O Apressado Come Cru

Monbrison 2001 001Ou neste caso bebe, mas é um ditado que se encaixa muito bem em nossa vinosfera cada vez mais ávida por novidades e cada vez cometendo mais infanticídios. Os produtores, movidos por necessidades financeiras, descarregam no mercado seus produtos, muitos deles ainda “crus” e nós, em vez de os guardarmos pelo tempo necessário para amadurecimento, os “atacamos” repletos de ansiedade.  Bons? Muitas vezes sim e outras não.  Pessoalmente prefiro pecar pela demora , eventualmente tomando um vinho já em decadência, do que tomá-lo de forma afoita tentando fazer mirabolantes especulações de como ele irá se desenvolver no futuro e perder essa exuberância que só se desenvolve com o tempo. Foi assim com o Chryseia 2001 que tomei no inicio de 2008, o Malhadinha 2003 que tomei no final do ano passado e agora com este Chateau Monbrison 2001, entre outros, que tomei neste último domingo em função da pergunta do amigo Cristiano. Senti-me compelido a abrir a adega de guarda e dela sacar o que poderia ser um vinho de grande categoria e ele não negou fogo!

Existe um sem número de vinhos que podem ser tomados com dois, três ou até cinco anos e já se mostram estupendos, mas a grandes vinhos há que dar-lhes tempo para que possam desenvolver seu potencial e lhe inebriar com todos seu arsenal de complexos sabores e aromas. Este Chateau Monbrison pode até não ser um vinho que seja percebido por críticos e mercado como um Monbrison 2001 012grande vinho, pesquisei na rede, mas sua performance na minha taça, nariz e boca foram grandíssimos! Um Cru Bourgeois da região de Margaux, a mais elegante das AOCs da margem esquerda de Bordeaux, mostrou-se exatamente assim, um vinho de grande finesse. Um corte de 50% de Cabernet Sauvignon, 30% merlot, 15% Cabernet Franc e o restante Petit Verdot. A cor ainda era rubi com suaves nuances atijoladas, mostrando sua idade com halo aquoso condizente. O perfil aromático mostrava muita fruta e toques terrosos, complexo e muito atrativo que nos chamava à taça. Na boca era macio, taninos maduros, sedosos e de grande elegância, perfeito equilibrio ainda apresentando boa acidez, muito rico em sabores, boa textura, corpo médio com um final de boca algo especiado exuberante e longo, tendo eu e o vinho nos fundido num só, dá para ver na taça, em perfeita harmonia.  Pode até não ser grande, mas neste dia se comportou como tal dando-me um enorme prazer ao tomá-lo, deixando marcas que tardarão em sumir. 

Lamentavelmente faltou garrafa, porque minha esposa adorou e meu genro idem (snif)! Enfim, agora terei que esperar uma próxima viagem para trazer Monbrison 2001 002mais algumas garrafas desta belezura já que por aqui não encontrei quem venda, mas recomendo tomar o 2001 ainda esta ano, está perfeito, porém não guardá-lo por mais tempo. Esta garrafa comprei no free shop de Paris há uns três ou quatro anos atrás e, se me recordo bem, custou algo próximo a 20 euros. Vi  na La Maison du Vin na Suíça, para os amigos que estejam por essas bandas, os da safra 2001 e 2004, este último para tomar dentro de uns dois anos, onde estão por cerca de 43 francos suíços.

Por falar em Chateaus e Bordeaux, amanhã o primeiro post sobre o gostoso Desafio de Bordeauxs que Cabem no Bolso (até R$100) que realizei semana passada na charmosa Vinea Store. Estavam previstos 10 “desafiantes”, mas eu botei uma pimentinha nesse angu, um vinho surpresa totalmente às escuras, o que seria?!

Desafio Bordeaux 013

Salute, kanimambo e nos vemos por aqui.