Reféns das Notas.

postei matéria sobre o tema em Dezembro passado, mas volto a este assunto de Notas dos Vinhos, devido a uma conversa de há poucos dias, entre críticos, colunistas, importadores e produtores presentes a um almoço, sobre os senhores Robert Parker da vida e o valor de suas notas. È Wine Enthusiast,  Wine Spectator, Stephen Tanzer, Robert Parker, Decanter e Jancis Robinson entre muitos outros formadores de opinião e críticos do vinhos, formulando juizo de valor qualitativo. Certo ou errado, têm valor suas notas, ou não têm? Comprar baseado nisso? Na verdade quem lhes deu força e segue dando, são os próprios produtores, importadores e lojistas que viraram escravos, reféns e propagadores dessa cultura, ajudando a disseminar o fato que somente vinho bem pontuado é que é bom ou, eventualmente, para justificar preços. Depois reclamam que vinho sem pontuação não vende, ou de que seus vinhos foram mal pontuados! Lamentavelmente, uma grande parte dos consumidores acaba caindo nessa armadilha de forma ingênua, falta de conhecimento ou até, muitas vezes, por puro esnobismo. Daquele que serve o vinho já falando quanto o vinho custou, especialmente se for caro, e quantos ponto ele tem, saca?! Por outro lado, se criou um culto à nota difícil de se eliminar, pois isto requer mudanças culturais de valores já enraizados em nossa vinosfera do qual viramos efetivos reféns e, pensando bem, será que realmente queremos mudar esse “status quo”?

Já comentei que essas notas são meras indicações de qualidade e os vinhos sem pontuação não devem ser descartados somente porque não possuem uma nota. Por outro lado, um mesmo vinho avaliado por Robert Parker e Wine Spectator, de vertente americana, e Hugh Johnson, Decanter e Jancis Robinson, de vertente européia, terão resultados finais bem distintos devido a culturas, parâmetros e paladares diferenciados. Já cansei de provar vinhos super pontuados e me desapontar muitíssimo. Alguns efetivamente não gostei e, outros, apesar de bons, não consegui entender onde os conceituados críticos encontraram tanto fulgor para justificar suas notas!

A prova final, a verdadeira nota, a que interessa, esta está no paladar de quem toma o vinho e, especialmente, de quem paga por ele já que aí também poderá formular opinião de valor. Ou seja, se o vinho vale o que se pagou por ele, que será o que, em última instância, servirá de parâmetro para repetir a compra, ou não. O resto são meros subterfúgios mercadológicos que nem sempre condizem com a realidade encontrada na taça. Não que não lhes reconheça valor, a uns mais que outros, mas há que se considerar estas “avaliações” com uma certa parcimônia e até, talvez, um mal necessário em um mar de rótulos, nem sempre conhecidos, hoje disponíveis no mercado. Como diz o Didu, o crítico deu 98 pontos e você, quanto dá?

Salute e kanimambo.