Valduga Storia

Oito Anos Falando de Vinhos e Alguns Destaques – Brasil II

Nesta semana me dediquei a dar os destaques brasileiros destes últimos oito anos de labuta e estudo de nossa vinosfera. Como disse anteriormente, os destaques não tratam necessariamente dos melhores vinhos (esses listo todos os anos), mas sim daqueles que conseguiram me surpreender e deixaram marcas em minha memória. Hoje quero compartilhar com vocês alguns rótulos a mais dos vinhos brasileiros que tive o privilégio de provar; Quinta do Seival Castas Portuguesas – Dal Pizzol Touriga Nacional – Churchill Cabernet Franc e Storia 2005. Esses quatro marcaram bem minha trajetória destes anos de escriba do vinho, porém o Dal Pizzol há muito não provo (2008!) e preciso revê-lo.

Dal Pizzol Touriga      Dal Pizzol Touriga Nacional 200 Anos, Safra 2007 – Em 2008 tive a oportunidade de estar presente no lançamento deste vinho no conceituado restaurante português, Antiquarius aqui em São Paulo. ” Esta foi a primeira colheita desta uva plantada em 2002 pela Dal Pizzol na região de Bento Gonçalves, gerando um vinho muito agradável que chega num momento oportuno já que se estava celebrando 200 anos da vinda da corte Portuguesa para o Brasil, na bagagem de quem, vieram as primeiras garrafas de Touriga Nacional. Com uma produção de 12.000 garrafas, o Dal Pizzol Touriga Nacional não passa por madeira sendo um vinho pronto para beber. No nariz, possui um primeiro ataque frutado e fresco de boa intensidade. Na taça evolui deixando aparecer alguns toques florais bem típicos da casta. Na boca é suave, elegante, com taninos maduros e um teor de álcool bem comportado, 13º. Bastante equilíbrio e harmonia num vinho leve que, certamente, agradará fácil. Mudou o terroir, mas a essência da uva está lá. Gostei; um vinho correto, fácil de beber que recomendo. O rótulo comemorativo aos 200 anos, é um caso á parte, de muito bom gosto, nos convidando a levar a taça á boca.” Na época foi lançado a R$35,00 a hoje, pelo que pude pesquisar, anda na casa dos R$55,00. Provei numa degustação ás cegas em 2011 e foi bem em minha opinião, tendo se colocado entre os top 5 entre 18 concorrentes presentes à prova.

Quinta do Seival Castas Portuguesas – Sai ano entra ano, um vinho confiável, de preço médio que castas 2005surpreende os mais incautos e o meu amigo e enólogo Miguel de Almeida tem grande responsabilidade por isso. O primeiro que me surpreendeu foi o da Safra de 2005, provado em 2009, um corte de Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz produzido pela região de Campanha, próximo da fronteira com o Uruguai. Surpreendente e prova inequívoca da melhora de qualidade dos vinhos brasileiros. Frutos negros maduros com algo resinoso no nariz, madeira bem colocada, fruta passa, bem estruturado com taninos finos, equilibrado, saboroso com um final de boca agradável e de boa persistência em que se manifestam nuances herbáceas. De lá para cá o Alfrocheiro ficou fora, mas segue sendo um vinho que agrada sobremaneira e às cegas surpreende muita gente, tendo participado de um Desafio de Vinhos portugueses como intruso e conseguido o 8º lugar entre 14 rótulos na disputa. Meus amigos blogueiros portugueses, Pingas no Copo e Copo de 3, não me deixam mentir, o vinho mais próximo de um Dão feito fora da região! Creio que na época andava na casa dos R$45 e hoje perambula na casa dos 60 Reais.

DSC06414          Churchill Cabernet Franc – este comecei a tomar faz uns três anos e não mais consegui parar. O 2006 (600 gfs) estava divino, o 2008 (1500 gfs) repetiu a dose e o 2011 (3000 gfs) não negou fogo, porém agora temos que aguardar chegar o 2012 pois as outras safras se esgotaram! Ano passado na revista Gowhere Gastronomia o indiquei como o melhor vinho nacional da atualidade, sempre levando em consideração o preço obviamente! Um projeto de Nathan Churchill com a Valmarino, é um “vinho complexo de boa textura e nariz muito interessante em que frutos negros e notas tostadas dão suas caras com grande intensidade formando uma paleta olfativa sedutora. Mais para encorpado, este 2008 está muito jovem e precisa de uma de aeração para mostrar todo seu potencial e uma temperatura mais para alta, em torno dos 19 a 20º C.” Foi isso que disse em Janeiro de 2012 e não mudaria uma palavra sequer ao falar do 2011 que chegou a harmonizar com galhardia um bom Queijo da Serra português! Um belo, complexo e elegante vinho que deve melhorar muito com o tempo, pena que não consigo lhe dar esse tempo(!), e custa por volta dos R$85,00. Aguardo ansioso pelo 2012!

Storia 2005 – O vinho que que me ajudou a quebrar alguns paradigmas com relação aos vinhos brasileiros e, Storiavejo assim, também um marco de mudança mercadológica nos vinhos da Valduga que mudou radicalmente seu marketing e design a partir desse vinho. Foi marcante porque ás cegas levou muitas degustações de porte contra vinhos de igual valor ou superior de várias partes do mundo. De lá para cá degustei mais duas safras, a de 2006 e a de 2008, porém não me pareceram à altura do 2005 que virou cult e objeto de colecionadores que hoje chegam a pagar, pelo menos quem tem é isso que pede, valores entre R$400 a 500 a garrafa. Um grande Merlot que provocou na concorrência uma corrida para produzir similares vinhos premium mostrando que esta uva pode gerar, sim, grandes e longevos vinhos. Em 2009 escrevi sobre ele; “Complexo nos aromas, fruta madura, capucino, algo floral entrada de boca marcante, denso, fruta compotada, taninos doces em total equilíbrio com a boa acidez deixando-o redondo, rico, aliando potência e elegância num final de muito boa persistência com notas achocolatadas e de café.”

Com estes quatro vinhos finalizo os destaques de vinhos tranquilos brasileiros, mas não sem antes ressaltar um rótulo para ficar de olho a despeito do preço, o Pizzato DNA 99 da safra 2005, vinhaço, que é um outro vinho candidato a se tornar um épico e um vinho a ser acompanhado através das safras. Existem outros bons rótulos nacionais e aqueles que se destacam por sua grande qualidade, porém sua política comercial eleva o preço às alturas e esses casos eu exclui, não acho que façam o mínimo sentido! No próximo post sobre estes destaques brasileiros dos últimos 8 anos, dois espumantes que para mim são, na atualidade, o que de melhor se faz por estas terras. Até lá, salute e kanimambo.

Merlots Premium Brasileiros ás Cegas

Começamos o ano de 2014 encarando paradigmas sobre o vinho brasileiro. Decidimos provar alguns dos principais e mais conceituados Merlots nacionais colocando-lhes um adversário no mesmo patamar para que tivéssemos um real parâmetro comparativo, um exemplar da Patagônia argentina. Pessoalmente, acho que na relação Qualidade x Quantidade, temos hoje o melhor Merlot da América latina, quiçá das Américas. Há ótimos vinhos chilenos, argentinos e até americanos, porém a média de nossa produção é realmente muito boa e com os mais diversos estilos, afinal Michel Rolland andou por aqui e deixou seu legado, sendo vinhos aos quais os seguidores de Baco deveriam dar um pouco mais de atenção enterrando seus preconceitos. Não acredita?! Tudo bem, mas pelo menos lhes dê uma chance; prove e às cegas!! .     

         Tendo dito isso, vou deixar a amiga e confreira Raquel Santos, a porta voz da Confraria Saca Rolhas, nos passar sua opinião sobre o evento e vinhos e no final dou um pitaco sobre o que provamos. Diz aí Raquel!

          No nosso primeiro encontro do ano, resolvemos começar pondo o pé no chão e ordem na casa.  Não que o ano que passou tenha sido ruim, longe disso. Basta ver quantas vezes a Confraria Saca Rolhas foi citada na lista dos “Deuses do Olimpo” neste blog! Realmente foi muito bom. Ótimas degustações, ótimos vinhos!

         Resolvemos fazer uma degustação às cegas, com vinhos nacionais, equivalentes, de qualidade premium e elaborados com a uva Merlot, das safras entre 2005 a 2008. Sabíamos que entre eles havia um intruso e isso sempre é bom para desequilibrar as referências pré concebidas e mexer um pouco com nosso sensorial.

         O fato de conhecermos melhor o que temos por aqui, poderia nos dar parâmetros para compará-los com outros merlots já degustados em outras ocasiões, do mesmo nível, em termos de qualidade, faixa de preço, e perceber da evolução da produção brasileira. A uva Merlot, proveniente da região de Bordeaux na França, proporciona vinhos com taninos macios, aromas elegantes e sabores frescos, frutados que evoluem muito com o tempo. Atualmente já é consenso entre os enólogos que é a casta que melhor se desenvolveu na serra gaúcha.

         Pudemos comprovar isso na taça com os belos exemplares que nos foram selecionados:

Salton Desejo 2006 – Aromas muito frescos de ervas, especiarias, cítricos ( lembrando casca de laranja). Na boca era suave, com média acidez, taninos finos e pouco corpo. Com o tempo, evoluiu bastante na taça, mostrando outro lado, mais consistente de madeira, couro e chocolate. Bento Gonçalves/RS. Preço médio: R$75,00

Miolo Terroir 2008 – Ataque alcoólico com presença de acidez e taninos. Na boca é muito frutado e vai se equilibrando cada vez mais com o tempo. Vale lembrar que esse vinho foi promovido pelo produtor como “melhor Merlot do mundo” depois de vencer uma competição internacional em sua faixa de preço. Vale dos Vinhedos/RS. Preço médio: R$130,00

 Pizzato DNA 99 2005 – Sua primeira safra, proveniente de um único vinhedo, que gerou seu famoso Merlot de 99, mereceu destaque pela qualidade e complexidade. De aromas frescos, mentolados e elegantes. Muito equilibrado, e grande potencial de evolução na taça. Foi se modificando incessantemente, com sabores e aromas sedutores. Vale dos Vinhedos/ RS. Preço na Vinícola: R$170,00

Valduga Storia 2006 – Muito aromático, com especiarias, madeira e frutas. Na boca, a madeira se confirma e aparecem nuances de caramelo, tostado, chocolate amargo, etc….. evolui muito na taça. Muito equilibrado! Bento Gonçalves/RS. Preço médio R$160,00

 Patritti Primogénito 2009 – À primeira vista, ou melhor, à primeira fungada, causou estranheza, por algo químico ou muito forte que não conseguimos identificar. Pareceu-nos bem diferente dos anteriores. Sabores marcantes de especiarias (anis), pinho, ameixas, frutas vermelhas e madeira bem incorporada. E apesar da potencia inicial, demonstrou bom equilíbrio e vocação gastronômica, com destaque para a acidez que pedia algo que o acompanhasse ou fizesse um contraponto. Esse era nosso intruso, que chegou metendo o pé na porta, mas depois se comportou muito bem! Patagônia/ Argentina. Preço médio: R$110,00

Merlots na Confraria Saca Rolhas

 Ao fim da degustação, algumas características ficaram evidentes para nós: Houve uma significativa evolução dos vinhos de qualidade em nosso país. Apesar de não se mostrarem desde o início, na taça, deixam claro seu potencial evolutivo, porém ao mesmo tempo que crescem na taça, também se cansam  logo. São como crianças felizes e saudáveis, que depois de um dia de brincadeiras agitadas, caem no sono instantaneamente em qualquer canto.

         Outra questão que me chamou atenção, depois pesquisando o assunto, foi a tentativa da mídia ou mesmo do produtor, de equiparar o produto nacional com o estrangeiro. A ideia de igualar seu produto a um Bordeaux ou promover um vinho como “o melhor Merlot do mundo”, soa, a meu ver,  um pouco exagerado. Eu, defensora que sou do vinho brasileiro, acho que temos muito à caminhar nesse sentido. Além disso temos a questão do custo Brasil, onde os impostos aqui aplicados não são nada incentivadores, tanto para produtores como para consumidores. Enfim, isso é assunto para muitos outros posts e que temos que continuar pensando e adequando à nossa realidade.

         Essa foi uma degustação para refletirmos o que foi, o que é e o que poderá ser, no futuro a produção de vinhos no Brasil. Se olharmos para trás, nos anos 80, quando a produção era ínfima e o que é hoje, podemos ver que existe uma grande evolução. E se compararmos com os países que produzem vinho à séculos, nós estamos apenas começando.  

       Como disse deixei para o fim meus pitacos sobre mais este encontro da Confraria. Como a degustação foi ás cegas, deixei para abrir os rótulos somente após uma votação quanto ao melhor vinho da noite. Houve uma clara divisão, porém a maioria optou pelo vinho mais pronto e mais redondo de todos, o Salton Desejo, seguido do DNA e do Primogênito. Pessoalmente, achei que o DNA e o Primogênito roubaram a cena um degrau acima dos demais, mas isso é muito pessoal! Incrível a vida ainda presente nesse DNA com já oito anos nas costas e que ainda promete grande evolução na garrafa, quem conseguir guardar verá! Por outro lado, afora o posicionamento de preço do Desejo da Salton que está muito em linha com o mercado, o restante está num patamar que realmente pretende ser exclusivo, vinho para poucos e, considerando que cada um monta a estratégia que lhe for mais interessante, algo que temos que respeitar ainda mais quando vendem tudo o que colocam no mercado.

     Não podia deixar de ressaltar que o Storia 2005 segue sendo imbatível. Já tinha provado o 2008 e agora o 2006, mas ficaram bem aquém da primeira edição deste ícone da Valduga, uma raridade no mercado que quando achado passa das absurdas 400 pratas! Enfim, mais uma noite muito agradável em que aprendemos um pouco mais das coisas desta nossa complexa vinosfera com toda a sua diversidade e variáveis, tendo tido como abertura o saboroso e fresco Angas Brut, o espumante australiano mais exportado, que preparou nosso palato para o que estava por vir. Kanimambo, salute e um ótimo fim de semana para todos lembrando que ainda temos algumas poucas vagas disponíveis para dia 13 na Vino & Sapore.

 

      

Desafio de Vinhos – Uvas Ícones

        O Desafio de Vinhos deste mês é no mínimo “sui generis”. Cada país baseia sua imagem mercadológica em cima de alguns parâmetros, entre eles a escolha de uma uva especifica que simbolize os vinhos dessa terra. Foi atrás dessas uvas que saí neste novo Desafio. Do ponto de vista técnico é inviável comparar bananas com maçãs e abacaxis, todavia acredito que qualquer um de nós tem a capacidade de analisar dentre elas, quais as que gosta mais, no sentido de percepção sensitiva, e o que lhe dá maior prazer. Logicamente que uma maçã tem que ter gosto de maçã assim como o abacaxi terá que apresentar suas próprias características, isso é essencial, mas a partir daí vem outra etapa que é a subjetividade sensorial de cada um. O principal objetivo deste Desafio será avaliar se o vinho de determinada uva apresenta as características básicas dessa cepa assim como a qualidade do vinho e sua capacidade de nos encantar com seus aromas e sabores. Qual será o vinho que mais encantará a banca de degustadores nessa noite?

          Acredito que será mais um interessante exercício que, posteriormente, compartilharei com os amigos tanto aqui como na coluna mensal do Jornal Planeta Morumbi e Planeta Oceano de Niterói. Por enquanto, fiquemos com a lista dos Desafiantes da noite aos títulos de; Melhor Vinho, Melhor Relação Custo x Beneficio e Melhor Compra em evento a ser realizado nas bonitas e aconchegantes instalações da loja da Importadora Zahil.

Clipboard Zahil

         Eis a lista dessas Uvas Ícones dos 11 países escolhidos, cepas que claramente indicam o país de origem, não necessariamente as que originam seus melhores vinhos, com rótulos em torno de R$100, tendo como limite máximo o valor de R$120,00.

  • Malbec – Argentina – Rutini Malbec 2006 – Importado pela Zahil com preço ao redor de R$119,00, é um vinho muito bem avaliado pela Wine Spectator que, entra ano/sai ano, lhe confere notas entre 89 e 91 pontos. Nesta linha de produtos da Bodega, é seu principal rótulo e um dos mais vendidos. Nunca tive a oportunidade de provar este vinho, conheço diversos outros rótulos deles que me seduziram, então estou bastante ansioso para o conhecer.
  • Tannat – Uruguai – Abraxas 2002 – Importado pela  Dominio Cassis com preço ao redor de R$105,00. A Dominio Cassis produz este vinho no “departamento de Rocha”, ao norte de Punta Del Este e a 10kms do Atlântico, uma região produtora menos conhecida e quando provei este rótulo pela primeira vez, há cerca de uns 18 meses, me encantei pelo vinho e por seu potencial de evolução que iremos conferir agora. Do pouco que se produziu, poucas garrafas restaram, mas acho que estaremos frente a frente com um grande vinho. Publiquei post sobre esta vínicola e os vinhos degustados, em Fevereiro de 2008, se quiser rever, clique aqui.
  • Carmenére – Chile – Ochotierras Gran Reserva 2005 – Importado pela Brasart com preço ao redor de R$90,00. Não sou fã desta cepa, mas ocasionalmente me deparo com alguns bons rótulos. Destes, o Ochotierras foi um dos que mais me seduziu e fiz questão que o amigo Fernando participasse com este rótulo que é de sua importação exclusiva.
  • Pinot Noir – França – J. Cacheux Bourgogne Les Champs D’Argent 2006 – Importado pela Decanter com preço ao redor de R$117,00. Produtor com apenas 5 hectares em Vosne Romanée, Echézaux e Nuits-saint-George , produz vinhos com um estilo rico, macio e elegante sendo umas das estrelas em ascensão na região. Este é seu vinho de entrada, impossível obter Pinots outros nesta faixa de preços, que esperamos possa mostrar toda a tipicidade desta grande cepa e região.
  • Zinfandel – EUA – Pezzi King Sonoma County 2005 – Importado pela Wine Lover’s, uma nova importadora especializada em vinhos americanos, com preço ao redor de R$110,00. De acordo com os importadores, um vinho de lamber os beiços mostrando bem a tipicidade dos bons Zinfandel da região de Sonoma County famosa por produzir alguns dos melhores exemplares desta cepa nos Estados Unidos. Ansioso por provar!
  • Pinotage – África do Sul – Morkell PK 2004 – importadora D’Olivino – preço ao redor de R$120,00 e uma cepa difícil de ser trabalhada com poucos rótulos que possam ser considerados grandes. Os grandes vinhos sul africanos vêm sendo os Syrah, tanto em varietal como em corte, mas existem vinhos Pinotage de categoria sim, e este da Bellevue Estates, um dos pioneiros a trabalhar com esta cepa em varietal, foi sugestão de um dos membros de nossa banca degustadora, o Emilio Santoro. De acordo com ele, um vinho para mudar a percepção de quem não aprecia vinhos elaborados com esta cepa.
  • Touriga Nacional – Portugal – Quinta Mendes Pereira Reserva 2005 – Importador Malbec do Brasil – Preço ao redor de R$90,00 e um velho conhecido meu sobre o qual falei faz poucos dias, tendo finalizado o nosso Desafio de Vinhos Portugueses com fidalguia. Foi a própria produtora (Raquel Mendes Pereira) conjuntamente com seus familiares aqui em São Paulo que fizeram questão de atender a meu pedido, entregando-me esta garrafa para mais um Desafio. No de Portugal participaram com o Garrafeira. Este Touriga Nacional obteve 16,5/20 pontos da Revista de Vinhos em Portugal.
  • Shiraz – Austrália – Bridge Water Mill Shiraz 2005 (Adelaide Hills) – Importador Wine Society – Preço de R$87,00 e um rótulo muito elogiado pela imprensa australiana tendo a safra de 2005 sido considerada a melhor já produzida. Vejamos como se comporta neste embate.
  • Barbera – Itália – Barbera d’Asti  “Le Orme” 2006 – Importadora Zahil – Preço de R$79,00, um Best Value da Wine Spectator  com 88 pontos, um dos representantes indicados pelo Bernardo para esta contenda. Já tomei o ano passado, e foi um vinho que me agradou muitíssimo, porém estava acompanhado de comida. Vamos ver como se comporta solo e numa degustação às cegas.
  • Merlot – Brasil – Storia Valduga 2005 – Preço, quando se acha, ao redor de R$110,00, um vinho que virou ícone da vinícola e reconhecidamente um dos grandes vinhos da atualidade no Brasil. Aqui mesmo neste blog, já faturou o Desafio de Merlot contra uma série de desafiantes de peso, obteve também a vitória numa degustação da Freetime com Merlots brasileiros tendo se tornado objeto de desejo de muitos. É hoje uma raridade no mercado e quem o tem está cobrando uma bela grana por garrafa, não fosse a contribuição do Emilio Santoro da Portal dos Vinhos e certamente não estaria aqui.
  • Tempranillo – Espanha – Sierra Cantabria Crianza 2004 – importador Peninsula – preço ao redor de R$109,00 e um vinho muito confiável que obteve 90 pontos da Wine Spectator tendo ficado entre os top 100 da lista da revista no ano passado. Boa concentração, porém mantendo as características riojanas que fizeram fama da região mundo afora. Certamente um digno representante desta importante casta espanhola.

Como décimo-segundo vinho, uma rótulo surpresa e muito pouco habitual. Um verdadeiro enigma a ser desvendado por uma seleta banca de degustadores que desta feita será ainda mais abrilhantada pela presença de Bernardo Silveira, sommelier da Zahil, e do respeitado pesquisador enófilo e colunista José Luiz Pagliari, pessoa que aprendi a respeitar muito neste pouco de tempo de estrada e que, como o Saul, é um verdadeiro gentleman e profundo conhecedor. Os outros componentes da banca são os experientes enófilos e profissionais do ramo, já costumeiramente presentes a estes Desafios; Ralph Schaffa (restauranteur); Simon Knittel (Kylix); Emilio Santoro (Portal dos Vinhos); Marcel Proença (Assemblage Vinhos); Ricardo Tomasi (sommelier/Specialità); Cristiano Orlandi (Vivendo Vinhos); Francisco Stredel e Evandro Silva (Confraria “Dos Panas”); Fábio Gimenes e José Roberto Pedreira (Confraria de Embu); Dr. Luis Fernando Leite de Barros (enófilo) e eu.

             Como sempre, a degustação será realizada ás cegas e sem ordem de serviço, passando todos os vinhos por um período de decantação antes de voltarem à adega para que voltem à temperatura adequada de serviço. Como é usual nos casos em que o Desafio é realizado nas dependências de uma loja ou importadora, o anfitrião tem o direito de nomear dois desafiantes, o que a Zahil fez. Desta feita estou mais ansioso que o normal, quem será o ganhador?

Salute e kanimambo