Dois Surpreendentes Vinhos Brasileiros – Parte II

            Parte dois e, como passei por uma outra experiência muito interessante recentemente, acho que terei que incluir uma terceira!  Bem, mas falemos deste segundo vinho tomado que me causou muito boa impressão inclusive por sua faixa de preço, em torno dos R$20 a 21 a garrafa de 375ml . Interessante que este Reserva dos Pampas apresenta um corte levemente diferente da garrafa de 750ml, tendo sido engarrafado posteriormente. Nesta garrafa de 375ml, o porcentual de Tannat usado é maior o que deixa o vinho bem mais interessante e marcante do que o da garrafa tradicional que já é bem saboroso. A Cordilheira de Santana  é conhecida por seus bons e longevos vinhos, especialmente pelo Chardonnay, Gewurztraminer (melhor do Brasil) e Tannat  já amplamente conhecidos pela maioria dos leitores

           A vinícola tocada a quatro mãos pelo casal Rosana Wagner e Gladistão Omizzolo, é localizado na Campanha Gaúcha, fronteira com o Uruguai. Eis o que eles  falam sobre suas terras em Palomas, Santana do Livramento:  “A escolha da região de Santana do Livramento, ao sul do estado do Rio Grande do Sul, tem uma motivação técnica própria. Essa região fica localizada no paralelo 31º, o mesmo de regiões produtoras de vinhos na Argentina, África do Sul e Austrália, países que produzem vinhos de excelente qualidade. Verificou-se que a região oeste-central da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, representada, meteorológicamente, pelas localidades de Santana do Livramento e Bagé, apresenta o melhor conjunto de condições climáticas para a produção de vinhos finos, no Rio Grande do Sul. Uma vantagem da região oeste-central do Rio Grande do Sul, especialmente Palomas, é a sua continentalidade que, aliada a uma atmosfera límpida (em virtude da baixa umidade relativa do ar), determina maior amplitude térmica diária da temperatura, (diferença entre as temperaturas mínima e máxima). Tudo isso, juntamente com a maior insolação, favorece a fotossíntese líquida, determinando maior teor de açúcar da uva.  O solo arenoso e a pouca precipitação de chuvas, características favoráveis ao plantio, tornam a região muito especial.”

          Esta linha Reserva dos Pampas é sua gama de entrada buscando uma maior participação no mercado e tenho que reconhecer que acertaram em cheio, o vinho é bom e muito saboroso sendo uma ótima opção de vinho para o dia-a-dia. O Marcelo Copello, em seu painel de 80 vinhos brasileiros analisados por faixa de preço em Setembro de 2010, colocou este vinho da safra de 2004, a que está no mercado, como destaque em melhores compras até R$50,00 e estava certo. Apesar de ser um vinho mais comercial, diferentemente do Hex von Wein que possui uma outra proposta, é muito bem elaborado e muitíssimo saboroso. A Tannat lhe aporta um corpo que o torna muito atraente na boca com boa textura, muito equilíbrio com um teor de álcool muito bem dosado (13%), frutos negros, taninos finos e aveludados compondo um conjunto deveras prazeroso de persistência média algo especiada. Um vinho de boa acidez que se mostrou gastronômico, mesmo que não complexo e nem busca essa identidade, sendo boa companhia para carnes grelhadas, um risoto de funghi e coisas do tipo, até uma boa pizza de linguiça de javali. Mais uma grata surpresa fora do roteiro dos grandes produtores e regiões mais tradicionais da produção nacional e mais uma boa razão para jogar o preconceito contra vinhos brasileiros, ou qualquer outro tipo, no lugar onde merece estar, na lixeira mais próxima. Prove vinhos nacionais diferenciados de produtores idem e surpreenda-se você também.

         Para quem os quiser conhecer melhor, minha sugestão é, afora a óbvia prova de seus vinhos, visitar seu site que é bem legal mostrando bem o projeto que vêm desenvolvendo no extremo sul do Brasil, clique aqui. É isso e logo, logo tem mais. Por enquanto, salute, kanimambo e nos vemos por aqui ou na Vino & Sapore onde uma taça de vinho sempre espera os amigos.