Tour Enogastrocultural pela Itália – Parte II

   Está confirmado sairemos dia 12 de Setembro pois dia 13 no final do dia já começamos com nossa programação em Florença. Aliás, na parte I deste curto resumo da programação desenvolvida falei da Toscana, por onde nosso tour se iniciará, porém agora dou sequência ao roteiro, vejam como ficou:

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   Depois da Toscana disparamos rumo ao Veneto, mais especificamente a Verona onde montamos nossa base para alguns dias deliciosos! A caminho, já que passamos por Modena, não poderíamos deixar de dar uma passada no Museu da Ferrari e admirar uma das outras paixões italianas. No trajeto e tendo em mente nosso compromisso com o movimento Slow Food, pararemos em Rubiera, entre Reggio Emilia e Modena, para almoçar em um restaurante considerado um templo da cozinha Emiliana, gastronomia regional com um menu composto por entrada, prato principal, sobremesa e vinhos tudo no pacote!

   O Veneto e região são de uma riqueza vitivinícola ímpar com enorme diversidade sendo hoje o maior produtor de vinhos na Itália e Verona, Treviso, Padova e Veneza respiram história e cultura. Nós vamos atrás de tudo isso. Valpolicella, Bardolino, Soave, Recioto, Amarone, Prosecco, Grapas, a diversidade é enorme e começaremos nosso roteiro pelas vinícolas visitando a Cesari onde também teremos o prazer de almoçar após degustação e já está no cardápio o seu incrível Amarone Bosan!

   No dia seguinte sairemos para a região de Conegliano – Valdobiadenne, terra dos Proseccos onde conheceremos mais a fundo a elaboração desses espumantes festivos elaborados com a uva Glera, na Mioneto que produz espumantes há mais de 125 anos. Depois, um passeio por Treviso e em seguida vamos descobrir porquê a Pieropan já conquistou por 17 vezes, os 3 “bicchieri” do respeitado guia italiano Gambero Rosso com seus Soaves super especiais elaborados com a uva Garganega.

    Para descansar do Vinho e nos embriagarmos com cultura e história, um dia somente para descobrir a incrível Veneza. Para quem não tenha se satisfeito no dia, temos programados um segundo dia por lá ou, quem preferir, pode passar o dia descansando e descobrindo Verona. Como, no entanto, haverá gente com sede de conhecer mais vinícolas, preparamos um passeio opcional deveras interessante pois visitaremos a região mais saxônica da Itália, o Alto-adige e Trento. Afora conhecer a linda Bolzano cercada pelos Alpes e Trento origem de muitos de nossos patrícios italianos, teremos o prazer de almoçar e conhecer os divinos vinhos da premiadíssima Elena Walch elaborados com uvas diferentes como a Lagrein, Blauburgunder e Muller-Thurgau.

Clipboard Piemonte

    Depois de alguns dias por estas paradas, é hora de partir para o Piemonte e mais um trecho de experiências enogastronomicas de tirar o chapéu! Nosso primeiro destino será o restaurante L’Osteria dell’Arco, fundado em 1986,é o segundo do circuito do Slow Food Osteria, a cozinha inconfundível do restaurante segue as tradições de Langa e Roero com os gostos do paladar atual. O almoço será à base de pratos regionais e Fortalezas Slow Food (produtos que estiveram em risco de extinção que o movimento apoia). Seguimos depois para a Feira Artesanal de Queijos (pouco mais de 3000 metros quadrados com queijos de 12 países) promovida pelo movimento Slow Food em Bra a cada dois anos.

    No dia seguinte, visita à cidade de Alba e ao mítico Pio Cesare, um produtor que é pura história já que produz seus vinhos a poucos metros da praça central desde 1881, e que vinhos! Almoço e visita a um pequeno (somente 45 mil garrafas ano) e marcante produtor Piero Buso.

    Pela manhã do dia seguinte, uma visita com provas na Banca del Vino antes de nos aventurarmos na companhia de um Trifulau numa caçada ás raras e famosas trufas brancas da região sendo que o almoço será á base de pratos com esta iguaria. Para finalizar mais um grande dia, uma visita com degustação à famosa e premiada vinícola de Renato Ratti. Dia cheio esse!

    Finalizaremos nosso roteiro em Turin famosa por seu acervo histórico, cafés antigos e chocolates ímpares e que, obviamente, provaremos. Nosso jantar de despedida se dará no Restaurante Solferino no centro histórico da cidade.

Clipboard Torino

    Chegamos na parte triste desta viagem, a volta! Sim, tudo o que é bom acaba mais rapidamente do que gostaríamos, porém as lembranças, como um bom vinho, certamente ficarão persistentes em nossas memórias! Para quem quiser detalhes da viagem, fico ao dispor, basta me enviar uma solicitação.

   Por hoje é “só”, mas com esta segunda e última parte do roteiro, certamente a semana já será de muito pensar! Salute, kanimambo e esta semana ainda falarei de alguns vinhos e eventos de que participei e valem sua “conferida”!

Uvas & Vinhos – Barbera

Barbera - Italian Wine HubBarbera, uma das uvas tintas mais plantadas na Itália, divide com a Nebbiolo o protagonismo de vinhedos na região do Piemonte. Existe ainda uma versão branca, conhecida por Barbera Bianca. Não devemos confundir a uva Barbera com o vinho Barbaresco que é elaborado na região do mesmo nome, também no Piemonte, porém com a uva Nebbiolo.

          Sua origem mais freqüentemente citada é a cidade de Casale Monferrato, no Piemonte. Na Catedral da cidade existem documentos que indicam o plantio de videiras de Barbera já no século XIII. É uma variedade que amadurece relativamente tarde, quase duas semanas após a variedade mais tardia do Piemonte, a Dolcetto. Sua principal característica é o alto nível de acidez natural, ainda que muito madura. Essa característica a torna uma ótima opção para regiões de clima quente desde que sua produtividade seja controlada.

         No Piemonte é amplamente utilizada, gerando vinhos desde os mais baratos e produzidos em longa escala, até vinhos encorpados, com muito boa estrutura e bastante longevidade. Algumas características são comuns aos vinhos de Barbera, coloração ruby intenso e profundo, bom corpo ainda que com moderada presença de taninos, pronunciada acidez e teor alcoólico relativamente baixo, podendo variar de acordo com as regiões onde é cultivada.

        As principais denominações de origem do Piemonte onde a Barbera é considerada a principal variedade são; Alba, Asti e Monferrato, esta última menos conhecida por aqui. Na região de Barbera d’Asti DOC existe uma sub-zona chamada Nizza, reconhecida como a melhorBarbera região para o desenvolvimento da variedade, por ser a parte mais quente de Asti, onde a uva atinge seu melhor ponto de maturação. Os Barbera d’Alba tendem a ser mais complexos, de maior estrutura e de cor mais escura, enquanto os Barbera d’Asti tendem a ser mais frutados, claros e brilhantes (lembrando os vinhos Beaujolais), muito elegantes e finos. Em 2008, Monferrato virou DOCG e seus Barbera de Monferrato Superiore são vinhos a serem garimpados assim como os produzidos na sub-região de Langhe também no Piemonte. Nos anos 80 e 90, em paralelo ao surgimento dos Supertoscanos, o uso de barricas em Barberas passou a ser considerado e utilizado de fato, agregando complexidade aos vinhos, especialmente em relação à maciez dos taninos, controle da elevada acidez e riqueza aromática tornando-os, também, mais longevos.

        Além do Piemonte, a Barbera é também cultivada na Lombardia, na região de Oltrepò Pavese, na Emilia Romagna, em Colli Piacentini, em Bologna e Parma. Na maioria do país a variedade é utilizada em cortes com outras uvas. Na Sardegna existe ainda a Barbera Sarda. E, alguns defendem que, a Perricone ou Pignatello, autóctones sicilianas, são variações da Barbera.

        Fora da Itália, a variedade é cultivada em países como Eslovênia e EUA, na região da Califórnia assim como Grécia, Austrália, Israel e Romenia. Se desenvolveu muito bem na América do sul, especialmente na Argentina, nas regiões de Mendoza e San Juan, porém não são muitos os vinhos de qualidade disponíveis no mercado. Também existe algo no Brasil com um expoente máximo no momento como veremos mais abaixo em nossa recomendação de vinhos.

Harmonização: (hoje sem as dicas do amigo Álvaro Galvão que está viajando e aproveitando merecidas férias)

Uma das características dos vinhos de Barbera é sua capacidade gastronômica em função de seu corpo médio e boa acidez que chama comida. Quando falamos em harmonização, recorrer à regionalidade é sempre uma boa escolha e, neste caso, não poderia ser diferente. Em geral os vinhos de Barbera são ótimos parceiros para antepastos e embutidos italianos. Massas com molhos mais estruturados, com um belo ragù alla bolgnese, prosciutto di Parma, ou ainda pratos com funghi secchi e salmão defumado.

Vinhos Tomados e Recomendados: (preços aproximados nesta data)Pio Cesare Fides

Vinhos a garimpar:

  • Araldica Barbera d’Asti Ceppi Storici 2006 – Decanter – R$59,00
  • Barbera d’Asti Camp du Rouss 05 – Mistral – R$91,00
  • Barbera d’Asti Superiore DOC – Vinea – R$114,00
  • “La Court” Barbera d’Asti Superiore Nizza 2004 – Zahil – R$275,00
  • Braida Barbera d’Asti Brico Dell Uccellone – Expand – R$298,00

Sugestões do Oz Clarke retiradas de seu excepcional guia “Grapes & Wines”, um de meus livros de cabeceira e fonte de referência para todos estes posts. Estes rótulos são de origens outras que não Alba e Asti.

  • Bonny Doon Ca’del Solo Barbera – California
  • Dromana Estate “I” Barbera – Austrália
  • Norton Barbera – Argentina – esse está fácil e já entrou na minha mira!
  • Renwood Amador County Barbera – California
  • Giulio Accornero e Figli Barbera del Monferrato Superiore Bricco Battista
  • Colli Piacentini Barbera della Stoppa
  • Elio Altare Langhe Larigi

Vinhos Sugeridos pelo Paulo Queiroz: Para quem ainda não conhece, o Paulo é um nobre colega de blog (Nosso Vinho) que, apesar de sua descendência Lusa, cisca mesmo é em terreiro italiano! rsrs. Brincadeira porque ele possui um gosto bastante eclético e prova de tudo o que seja bom, mas verdade seja dita, tem uma queda pelos vinhos italianos. Pedi-lhe ajuda para finalizar estas dicas já que minha experiência com os vinhos italianos é bem mais limitada e a idéia aqui é prover o leitor com as mais diversas opções possíveis. Eis as sugestões do amigo, sendo que o Pio Cesare Barbera d’Alba foi comum aos dois.

Post elaborado a quatro mãos! O texto sobre as uvas chega pelas mãos da amiga Mariana Morgado e minha, e as sugestões de vinhos são minhas. Como convidado especial, o amigo Paulo Queiroz do blog Nosso Vinho. Para ver como contatar os importadores e checar onde, mais próximo de você, o rótulo está disponível, dê uma olhada em Onde Comprar, post em que constam os dados dos importadores e lojistas assim como de produtores brasileiros.

Esperando que este post e suas dicas lhe possam ser úteis nesta viagem por terras de Baco, fica aqui um arriverdeci especial aos amici del vino.

Salute e kanimambo