Petit Verdot

Timperosse 2011, Feliz! rs

Corte de meio a meio Syrah e Petit Verdot? Há muito que não provava desde os tempos em que descobri o Terras do Pó Syrah/Petit Verdot da região Setúbal, um corte que me surpreendeu desde o primeiro momento que o conheci há já alguns anos e pelo qual sempre tive uma quedinha. Que sou fã da Petit Verdot não preciso dizer, mas um varietal é sempre de preços bem altos o que os torna meio que inviáveis para a maioria, então o negócio é procurar cortes em que eles tenham uma participação, o resultado é, invariavelmente, muito bom, tem Petit compra! Em função das características da uva, um corte meio a meio nos leva a crer num vinho muito potente, mas esse vinho foi uma grande surpresa por sua harmonia e equilíbrio.

Pois bem, não resisti quando passou por mim mais um corte desses só que desta vez italiano, tinha que provar, ainda mais 2011! Ao pesquisar, deu que era 100% Petit Verdot, só que vi diversos comentários na net sobre como a Syrah aportava isso e aquilo, rs, interessante como até gente graúda pode ser influenciada por um rótulo ou informação equivocada. Enfim, não vem ao caso, não me fiz de rogado e deu nisto, aqui em Falando de Vinhos, no kit Frutos do Garimpo deste mês e, obviamente, na Vino & Sapore porque gostei muito e achei o preço bom para o que apresenta, ao redor de R$140,00 em São Paulo, especialmente em sendo um 100% Petit.

Timperose Mandrarossa 2011, um petit verdot siciliano muito bem feito e equilibrado, tinha que trazer isto para os amigos! Cor bonita já com halo de evolução mediano dando suas caras. Aromas tímidos de frutos negros com um toque defumado e algum floral, mas é na boca que ele mostra a que veio e eu gostei demais. O meio de boca me seduziu por sua complexidade, volume e riqueza de sabores, salumeria, frutos negros, mesmo sem syrah um toque de especiarias, taninos aveludados ainda bem presentes demonstrando que ainda há vida para um par de anos aqui, final de boca apresenta algumas notas terciárias, boa acidez ainda presente, clama por um prato igualmente rico.

Um vinho literalmente guloso e equilibrado, uma grande surpresa Siciliana que vai atender aos amantes da Petit Verdot e ser um tremendo exemplo para quem ainda não a conhece e prepare o cordeiro! rs Como não tinha cordeiro, peguei um resto de almoço do dia anterior de carne seca refogada com cebola, alho, pimenta biquinho, cebolinha, azeitona preta portuguesa fatiada e tomate cereja cortado em quatro, essa “gororoba” toda (rs) sobre uma cama de arroz. Cara, não é que deu um samba legal! rs O prato não é pesado, mas é bem condimentado e isso deu a liga, curti.

Bem amigos, hoje fico por aqui, aproveite a semana da melhor maneira possível. Kanimambo pela visita, saúde e nos vemos por aí em algum lugar desta vinosfera ou virtualmente por aqui mesmo, porque sempre há algo a compartilhar enquanto vocês seguir por aí. Abraço

Cheers, Salud, Prosit, Santé

La Playa Claret, Petit Verdot em Ação!

Tenho uma queda por vinhos elaborados com esta casta, difícil em varietais, mas que possui a tendência de aportar complexidade aos vinhos assim como uma enorme capacidade de os “arredondar”.  Nos últimos tempos temos visto ótimos exemplares de varietais de Petit Verdot vindo do Chile, da Argentina e da Espanha, regiões mais quentes onde a uva atinge seu nível de maturação de forma mais regular. Um dos meus favoritos é o Finca Decero Petit Verdot que há dois anos ganhou o Troféu de melhor vinho de Mendoza pela Wines of Argentina, assim como os chilenos Perez Cruz Chaski e o Casa Silva, todos grandes vinhos, porém de preço idem!

petit_verdotMais acessíveis são aqueles vinhos em que encontramos a Petit Verdot como participante de blends e garimpar esses vinhos é algo que me agrada bastante, pois, ao que me lembre, dos muitos provados só um não fez minha cabeça! Normalmente, inclusive em Bordeaux de onde é originária, é usada em porcentual pequeno, entre 7 a 10%, porém não é incomum ver belos blends onde esse porcentual é amplamente ultrapassado. Antes de falar deste La Playa em que 40% do corte é desta uva, compartilho com você a opinião de dois amigos enólogos que prezo muito:

1 – Miguel de Almeida é o enólogo do projeto Seival da Miolo, jovem e competente, de origem lusa. Lhe perguntei o que ele achava desta casta, veja o que ele respondeu:  “sobre o Petit Verdot, no Seival temos 2 hectares desta uva [o único vinhedo do Grupo Miolo a tê-la no encepamento]. A Petit Verdot é uma uva de cacho e grão pequenos que entrega aos vinhos sempre muita cor, acidez e tanino. Das não tintureiras, é a seguir ao Tannat a uva que mais cor e estrutura coloca nos vinhos. Por aqui é uma uva de boa maturação, média resistência à umidade, quase tardia e generosa em produção. Gosto de Petit Verdot como monovarietal, mas como temos pouco PV, usamo-la sempre em corte e sempre intensifica o visual do vinho e prolonga a longevidade do mesmo.”

2 – Tomás Hughes – Argentino, enólogo da ótima Finca Decero (Mendoza), que possui, na minha opinião, o melhor Petit Verdot da Argentina e o usa também no seu vinho ícono onde participa como coadjuvante no corte, o Amano. Eis o que ele me respondeu: “De mi punto de vista , cuando usamos PV en cortes, este ayuda a terminar la boca, dándole elegancia, largo y un toque de jugosidad. En lo que se refiere a nariz aporta notas a especies frescas las cuales se combinan muy bien con los aromas de malbec y cabernet,  generando un marco de aromas sutiles y elegantes que forman base de una gran complejidad.  Es un varietal de gran personalidad que rápidamente toma protagonismo en los cortes, por ende si uno quiere trabajar sobre un corte donde no quiere el PV como driver, tiene que trabajar con proporciones inferiores al 10%. Por ej, en nuestro “Blend Amano”.

Este é um corte inusitado e muito bem feito onde a Peti Verdot tem papel de protagonista avaliado em 2014 pela Wine Enthusiast (http://www.winemag.com/buying-guide/la-playa-2011-block-selection-reserve-claret-red-c ) com 88 pontos e classificado com um dos melhores 100 Best Buys desse ano com um preço médio de USD12 nos EUA, o vinho está no ponto!

Tradicionalmente este vinho segue uma composição de castas bordalesas, mas o enólogo se permite variar isso ano a ano dependendo da safra e da evolução das uvas no ano. Em 2010 seu corte foi composto de Petit Verdot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Carmenére, porém neste anos de 2011 esse blend sofreu variações. O corte deste vinho de safra 2011 é uma composição da Petit Verdot (40%)  com Malbec, Cabernet Franc e Syrah, que é uma uva do Rhône, que resultou muito bem.La Playa

Ao abrir uma garrafa para prova com os amigos, a primeira percepção foi de qualidade, muito boa paleta aromática, com uma boca densa, complexo, porém de taninos aveludados. O fato de ter um forte porcentual de Petit Verdot no vinho, contradiz um pouco os conceitos emitidos por diversos enólogos e especialistas o que me faz crer que há ainda muito a estudar sobre a enorme capacidade de desenvolvimento que esta casta ainda tem pela frente e, por outro lado, confirma de que não existem verdades absolutas em nossa vinosfera. Por sinal, me lembro bem de um vinho português marcante que se foi e deixou saudades, o Terras do Pós Syrah/Petit verdot 50/50 outro belo vinho!

Neste caso do La Playa Block Selection Reserve Claret 2011 (que de claret não tem nada), mais uma vez fica comprovada a característica da casta em gerar blends de muita qualidade sem que necessariamente os vinhos tenham que ser caros. Os aromas com notas florais e frutadas, pedem para levar o vinho á boca e a entrada de boca é impactante para um vinho deste valor. Ótima estrutura, boa acidez, frutos negros (ameixas e cerejas?), algum defumado, muito harmônico e vibrante, final de boca de boa persistência com notas de baunilha e cafés fruto de seus doze meses de barricas americana e francesa.

Mais um vinho que fez parte da seleção de Fevereiro da Confraria Frutos do Garimpo (link no banner acima aqui no canto direito do blog) que também teve a presença do Clos Lagoru espanhol de Jumilla. Uma ótima semana a todos e seguimos nos encontrando por aqui, pelas estradas de nossa vinosfera ou, quiçá, na Vino & Sapore onde sempre haverá uma taça para compartilhar com os amigos. Saúde e kanimambo pela visita.

Conhece a Uva Lacrima?

Eu também não, mas já comecei a pesquisar e no dia 23 de Julho pretendo prová-la junto com quem estiver presente em mais uma degustação que armei! Em parceria com a logoMARCA_almeria-OK importadora Almería de meu amigo Juan e seu filho Alexandre, montei uma degustação que tem como tema a exploração de novos sabores provando vinhos elaborados com essa uva rara e outras pouco conhecidas, vai dar mole? São só 12 vagas e nem lancei e só sobraram 8! Ainda não consegui um local em Sampa, então esta também será realizada na Vino & Sapore na Granja Viana a partir das 20 horas.

Recepção: Espumante Gouguenheim Bubbles Brut, um Rosé de Malbec. Argentina

  • Degustação:
    Lolo Albariño – uva branca da região da Galicia, Rías Baixas, Espanha (R$87,00)
    Paco Vintage Garnacha/Tempranillo – a Garnacha é a uva de Navarra, mas junto com a Tempranillo são as mais importantes uvas tintas do país. Espanha (R$98,00)
    Hecula Monastrel – Monastrel é nascida e criada nas regiões próximo a Valencia; Yecla, Alicante e Jumilla na Espanha (R$65,00)
    Orgiolo Lacrima di Morro d’Alba – olha ela aqui! Lacrima é uma uva rara que só se encontra em vinhedos na cidade de Morro d’Alba na Puglia, Itália (R$98,00)
    Perez Cruz Cabernet Franc Edición Limitada – esta uva ganha espaço nas taças dos enófilos porém ainda não é de conhecimento geral. Esta versão vem do Chile (R$105,00)
    Chaski Petit Verdot – A Petit Verdot segue sendo uma incógnita para a maioria e é tradicionalmente usada em blends, no entanto tem despontado como varietal em algumas regiões com grande sucesso. (R$148,00)

Almeria Uvas Pouco Comuns

Pequeno resumo sobre as características das uvas e suas origens será fornecido no dia com espaço para anotações. Para acompanhar, as tradicionais travessas com queijos e frios, água, pão e café ao final. Tudo isso por apenas R$90,00 , pagos no ato da reserva, dos quais R$20 ficam disponíveis como crédito na compra de qualquer um desses vinhos nessa noite. Diversidade sempre, vem desbravar nossa vinosfera você também! Kanimambo pela visita e espero te ver dia 23. Telefone para contato na Vino & Sapore de Terça a Sábado das 14 às 20 horas (11) 4612-6343.

Semana das Boas na Taça e no Prato

         Nesta última semana tive a oportunidade e o privilégio de desfrutar da presença de amigos e clientes em duas degustações de grande satisfação e alegria, sendo que a ùltima ficou para a história. Duas estupendas e marcantes experiências, numa mesma semana puro privilégio!

Experiência I – Começamos pela degustação TOP de Final de Ano na Vino & Sapore que foi de muito bom nível tendo havido um empate técnico entre dois vinhos. Éramos 14 participantes degustando os seguintes vinhos:

Prieure Lichine Margaux 2005 – Para mim o mais complexo de todos, um prazer hedonístico de muita qualidade fazendo jus ao apelido do mais feminino dos Bordeauxs. Aromas florais, boca de boa concentração, rico, untuoso sem perder a elgância tipica da AOC. Melhor se tivesse decantado, mas mesmo assim um vinho de prima que deve evoluir muito pelos próximos 10 anos já que vem de uma safra estupenda na região.

Canalicchio di Sopra Brunello di Montalcino Riserva 2004 – pura elegância e finesse, para mostrar que Brunello não é só potência. Com tudo no ponto certo, sem arestas mostrando-se sedoso e sedutor, especiado com um final de boca muito saboroso de grande persistência.

Marques de Grinon  Petit Verdot 2005 – adoro este vinho que normalmente apresenta ótimo corpo e taninos firmes mas finos. Desta feita não performou como esperado tendo se mostrado muito rustico e de taninos rebeldes e agressivos. Coisas do mundo do vinho, algumas garrafas podem nos trazer surpresas mesmo quando já bem conhecidos.

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Grande Reserva 2007 – um vinho que cada vez mais demonstra a grande fase por que passa o Douro, a grande safra que foi 2007 e a excelência dos vinhos desta casa produtora. Encorpado, violetas no nariz, riquissímo no palato, eqilibrado com uma acidez gastronomica que só evoluiu com o prato surpreendendo muitos dos presentes.

        Todos vinhos estupendos de safras nota 10, que tiveram como acompanhamento um dos dois pratos; Cabrito no Forno com batatas douradas ou de Sorentini de funghi com creme de funghi elaborados pelo restaurante Emilia Romagna, nosso parceiro e vizinho. Os pratos estavam ótimos e a harmonização mostrou que o Brunello e a massa fizeram uma tremenda parelha assim como o Quinta Nova e o Cabrito que também foi bem acompanhado pelo Prieure Lichine.  Para meu gosto o Prieure Lichine foi o vinho da noite e o tomaria solo, sem comida e tendo na companhia a única e perfeita harmonização. Com os pratos sigo a maioria conforme acima, mas não havíamos terminado, não!

       Para finalizar, um Graham´s Tawny 10 anos com panettone  de amêndoas italiano da Loison, mais uma ótima harmonização que foi batida por uma outra que fizemos na semana anterior em que juntamos panettone básico de frutas secas da Loison com um incrível Moscatel de Setúbal  98 da Bacalhôa, dos deuses!!

Experiência II – Essa é daquelas para jamais esquecer e os personagens envolvidos só ajudam a tornar a experiência num verdadeiro momento de êxtase. Só que essa eu conto em outro post, porque este já está ficando longo demais.

Salute, kanimambo e espero você para uma taçinha lá na Vino & Sapore.

Desafio de Petit Verdot, Desvendando os Ganhadores

              Adoro estes meus Desafios de Vinhos quando coloco às cegas uma série de rótulos sob um mesmo tema. Falar e provar desta cepa ainda pouco divulgada no mercado foi em si, já um grande desafio e uma experiência riquíssima para mim e, tenho a certeza, também para boa parte da banca degustadora. Aliás, quase deu casa cheia!

     Venho ao longo dos tempos verificando os benefícios que um pouco desta cepa bordalesa nos cortes de diversos vinhos consegue fazer por eles. Sempre em pequenos porcentuais, a Petit Verdot aporta cor, sabor e corpo aos vinhos dando-lhes uma riqueza e complexidade que muito me satisfazem. É uma cepa difícil em sua terra natal, de amadurecimento muito tardio o que muitas vezes faz com que boa parte da colheita se perca tornando seu uso escasso e caro devido à quebra de produtividade. Nos países mais quentes no entanto, esse tempo de amadurecimento se dá de forma mais administrada devido ás condições climáticas. Um exemplo no Velho Mundo são os vinhos espanhóis, região de verões mais quentes e longos, elaborados com ela.

               Já no Novo Mundo, de condições climáticas mais adequadas, a cepa vem sendo vinificada como varietal com a ocorrência de um fato que já verificamos na vinificação de vinhos Tannat, que é a “amansada” nos vinhos, produzindo rótulos mais harmônicos, menos tânicos enquanto preserva suas características de estrutura  e riqueza de sabores. Foi para ver como estes vinhos se comportam que, desta feita, reuni dez exemplares para este Desafio na busca do Melhor Vinho, melhor Custo x Beneficio e Melhor Compra.

                  Nos reunimos no bonito e bom restaurante Ávila, que por sinal possui uma bela adega climatizada construida pela Joshuá Adegas, onde o Tavares e sua equipe nos atenderam muito bem.  Nove rótulos de que todos tinham conhecimento mais um surpresa, foram servidos ás cegas e em ordem aleatória após alguns saborosos e refrescantes goles de dois espumantes sobre os quais falarei em outra altura. Certamente o que os amigos querem mesmo saber, é o resultado desse gostoso embate, então falemos um pouco de cada um desses vinhos participantes julgados por uma competente banca de degustadores conforme já listado em meu post anterior com a lista dos participantes .

              Como o aereador que iríamos testar não chegou a tempo, os vinhos foram decantados por cerca de uma hora cada um. Eis os vinhos com suas notas conforme ordem de serviço.

Enrique Mendoza Petit Verdot 2005 representante espanhol de Alicante, trazido pela Peninsula e que possui um preço de mercado ao redor de R$120,00. No nariz uma presença  herbácea e algum foral que fazia lembrar violetas. A fruta apareceu mais no palato, de taninos redondos e macios, complexo, um pouco fechado abrindo-se com o tempo em taça, final algo defumado e quente sem prejudicar o conjunto que agradou bastante e posteriormente acompanhou bem a fraldinha. Média de 86,7 pontos.

Pisano RPF Petit Verdot 2007 representando os bons vinhos uruguaios. Importação da Mistral, custa USD31,50 ou seja, algo próximo a R$57 nas taxas atuais. Uma paleta olfativa muito rica, o que não é tão tradicional á cepa, em que o café com aniz estava bem presente, toffee, baunilha, realmente muito interessante e convidativa. Na boca a boa estrutura da cepa, taninos aveludados e de boa qualidade, algo balsâmico com um final suave onde apreceram alguns toques de especiarias. Obteve a média de 86,20 pontos

Morkell Petit Verdot 2004, sul-africano trazido pela d’Olivino, preço ao redor de R$130,00, o mais evoluído de todos os rótulos participantes. Halo de evolução presentes na taça mostrando sua idade, trazendo ao olfato suaves notas tostadas e fruta vermelha. Na boca é um vinho resolvido, de boa textura e volume de boca adequado, algo de couro com nuances terrosas, maduro, muito rico, complexo, de taninos finos, macios e elegantes, final de boca sutil e saboroso mostrando toques minerais. Um vinho literalmente encantador, sem a pujança que se poderia esperar da cepa, porém mostrando uma personalidade muito própria e impressionando muito positivamente a totalidade da banca degustadora. Um belo Petit Verdot, um grande vinho que merece ser conferido, aliás como a maioria dos outros rótulos presentes, tendo faltado garrafa para tanta demanda. Delicioso e a nota só confirma isso, média de 90,70 pontos.

Perez Cruz Limited Edition PV 2008, o primeiro chileno da noite e ainda não disponível no Brasil. O importador dos bons vinhos deste produtor, a Wine Company, deverá estar por trazê-lo dentro em breve, mas este viajou somente para este encontro. Baseado no preço do Syrah, acredito que deverá chegar por volta dos R$130,00. Nariz complexo, herbáceo, algo de farmácia e um tico a mais de álcool do que necessário, porém sem ser algo marcante que incomode. Na boca, presença de mentol, alguma casca de laranja confeitada, taninos de qualidade ainda um pouco adstringentes, mostrando-se muito novo, grande estrutura, vinho que precisa de mais tempo em garrafa quando deverá mostrar todo o seu potencial. Vinho para guardar por mais uns dois ou três anos. Média de 87,10 pontos.

Trumpeter Reserva Petit Verdot 2008, o primeiro argentino a se apresentar, novo, com nariz tímido, frutado com algumas nuances florais bem sutis. Na boca sobra um pouco de álcool, taninos um pouco rústicos e doces, final de especiarias com algo de noz moscada, conforme lembraram alguns dos degustadores. Não chega a encantar, mas acredito que precisa de mais tempo em garrafa já que ainda não encontrou seu equilíbrio. Trazido pela Zahil e custando cerca de R$64,00, obteve a média de 84,95 pontos

Landelia Petit Verdot 2005, importado pela Ana Imports e gentilmente cedido pelo colega e membro da banca, o Jeriel da Costa, com preço de mercado ao redor de R$60,00, foi um vinho ansiosamente esperado diversos dos amigos presentes. Foi também o vinho que mais criou polêmica com um pedaço da mesa achando que estava prejudicado e aoutra metade enchendo-o de elogios. No nariz mostrou notas de torrefação e algo químico que foi se dissipando com o tempo. Na boca, fruta compotada, taninos potentes e algo rústicos, alcaçuz, acidez alta e final de boca macio. A nota média não foi das melhores, 83,90, mas por tudo o que falaram deste vinho, certamente é um rótulo que merece uma segunda chance.

Tomero Petit Verdot 2006, mais um argentino presente, desta feita trazido pelas mãos da Domno do Brasil produtor dos saborosos espumantes Ponto Nero, em especial do extra-brut de que tanto gosto. Um vinho que já se encontrou, tendo mostrado sua maturidade tanto nos aromas como no sabor. Fruta madura de boa intensidade com sutis nuances de baunilha, mostrando-se com ótimo volume de boca e boa textura. Os taninos estão sedosos, muito boa acidez, rico, com um final muito saboroso e mineral onde aparece também um toque cítrico muito interessante e cativante. Muito consistente com minhas experiências anteriores, um vinho que obteve a boa média de 88,10 pontos.

Casa Silva Gran Reserva Petit Verdot 2007, de importação exclusiva da Vinhos do Mundo com um preço de mercado ao redor dos R$89,00, foi um vinho que insisti que estivesse presente já que o tinha conhecido, e adorado, numa degustação da Casa Silva em que estive presente no ano passado. Chileno, demonstrou notas herbáceas, couro e nuances balsâmicas no olfato, formando uma paleta algo peculiar e não muito convidativa. Na boca mostrou-se melhor, redondo, taninos aveludados, bom corpo e um final especiado bastante acentuado de média persistência que não chega a encantar.  Achei que o 2006 (recomendo) que provei estava bem superior a este, talvez mais pronto? Média de 84,45 pontos.

Pomar Petit Verdot 2008, o nosso vinho surpresa e sim, Cristiano, é Venezuelano sem importador no Brasil. Da mesma bodega que nos surpreendeu a todos no Desafio de Cepas Ícones, desta feita ficou aquém do que se esperava e mais um dos rótulos em que as notas variaram demais. Tipo ame-o ou deixe-o!  Nariz intenso, frutado, mas algo monocromático, sem grande complexidade que não chega a empolgar. Entrada de boca algo dispersa que necessita de tempo para se encontrar. Acidez instável, algum álcool em excesso, taninos macios e um final algo doce. Um adolescente irrequieto e imprevisível que melhorou com um tempo em taça e, mesmo com todas essas variáveis, obteve a surpreendente média de 85,11 pontos. Preferi o Reserva, um blend mais equilibrado.

Ruca Malen Reserva Petit Verdot 2007, o último representante de uma noite muito gostosa e intrigante repleta de bons vinhos. Argentino, importado pela Hannover Vinhos, foi para mim a mais agradável surpresa de todas, especialmente em função do preço, somente R$54,00. Possui uma paleta olfativa com forte presença de frutas negras compotadas com um leve toque de farmácia, mostrando-se bastante convidativa. Na boca possui boa estrutura, volume de boca adequado, taninos finos ainda presentes, mas sem qualquer agressividade, equilibrado com uma acidez interessante e gastronômica, final saboroso ainda que a madeira tenha aparecido um pouco.  Nota média de 86,25 pontos.

 Sempre listo a preferência de cada um dos membros da banca degustadora, mas hoje não “carece”! Pela primeira vez em mais de um ano destes Desafios, tivemos uma unanimidade em torno do Melhor Vinho Petit Verdot da noite, o Morkell. Realmente um grande vinho e Nelson Rodrigues que me perdoe, neste caso a unanimidade foi sábia! Para compor o pódio, em segundo lugar o ótimo Tomero, seguido pelo Perez Cruz, Enrique Mendoza e Ruca Malen. Pelo voto direto, a Melhor Compra foi o Pisano RPF e pelo cálculo matemático inventado pelo amigo e confrade (médico fisiologista do glorioso alvinegro praiano, salve/salve, campeão paulista 2010) Dr. Luis Fernando, tivemos como Melhor Custo x Beneficio o Ruca Malen.

             Uma grande noite em que ficou constatado que há muito mais vida além dos cabernets e malbecs que andam por aí. Temos que nos abrir para as novidades, para novas experiências, para as cepas menos comuns, porém extremamente ricas. Kanimambo à banca degustadora pela agradável presença, lembrando que os comentários, assim como as notas, são o resultado da média do pensamento de todos e que, certamente, cada um tem sua própria avaliação/opinião que deverá aparecer nos blogs do Alexandre, Jeriel, Álvaro e Evandro que são sempre ótimas fontes de informação. Por sinal, meus parabéns ao Evandro, seu blog da Confraria 2 Panas está detonando, legal!

              Salute, e agora preciso pensar no próximo desafio, o de Junho. Que tema, que vinhos, que lugar? Nos vemos por aqui.

Novo Desafio de Vinhos – Petit Verdot

                    O primeiro grande Desafio do ano em terras tupiniquins. Em 2010 já promovi o de Aussie Whites na Wine Society, o de espumantes num embate LusoxBrasileiro em Lisboa, um encontro de avaliação de 25 rótulos e agora este, um Desafio de Vinhos Petit Verdot. Esta uva, de difícil trato no Velho Mundo, especialmente em seu berço francês, devido a amadurecer muito tardiamente com perdas muito grandes, aporta corpo, cor e alguns aromas florais muito interessantes aos blends. Por sua dificuldade de cultivo, é tradicionalmente usada em blends com uma pequena parte do corte já que sua presença é muito marcante. No Novo Mundo, com condições climáticas diferenciadas e com a maior tecnologia, tanto de manejo quanto de vinificação, disponíveis hoje em dia, vimos diversos rótulos no mercado com vinhos elaborados com 100% desta cepa. Tenho tido ótimas e positivas surpresas, então nada melhor que colocar diversos destes rótulos frente a frente para buscar aquele que, nesse embate, demonstre todas as suas qualidades na disputa pela triplice coroa. Vejamos quem serão os competidores, lembrando que foram convidadas diversas importadoras e estas abaixo apoiaram o evento:

  • Tomero Petit Verdot – Argentina – Importação da Domno do Brasil
  • Perez Cruz Limited Edition PV 2008 – Chile – Wine Company (ainda não disponível no Mercado)
  • Morkell Petit Verdot 2004 – África do Sul – D’Olivino
  • Ruca Malen Reserva Petit verdot 2007 – Argentina – Hannover Vinhos
  • Pisano RPF Petit Verdot 2007 – Uruguai – Mistral
  • Trumpeter Reserva Petit Verdot 2008 – Argentina – Zahil
  • Enrique Mendoza Petit Verdot 2005 – Espanha/Alicante – Peninsula
  • Casa Silva Gran Reserva Petit Verdot 2007 – Chile – Vinhos do Mundo
  • Landelia Petit Verdot 2005 – Argentina – Ana Import (Contribuição do confrade Jeriel)
  • Surpresa (não tem graça se não tiver um) 2007

     Dez desafiantes ao titulo de Melhor Vinho, Melhor Compra e Melhor relação Custo x Beneficio que passarão pela avaliação e crivo de uma banca degustadora composta por: Denise Cavalcante (jornalista e assessora de imprensa especializada em vinhos), Jeriel da Costa (Blog do Jeriel), Daniel Perches (Blog Vinhos de Corte), Alexandre Frias (Diario de Baco e Enoblogs), Marcio Marson (Eivin), Álvaro Galvão (Blog Divino Guia), Ralph Schaff (Restauranteur), Ricardo Tomasi (Sommeliere/Specialitá Vinhos), Evandro Silva e Francisco Stredel (Confraria 2 Panas), José Roberto Pedreira e Fabio Gimenes (Clube do Vinho de Embu), Marcel Proença/Eduardo Milan e Dr. Luis Fernando (com a faixa de campeão paulista no peito) todos enófilos tarimbados na arte da degustação e euzinho aqui. Uma banca á altura do Desafio e dos vinhos presentes que estão posicionados numa faixa de preços entre R$60,00 a 130,00.

          Pela robustez da cepa, creio que os vinhos mais antigos levam alguma vantagem por já se encontrarem mais prontos, mas como não existem verdades absolutas em nossa vinosfera, podemos esperar de tudo. De qualquer forma o ideal será decantar todos esses vinhos, talvez umas duas horas para os mais novos e os 2004/05 por pelo menos uma hora, o que será um pouco complicado já que são dez vinhos. Daí que pensei na solução ideal que encontrei na Expovinis e que explica essa foto aí em cima. O fato de decantar tem duas funções, a de efetivamente decantar resíduos (borra) de vinhos não filtrados e aerear o vinho fazendo com que no contato com o oxigênio, este evolua mais rapidamente amaciando taninos e enaltecendo aromas e sabores. Este “wine gadget” promete fazer isso num piscar de olhos e achei que este Desafio fosse um momento especial para o experimentar. Com a ajuda do Stanley Adwell, responsável pela expansão de negócios da Vinturi Essential Wine Aerator na Améria Latina, vamos ter um kit desses disponível para a prova quando farei o seguinte; para os vinhos mais idosos darei uma passada pelo aereador e os mais jovens duas passadas. Depois falarei mais deste inovativo sistema inventado por Rio Sabadicci nos Estados Unido, mas para os mais impacientes, acessem o link para a Vinturi (inglês) clicando aqui.

             Onde? Sempre muito importante o local que nos recebe para a prova pois o trato e serviço dos vinhos assim como o cardápio do jantar que é servido em seguida, é essencial para a degustação que será feita. Pois bem, já faz um tempinho que a Denise vem me enviando releases sobre o Restaurante Ávila que venho publicando como um local a ser conferido. Agora chegou a nossa vez de conferir pois eles serão nossos anfitriões esta noite. Depois comento como foi, mas para os mais apressadinhos, vejam o site deles, realmente o local é muito agradável e bem montado.

Salute e kanimambo. Nos próximos dias só Itália, confiram aqui os vinhos da I Mori, trazidos da Toscana pela Gam Imports e o resultado de uma bela prova de vinhos Barbera do Piemonte.