Perez Cruz COT

Malbec – Qual a Melhor Região Podutora, Um Desafio às Cegas!

Bem, que a uva ícone argentina é a malbec e que ela originou na França a maioria já sabe, só que existe o Chile que corre por fora com algumas outras boas e interessantes opções de bons vinhos. Cerca de 70% dos Malbecs do mundo vêm da Argentina, mas ainda semana passada tomei um ótimo e surpreendente chileno, o Odfjel Orzada, porém hoje não é dia de falar dele nem dos Malbecs chilenos e sim da degustação ás cegas que organizei na Vino & Sapore onde coloquei seis rótulos de três diferentes países numa disputa direta á cegas. Vinhos da França, do Chile e da Argentina, por supuesto!

Foi um exercício hedonístico realizado com 13 apreciadores de vinhos, seguidores de Baco com sede de conhecimento e descobertas de novos sabores. Coloquei duas faixas de preço como parametrização de comparativo, uma de R$75 a 100 e a segunda de R$100 a 135. Interessante esse parâmetro porque por muitas vezes vimos o mais barato dando pau nos mais caros o que, desta vez, não ocorreu!

Um importante aspecto a considerar também, é que em Cahors (França), berço da uva, a AOC permite que com apenas 70% da cepa o vinho pode ser rotulado como Malbec, sendo comumente cortado com Tannat e Merlot. Outros rótulos presentes também levam um “tempero” de outra uva, porém em porcentuais bem menores. Como sempre, tentei trazer para a taça vinhos menos conhecidos tendo tido para isso o apoio dos importadores Mistral, Decanter, Wine Mais, Almeria e Berenguer imports

Malbecs do Mundo às CegasNa Faixa de R$ 75 a 100 – Chateau Chevaliers Lagrezzete 2005, Riglos Quinto 2010 e Perez Cruz Edicíon Limitada 2012

  • Chateau Chevaliers Lagrezette é francês de Cahors . A Malbec é aqui complementada por cerca de 12% de Merlot e 3% de Tannat, gerando um vinho saboroso, com aromas de média intensidade, taninos finos, retrogosto frutado com leve toque de especiarias . A idade parece que começa a pesar e gostaria de rever este vinho de uma safra bem mais jovem (2010 para cá) pois o potencial estava lá, porém foi sumindo na taça!
  • Riglos Quinto, argentino de Mendoza e o segundo vinho do produtor. Leva 12% de Cabernet Franc e com somente 6 meses de barrica de 2° uso, é pura fruta, nariz intenso, fresco, cremoso na boca, textura sedosa e muito bem equilibrado é um vinho que não nega fogo sempre que é aberto. Elegante, é um vinho que chama a próxima taça.
  • Perez Cruz Cot Edicion Limitada, é o representante chileno nesta gama de preços e para não variar, voltou a se dar bem. Cot é um dos nomes pela qual a malbec era mais conhecida na região de Cahors, a outra era auxerrois, tendo a Perez Cruz usado esse nome no rótulo em função da origem dos clones em seus vinhedos. Tem um temperinho de 5% de Petit Verdot e 2% de Carmenére e um dos vinhos com maior passagem em barrica que provamos nessa noite, 14 meses. A madeira está bem presente, porém sem se sobrepor á fruta, edoso, fruta madura, especiarias, boa textura num corpo médio, final de boca fresco com um leve toque amentolado. Um destaque nesta faixa!

Na Faixa de R$100 a 135,00 – Arroba Malbec de Autor 2009, Loma Larga Malbec 2009 e Chateau de Haut-Serre 2009

  • Arroba Malbec, do enólogo Carlos Balmaceda. ´, com apenas 5.000 garrafas produzidas foi o único 100% Malbec na disputa. De Mendoza, é exuberate no nariz, fruta madura, denso e carnudo, equilibrado, taninos doces e aveludados mostrando sua cara sem excessos e bem integrados, final de boca longa com notas achocolatadas. Um vinho que fez a cabeça de muita gente tendo mostrado muita tipicidade tanto da uva como da região.
  • Loma Larga Malbec, o representante chileno desta faixa de preços mexeu com o sensorial de muitos dos presentes. Vem de Casablanca o que quer dizer uma região mais fria com forte influencia marítima devido a sua proximidade com o mar e levou um tempero de 5% de Syrah. Doze meses de barrica imperceptível, só 20% novas, dando suporte a frutos negros, toque floral muito interessante, meio de boca gordo, acidez bem presente, harmonioso com um final longo e apetecível.
  • Chateau de Haute-Serre , o menos típico de todos os vinhos que se apreentaram. De Cahors, vem com 30% de tannat e merlot o que na minha opinião desvirtua um pouco pois altera em demasia as característica da uva principal que é a malbec. Tendo dito isso, é um vinho surpreendente e marcante que criou alvoroço na mesa. A complexidade impera tanto nos aromas como no palato, notas de salumeria, terra, algo mentolado e até arriscaria um leve alcaçuz, tudo muito equilibrado, ótima textura, bom corpo, taninos muito finos com um final longo com toques de café e cacau, bem diferente e saboroso.

Malbecs do Mundo Vino e SaporeComo estava servindo, as anotações acima foram rabiscadas num papel para posterior consulta e muitas sensações se perdem com o tempo, porém acho que o resumo está bem perto da realidade e os participantes podem, e devem, comentar e corrigir á vontade. Mais uma noite muito agradável em que os três primeiros vinhos foram também os mais caros:

3° Lugar – Arroba Malbec (Argentina/Mendoza)
2° Lugar – Loma Larga Malbec (Chile/Casablanca)
AND THE WINNER IS!
Chateau de Haute-Serre Malbec (França/Cahors)

Chateau de haute-serreUm Belo Vinho!

Na somatória das notas o país vencedor foi o Chile, seguido de França e Argentina. Até um próximo Desafio as Cegas, quando surpresas acontecem! Salute e kanimambo.

Hoje é Dia Mundial da Malbec – Resultado do Desafio ás Cegas!

Malbe day       O dia é hoje, porém em função da véspera de feriado decidimos celebrar no último dia 10 com um Desafio de Grandes Malbecs ás Cegas. Graaaandes malbecs estão pela hora da morte, com preços entre os R$500 a 1200,00 então optamos por encontrar vinhos de grande qualidade porém com patamares de preço algo mais viáveis, entre R$150 a 200 com uma surpresa no meio. Deveriam ter sido seis vinhos mais um espumante, porém na hora apareceu um penetra e completamos o Desafio com sete contendores ao trono de Melhor da Noite!

No salão, 12 jurados (!) apreciadores de bons vinhos, amantes de Malbec de vários níveis de conhecimento (uma fotografia do mercado). No balcão, os desafiantes devidamente cobertos por papel alumínio e numerados enquanto preparamos as papilas gustativas com um muito bom espumante Alma Negra Rosado de Malbec Brut da Mistral. Descobri esse espumante o ano passado nas mesmas festividades e desde lá volta e meia está presente nas mesas dos eventos que promovo. Marcante, surpreende na taça e no palato, um rosé de malbec que encanta desde os aromas sedutores até sua performance em boca, um espumante com mais corpo, rico, fresco, com uma ótima perlage. Bom solo e eu arriscaria tomá-lo acompanhando uma costelinha ou uma boa linguiça toscana na braza ou melhor ainda, um chorizo uruguaio! Ótima forma de começarmos nossa celebração da Malbec!

Bem, agora falemos dos vinhos tranquilos presentes e o resultado deste embate de pesos meio pesados testados em taças Riedel Overture.

  • Catena Alta Malbec 2009 (Mendoza) – Uma referência no mercado e um vinho para lá de premiado. Um bom vinho, estrutura média, frutado com um final algo apimentado, boa entrada de boca, equilibrado, pouco marcante e algo curto na taça. Preço R$210,00
  • Colomé Autêntico 2012 (Salta) – Fiquei preocupado a principio pois o vinho era muito novo, dei uma passada rápida pelo magic decanter, mas não negou fogo mesmo que fosse algo mais duro de inicio. Muito aromático, marcante meio de boca e de grande evolução em taça. Vinhedos centenários com clones das primeiras vinhas da região com mais de 150 anos. Preço R$155,00
  • Viu Manent Single Vineyard San Carlos Malbec 2008 (Chile – Colchágua) – Um adversário chileno que veio para brigar par a par com os rótulos argentinos. Taninos mais presentes, um vinho mais robusto, muito bom volume de boca, notas de especiarias bem marcantes, frutos negros, final de muito boa persistência. Vinhedos centenários. Preço R$175,00
  • Lagarde Primeras Viñas 2009 (Mendoza) – Aromáticamente marcante como um “pote” de frutas exuberantes sob a mesa. Equilíbrio total entre taninos, álcool e acidez, muito bom de entrada, meio e final de boca. Taninos são muito finos, daqueles que se apresentam sedosos na ponta da boca, sem excessos, bom volume de boca, untuoso. Um estilo bem sofisticado e menos over. Vinhedos de 1906 e 1936, as primeiras vinhas do produtor. Preço R$178,00
  • J. Alberto 2009 (Patagônia) – Pura finesse e elegância desde a primeira ‘fungada”! rs Fruta fresca, algum floral com um toque de madeira de fundo muito bem colocada que “levanta” o conjunto. Vinho denso, muito rico, com um meio de boca delicioso e marcante, taninos aveludados e muito longo. Leva uns imperceptíveis 5% de merlot no corte. Vinhedos de 1955. Preço R$195,00
  • Casarena Jamilla’s Vineyard Pedriel 2010 (Mendoza) – Confirmou na taça tudo o que venho falando dele desde que o descobri na Wines of Argentina do ano passado. Pedriel costuma gerar vinhos algo mais duros, mas este exemplar quebrou esse paradigma. O vinho se apresentou muito fino com uma bela e convidativa paleta aromática, fresco, taninos aveludados, elegante, madeira muito bem integrada, um vinho muito bom num estilo, digamos, mais europeu de ser com taninos aveludados, cremoso na boca e incrivelmente sedutor! Preço R$147,00

Chegou o Penetra! Na França, de onde origina, a malbec era também conhecida como Auxerrois e Cot. O penetra chegou trazendo COT no rótulo, porém não era francês não, era chileno!

  • Perez Cruz Cot Limited Edition 2011 (Chile – Alto Maipo) – um belo vinho. Carecia da mesma estrutura e complexidade da maioria de seus oponentes, eram de outra categoria (este é meio-médio), mas cumpriu com brilhantismo seu papel fazendo seus oponentes suarem! rs Sedoso, fruta madura, especiarias, boa textura num corpo médio, final de boca fresco com um leve toque de mentol. O vinho mais barato do encontro, R$98,00 mas que fez bonito e leva um tempero de Petit Verdot e Carmenére .

AND THE WINNER IS

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           È gente, quando a degustação é às cegas e não se sabe o que está em sua taça nem o preço, as coisas mudam e este vinho realmente surpreendeu a maioria sendo o mais barato dos desafiantes originais, sem contar o penetra. A foto abaixo mostra a ordem (direita para esquerda) da classificação dos vinhos nessa noite e para esse grupo de pessoas. Todos vinhos de muita qualidade e uma noite realmente surpreendente para 12 privilegiados participantes de mais este Desafio de Vinhos às Cegas, uma já tradicional marca deste blog que desde 2008 iniciou esses embates e que agora voltei a realizar só que desta vez na Vino & Sapore.

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O meu resultado foi algo diferente com o Lagarde em primeiro sendo seguido por Casarena, J.Alberto e Colomé muito próximos, todos entre 92 a 94 pontos! Para quem gosta de Malbecs, uma bela seleção de vinhos. Aproveitem, hoje abram uma boa garrafa dessa uva ícone de nossos hermanos argentinos, mas não fechem suas mentes e taças a vinhos de outras origens, pois há muita coisa boa por aí a se provar.
A favor da diversidade e contra a mesmice, salute, kanimambo e Feliz Páscoa.