Touriga-Nacional

Confraria Vino Paradiso Harmoniza Carne ao Molho Indiano

Participo de diversas confrarias e na Vino  & Sapore hospedamos algumas, sempre um motivo de alegriaCarne Indiana na Vino Paradiso cada uma a seu jeito e com seus objetivos. A “Vino Paradiso”, no entanto, é algo diferente porque é sempre um Desafio que nos é colocado pelo Ney Laux, confrade, amigo e experiente chef de cozinha que há décadas faz a alegria de boa parte dos amantes da boa comida na Granja Viana. Mensalmente ele determina um prato e nós, eu e o também confrade Carlos, corremos atrás dos vinhos que acreditamos possam harmonizar com o prato como no caso de Bacalhau e Vinho e Joelho de Porco com Riesling entre diversos outros incríveis momentos. Na foto, o Ney, sua criação e a Renata que não resistiu aguardar sua vez e já quis atacar o prato do mestre!

Desta feita o desafio foi grande pois, como os amigos já sabem, harmonizar comida indiana com toda a sua complexidade de sabores, aromas e presença forte de especiarias, não é tarefa fácil. O amigo Carlos perdeu, o coitado estava na Toscana (rs), mas de lá deu sua dica, um Syrah australiano deveria dar samba. Bem, certamente esse deveria ser um dos escolhidos, mas que mais já que tradicionalmente brincamos com três vinhos? Pensei num Gewurztraminer, mas não tinha um à altura na loja. Enveredei destemidamente pelos tintos e acabei escolhendo um Zinfandel americano e um Touriga Nacional alentejano. Até o último momento, no entanto, fiquei com o branco na cabeça, achei que ainda seria a melhor opção, até que decidi incluir um quarto vinho nessa experiência, um Paul Mas Viognier 2010 da região do Languedoc.

Antes de falar do resultado, deixa eu falar um pouco do prato que, por sinal e para não perder o costume, estava delicioso e ele, em si, já exigiu uma certa dose de harmonização da parte do Ney. Um prato composto de três partes

1 – Cubos de filé mignon no molho com tomate, cebola, champignon e especiarias (cravo, canela, gengibre, semente de coentro, semente de mostarda, cúrcuma e pimentas).

2 – Chutney – maçã, laranja, passas de uva, gengibre, semente de mostarda e curry

3 – Arroz branco

A carne estava perfeita, rica, porém com a integração das especiarias de forma muito sutil e agradável. O chutney, adoro chutney, estava divino e as especiarias aqui bem mais presente, já o arroz trazia uma certa neutralidade que ajudou muito servindo como liga na harmonização de sabores. Essa complexidade toda reagiu de formas diferentes aos vinhos, pelo menos na minha avaliação, conforme abaixo

Paul Mas Viognier 2010 – uma agradável surpresa que se moldou muito bem ao conjunto (carne/chutney/arroz) dando um frescor especial ao prato e mostrando ter corpo bastante para ‘aguentar” o prato. A meu ver, empatou com o australiano tinto como os melhores no quesito harmonização com o conjunto do prato. De forma diferente, mas ambos muito especiais!

Wente Bayer Ranch Zinfandel 2009 – vinho muito saboroso, frutado e com um final tipicamente adocicado com nuances de especiarias, estas últimas bem sutis. Acompanhou  a carne mas morreu com o chutney. Não foi mal, mas não deixou saudades. Melhor só!

Tatachilla Keystone Syrah/Viognier 2004 – da Austrália, este vinho está em seu ápice e esse corte típico de Cote Rotie (Rhône) casou muito bem com o conjunto do prato. Complexo, especiarias mais marcantes e a Viognier lhe aporta um frescor a mais. Bela opção e aqui segui o conselho do Carlos, bela tacada!

Herdade de São Miguel Touriga Nacional 2010 – do Alentejo, um vinho delicioso, cremoso, bom volume de boca, taninos aveludados bem integrados e fruta no ponto em total equilíbrio. Para mim, olha o sangue falando mais alto, o melhor vinho da noite, porém perdeu na harmonização com o conjunto. Já só com a carne, para mim foi o melhor.

Vinhos 1 na Vino Paradiso

           Mais uma vez o Ney conseguiu se superar e tivemos mais uma noite extremamente agradável. Boa comida, boa bebida e grande companhia, mesmo quando um não esteja nos seus melhores dias, impossível não curtir esses momentos, pois os outros seguram! O restaurante ele fechou, momentaneamente esperamos, mas nós, confrades privilegiados, seguimos tendo a oportunidade de nos deliciarmos com seus pratos deliciosos, gastronomia de autor de primeira e com comida no prato!

É isso gente, nunca deixem de experimentar coisas diferentes, as descobertas são invariavelmente muito interessantes. Salute,  kanimambo  e não esqueçam, a 2º edição do Saturday Night Wine Tasting na Vino & Sapore está chegando, dia 10 de Agosto. Aguardo você, mas garanta antes seu convite.

Uvas & Vinhos – Touriga Nacional

       Este primeiro post do ano sobre as mais diversas castas de nossa vinosfera, traz a estréia de um novo parceiro que muito me honra e que tem tudo a ver, pois daremos enfoque ás uvas autóctones durante os próximos meses. Alguns poucos o conhecem, mas a grande maioria não, então deixem-me lhes apresentar o Miguel Ângelo Vicente Almeida , jovem enólogo português formado no instituto Superior de Agronomia em Lisboa, berço de alguns dos mais conceituados enólogos portugueses, com licenciatura Agro-industrial em Enologia. Antes de chegar ao Brasil e à Miolo, andou por terras germânicas, Douro e Alentejo, tendo assumido o projeto da Fortaleza do Seival em 2008 e agora também da Almadén. É uma grande honra para mim, e acredito que para os amigos leitores, ter o amigo Miguel a escrever sobre as uvas autóctones portuguesas, começando pela mais famosa delas. apresentação feita, fico por aqui. Deixemos quem sabe das coisas, quem elabora os vinhos falar sobre esta emblemática cepa portuguesa, a Touriga Nacional.

“Tanta parra para tão pouca uva” – A Touriga Nacional

           Como enólogo, sempre achei nesta frase uma consequência técnica positiva, a tão moderna e famosa concentração. Mas se falar com o agrônomo, este já é capaz de lembrar a falta de equilíbrio entre parte vegetativa e parte produtiva, mais, avisa-nos do cuidado e assistência que é preciso entregar à gestão e manejo da copada. O viticultor tem a prima e primária tendência de se sentir burlado e foi este sentimento de fraude que levou a melhor casta tinta portuguesa e provavelmente a melhor do mundo – para o ser faltou-lhe a origem gaulesa – à quase extinção. Veio depois o seu massivo ressurgimento nos rótulos dos vinhos e só agora e em resultado de investigação massal e clonal é que muito tem aparecido nas vinhas.

              Em Portugal é a casta mais difundida por todo o território continental, daí o termo Nacional como complemento democrático-geográfico a esta surpreendente Touriga. Estados Unidos da América, Austrália, África do Sul, Argentina, Chile, Brasil são países que a naturalizaram porque dupla-cidadania, como um Shiraz australiano, um Malbec argentino, um Carménère chileno, um Tannat uruguaio ou o mais recente Merlot brasileiro, ainda ninguém lhe conferiu.

               Com natural singeleza, elegância, potência e monstra polivalência a Touriga Nacional pode aparecer na forma de:

  • – vinho espumante, como por exemplo os Murganheira Blanc de Blancs Touriga Nacional e do Luis Pato na Bairrada;
  • – vinho tinto seco fino, aqui prefiro a delicadeza dos Tourigas do Dão em detrimento dos Tourigas do Douro porque são fruto de solos de origem granítica e sedimentar e de amenas temperaturas bem típicas de um qualquer verão beirão;
  • – vinho licoroso, seja qual for Vinho do Porto Vintage ou Late Bottled Vintage originário dos melhores patamares de um bardo da mais antiga Região Demarcada do Mundo.

         Por característica, a Touriga Nacional é uma variedade muito fértil, isto é, todas as gemas deixadas à poda brotam e brotam também muitas feminelas que adensam a copada, embora seja pouco produtiva porque é propícia ao desavinho (acidente fisiológico em que não ocorre a transformação das flores em fruto) e à bagoinha (acidente fisiológico em que no mesmo cacho aparecem, além de bagas normais, bagas de dimensões reduzidas, bagas que não são bagas). Possui, no entanto,  baixa produtividade geralmente decorrente do seu elevado vigor e do seu carácter retumbante que juntos dificultam o ótimo arejamento da flor, impedindo assim o correto desenvolvimento da fecundação, resultando menos cachos. Portanto, esta é uma casta muito exigente quanto à forma de ser conduzida.

Como virtudes ela revela:

– estar bem adaptada a uma grande diversidade de solos;

– ser satisfatoriamente rústica, suportando condições médias de stress hídrico;

– ser muito resistente às doenças e pragas habituais da vinha;

– ter uma maturação intermediária, originando cachos pequenos a médios, ligeiramente compactos, de baga pequena com película espessa e cor negro-azulada.

Comportamento enológico

           A Touriga Nacional é uma casta muito consistente em termos de qualidade dos vinhos originados ao longo dos anos. Os mostos apresentam um teor alcoólico médio a elevado e uma acidez total titulável média a elevada, ou seja, gerando equilíbrio.  Os vinhos têm cor retinta intensa, com forte presença de tonalidades violáceas. O aroma é igualmente intenso desde os frutos pretos maduros (amoras, framboesas) às perfumadas flores (violetas, rosas), lembrando por vezes também algo mais silvestre, rosmaninho, alfazema, esteva, etc. Muito rico em substâncias fenólicas, na boca é volumoso, estruturado e persistente, possuindo um elevado potencial para envelhecimentos prolongados.

        Portanto, vinificada em varietal, por si, sem carvalho, a tendência é gerar vinhos intensamente corados, frescos, bem equilibrados em álcool e ácidos, de taninos macios. A passagem por barrica aumenta a sua complexidade aromática e tende a melhor estruturá-los. Quando usada em cortes, porta-se como o nariz, o perfume do vinho. 

            Em suma, que raio de casta tinta é esta que produz poucos cachos, cachos pequenos, de bagas pequenas, intensamente coradas, plenas de precursores aromáticos, espessas e bem resistentes a pragas e doenças e ótimas para suaves e longos processos de maceração?! A Touriga Nacional Portuguesa é com certeza uma grande casta a nível internacional. Para findar lembro e como bom português puxo a brasa à minha sardinha: quem tiver oportunidade não deixe de ser surpreendido pelo brasileiro Sesmarias 2008! E com isto não afirmo que a Touriga Nacional é uma das seis variedades deste lindo vinho. Mas posso estar enganado!

Harmonização

Agora é a vez do amigo Álvaro Galvão (Divino Guia) dar seus pitacos sobre a harmonização dos vinhos elaborados com esta cepa muito especial que é a Touriga Nacional, que ainda espero ver  adotar seu nome de direito “Touriga Portuguesa” .

Falar da Touriga Nacional no quesito harmonização é muito fácil, pois ela abrange vários pratos, cocções e paladares. A ´Touriga Nacional, uva “símbolo” de Portugal, tem uma característica multifacetada em aromas e paladar, o que contribui muito para facilitar a harmonização. 

Com seu toque frutado, me vejo degustando uma lebre(coelho) ao molho, e leitão assado, as partes mais gordas. Suas especiarias me seduzem a fazê-lo com comida Indiana, que leva coco, especiarias diversas, que ao contrário do que muitos possam imaginar, é uma gastronomia leve, complexa, mas leve. Caças em geral vão bem com a Touriga Nacional, em várias cocções, tanta assadas, como cozidas em molhos, e quando falo de caça penso também em aves, apesar destas não terem tanta gordura para amaciá-las, e fazerem contraponto com o bom nível de acidez desta uva.

Quem nunca experimentou um marreco ao molho de damascos e uma taça de Touriga, não sabe o que está perdendo. Carneiro fica ótimo, mas na minha preferência a paleta e pernil ficam melhor, o lombo e carré(com o ossinho), são mais delicados. Pelo seu tradicional toque floral de violetas, me vejo em plena ousadia, degustando uma entrada fria com figos maduros, alcachofras(não aquelas curtidas em azeite ou vinagre), e Cream Chese(esta entrada eu já testemunhei).

Saladas de palmito Pupunha, com tomates cereja e especiarias, também creio que a Touriga não faria feio. Se não for para ousar, basta ler o que os tradicionais manuais que falam das harmonizações descrevem, não acham?

Os Vinhos

Bem, agora chegamos na minha praia com a difícil tarefa, de enumerar alguns bons rótulos para vocês conhecerem, ou para quem já conhece eventualmente curtir um ou outro rótulo que provei e recomendo.  Tenho uma predileção muito especial por vinhos elaborados com esta cepa e existem alguns grandes vinhos no mercado. Tenho que compartilhar uma curta estórinha com os amigos; no Desafio de merlots do Mundo, tinha um português entre os cerca de 14 rótulos degustados ás cegas. Um dos vinhos da taça, encantador por sinal, dava demonstrações aromáticas que nos transportavam aos Vinhos do Porto, tendo a maior parte da banca apontado esse vinho como o português. Ao descobrir as garrafas, a enorme surpresa de ver que era o Wente Merlot Crane Ridge, da Califórnia. Aí, pesquisamos e verificamos que a cada ano esse vinho passa por um corte diferente tendo nesse ano recebido um aporte de 2% de Touriga Nacional! A conclusão tire você.

Rótulos 100% Touriga Nacional de satisfação garantida

  • Quinta da Cortezia/CVR Lisboa (Casa Flora)
  • Adega de Borba/Alentejo (Adega Alentejana)
  • Dal Pizzol/Brasil – Vale dos Vinhedos
  • Angheben/Brasil – Encruzilhada
  • Quinta do Cachão/Douro – (Casa Flora)
  • Raquel Mendes Pereira/Dão (Malbec do Brasil)
  • Quinta dos Roques/Dão (Decanter)
  • Cortes de Cima/Alentejo (Adega Alentejana)
  • Só Touriga Nacional (Portuscale)
  • Quinta dos Carvalhais/Dão (Zahil)
  • Quinta do Crasto/Douro (Qualimpor)
  • Quinta do Vallado/Douro

Saindo fora dos primeiros cinco rótulos, dê tempo aos outros néctares que só desabrocham mesmo a partir do quarto ou quinto ano devido a sua complexidade. Por sinal, a Raquel Mendes Pereira tem um Rosé de Touriga que é uma delicia. Uma pena que a produção é muito pequena e não chega ao Brasil.

Cortes com Touriga Nacional – aqui a lista seria imensa, já que a maior parte dos vinhos do Douro, do Porto e cada vez mais do restante das regiões produtoras portuguesas, têm algum porcentual desta cepa. Do Brasil, um bom exemplo de um vinho desse estilo é o Quinta do Seival Castas Portuguesas 2005, vinho que destaquei em uma de minhas listas de Melhores do de 2009, elaborado pela Miolo sob a batuta do amigo Miguel de Almeida.

Quer mais? Então sugiro que tome alguns desses bons vinhos acima e tire suas próprias conclusões. Por hoje é só.

Salute e kanimambo

Desafio de Uvas Ícones – Quem Faturou?

           Talvez uma das mais enriquecedoras degustações que já realizamos. Um Desafio diferente que fez com que tomássemos consciências de nossas limitações e o quanto ainda temos para aprender. Aos amigos que compuseram a banca de degustadores que julgariam esta prova, lancei um desafio extra, descobrir qual a cepa de cada um desses vinhos servidos às cegas. Fácil? Então, você que pensa que já sabe tudo, experimente fazer um exercício semelhante e depois falamos. Passamos por dois processos, provar e analisar os vinhos e puxar por nossas memórias para tentar achar as tipicidades de aromas e sabores que compunham cada cepa na taça. Muito bom, mas por outro lado, também nos mostra o quanto isso é menos importante no vinho quando comparado ao todo, se tornando um “mero” detalhe do conjunto!

            Nosso principal objetivo, no entanto, é apurar os ganhadores da noite e, como sempre nestes desafios, algumas surpresas;  atletas de primeiro nível que não estão numa boa noite, outros menos cotados que se superam, momentos em que o vinho se assemelha à vida. Não existem verdades absolutas em nossa vinosfera e duas garrafas do mesmo vinho e safra, guardadas de forma igual e no mesmo local, podem evoluir de forma diferente então cada um destes Desafios vem carregado de indagações de como os vinhos se comportarão. Mais uma vez, um belo painel que tenho o privilégio de organizar com o apoio de um monte de gente que já destaquei em posts anteriores. Agora quero compartilhar a experiência., comentando um pouco sobre os vinhos conforme a ordem em que foram servidos, lembrando que notas e comentários são a média e coletânea do que colhi nas planinhas de degustação. Ao final listo o vinho preferido de cada degustador e a nota dada por ele.

Uvas Ícones 006Barbera Le Orme 2006 de Michele Chiarlo (Zahil) representando a Itália, com 88 pontos da Wine Spectator, é um vinho da região de Asti mostrando bem sua tipicidade com uma cor rubi, brilhante com bastante fruta vermelha ao nariz. Na boca é macio, sedoso e equilibrado, rico com um final muito fresco pedindo comida. Um vinho gastronômico, mas versátil que também se toma muito bem sozinho ou acompanhado de um bom prato de queijos e frios, sendo fácil de agradar desde os mais neófitos dos enófilos até aos mais tarimbados. Muita elegância num vinho que costumo denominar como amistoso e confirmou minha opinião anterior. Obteve a média de 85,73 pontos e custa R$79,00.

 

Uvas ìcones 001Touriga-Nacional Reserva 2005 da Quinta Mendes Pereira (Malbec do Brasil) representando Portugal, recebeu 16,5/20 pontos da Revista de Vinhos portuguesa, tendo-se mostrado á altura das expectativas. De nariz intenso, fruta confeitada e algo balsâmico com sutis nuances florais . Na boca apresentou-se com taninos firmes porém finos, harmônico, saboroso, complexo, acidez no ponto mostrando-se também bastante gastronômico (arroz de pato?) com um final de boa persistência. Um belo vinho que alcançou a pontuação média de 86,36 e custará, assim que chegar, por volta de R$90,00.

 

Uvas Ícones 010Zinfandel Pezzy King 2005 (Wine Lover’s) o competidor mais difícil de conseguir já que quem tinha não quis participar e quem queria não tinha o rótulo disponível. Ao falar com a Giselda, por indicação do amigo Álvaro, no entanto, a coisa mudou de figura. Não são muito os rótulos disponíveis no Brasil e, consequentemente, não são sabores a que estejamos acostumados. Este possuía uma paleta olfativa muito intensa e convidativa onde se destacavam toques de licor de cereja, fruta em compota e amoras. Na boca segue intenso, de bom volume de boca, taninos maduros e sedosos, harmônico com um final algo adocicado com coco e chocolate perfeitamente balanceado por uma acidez correta que deixa um retrogosto de quero mais. Belo Vinho que obteve a média de 88,91 e custa R$110,00. Tem uma história de que cliente VIP tem 20% de desconto, então vale conferir no site deles.

 

Uvas Ícones 005Tempranillo Sierra Cantabria Crianza 2004 (Peninsula) foi o desafiante espanhol que veio com um senhor retrospecto, o de ter obtido 90 pontos da Wine Spectator e ficando entre os top 100 de 2008 dessa conceituada revista. Acho que os 40 minutos de decantação foram pouco para este renomado vinho que se apresentou fechado, nariz tímido em que aparecem aromas de fruta vermelha fresca (ameixa) e algum tostado. Na boca segue fechado, algo austero, taninos ainda jovens e firmes ‘pegando” um pouco, acidez muito boa que convida a comer e pede um prato com “sustança”. Final de boca mostra um certo desiquilibrio, coisa que um tempo mais em garrafa, ou o dobro do tempo em decanter, devem harmonizar mostrando todo o potencial do caldo. Obteve uma média de 83,41 pontos e custa ao redor de R$109,00. Um vinho que necessita de uma segunda visita!

 

Uvas Ícones 007Carmenére Ochotierras Gran Reserva 2005 (Brasart), o representante Chileno desta cepa que possue amantes e ferrenhos opositores. Eu não sou fã, mas gosto de alguns rótulos, entre eles este. Vinho pronto não devendo melhorar mais do que já está. Nariz balsâmico com nuances vegetais e alguma especiaria. No palato apresenta-se redondo, macio, equilibrado com taninos sedosos, boa acidez e estrutura mostrando-se muito elegante e saboroso. Obteve a média de 84,68 pontos e custa em torno de R$90,00.

 

Uvas Ícones 012Pinotage Morkell PK 2004 (D’Olivino), o desafiante sul africano desta cepa que também é pouco conhecida por aqui com muita coisa bastante rústica e barata (existem exceções) e caldos como este, com muita qualidade, um vinho que enobrece a casta. Classificado por alguns membros da banca como, misterioso e intrigante, mostra no olfato aromas complexos em que aparecem com maior destaque cacau e frutas secas, com boa evolução em taça. Na boca é harmônico, boa estrutura, denso e rico de sabores com um final muito agradável com toques de especiarias. Vinho para tomar com calma e mais uma boa participação dos vinhos desta importadora. Obteve a média de 87,73 pontod e custa ao redor de R$120,00.

 

Uvas Ícones 015Pomar Reserva 2006, o nosso vinho surpresa da noite, e que surpresa! Da Venezuela, Bodegas Pomar, região de Lara a 480mts de altitude vem este saboroso corte de 60% Petit Verdot, 23% Syrah e o restante de Tempranillo, um assemblage diferente e criativo que surpreendeu a todos tendo sido escolhido por um dos membros da banca, como o melhor vinho da noite. Como vinho surpresa, posso introduzir qualquer coisa no painel, então a escolha por um vinho que não fosse varietal, mas que trazia consigo uma enorme dose de exotismo. Por ser um corte foi fácilmente identificado pela maioria, porém a sua origem deixou a todos perplexos. Fruta madura, ervas e alguma especiaria compõem uma paleta olfativa muito agradável que convida levar a taça à boca onde se mostra muito equilibrado, elegante, complexo com boa evolução em taça, taninos aveludados e muito gostoso. Um conjunto sem arestas que obteve o reconhecimento de quase todos, houve uma única nota mais baixa, que resultou numa média de 86,45 pontos e não está disponível para venda.

 

Uvas Ícones 018Pinot Noir J. Cacheux Bourgogne Les Champs D’Argent 2006 (Decanter), nosso desafiante  francês e talvez o vinho mais fácil de identificar pois já no exame visual se mostrava com toda a sua tipicidade com uma cor rubi clara, brilhante, quase clarete. Nos aromas muita sutileza com a presença de frutos do bosque como morangos e framboesas assim como leves nuances florais. Na boca, taninos finos e sedosos ainda bem presentes, rico e complexo mostrando nuances de salumeria, um vinho sedutor como são a maioria dos bons Pinots, em especial os da Bourgogne. Obteve a média de 86,45 pontos e custa ao redor de R$119,00.

 

Uvas Ícones 008Shiraz Bridgewater Mill de Adelaide Hills 2005 (Wine Society), o representante da Austrália onde essa cepa virou rainha. De boa tipicidade, nariz discreto mostrando alguma fruta vermelha e especiarias. Na boca aparece uma madeira mais presente, porém sem subjugar o caldo, e álcool um pouco saliente sem ofuscar um conjunto muito agradável, de bom corpo, taninos presentes, aveludado e macio, acidez moderada, elegante com um final bem saboroso que satisfaz e nos faz pedir mais. Obteve 86,91 pontos e custa ao redor de R$87,00.

 

Uvas Ícones 017Malbec Rutini 2006 (Zahil), o nobre desafiante desta cepa que já virou sinônimo de Argentina, mesmo sendo francesa (como a maioria), mas que vem crescendo também no Chile e até aqui no Brasil já começam a aparecer alguns exemplares. Rubi violáceo, bem típico da casta, apresenta um perfil aromático composto de frutas escuras, algo vegetal e nuances florais que despistaram muitos da banca. De boa estrutura, no palato é suave, com taninos finos e sedosos, elegante, equilibrado com um final muito agradável e levemente frutado mostrando boa persistência. Um Malbec algo diferenciado que obteve 85,59 pontos e custa R$119,00.

 

Uvas Ícones 009Merlot Valduga Storia 2005 (Portal dos Vinhos), uma cepa que já se tornou símbolo da Serra Gaúcha. Eu que adoro este vinho, não o dentifiquei em função de uma intensidade aromática muito além do que tinha experimentado em vezes anteriores. A forte presença de café tostado, moka, que impacta a primeira “fungada” mostra a forte presença de madeira e a necessidade de um período maior de decantação para que o vinho encontre seu melhor equilíbrio olfativo quando aparece um pouco mais os aromas frutados com nuances florais. Na boca, alguma fruta negra, leve toque químico, untuoso, rico e complexo com um final algo tânico com retrogosto que nos lembra caramelo e muito boa persistência. Obteve uma média de 88,14 pontos e custa algo ao redor de R$110, porém devido à raridade, já se houve falar de R$130 e mais!

 

Uvas Ícones 014Tannat Abraxas 2002 (Dominio Cassis), rótulo premium do produtor, do qual somente 600 garrafas foram produzidas numa região diferente das tradionais áreas produtivas no Uruguai, em Rocha. Mais um dos vinhos que mostraram bem o que são, muita tipicidade num tannat de prima que ainda se apresenta fechado com taninos ainda bem presentes e firmes, porém sem qualquer agressividade, mostrando que ainda tem muito anos de vida e avolução pela frente. Nos aromas, algo herbáceo com nuances frutadas ainda tímidas que evoluem na taça. Na taça é uma explosão de sabores, rico e complexo com alguma madeira ainda por integrar, mas sutil, dando suporte a um conjunto gordo e harmonioso que enche a boca de prazer e ainda promete mais para daqui a alguns anos. As garrafas rareiam por aí, eu ainda tenho uma, e acredito que em 2012 estaremos perante um verdadeiro néctar. Obteve 86,77 pontos e custa por volta de R$105,00.

 

              Apurados os resultados, o grande campeão da noite, o Melhor Vinho foi o Pezzy King Zinfandel (atropelando por fora). Pelos pontos obtidos e bom preço, a Melhor Relação Custo x Beneficio ficou com o Barbera D’Asti Le Orme e o vinho considerado como a Melhor Compra, o Bridgewater Mill Shiraz. Na segunda colocação no rol dos Melhores Vinhos da noite, o nosso Valduga Storia Merlot, seguido do Morkell PK Pinotage, do Bridgewater Mill Shiraz e completando o podio, o Abraxas Tannat 2002. O nosso vinho surpresa vindo da Venezuela direto para este Desafio de Vinhos na Zahil, obteve um honroso oitavo lugar entre vinhos e países produtores já consagrados mundialmente. Mas quais foram os vinhos preferidos de cada membro da banca de degustadores? Pois bem, para matar a curiosidade dos amigos, aqui está:

  • Emilio Santoro – Pezzy King Zinfandel – 89 pontos
  • Marcel Proença – Pezzy King Zinfandel – 93 pontos
  • José Luiz Pagliari – Morkell PK Pinotage – 91 pontos
  • Francisco Stredel – Pezzy King Zinfandel – 93 pontos
  • Evandro Silva – Bridgewater Mill Shiraz – 90 pontos
  • Ralph Shaffa – Storia Merlot – 91 pontos
  • Ricardo Tomasi – Storia Merlot – 91 pontos
  • Cristiano Orlandi – Rutini Malbec – 93 pontos
  • Fabio Gimenes – Pomar Reserva – 92 pontos
  • José Roberto Pedreira – Pezzy Kink Zinfandel – 92 pontos
  • Simon Knittel – Storia Merlot – 88,5 pontos
  • João Filipe Clemente – Pezzy King Zinfandel – 89 pontos

       È isso gente, mais um Desafio de Vinhos terminado e mais um monte de lições a serem devidamente registradas. Por falar nisso, já ia-me esquecendo, quem acertou mais rótulos/cepas? O amigo Marcel da Assemblage Vinhos, com nove cepas identificadas tendo sido premiado pelos amigos da Zahil com uma garrafa do saboroso e recém chegado Barbera d’Asti I Cipressi Della Court de Michele Chiarlo. Vosso humilde servo aqui ficou nas cinco! Como disse, muito que aprender, um “pequeno gafanhoto’ em nossa vinosfera, na busca de conhecimento.

UFA, terminei! Salute e kanimambo, curtam o slide show abaixo e seguimos nos encontrando por aqui.

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