo, bem típico da casta, apresenta um perfil aromático composto de frutas escuras, algo vegetal e nuances florais que despistaram muitos da banca. De boa estrutura, no palato é suave, com taninos finos e sedosos, elegante, equilibrado com um final muito agradável e levemente frutado mostrando boa persistência. Um Malbec algo diferenciado que obteve 85,59 pontos e custa R$119,00.

 

Uvas Ícones 009Merlot Valduga Storia 2005 (Portal dos Vinhos), uma cepa que já se tornou símbolo da Serra Gaúcha. Eu que adoro este vinho, não o dentifiquei em função de uma intensidade aromática muito além do que tinha experimentado em vezes anteriores. A forte presença de café tostado, moka, que impacta a primeira “fungada” mostra a forte presença de madeira e a necessidade de um período maior de decantação para que o vinho encontre seu melhor equilíbrio olfativo quando aparece um pouco mais os aromas frutados com nuances florais. Na boca, alguma fruta negra, leve toque químico, untuoso, rico e complexo com um final algo tânico com retrogosto que nos lembra caramelo e muito boa persistência. Obteve uma média de 88,14 pontos e custa algo ao redor de R$110, porém devido à raridade, já se houve falar de R$130 e mais!

 

Uvas Ícones 014Tannat Abraxas 2002 (Dominio Cassis), rótulo premium do produtor, do qual somente 600 garrafas foram produzidas numa região diferente das tradionais áreas produtivas no Uruguai, em Rocha. Mais um dos vinhos que mostraram bem o que são, muita tipicidade num tannat de prima que ainda se apresenta fechado com taninos ainda bem presentes e firmes, porém sem qualquer agressividade, mostrando que ainda tem muito anos de vida e avolução pela frente. Nos aromas, algo herbáceo com nuances frutadas ainda tímidas que evoluem na taça. Na taça é uma explosão de sabores, rico e complexo com alguma madeira ainda por integrar, mas sutil, dando suporte a um conjunto gordo e harmonioso que enche a boca de prazer e ainda promete mais para daqui a alguns anos. As garrafas rareiam por aí, eu ainda tenho uma, e acredito que em 2012 estaremos perante um verdadeiro néctar. Obteve 86,77 pontos e custa por volta de R$105,00.

 

              Apurados os resultados, o grande campeão da noite, o Melhor Vinho foi o Pezzy King Zinfandel (atropelando por fora). Pelos pontos obtidos e bom preço, a Melhor Relação Custo x Beneficio ficou com o Barbera D’Asti Le Orme e o vinho considerado como a Melhor Compra, o Bridgewater Mill Shiraz. Na segunda colocação no rol dos Melhores Vinhos da noite, o nosso Valduga Storia Merlot, seguido do Morkell PK Pinotage, do Bridgewater Mill Shiraz e completando o podio, o Abraxas Tannat 2002. O nosso vinho surpresa vindo da Venezuela direto para este Desafio de Vinhos na Zahil, obteve um honroso oitavo lugar entre vinhos e países produtores já consagrados mundialmente. Mas quais foram os vinhos preferidos de cada membro da banca de degustadores? Pois bem, para matar a curiosidade dos amigos, aqui está:

  • Emilio Santoro – Pezzy King Zinfandel – 89 pontos
  • Marcel Proença – Pezzy King Zinfandel – 93 pontos
  • José Luiz Pagliari – Morkell PK Pinotage – 91 pontos
  • Francisco Stredel – Pezzy King Zinfandel – 93 pontos
  • Evandro Silva – Bridgewater Mill Shiraz – 90 pontos
  • Ralph Shaffa – Storia Merlot – 91 pontos
  • Ricardo Tomasi – Storia Merlot – 91 pontos
  • Cristiano Orlandi – Rutini Malbec – 93 pontos
  • Fabio Gimenes – Pomar Reserva – 92 pontos
  • José Roberto Pedreira – Pezzy Kink Zinfandel – 92 pontos
  • Simon Knittel – Storia Merlot – 88,5 pontos
  • João Filipe Clemente – Pezzy King Zinfandel – 89 pontos

       È isso gente, mais um Desafio de Vinhos terminado e mais um monte de lições a serem devidamente registradas. Por falar nisso, já ia-me esquecendo, quem acertou mais rótulos/cepas? O amigo Marcel da Assemblage Vinhos, com nove cepas identificadas tendo sido premiado pelos amigos da Zahil com uma garrafa do saboroso e recém chegado Barbera d’Asti I Cipressi Della Court de Michele Chiarlo. Vosso humilde servo aqui ficou nas cinco! Como disse, muito que aprender, um “pequeno gafanhoto’ em nossa vinosfera, na busca de conhecimento.

UFA, terminei! Salute e kanimambo, curtam o slide show abaixo e seguimos nos encontrando por aqui.

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Desvendando o Desafio de Uvas Ícones

Zahil - Loja 300  Em Setembro, o Desafio de Vinhos teve como temas as Uvas Ícones de cada país. Difícil determinar qual a uva ícone italiana ou francesa, mas optei pela Pinot Noir por ser a principal casta vinificada em varietal, e na Itália optei pela Barbera por uma questão de disponibilidade, mas poderia ter sido Sangiovese, Nebbiolo, etc.. De qualquer forma, reuni nesta prova de vinhos ás cegas, um total de onze vinhos representando onze países e uma surpresa, um rótulo para dar nó na cabeça de todos os participantes da banca de degustação. Como sempre, já tradição neste tipo de prova, interessantes surpresas no evento realizado com o apoio da Zahil, onde a degustação ocorreu, e das demais importadoras e produtores que enviaram seus representantes para mais este embate. Sem este apoio todo seria impossível realizar estes Desafios, razão pela qual inicio meus posts sobre os resultados com este agradecimento. É o mínimo que posso fazer pelo apoio e confiança depositados neste trabalho de garimpo, de mostrar através destes eventos que há vida, e muito boa vida, abaixo de R$100,00 e quem nem sempre o melhor vinho é o mais caro. Insisto na tese de que nome, origem e camisa não ganham título, mas sim performance o que, no nosso caso, significa o caldo na taça e na boca, o resto é marketing.

            Colaboraram, enviando seus Desafiantes, os já costumeiros parceiros como Decanter, Zahil, D’Olivino, Peninsula e Wine Society, os amigos da Brasart, Dominio Cassis e Portal dos Vinhos com o Emilio nos cedendo o que já se tornou uma raridade, o Valduga Storia 2005, assim como o produtor, Quinta Mendes Pereira e, “last but not least”, um novato nestas degustações, a Wine Lover´s, uma importadora nova especializada em rótulos americanos que, no apagar das luzes, nos cedeu um Zinfandel. Como já comentei, a degustação foi realizada às cegas e os vinhos foram todos decantados por cerca de 40 minutos e retornados às garrafas e adega climatizada de onde saíram para serviço devidamente envolvidas em papel alumínio e numeradas de forma aleatória.

             Para escolher o Melhor Vinho, melhor Custo x Beneficio e Melhor Compra, uma banca composta de 14 pessoas: Emilio Santoro (Portal dos Vinhos) / Zé Roberto Pedreira e  Fábio Gimenes (Confraria de Embu) / Simon Knittel (Kylix) / Ralph Schaffa (Restauranteur) / nosso convidado especial José Luiz Pagliari (Colunista e pesquisador) / Dr. Luis Fernando Leite de Barros (Enófilo) / Ricardo Tomasi (Sommelier/Specialitá) / Marcel Proença (Assemblage Vinhos) / Bernardo Silveira (Sommelier da Zahil) / Cristiano Orlandi (Vivendo Vinhos) / Francisco Stredel e Evandro Silva (Confraria 2 Panas) e eu. Dos 13, desconsideramos o Bernardo por uma questão ética, mesmo considerando-se que a prova foi às cegas, com notas em ficha de avaliação padrão ABS sendo a mais alta e a mais baixa eliminadas e o restante somado e dividido por 11 dando-nos o resultado de pontuação e ganhador, o Melhor Vinho do Desafio. Você arrisca chutar quem foi o ganhador?

Uvas Ícones 002

             O Melhor Custo x Beneficio que sempre foi eleito pelos degustadores presentes, desta feita virou uma equação matemática sendo apurado através da divisão pura e simples da nota obtida pelo preço. Para a Melhor Compra, foi mantida a regra, sendo apontada por voto direto. Quem serão os ganhadores? Isto veremos amanhã, porém já antecipo o vinho surpresa que, tivesse sido servido com rótulo aberto, certamente teria notas bem menores que as recebidas e muito provavelmente teria comentários pejorativos só por sua origem o que me leva a reforçar a necessidade de arquivar todos os eventuais preconceitos que possamos ter ao levar uma taça à boca. O vinho, que acabou surpreendendo a todos e obtido boas notas como veremos amanhã, foi nada mais nada menos que um Pomar Reserva 2006 da região de Lara na, na, na… ……. Venezuela! Veja mais sobre este vinho trazido pelo confrade Francisco, que é venezuelano e um amante do vinho, gracias viejo, amanhã.

           Mas estes desafios não servem somente para provar os vinhos do Desafio, garimpar novos rótulos e mostrar que existe vida em nossa vinosfera sem ter que gastar muito, nestes casos limitados a R$120,00 preferencialmente em torno de R$100. Serve também para provarmos novos espumantes disponíveis no mercado que são tomados na Desafio Uvas Ícones - Zahil 006recepção dos degustadores com o objetico de prepararmos as papilas gustativas para o que vem a seguir. Temos, com isso, tido o privilégio de tomar diversos espumantes de boa qualidade e muito saborosos. Desta feita, o amigo Bernardo (Zahil) nos apresentou um espumante argentino elaborado pelo método tradicional com um corte de Chardonnay e Pinot Noir, que foi muito bem comentado pelos membros da banca, o El Portillo Brut das Bodegas Salentein, importação e distribuição exclusiva desta simpática importadora que possui um excelente portfólio com preços bastante convidativos. Bastante aromático com forte presença de frutos tropicais convidando a beber, na boca apresenta bom volume, bom frescor, com uma acidez não muito comum aos espumantes argentinos, balanceado com um final algo cítrico e um sutil toque de leveduras muito sedutor. Perlage bastante abundante, fina e de boa persistência. Uma grata e agradável surpresa que merece ser conferida pelos amigos leitores e que espero faça bonito em uma degustação às cegas de espumantes que estou tentando orquestrar para o mês de Novembro.

Salute, kanimambo e amanhã veja os resultados e comentários apurados.

Desafio de Vinhos – Uvas Ícones

        O Desafio de Vinhos deste mês é no mínimo “sui generis”. Cada país baseia sua imagem mercadológica em cima de alguns parâmetros, entre eles a escolha de uma uva especifica que simbolize os vinhos dessa terra. Foi atrás dessas uvas que saí neste novo Desafio. Do ponto de vista técnico é inviável comparar bananas com maçãs e abacaxis, todavia acredito que qualquer um de nós tem a capacidade de analisar dentre elas, quais as que gosta mais, no sentido de percepção sensitiva, e o que lhe dá maior prazer. Logicamente que uma maçã tem que ter gosto de maçã assim como o abacaxi terá que apresentar suas próprias características, isso é essencial, mas a partir daí vem outra etapa que é a subjetividade sensorial de cada um. O principal objetivo deste Desafio será avaliar se o vinho de determinada uva apresenta as características básicas dessa cepa assim como a qualidade do vinho e sua capacidade de nos encantar com seus aromas e sabores. Qual será o vinho que mais encantará a banca de degustadores nessa noite?

          Acredito que será mais um interessante exercício que, posteriormente, compartilharei com os amigos tanto aqui como na coluna mensal do Jornal Planeta Morumbi e Planeta Oceano de Niterói. Por enquanto, fiquemos com a lista dos Desafiantes da noite aos títulos de; Melhor Vinho, Melhor Relação Custo x Beneficio e Melhor Compra em evento a ser realizado nas bonitas e aconchegantes instalações da loja da Importadora Zahil.

Clipboard Zahil

         Eis a lista dessas Uvas Ícones dos 11 países escolhidos, cepas que claramente indicam o país de origem, não necessariamente as que originam seus melhores vinhos, com rótulos em torno de R$100, tendo como limite máximo o valor de R$120,00.

  • Malbec – Argentina – Rutini Malbec 2006 – Importado pela Zahil com preço ao redor de R$119,00, é um vinho muito bem avaliado pela Wine Spectator que, entra ano/sai ano, lhe confere notas entre 89 e 91 pontos. Nesta linha de produtos da Bodega, é seu principal rótulo e um dos mais vendidos. Nunca tive a oportunidade de provar este vinho, conheço diversos outros rótulos deles que me seduziram, então estou bastante ansioso para o conhecer.
  • Tannat – Uruguai – Abraxas 2002 – Importado pela  Dominio Cassis com preço ao redor de R$105,00. A Dominio Cassis produz este vinho no “departamento de Rocha”, ao norte de Punta Del Este e a 10kms do Atlântico, uma região produtora menos conhecida e quando provei este rótulo pela primeira vez, há cerca de uns 18 meses, me encantei pelo vinho e por seu potencial de evolução que iremos conferir agora. Do pouco que se produziu, poucas garrafas restaram, mas acho que estaremos frente a frente com um grande vinho. Publiquei post sobre esta vínicola e os vinhos degustados, em Fevereiro de 2008, se quiser rever, clique aqui.
  • Carmenére – Chile – Ochotierras Gran Reserva 2005 – Importado pela Brasart com preço ao redor de R$90,00. Não sou fã desta cepa, mas ocasionalmente me deparo com alguns bons rótulos. Destes, o Ochotierras foi um dos que mais me seduziu e fiz questão que o amigo Fernando participasse com este rótulo que é de sua importação exclusiva.
  • Pinot Noir – França – J. Cacheux Bourgogne Les Champs D’Argent 2006 – Importado pela Decanter com preço ao redor de R$117,00. Produtor com apenas 5 hectares em Vosne Romanée, Echézaux e Nuits-saint-George , produz vinhos com um estilo rico, macio e elegante sendo umas das estrelas em ascensão na região. Este é seu vinho de entrada, impossível obter Pinots outros nesta faixa de preços, que esperamos possa mostrar toda a tipicidade desta grande cepa e região.
  • Zinfandel – EUA – Pezzi King Sonoma County 2005 – Importado pela Wine Lover’s, uma nova importadora especializada em vinhos americanos, com preço ao redor de R$110,00. De acordo com os importadores, um vinho de lamber os beiços mostrando bem a tipicidade dos bons Zinfandel da região de Sonoma County famosa por produzir alguns dos melhores exemplares desta cepa nos Estados Unidos. Ansioso por provar!
  • Pinotage – África do Sul – Morkell PK 2004 – importadora D’Olivino – preço ao redor de R$120,00 e uma cepa difícil de ser trabalhada com poucos rótulos que possam ser considerados grandes. Os grandes vinhos sul africanos vêm sendo os Syrah, tanto em varietal como em corte, mas existem vinhos Pinotage de categoria sim, e este da Bellevue Estates, um dos pioneiros a trabalhar com esta cepa em varietal, foi sugestão de um dos membros de nossa banca degustadora, o Emilio Santoro. De acordo com ele, um vinho para mudar a percepção de quem não aprecia vinhos elaborados com esta cepa.
  • Touriga Nacional – Portugal – Quinta Mendes Pereira Reserva 2005 – Importador Malbec do Brasil – Preço ao redor de R$90,00 e um velho conhecido meu sobre o qual falei faz poucos dias, tendo finalizado o nosso Desafio de Vinhos Portugueses com fidalguia. Foi a própria produtora (Raquel Mendes Pereira) conjuntamente com seus familiares aqui em São Paulo que fizeram questão de atender a meu pedido, entregando-me esta garrafa para mais um Desafio. No de Portugal participaram com o Garrafeira. Este Touriga Nacional obteve 16,5/20 pontos da Revista de Vinhos em Portugal.
  • Shiraz – Austrália – Bridge Water Mill Shiraz 2005 (Adelaide Hills) – Importador Wine Society – Preço de R$87,00 e um rótulo muito elogiado pela imprensa australiana tendo a safra de 2005 sido considerada a melhor já produzida. Vejamos como se comporta neste embate.
  • Barbera – Itália – Barbera d’Asti  “Le Orme” 2006 – Importadora Zahil – Preço de R$79,00, um Best Value da Wine Spectator  com 88 pontos, um dos representantes indicados pelo Bernardo para esta contenda. Já tomei o ano passado, e foi um vinho que me agradou muitíssimo, porém estava acompanhado de comida. Vamos ver como se comporta solo e numa degustação às cegas.
  • Merlot – Brasil – Storia Valduga 2005 – Preço, quando se acha, ao redor de R$110,00, um vinho que virou ícone da vinícola e reconhecidamente um dos grandes vinhos da atualidade no Brasil. Aqui mesmo neste blog, já faturou o Desafio de Merlot contra uma série de desafiantes de peso, obteve também a vitória numa degustação da Freetime com Merlots brasileiros tendo se tornado objeto de desejo de muitos. É hoje uma raridade no mercado e quem o tem está cobrando uma bela grana por garrafa, não fosse a contribuição do Emilio Santoro da Portal dos Vinhos e certamente não estaria aqui.
  • Tempranillo – Espanha – Sierra Cantabria Crianza 2004 – importador Peninsula – preço ao redor de R$109,00 e um vinho muito confiável que obteve 90 pontos da Wine Spectator tendo ficado entre os top 100 da lista da revista no ano passado. Boa concentração, porém mantendo as características riojanas que fizeram fama da região mundo afora. Certamente um digno representante desta importante casta espanhola.

Como décimo-segundo vinho, uma rótulo surpresa e muito pouco habitual. Um verdadeiro enigma a ser desvendado por uma seleta banca de degustadores que desta feita será ainda mais abrilhantada pela presença de Bernardo Silveira, sommelier da Zahil, e do respeitado pesquisador enófilo e colunista José Luiz Pagliari, pessoa que aprendi a respeitar muito neste pouco de tempo de estrada e que, como o Saul, é um verdadeiro gentleman e profundo conhecedor. Os outros componentes da banca são os experientes enófilos e profissionais do ramo, já costumeiramente presentes a estes Desafios; Ralph Schaffa (restauranteur); Simon Knittel (Kylix); Emilio Santoro (Portal dos Vinhos); Marcel Proença (Assemblage Vinhos); Ricardo Tomasi (sommelier/Specialità); Cristiano Orlandi (Vivendo Vinhos); Francisco Stredel e Evandro Silva (Confraria “Dos Panas”); Fábio Gimenes e José Roberto Pedreira (Confraria de Embu); Dr. Luis Fernando Leite de Barros (enófilo) e eu.

             Como sempre, a degustação será realizada ás cegas e sem ordem de serviço, passando todos os vinhos por um período de decantação antes de voltarem à adega para que voltem à temperatura adequada de serviço. Como é usual nos casos em que o Desafio é realizado nas dependências de uma loja ou importadora, o anfitrião tem o direito de nomear dois desafiantes, o que a Zahil fez. Desta feita estou mais ansioso que o normal, quem será o ganhador?

Salute e kanimambo