Restaurante Maria Antonieta

Gourmetizando em Mendoza

Mendoza não é só terra de boas bodegas e bons vinhos, é terra de bons restaurantes e ótima comida para todos os gostos e preços. Ainda preciso rodar mais pela enorme diversidade de restaurantes desta linda cidade, mas pelo que já rodei posso afirmar que a maioria dos amantes da boa gastronomia certamente se surpreenderão e começo hoje com uma frase estampada no cardápio do amigo Pablo del Rio, chef de primeiro nível e dono de dois restaurantes por lá:

Siete cocinas - No todo lo que comemos

Bem, começo pelo Azafran ,um dos mais midiáticos, bom e quase sempre lotado. Vale muito a pena também, mas há mais! Como gosto de ficar no centro de Mendoza, é por aqui que janto e me esbaldo, eis alguns lugares para você conferir; Nadia O.F. (filial do Urban na Bodega O. Fournier), Maria Antonieta (risotos e pastas), La Barra (carnes) y Ocho Cepas (internacional) são restaurantes top com bom serviço e preços bons comparativamente ao que desembolsamos por aqui em locais do mesmo calibre, alguns até baratos.

Nas bodegas, talvez a maior surpresa gastronômica de todas pois os restaurantes são de primeira e, obviamente, com ótimas harmonizações. Eu sou fã de comer nas bodegas Mendoza 090Casarena, Lagarde, Norton, Melipal, El Enemigo, O. Fournier Urban  e Vistalba. Difícil escolher uma, porém para mim o Osadia de Crear na Bodega Dominio del Plata, pelo conjunto da obra, é meu xodó e sempre termino meus tours por aqui! Certamente haverão outros ótimos restaurantes, tanto nas bodegas como na cidade, que ainda não visitei e alguns dos amigos possam recomendar, mas com esses eu garanto que qualquer viagem a Mendoza você estará muito bem servido e assino embaixo. Aliás, falam muito bem e os críticos elogiam os dois restaurantes do Francis Mallman, o Siete Fuegos e o 1844, a conferir certamente.

Tendo dito isso, deixei para último um restaurante que me encanta por três razões; a qualidade e criatividade dos pratos executados com maestria, o serviço e escolhas de harmonização com uma adega muito especial e diferenciada, a paixão de seu dono! Siete 1Assim como um vinho precisa de alma para se destacar e nos seduzir, da mesma forma um restaurante e um prato. O Siete Cocinas, do amigo Pablo del Rio, é tudo isso e uma tremenda viagem gastronômica pelas diversas regiões argentinas. Vá com calma, sem pressa e curta a viagem, garanto que será inesquecível e estando por lá peça uma das apenas 900 garrafas produzidas (esperando que ainda tanha alguma!) de um vinho chamado Cara Sur com a uva Criolla, algo inusitado! Por sinal, ainda não fui, dizem que seu novo restaurante Fuente Y Fonda, com outra pegada e preços mais módicos, está delicioso e preciso conferir. Aqui as porções são mais avantajadas, lugar mais simples, tipo a casa da vó! As informações colhidas no Trip Advisor são muito boas e recomendam a visita.

Para abrir seu apetite e lhe dar água na boca, compus este vídeo show com algumas imagens tiradas nessas visitas. Boa parte das fotos foram tiradas pelo Ricardo Gaffrée, um gourmet de primeira que possui o blog Amigo Gourmet. Clique no link e leia sua opinião sobre boa parte destes restaurantes mencionados já que esteve junto comigo na última viagem que fiz por lá em Abril passado. Dos pratos mais simples aos mais sofisticados, dos menus degustação de muitos “passos” aos pratos cheios, uma descoberta de grandes e diversos sabores sempre muito bem acompanhados por belos vinhos, Mendoza é um prato e taça cheia para os amantes da boa enogastrônomia. Uma última dica, faça reserva! Kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui. Em breve Confraria de Vinhos Frutos do Garimpo, aguarde!

Dia 3 em Mendoza – Na Garagem de Don Carmelo

Não a van não pifou e a garagem não era qualquer uma, era a de Don Carmelo Patti e sua El Lagar! Nem todos morreram de amores pelo local ou por seus vinhos enquanto outros amaram, é um estilo diferente de ser e de fazer e, até por isso, algo cult e controverso. Pessoalmente gostei muito desse estilo despojado, onde tudo é feito em casa por quatro pessoas, etiquetagem à mão e vinhos com pouquíssima influência de madeira, cerca de 65.000 garrafas anuais! Sem consultores estrangeiros, modas viníficas e exóticas, sem compromisso de agradar ninguém mais que a si mesmo e seus clientes. Fazendo vinhos há mais de 40 anos, desde 98 montou sua própria bodega onde basicamente produz três vinhos e um espumante em minúsculas quantidades. Os protocolos de produção estão em sua mente e seu palato, vai provando e quando acha que está no ponto engarrafa, simples assim! O verdadeiro vinho de autor, artesanal e minimalista feito por um homem que vive o vinho como poucos e, mesmo com toda sua humildade, se orgulha de nunca ter tido que fazer um telefonema para vender vinho. Isso é reconhecimento!

Carmelo Full Clipboard

A garagem é na verdade um galpão com uma saleta onde ele nos recebeu, passou dicas (uma delas já conhecia bem, sobre a temperatura no uso do decanter, e compartilhei aqui há alguns anos), bateu papo e nos deu a degustar um Malbec, Um Cabernet Sauvignon e um Assemblage, não me lembro ao certo as safras já que a esta altura do campeonato eu já estava algo cansado e, tenho que confessar, me deixei tomar por uma certa emoção. Nem fotos tirei durante a degustação, só depois do interior da cantina. São vinhos diferenciados com uma personalidade marcante e única, disso não restam duvidas sendo um complemento interessante à diversidade de estilos, um vinho artesanal se contrapondo a tudo o que já tínhamos visitado. Prensas hidráulicas, tanques de cimento antigos, etiquetagem manual, um museu em pleno funcionamento! Provamos três rótulos

O Malbec, para mim o menos empolgante de seus rótulos mesmo que muito bom. Moderado no teor alcoólico, médio corpo, alguma especiaria, taninos finos com madeira bem integrada sem exageros de extração, fruta madura sem doçura, bom volume de boca, um vinho algo rude mas sem aparas, redondo e longo. Um degrau um pouco abaixo dos outros dois, em minha opinião, mas como a escala é alta….!

O Cabernet Sauvignon, este já “falou” mais comigo com uma estrutura de boca muito boa, intenso, marcante, frutos negros, rico meio de boca e final longo, elegante, um senhor vinho elaborado por um senhor enólogo demonstrando que os cabernets da região também podem gerar grandes vinhos!

O Gran Assemblage, desde muito tempo o meu preferido e mais marcante de seus rótulos é elaborado com Cabernet Sauvignon, Malbec, Cabernet Franc e Merlot variado os porcentuais anualmente dependendo da qualidade das uvas em cada safra. Um vinho de forte personalidade, sofisticada textura, complexo, para beber com calma tentando descobrir todos os seus segredos.

Não resisti e trouxe dois rótulos, o Gran Assemblage 2002 e o Cabernet Sauvignon 2004 que, mesmo com tão pouca produção e tão antigos, possuem preços na cantina, muito acessíveis o que também surpreende! Está vindo para o Brasil via importador de Santa Catarina, porém com os impostos a serem adicionados por quem pretende revender em Sampa, 48%, fica quase que inviável.

Bem, última bodega do dia visitada era hora de voltar á base. Já no hotel, um tempo para descanso e um leve tremor de terra (forte no Chile) que deixou alguns de nós algo tontos (como se precisasse disso a estas alturas) e estranho ver a parede se mexer! Para os locais, algo normal, então se era normal, porquê não retomar o caminho!

Maria Antonieta vinhos bebidos 1

Loja de vinhos, compra de cinco rótulos diferentes que levamos para o jantar no gostoso Maria Antonieta. Ótimos vinhos, porém com alguns destaques especiais para o Ricitelli, Casarena Pedriel Malbec e para o Siesta Syrah que até agora não entendi porquê a Mistral o deixou de trazer ao Brasil!Uma bela seleção e de abertura o Carlão ainda nos presenteou com algumas gotas do Colomé Torrontés!

Maria Antonieta Clipboard

Maria Antonieta, um restaurante muito gostoso, atendimento algo complicado ao inicio (sair fora do script por aqui é quase igual a tentar fazer isso na Alemanha!) mas que que gradativamente se acertou. Pratos diversos e muito gostosos, ótimos risotos, pastas e uma carne muito saborosa de acordo com alguns, porque eu fui mesmo é de risoto. Preços bacanas e honestos, um pão feito na casa que era de lamber os beiços e lá fomos nós ara mais uma noite de descanso e preparação ara o nosso último dia em Mendoza com almoço de despedida na Domínio del Plata, realmente um Gran Finale para uma viagem para lá de legal até agora, cheio de novos sabores e novas emoções.

Salute, kanimambo e esta semana termino meus posts sobre esta gostosa viagem a Mendoza; intensa, rica, diversa, tudo aquilo que me encanta em nossa vinosfera. Uma ótima semana para todos e aguardem o novo

Logo NOVO Falando de Vinhos

 

Salvar