Brasil, Regiões Produtoras – II

Estamos diante de uma realidade incontestável, Santa Catarina. Com suas diversas sub-regiões de vinhedos de altitude, vinhedos plantados entre 900 e 140 metros, esta é uma região com grande potencial que já começa a apresentar belos resultados com vinhos diferenciados e complexos num pedaço do Brasil onde somente se planta Vitís Viníferas. São três sub-regiões; São Joaquim, Caçador e Campos Novos. No total, devem existir algo como 35 produtores com projetos em andamento, mas das dez que já estão no mercado, destaque especial para a Villa Francioni e Villaggio Grando (as duas principais), Quinta da Neve, Quinta Santa Maria, Sanjo, Suzin (pioneira na região) e Pisani Panceri sendo que a maioria, sete para ser exato, estão situados na região de São Joaquim. Até ao momento, são cerca de 300 hectares plantados produzindo cerca de 500 mil litros do doce néctar, mas a expectativa é de que até 2010 esta produção seja quadruplicada gerando cerca de 2 milhões de litros. Uma das maiores dificuldades encontradas na região, são as fortes geadas e eventuais chuvas de granizo que exigem grandes investimentos em coberturas plásticas sobre as vinhas. Eis algumas das vinícolas que tive a oportunidade de conhecer na Expovinis e dos quais provei alguns bons vinhos que, em post em separado, depois comentarei em maiores detalhes. A ACAVITIS, foi a associação criada para gerir projetos de qualidade dos vinhos produtores na região certificando produtos, viabilizando qualificação, divulgando a região e defendendo os interesses de seus associados.

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    Quinta da Neve. Lomba Seca em São Joaquim. Plantando desde 1999, apresenta, neste momento, uma produção em torno de 8000 garrafas de Pinot Noir e cerca de 12.000 de Cabernet Sauvignon derivado de seus 12 hectares de vinhas. Como consultor enólogo, trouxeram o Anselmo Mendes, grande enólogo e produtor Português, para elaborar alguns de seus vinhos. O Anselmo Mendes produz alguns dos melhores Alvarinhos em Portugal e tem um vinho branco elaborado com a uva Loureiro que é um espetáculo! Bem, mas esse é outro papo, importante é que o nome de Anselmo Mendes para assessorar a vinícola, foi uma grande e acertada escolha que o tempo de certo virá a comprovar. Gente de visão! Por enquanto só tintos, Um Cabernet Sauvignon e um Pinot Noir sobre os quais falarei mais adiante, mas não duvidaria nada da chegada de um branco logo, logo aproveitando todo o know-how do enólogo.

 

Villagio-Grando é uma vinícola de porte maior, um pouco mais conhecida no mercada em função do delicioso Innominabile, um dos melhores tintos do país. Estão em Caçador, onde o grupo exerce suas atividades agro-florestais já há muitos anos tendo plantado cerca de 52 hectares de vinhedos com diversas cepas plantadas acima de 1350 metros de altitude. Produz cerca de 180.000 garrafas anuais, com previsão de chegar a 300 mil  tendo em mim um fervoroso fã já que gosto muito dos seus vinhos. Sua linha de produtos inclui hoje um total de 5 vinhos sendo três tintos e dois brancos. Os dois brancos, Chardonnay e Sauvignon Blanc são vinhos bastante interessantes e diferenciados, mas o grande destaque, a meu ver, fica mesmo com os tintos onde brilham, o novo Cabernet Sauvignon e o Innominabile um vinho de corte elaborado com um corte de 5 uvas e duas safras! É, isso mesmo que você leu, duas safras! Mais à frente comentarei este vinho e outros.

 

Sanjo, mais conhecida por sua produção de maçãs, a empresa investiu na implantação de cerca de 26 hectares de vinhedos com uma produção de cerca de 70 mil litros anuais. Apesar de terem outras cepas plantadas, os vinhos hoje produzidos são todos baseados na Cabernet Sauvignon; Nobrese, Maestrale e a linha de entrada o Nubio. De todos, a meu ver os destaques são três; O Nubio Rosé, o Maestrale e sua política de preços.

 

Quinta Santa Maria, também situada em São Joaquim, a sub-região mais importante, tem sócios portugueses e cerca de 20 hectares plantados, planeja chegar a 40  em 2010, entre 1200 e 1300 metros de altitude onde plantam Pinot, Touriga Nacional e Aragonez afora as tradicionais Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Produz hoje dois vinhos. Um, o Utopia é um vinho tinto de guarda e um fortificado, muito interessante, o Portento no estilo dos vinhos do porto.

 

Villa Francioni, talvez a mais famosa e o maior projeto vinícola da região, um exemplo de perseverança e visão de um homem, assumida por uma família. Um projeto grandioso que se completou em 2002 e gerou seus primeiros vinhos ao final de 2005. Uma história curta, porém escrita com maestria e grande investimento já gerando alguns dos melhores vinhos nacionais produzidos de cepas diversas plantadas em seus cerca de 50 hectares. A cantina foi construída em seis níveis e projetada para que a gravidade fizesse com que a matéria-prima passasse de um tanque de fermentação para outro sem a intervenção humana, obtendo um processo mais natural evitando-se o bombeamento mecânico que é sempre mais agressivo. Produz hoje algo próximo a 200 mil litros com bons rótulos entre os quais dois se destacam, considerados pela imprensa especializada como alguns dos melhores do Brasil, são o top de gama Villa Francioni, que conheço e assino embaixo pois é um grande vinho, e o Sauvignon Blanc que ainda não tive o prazer de provar.

 

Durante os próximos dias produzirei alguns posts com degustações de alguns destes vinhos onde penso poder explorar um pouco mais alguns desses belos produtos assim como outros da Campanha Gaúcha e do Vale dos Vinhedos. Quem ainda duvida dos vinhos nacionais, acho que não teve a oportunidade de degustar a maior parte desses bons rótulos e deve cair na real, o vinho Brasileiro está com ótimos produtos e mostrarei o resultado de duas degustações às cegas que exemplificam isto muito claramente. O único senão, talvez seja o alto preço cobrado por alguns desses bons exemplares que, ao receberem boas criticas, mostram uma tendência enorme de dispararem. Isto, se visto pelo ângulo do consumidor logicamente, porque do ponto de vista do produtor, se eles cobram o que cobram e seguem vendendo, porquê não seguir nessa mesma política comercial?

Por hoje é só, salute e kanimambo.