Salton Evidence

Grande desafio de Espumantes – TOP 10, sem Champagne

                Como já tinha comentado anteriormente, todos os Champagnes ficaram entre os TOP 10, então quis buscar entre os Desafiantes aqueles que mais se destacaram entre os quarenta e dois provados, afora os dessa fina estirpe. Foi muito interessante fazer esse filtro, pois algumas surpresas vieram á tona. De qualquer forma, fica claro que entre estes TOP 10 e os cinco Champagnes já apresentados, está o ganhador que será divulgado amanhã com a publicação dos resultados gerais do Desafio.

            Dentro o resultado deste filtro; quatro brasileiros, três franceses, um espanhol e, para minha surpresa e imagino que da maioria, dois argentinos. Desta feita não estão por ordem de classificação e os comentarei de forma aleatória. Os dez espumantes de maior destaque foram; Marson Brut (R$59,00), Salton Evidence (R$65), Santa Julia Brut (Ravin – R$43,00), Barton & Guestier Chardonnay Brut Cuvée Reserve (Interfood – R$65,00), Brédif Brut Vouvray (Vinci – R$86,00), El Portillo Brut (Zahil – R$58,00), Cuvée Jeaune Thomas Brut de Louis Picamelot (D’Olivino – R$147,00), Cava l’Hereu Reserva Brut de Raventos i Blanc (Decanter – R$87,00) Chandon Excellence Cuvée Prestige (R$90,00) e Miolo Millésime 2006 (R$75,00). Lembro que os preços são médios, considerado-se São Paulo. Dependendo do estado creio que poderão encontrar, pelos menos os rótulos nacionais, a cerca de 15% mais baratos. Falemos dos vinhos:

Marson Brut, Salton Evidence, Miolo Millésime 2006, Excellence Cuvée Prestige, todos  já foram comentados na semana passada quando comentei os espumantes brasileiros, então não vos aborrecerei repetindo os comentários aqui. No entanto, caso ainda não tenha lido ou queira rever, basta clicar aqui.

Santa Julia Brut – da família Zuccardi e agora trazido pela Ravin, foi uma das gratas surpresas para os degustadores da banca. Insisti que estivesse presente porque me surpreendeu no início do ano quando o provei e confirmou há pouco mais de 90 dias quando a convite da Ravin e do José Alberto Zuccardi, o provei novamente. Um saboroso corte de Pinot Noir com Chardonnay e Viognier, que chama a atenção na taça por sua tonalidade amarelo palha, brilhante, porém com laivos rosados, provavelmente advindos do alto porcentual de Pinot usado no corte. Perlage abundante, fina e muito persistente. No nariz é tímido com leves nuances florais, certamente uma característica trazida pela Viognier, e notas de fermento. Na boca é muito agradável, balanceado, cremoso, saboroso e refrescante com algo de frutas tropicais e boa perlage. O preço é um outro fator a considerar pois é o mais barato de todos os que aqui se destacaram fato que o torna candidato óbvio ao título de Melhor Relação Custo x Beneficio deste embate. Será?

Barton & Guestier Chardonnay Brut – trazido pela Interfood e recém chegado ao Brasil, um Blanc de Blanc da região do Loire e mais uma das ótimas relações Custo x Beneficio encontradas neste Desafio. Aromas cítricos, espuma abundante e persistente formando um bonito colar na taça, perlage consistente e fina.  Na boca, frutos secos, toques cítricos com notas de fermento aprecendo de forma suave e saborosa, boa acidez, fino e delicado muito apetecível e fácil de gostar, daqueles que entregam mais do que custa.

Brédif Vouvray Brut – trazido pela Vinci, mais um espumante da região do Loire, desta feita um Blanc de Blancs resultado do assemblage de Chardonnay com Chenin Blanc. Paleta olfativa complexa com notas de padaria, fermento, baunilha e toque mineral. Ótimo perlage que acaricia o céu da boca de forma sedutora, fino e elegante, cremoso com traços amanteigados e um final longo e mineral com retrogosto mostrando um lado cítrico fresco (algo de lima) e muito saboroso. Um espumante de primeira linha que empolgou e cativou a maioria da banca degustadora.

Cava L’Hereu Reserva Brut 2006 – nos chega pelas mãos da Decanter sendo resultado do corte típico dos espumantes com esta denominação; Macabeo/Xarel-lo e Parellada. Uma cava muito fina e delicada, espumosa, perlage abundante porém de pouca persistência. Mineral, frutos cítricos com algo de leveduras presentes no olfato de forma sutil sem grande intensidade, mas bastante convidativa. Muito boa acidez, agradável e fácil de gostar, mostrando-se muito fresco e equilibrado. Ótima cava.

Cuvée JeauneThomas Brut de Louis Picamelot – um cremant de Bourgogne, importado pela D’Olivino, que encanta e tira o fôlego, fruto de um corte de Chardonnay com Alligoté. Aromas intensos de; levedura, amêndoas tostadas, baunilha, frutos tropicais, nuances florais tudo muito bem equacionado formando um conjunto olfativo complexo e cativante. Na boca é pura harmonia, bom corpo, ótima textura que traz aquela sensação de boca cheia com um mousse delicado e marcante. Final de boca bem fresco com notas delicadas de lima. Tínhamos a certeza que era champagne, não era! Grande Cremant.

El Portillo Brut – mais um argentino presente entre os espumantes TOP deste Desafio o que só vem confirmar que eles chegaram! Importado pela Zahil, é um corte tradicional de Chardonnay e Pinot elaborado pelo método Charmat elaborada pela Bodegas Salentein. Aromas típicos como brioche, leveduras, algo de manteiga temperado com toques de maracujá e abacaxi mostrando um nariz de certa complexidade. Boa perlage de tamanho médio e abundante, na boca apresenta bom volume, frescor, com uma acidez não tão comum aos espumantes argentinos, balanceado com um final algo cítrico e um sutil toque de leveduras muito sedutor.  Mais uma surpresa dos hermanos.

           Bem cheguei ao fim e prometo não enrolá-los mais, amanhã publico a lista completa e ao longo do mês farei pequenos posts comentando os outros espumantes provados. Kanimambo pela visita e vejo vocês aqui amanhã.

Salute

Grande Desafio de Espumantes – os Brasileiros

           Não é de agora que os espumantes brasileiros são bons, mas faz um pouco mais de três para quatro anos que a mídia e os produtores iniciaram um trabalho mais forte de divulgação. Contrariamente aos vinhos tranqüilos onde a produção nacional, apesar da grande melhora de qualidade, perdeu espaço no mercado desde 2005 para os importados, no segmento de espumantes o inverso acontece com um crescimento de participação porcentual do mercado de cerca de 64% em 2004 para 75% em 2009. Somente neste ano o crescimento de vendas atingiu 14% sendo no Moscatel onde essa média é mais alta, cerca de 22%. Daí a começarmos a falar que o Brasil se tornou um dos três melhores produtores do mundo e que em alguns casos até champagne bate, num afã nacionalista muito típico nosso, não demorou muito. Minha avaliação geral é que, sim nos Moscatel estamos muito bem e entre os melhores do mundo, mas nos Rosés e Brancos apesar dos bons rótulos produzidos, ainda temos muito a crescer, inclusive no quesito regularidade.

          Deixo claro que é uma opinião particular, compartilhe ou jogue pedra quem quiser, mas acho que afora os investimentos necessários no vinhedo e na produção, um dos principais problemas para nos tornarmos realmente membros da elite dos espumantes é a falta de constância. Isto pelo que tenho observado nos últimos quatro para cinco anos, com algumas poucas exceções. Ainda é muito comum um determinado produtor estourar na mídia e na critica num determinado ano e no outro ficar bem aquém. Precisamos tempo para poder demonstrar nossa qualidade, humildade para seguir trabalhando na melhoria, constância de qualidade e um maior intercâmbio com o mercado e produtores internacionais. Temos muito bons espumantes, alguns até ótimos, bons preços, mas mantenhamos os pés na terra e deixo o forum aberto para comentários.

          Pessoalmente gosto muito dos nossos espumantes que trazem um frescor e uma característica cítrica muito interessantes que, a meu ver, são muito a cara do Brasil. Por isso convidei alguns dos principais produtores nacionais tendo o Brasil representado  cerca de 36% dos rótulos em prova com quinze espumantes que, só para relembrar, listo agora com menção do método de elaboração usado: Miolo Millésime Brut – R$75 (tradicional), Salton Evidence  Brut– R$65 (tradicional), Chandon Excellence Brut – R$90 (charmat), Marson Brut– R$59 (tradicional), .Nero Gran Reserva Extra Brut – R$45 (charmat longo), Valduga Gran Reserva Extra Brut 2004 – R$90 (tradicional), Cave Geisse Nature 2007 – R$45 (tradicional),Pizzato Brut – R$45 (tradicional), Dal Pizzol Brut – R$45 (tradicional), Do Lugar – R$32 (charmat), Don Giovanni Ouro – R$75 (tradicional), Marco Luigi Reserva da Família Brut – R$30 (tradicional), Villaggio Grando /SC – R$40 (charmat), Valduga 130 Brut – R$65 (tradicional) e Don Giovanni Nature – R$50 (tradicional). Destes, os que mais se destacaram na prova foram, por ordem de classificação, os que seguem:

1º Chandon Excellence Cuvée Prestige – Um senhor espumante que consegue juntar o frescor e característica cítrica dos espumantes nacionais com a complexidade dos franceses, não fosse a casa produtora originária de lá. Este não peca pela ausência de constância e a cada vez que o provo ele se mantém neste alto nível. Perlage muito boa, fina e abundante, mostrando que o método charmat pode sim gerar espumantes muito elegantes, formando um colar de espuma atraente na taça. Mineral bem presente, cítrico invocando laranja confitada, algo de fermento e brioche com nuances tostadas compõem uma paleta olfativa bastante complexa e delicada.  Já na boca é cremoso, gostosa textura, um produto de muita qualidade que seduz os mais exigentes e termina muito fresco com algo de frutas secas e novamente aquela presença gostosa de notas minerais.

2º Marson Brut – Uma grata surpresa de um espumante bastante tradicional no mercado que mostra uma perlage bastante fina e de boa persistência. No mais, talvez o mais exótico de todos com presença de frutas tropicais maduras como abacaxi e banana combinadas com um frescor imenso, fruto da ótima acidez muito bem balanceada formando um conjunto que satisfaz sobremaneira deixando na boca um gostinho de quero mais. Leve, gostoso, um final bem frutado e de boa persistência que abre o apetite.

3º Miolo Millésime Brut 2006 – Top dos espumantes da Miolo, é um pouco pálido na cor, mostrando-se ao nariz com aromas mais presentes de levedura e algo cítrico com nuances de amêndoas torradas. Na boca apresenta maior corpo, enche mais a boca e a cremosidade advinda de uma espuma abundante invade a boca com muito frescor. Perlage de tamanho médio, abundante e de boa persistência. Na boca é equilibrado, saboroso, um espumante que nos seduz facilmente e que já é boa companhia para uma refeição.

4º Salton Evidence Brut – Nariz citrino com nuances de flores brancas, tudo muito sutil e delicado convidando a levar a taça á boca. Na boca é fino, equilibrado, bom colar de espuma, muito boa perlage, fina, regular e consistente que nos massageia a boca com pequenas agulhas e mostra nuances tostadas, algo de padaria e bem mineral com um final onde desponta algo de maçã verde e muito boa acidez.

5º .Nero Extra Brut –  Elaborado pelo método charmat longo de seis meses que resulta num número considerável de bolhinhas bem finas e persistentes, muito cítrico e fresco numa boca gulosa, franca sem grande complexidade, mas muito saboroso que nos faz pedir mais uma taça, e outra, e outra … Prima pela finesse, final elegante, vibrante com toques de maracujá. Entre os Brasileiros, foi considerado o Melhor Custo x Beneficio

6º Cave Geisse Nature 2007 –  Aromas muito agradáveis, com um leve brioche intermediado por algo cítrico, nuances doces (mel) e toques florais muito sutis e elegantes. Na boca é cremoso, acidez maravilhosa que aporta um incrível frescor, balanceado, final muito saboroso, delicado com notas minerais e muito longo. Um espumante muito fino e sedutor tendo apresentado um leve amargor final que não chegou a incomodar.

          Todos espumantes que fazem juz aos comentários positivos da mídia especializada, ou seja sem grandes surpresas, que eu compraria sem exitar pois me agradaram muitíssimo. Na sequência os outros nove desafiantes: Valduga 130 / Pizzato Brut / Marco Luigi Reserva da Família Brut 2008 / Do Lugar Brut / Dal Pizzol Brut / Villaggio Grando (recém lançado nem rótulo tinha ainda, sendo a primeira prova dele) / Don Giovanni Brut Ouro / Valduga Extra Brut Gran Reserva 2004 e Don Giovanni Nature que compuseram um nível de qualidade bastante alto.

         Em Fevereiro deverei ir a Portugal e quero armar, com alguns amigos blogueiros de lá,  um Desafio Luso-Brasileiro de Espumantes durante minha estadia. Serão oito rótulos (os TOP 6 acima mais dois convidados) versus sete portugueses, meu primeiro Desafio Internacional. Bem, por hoje é só, na sequência outros posts sobre esta deliciosa maratona de espumantes que, neste quente verão, são um must! Nada de ficar esperando ocasiões especiais, abra um espumante e faça o momento especial. Quer coisa mais chique do que naquele encontro com os amigos abrir um espumante de boas-vindas? Melhor, não precisa nem gastar muito para isso!

Salute, abraço e kanimambo.