Castas Brancas Menos Conhecidas

Sei, é outono, frio chegando porque carga de águas o tuga vem falar de brancos? Vejamos, por acaso você só toma cerveja no verão? Tanto para as cervejas como para os vinhos não tem estação, tem momento! Tem também o prato que você vai comer então nada a ver esse papo!! rs

Hoje decidi postar aqui algumas uvas brancas que poucos conhecem e que geram vinhos muito interessantes. Afinal devem existir pelo menos umas 500 (chute meu mas não deve andar muito longe disso) diferentes castas com os quais se fazem vinhos brancos, então para quê ficar naquela basiconas de sempre? Algumas das que menciono abaixo nem são tão diferentes assim, mas a maioria só conhece e só toma Chardonnay ou Sauvignon Blanc! Vamos abrir a mente para outras coisas, outros sabores, afinal esse é maior barato de nossa vinosfera, diversidade.

Vermentino – É uma casta branca típica da costa mediterrânea da Itália, da Sardenha e da Córsega. Por muito tempo, pensou-se que essa casta tinha origem espanhola, mas as modernas análises de DNA vieram a demonstrar com certeza que sua origem é a Liguria, a estreita faixa litorânea do noroeste italiano. A casta costuma atingir sua melhor formaVermentino-Bella-Vigna-Delu-091311 na ilha da Sardenha, com duas denominações dedicadas a ela: Vermentino di Sardegna, DOC que exige um mínimo de 85% da casta, e Vermentino di Gallura, a primeira DOCG da ilha, que exige 95% da casta no vinho. Incessantemente varrida pelo Mistral e com solo granítico, seus vinhos resultam bastante aromáticos, com alto teor alcoólico e excelente corpo. A Toscana corre por fora, porém produz alguns ótimos exemplares de vinhos com esta uva.

Casta caracterizada por uma acidez vibrante, bom corpo e deliciosos aromas, pode ser considerada como uma uva ideal para acompanhar frutos do mar no escaldante verão tropical. Além de pronunciada mineralidade, seus aromas mais característicos são os de limão verde, nozes e muitas flores, enquanto na boca costumam se repetir os cítricos acompanhados de maçãs verdes, enquadrados em invejável estrutura. São vinhos para geralmente serem consumidos jovens, quando expressam seu melhor caráter.

Verdejo – Esta é uma das melhores uvas brancas da Espanha , natural da região deverdejo-grape Rueda onde produz vinhos marcantes. É vinificado na grande maioria das vezes como varietal sem suplementação de outras uvas. Produz vinhos muito aromáticos, encorpado, macio e untuosos onde impera uma acidez muito presente que lhe aporta um frescor muito agradável. Os vinhos brancos de Rueda (Valladolid, Segovia e Ávila) devem conter pelo menos 50% de uvas Verdejo (o resto geralmente Sauvignon Blanc e Viura). Os vinhos que incluem a palavra Verdejo em sua rotulagem devem conter pelo menos 85% da uva, porém geralmente contêm 100%.

Além de Rueda, também está presente em Cigales e Toro assim como Castilla y León , podendo também ser encontrada nas ilhas Canárias. Fora da Espanha, pode ser encontrado em Portugal, sob o nome Gouveio, e Austrália . Os vinhos vindos da Verdejo são muito refrescantes, de corpo médio, aromas herbáceos e acidez marcada. Dependendo da localização dos vinhedos podem apresenta uma mineralidade acentuada presença de sabores cítricos na boca onde despontam maçãs verdes em abundância

Chenin Blanc – A Chenin Blanc é uma uva que vem sido cultivada na França, pelo menos, nos últimos 1.300 anos sendo o Loire a região em que ela mostra toda a sua grandeza e cheninblancversatilidade. As regiões de Savenniére e Vouvray o que de melhor se produz com esta cepa no mundo. Pode aparecer em versões secas de bom corpo, mas também em versões mais doces como nas regiões de Coteaux du Layon e Quarts de Chaume, produzindo vinhos exuberantes e marcantes sendo uma ótima uva também para a produção de Cremants (espumantes franceses elaborados pelo método champenoise fora de Champagne) tanto no Loire, Vouvray, como no Languedoc (Limoux). Nas regiões mais frias, tende a ter uma acidez mais vibrante, notas minerais e maçã verde, nectarina e algo de lima

A Chenin Blanc se deu muito bem também em regiões quentes como a África do Sul, tendo chego por lá nos idos de 1650 levada pelos colonos holandeses. Também conhecida como Steen, ela representa hoje cerca de 20% dos vinhedos sul africanos. Em função do clima ela apresenta notas de frutas tropicais como banana, manga e abacaxi, e sua boa acidez gera vinhos bastante equilibrados. O vinho tende a apresentar-se com uma cor amarela esverdeada e reflexos dourados .

É muita propicia ao envelhecimento quando tende a adquirir aromas com notas de avelã, pêssego, mel e maçã madura. Como a chardonnay, a Chenin se adapta muito bem à vinificação com madeira ganhando uma cremosidade extra nesses casos e alguns produtores do Loire adotam a fermentação malolática o que lhe aporta notas mais untuosas.

Viognier – Ela tem origem, ou pelo ela é mais conhecida por ser a grande uva branca das Côtes du Rhône, onde é usada até mesmo para emprestar seu aroma potente e amanteigado, de fruta supermadura, aos encorpados tintos da região. Ela é também a origem e a razão da mais importante denominação de brancos da região, a Condrieu, Viognierberço de alguns dos maiores vinhos do mundo elaborados com esta casta. Em clima de verões secos e quentes, a Viognier amadurece bastante, gerando vinhos intensos, mais alcoólicos e muito aromáticos. É coadjuvante no célebre corte com syrah típico de Cote-Rotie onde produz vinhos estupendos, sendo este corte é também usado em outros países como Argentina, Califórnia e Austrália. Na França também se encontra bastante em toda a região sul, especialmente no Languedoc.

A Viognier é uma rara uva branca do sol – a maior parte das uvas para vinhos brancos, como a Riesling e a Sauvignon Blanc, entre outras, são uvas melhor aclimatadas a regiões frias de onde extraem suas melhores feições. Já a Viognier adapta-se e viceja em regiões de verões quente e de muita luz. As Côtes du Rhône (literalmente, as barrancas do rio Rhône, ou Ródano, localizadas no sudeste francês, logo ao norte da Provença) são quentes e caracterizam-se pelos densos e alcoólicos vinhos de frutas muito maduras, escuros e corpulentos quando tintos; aromáticos e amarelados quando brancos. Acidez, às vezes faz falta, já que esse não é seu forte.

Essa adaptação também define sua paleta de descritivos aromáticos, relacionados a frutas muito maduras e açucaradas, como ananás amarelinho, maracujá, mangas etc. Também adquire potencial para estagiar em carvalho, em que adquire complexidade e caráter. Além das sugestões oxidativas, o caramelo e os tostados das barricas lhe caem bem. A Argentina vem produzindo alguns bons exemplares que valem ser provados. É, nos melhores casos (Condrieu), um dos raros brancos de estrutura e longevidade.

Catarrato – A Catarratto é uma uva branca amplamente cultivada na Sicília, região do Catarrattosul da Itália, onde 60% dos vinhedos são destinados ao cultivo dessa variedade, utilizada na elaboração de vinhos brancos frescos e leves, fáceis de beber. Utilizada com alta frequência na composição dos vinhos Marsala, a uva Catarratto apresenta alto rendimento, sabor neutro e baixa acidez. Na mão de excelentes produtores, essa variedade é capaz de dar origem a vinhos interessantes e complexos, com textura suculenta, bom corpo e extremamente saborosos, com notas cítricas, flores brancas, amêndoas e até damasco em alguns casos.

Por suas características, é muito mais usado em cortes (blends) do que como varietal, sendo bom parceiro ás outras uvas autóctones regionais como Carricante, Inzolia e Grillo assim como á Chardonnay, mas bons produtores geram varietais bem marcantes.

Rabigato – Rabigato, é uma uva autóctone da região do Douro onde é costumeiramenterabigato usada em cortes com a Viosinho, Verdelho e Gouveio e que, em função de sua baixa produtividade, está gradativamente sendo substituída por castas mais interessantes comercialmente e de maior produtividade. Os vinhos de Portugal produzem sempre saborosas surpresas. A Rabigato oferece acidez viva e bem equilibrada, boas graduações alcoólicas, frescura e estrutura, características que a elevaram ao estatuto de casta promissora no Douro. Apresenta cachos médios e bagos pequenos, de cor verde amarelada. Poderá, nas melhores localizações, ser vinificada em varietal, oferecendo notas aromáticas de acácia e flor de laranjeira, sensações vegetais e, tradicionalmente, uma mineralidade atrevida.

Greco di Tufo – A uva Greco di Tufo é pouco conhecida entre nós, brasileiros, mas é plantada há mais de 2.500 anos no sul da Itália tendo como berço a calabria. Sua origem é discutida, mas os indícios trazem como origem a Grécia (por isso o nome

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Greco). É da Campania , uma região litorânea de terras vulcânicas, banhada pelo Mar Tirreno e cercada pelos Apeninos de onde chegam as últimas influências frias do Norte, que nos chegam os vinho mais conhecidos e respeitados elaborados com essa casta é o da DOCG Greco di Tufo, que se localiza ao norte de Avellino e a 1 hora de carro a partir de Nápoles. Esse vinho distingue-se dos outros brancos do sul da Itália por seu pronunciado caráter frutado. Os solos de vinha da região são derivados de tufo , uma rocha formada a partir de cinzas vulcânicas dando-lhe uma personalidade muito particular.

De acordo com o Master of Wine Mary Ewing Mulligan- , vinhos Greco di Tufo geralmente estão prontos para beber 3-4 anos após a colheita e ter o potencial de envelhecimento para continuar a desenvolver bem para 10-12 anos.  Os vinhos elaborados com esta casta apresentam a coloração ouro-claro, com reflexos âmbar. No nariz, os aromas mais usuais são os de pêssego, amêndoas torradas e figos. Na DOCG Greco di Tufo, são vinhos bastante encorpados e de muita personalidade. Beber preferencialmente entre o terceiro a quinto ano de vida.

Encruzado – Casta do Dão, Portugal, os vinhos são medianamente aromáticos e revelam um notável equilíbrio entre o volume alcoólico (generoso) e a acidez (como Foto - encruzadodeviam ser todos os vinhos, caso contrário cansam depressa). A sua delicadeza e as sensações frescas e minerais que proporcionam são um bálsamo para o fastio provocado pela tendência atual para produzir vinhos muito frutados, a fugir para o tropical, e de estrutura simples e suave. Com o tempo, os vinhos de Encruzado vão ganhando aromas deliciosos de mel, frutos secos, mas sem perderem a sua formidável acidez.

Para o enólogo Carlos Lucas, da Dão Sul, o vinho de Encruzado representa “o verdadeiro branco da Velha Europa: mineral, com notas cítricas e verdes sem ser vulgar quando novo, que envelhece bem, ganhando notas apetroladas e amendoadas e mantém sempre uma boa acidez”. Tem ainda a vantagem de resultar bem em madeira e em inox. “Ao fim de seis meses em barrica, ainda sobressai a fruta e a acidez. Com outras castas brancas, estaríamos a beber madeira”, sublinha João Santiago, da Quinta dos Roques.

Quando bem trabalhada nos oferece vinhos de alta qualidade, cor amarelo palha, nariz de amendôa, castanha e frutos secos, na boca acidez média, seco, bom corpo, frutado e de muita delicadeza. É bom não servir muito gelado em face de sua delicadeza, caso contrário, perdessem muito os aromas e sabores. Envelhece muito bem, sendo um dos brancos que vale esperar um pouco por seu amadurecimento, de três a quatro anos, sendo que os melhores exemplares se mostram mesmo é com mais um bom par de anos.

Quer seguir tomando seus chardonnays e Sauvignon da vida, tudo bem, há que se tomar o que se gosta. Agora, o seguidor de Baco que se preza gosta de alçar voos, descobrir novos sabores e eu encorajo essa atitude. Tem vezes que nem nos damos tão bem assim,  faz parte da vida, mas na maioria das vezes nos surpreendemos muito positivamente. Afinal, viajar é preciso então vamos nessa!! Kanimambo pela visita e vem me visitar na Vino & Sapore neste Sábado a partir das 16H quando terá lugar o 1º Saturday Afternoon Wine Tasting com 14 vinhos à prova e ainda as participações com prova e venda do Mestre Queijeiro e dos Páes artesanais da Raquel Santos. Veja mais detalhes clicando aqui.

 

As Uvas Brancas de Portugal

Em Portugal as uvas brancas abundam de Norte a Sul e eventualmente você poderá até se deparar com uma Chardonnay, Sauvignon Blanc e Gewurztraminer aqui ou acolá, porém o país é berço de uma série de castas muito interessantes sendo o país que, por km², possui a maior seleção de uvas autóctones, são cerca de 250 diferentes variedades . Portugal tem a cultura dos vinhos de lote (corte, assemblage, blends, etc.) com duas ou mais uvas, porém nas uvas brancas a vinificação delas como monocastas, em estreme (varietais) são bastante comuns especialmente com as castas Encruzado, Alvarinho, Arinto, Loureiro e Antão Vaz. Hoje vou listar algumas das principais castas brancas locais e em que região encontrá-las. Entre nessa viagem e curta os bons vinhos brancos lusos, garanto que não faltará prazer!

Folha - albarino_alvarinho1Alvarinho – Região do Minho (vinhos verdes) em especial na sub região de Monção e Melgaço onde atinge seu apogeu! Existe em algumas outras poucas regiões onde um ou outro eventual rótulo poderá se sobressair, porém em nenhuma outra é tão exuberante. Vinho marcado pelo aromas florais (laranjeira, tílias) e sabores que nos remetem a frutos de boa acidez como a grape-fruit e laranja.

Folha - antao_vazAntão Vaz – a marca da Região do Alentejo onde é, por muitas vezes, elaborado em blend com a Arinto e a Chardonnay, porém é comum sua vinificação em monocasta. Normalmente dá vinhos de maior corpo com notas aromáticas que lembram acácia, e erva cidreira e na boca frutos amarelos como pêssego, manga e damasco com acidez moderada. Vinhos que se mostram melhor após dois ou três anos em garrafa.

Folha - Arinto-parraArinto – Muito presente no Minho e Douro, onde também é conhecida como Pedernã, é também encontrada em diversas outras regiões, porém com maior destaque na Região Lisboa, especialmente no DOC Bucelas onde aparece como monocasta, assim como no Alentejo onde aporta acidez nos lotes com Antão Vaz.

Folha - AvessoAvesso e Azal – uvas essencialmente usadas na elaboração de vinhos verdes na Região do Minho, mas que elaborados como monocasta resultam em vinhos bastante interessantes. A Azal é mais floral com sabores mais cítricos, enquanto a Avesso dá vinhos um pouco mais encorpados e harmoniosos.

Folha - BicalBical – é típica da região das Beiras, nomeadamente da zona da Bairrada e do Dão (onde se denomina “Borrado das Moscas”, devido às pequenas manchas castanhas que surgem nos bagos maduros). A par da casta Maria Gomes, a Bical é uma das mais importantes castas da região. Esta casta é de maturação precoce, por isso os seus bagos conservam bastante acidez. Os vinhos produzidos com esta casta são muito aromáticos, frescos e bem estruturados. Na Bairrada a casta Bical é muito utilizada na produção de espumante

folha - Cerceal-Br-folhaCerceal – Também grafada como Sercial, é cultivada em diferentes regiões vitícolas. De acordo com a região pode apresentar características ligeiramente diferentes. São conhecidas a Cercial do Douro e do Dão, a Cerceal da Bairrada e a Sercial da Madeira, também denominada de Esgana Cão no Douro. As principais características das variedades da Cercial são a elevada produção e boa acidez. Mais presente nas Beiras (Bairrada/Dão/Beira Interior) em lote com a Bical e Maria Gomes.

Folha - encruzadoEncruzado – a rainha dos brancos no Dão, produz vinhos exuberantes, complexos e únicos com boa longevidade. Os vinhos são de cor citrina, com bom teor alcoólico e com uma grande delicadeza, elegância e complexidade aromática, com notas vegetais, florais e minerais.São finos e elegantes no sabor, denotando um notável equilíbrio álcool/ácidos.

Folha - godello_gouveioGouveio – mais presente no Douro, aparece também no Dão. É tradicionalmente usado em blend com a Viosinho e outras uvas regionais, porém sendo ótima opção na elaboração de espumantes. Vinhos que apresentam um excelente equilíbrio entre acidez e álcool, caracterizando-se pela sua elevada graduação, boa estrutura e aromas intensos. Além disso, são vinhos elegantes com boa capacidade para uma boa evolução em garrafa.

Folha - fernao_piresMaria Gomes – conhecida por esse nome no centro e norte de Portugal, especialmente na região da Bairrada, é designada como Fernão Pires mais ao sul onde também tem papel preponderante nas regiões Tejo, Lisboa e Setúbal. Gera vinhos muito aromáticos (lichia, rosas, tilias) maior teor alcoólico, mas com uma certa falta de acidez o que a faz ser usada na maioria das vezes como complemento em blends de vinhos brancos.

Foto - loureira_loureiro1Loureiro – mais uma uva com forte presença essencialmente na região do Minho. Menos acídula que a Alvarinho, gera vinhos muito equilibrados de muito boa intensidade aromática onde predominam as notas cítricas e florais. Na boca mostra-se tradicionalmente muito harmoniosa com nuances de casca de laranja, nectarina e algo de maçã verde. Apesar de ser vinificado, mais recentemente, como monocasta é comum a vermos associada com a casta Trajadura, Arinto e Alvarinho nos vinhos de lote denominados Vinhos Verdes.

Folha - viosinho1Viosinho – casta típica da região do Douro, também Trás os Montes, onde é muito usada em vinhos de lote com Gouveio e Malvasia Fina entre outras. Produz vinhos bem estruturados, frescos e de aromas florais complexos. Normalmente são também alcoólicos e capazes de permanecer em garrafa durante largos anos.

           Outras uvas regionais menos importantes; Rabigato (Douro/Dão/Minho), Malvasia fina (Beiras e Douro), Siria ou Roupeiro (Alentejo e Tejo), Rabo de Ovelha e Perrum (Alentejo), Trajadura (Minho). Bem, por hoje falei só das castas brancas, mas em breve retorno ao tema com uvas tintas tradicionais portuguesas que são mais um monte! Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos lembrando que se alguém quiser adicionar algo, fique á vontade.

Fontes de pesquisa: Infovini / Guia de Vinhos ProTeste / Comissões reguladoras vitivínicolas / Vine to Wine Circle.

Meu Primeiro Rabigato, Gostei!

A primeira vez é sempre marcante ou, pelo menos, interessante e didática! Esta foi bastante marcante porque me surpreendeu. Rabigato, para quem não conhece, é uma uva autóctone da região do Douro onde é costumeiramente usada em cortes com a Viosinho, Verdelho e Gouveio e que, em função de sua baixa produtividade, está gradativamente  sendo substituída por castas mais interessantes comercialmente e de maior produtividade. Os vinhos de Portugal produzem sempre saborosas surpresas!

Clipboard Quinta da MieiraEste produtor, João Turégano da Quinta da Mieira, vai um pouco na contramão desse “trend” e nos traz esse Rabigato vinificado em estreme (varietal 100%) ou monocasta como eles por lá chamam estes vinhos que, neste caso, foram elaborados com uvas advindas de vinhedos com mais de 40 anos. Não teve jeito, como todo o enófilo apaixonado pelos mistérios de Baco, me meti a pesquisar antes de entrar na degustação deste vinho recebido da Importadora Winery para degustar em paralelo com o produtor e o amigo Breno num evento promovido no site www.tvgeracaoz.com.br do também amigo e saudoso (depois que ficou famoso sumiu!) Marcelo di Morais.

A Rabigato, por erro, no passado foi relacionada com a casta Rabo de Ovelha, variedade com a qual rabigatonão aparenta qualquer semelhança. Os vinhos oferecem acidez viva e bem equilibrada, boas graduações alcoólicas, frescura e estrutura, características que a elevaram ao estatuto de casta promissora no Douro. Apresenta cachos médios e bagos pequenos, de cor verde amarelada. Poderá, nas melhores localizações, ser vinificada em estreme, oferecendo notas aromáticas de acácia e flor de laranjeira, sensações vegetais e, tradicionalmente, uma mineralidade atrevida. É a boca, porém, que justifica a sua reputação, com uma acidez mordaz e penetrante, capaz de rejuvenescer os brancos do Douro Superior e com boa capacidade de envelhecimento..

Abri a garrafa a cerca de 8ºC o que não recomendo, pois foi-se abrindo muito conforme a temperatura aumentou mostrando que o contra rótulo está corretíssimo quando sugere a temperatura de serviço de 12ºC. Nariz de média intensidade, mas bastante complexo com notas cítricas (maçã verde) e tropicais com algum abacaxi maduro e suaves sensações de flor de laranjeira como pano de fundo, aparecendo até uma certa dose de baunilha mesmo não havendo o vinho passado em barrica.

quinta da Mieira Rabigato VNa boca é marcante, um vinho com personalidade, meio de boca seco, boa estrutura e acidez bem integrada transmitindo frescor, mas sem ferir o palato, balanceado e rico com um final mineral muito interessante. Um vinho gastronômico por excelência e logo comecei a pensar com o que harmonizar. Frutos do mar grelhados e bacalhau vieram rapidamente à cabeça, mas queria algo menos óbvio.  Não sei se daria samba, só testando, mas pensei numa moqueca sem dendê, será? Pensei em coisas menos atuais como um camarão á Mary Stuart do 50/50 (já falecido) lá de Santos e um delicioso Frutos do Mar á Bercy do Tatini (esse bem vivo), quem sabe até de arroz de polvo e, muito certamente, uns Rojões de Porco à Moda! Ai, deu uma fome!!!!! A sede eu matei, mas a fome vai ter que esperar.

Gostei do que provei e tomei, um vinho deveras interessante e parada obrigatória para quem gosta de sair da mesmice e curte as viagens de descobertas de novos sabores por nossa Vinosfera.  Deverá custar algo ao redor de 100 Reais, de acordo com o que o Leandro (Winery) disse no programa, então procure em sua loja preferida e depois me diga algo, adoro feedback! Salute e kanimambo pela visita, eu vou seguir pesquisando a Rabigato e buscando novos rótulos para melhor conhecer o potencial dessa uva, fui!