Meus Deuses do Olimpo 2013!

No blog, tento me ater a vinhos que sejam de fácil acessibilidade à maioria, especialmente no quesito preços que acho ser, ainda, o principal entrave no crescimento de consumo de vinhos finos no Brasil. São esses vinhos que provados ao longo dos tempos tento compartilhar com os amigos leitores pois, como a maioria, sou antes de qualquer coisa um consumidor e meu bolso tem limites.

  Há no entanto, momentos especiais em que elixires para lá de especiais vêm habitar minha taça e muitos desses nem comento porque acho que não acrescenta nada ao que muitos já disseram e melhor. São, no entanto, vinhos marcantes que anualmente listo aqui como meus Deuses do Olimpo, vinhos excepcionais que caso alguém tenha a possibilidade de comprar, especialmente se no exterior devido aos altos preços locais, pode mergulhar de cabeça pois são experiências sensoriais únicas que devemos nos dar de presente sempre que possível. 

A foto mostra apenas dez destes, os tomados, já que dois foram apenas provados em eventos, meus Deuses do Olimpo! Para quem viaja, esta é uma lista que vale a pena levar consigo lembrando que são vinhos de excepcional qualidade que precisam de tempo para atingir seu ápice e mostrar todo seu esplendor então, as safras mais antigas são sempre mais interessantes do que as novas a não ser que você queira e tenha onde guardá-los de forma adequada.

FV - Deuses do Olimpo 2013

Rótulo

País/Região

Comentário

Casa Ferreirinha Reserva Especial 2003

Portugal/Douro

Dizem que é melhor do que o venerado Barca Velha, não sei já que nunca fiz esse comparativo, porém esse Reserva Especial 2003, é de uma elegância e riqueza estonteantes que vou querer tomar mais vezes! Maravilha e uma grande noite da confraria Saca Rolha!!

Chateau de Beaucastel Chateauneuf de Pape 2001

França/Rhône

Tinha esquecido de como são bons os Chateauneufs, especialmente este produtor, que segue a tradição elaborando este rótulo com um complexo corte com as treze uvas autorizadas, algo cada vez mais raro. Estava com saudade e este tomado, mais uma vez, na confraria Saca Rolha me fez despertar novamente para esta região. Marcante e inesquecível!

Torres Mas la Plana 1999

Espanha/Penédes

Na confraria Saca Rolha (bebemos bem este ano!), tomamos numa vertical deste ícone espanhol mostrando que a Cabernet Sauvignon também tem vez por aquelas bandas.  No auge de sua forma onde ainda deve permanecer por mais alguns anos, grande equilíbrio e estrutura. Estupendo!

Pio Cesare Barolo 2007

Itália/Piemonte

Sempre um porto seguro quando se fala de Barolos. Já provei bem mais caros, não que este não seja, porém estou por provar um melhor nesta faixa de preços. Grande Barolo, e este foi tomado na companhia das amigas confreiras das Enoladies!

Viña Tondonia Reserva Branco 1993

Espanha/Rioja

Melhor que ele, só o 91, mas esse está difícil de encontrar. Quem nunca tomou um Tondonia branco com 20 ou mais anos não sabe o que está perdendo, uma experiência única e diferenciada mostrando que alguns brancos também podem envelhecer com galhardia. Divino sempre e, para não variar, com a confraria Saca Rolha!

Michele Castellani  Amarone Clássico Ca’del Pipa Cinque Stelle 2008

Itália/Veneto

Dentro os grandes Amarones, um dos mais em conta e parceiro constante de um bom “grana padano” em lascas e gente amiga. Este é um dos vinhos preferidos das Enoladies e mais uma vez satisfação total com este vinho denso, aromático e marcante em boca.

Domaine Bouzereau Chateau de Cîteaux Puligny-Montrachet 1er Cru Champs Gains  2008

França/Borgonha

Daqueles vinhos que você não sabe e funga ou bebe! Até quem tem preconceito com brancos quando toma este vinho se converte. A quintessência do Chardonnay, um vinho sedutor e empolgante que você não quer ver terminar nunca! Teve Enolady que se converteu nesse dia!

Marquis d’Angeville Volnay 1er Cru 2008

França/Borgonha

Um belo Volnay e um vinho excepcional. O Estilo de Borgonha que me encanta; sedutor, complexo, equilibrado, algo mineral, vinho que nos entrega uma enorme dose de prazer e nos faz querer conhecer mais. Com borgonhas no patamar de 1er Cru, o papo é outro! Mais um tomado na Confraria Saca Rolha.

Marias da Malhadinha

Portugal/Alentejo

Estonteante e uma pena que este eu só provei! Expovinis 2013, para mim o Best in Show inaugurando uma classificação nova; a dos vinhos “incuspíveis”! De uma elegância e complexidade incríveis, um vinho puramente hedonístico, um elixir dos deuses, para ser tomado com calma.

Olivier Guyot Gevrey-Chambertin 1er Cru 2005

França/Borgonha

Poesia engarrafada aberta no seu apogeu e aquele que mais transmitiu seu terroir, não fosse ele um vinho biodinâmico. Um veludo na boca, campo, flores, toques animais, acidez perfeita, vinhas velhas datadas de 1901 garantem uma complexidade ímpar. Um vinho magnifico que recebeu elogios unanimes da confraria Saca Rolha!

Quinta do Portal Moscatel Douro 2000

Portugal/Douro

Para encerrar qualquer jantar com classe e estilo. Ele por si, já é a sobremesa, mas se servir com um pedaço de Toucinho do Céu então é o nirvana! Imperdível e prova do que Moscatel em Portugal não é só em Setúbal, um verdadeiro néctar!

Luigi Bosca Ícono 2008

Argentina/Mendoza

Mais um que só provei, mas que deixou marcas no Decanter Wine Show deste ano passado. Vinhas velhas cultivadas em pé-franco, corte praticamente igual de Malbec e Cabernet Sauvignon, um vinho longa guarda que deverá ainda evoluir muito nos próximos seis a sete anos, mas que me deixou boquiaberto desde agora.

 Correndo por fora e merecendo uma menção honrosa > Noemía 2008 – 100% uvas Malbec de vinhedo datado de 1933, certamente um dos grandes vinhos argentinos! Tem gente pagando fortunas por algumas bombas alcoólicas sem qualquer equilíbrio e aqui nos deparamos com concentração, equilíbrio e elegância que marcam sem derrubar! Um vinho de personalidade própria, já pronto mas com muito para dar ainda e certamente veremos grande evolução nele, quem aguentar guardá-lo, durante os próximos 10 anos. Paleta olfativa viva e intensa implora para levar a taça á boca onde ele se mostra  fino e elegante, frutos frescos, boa acidez, meio de boca muito rico e complexo com uma certa mineralidade no final de boca que persiste uma eternidade. Não sei se os amantes da potência saberão apreciar as sutilezas deste vinho em que a madeira, apesar dos 20 meses de barricas novas francesas, está perfeitamente integrada, porém a mim me encheu de prazer!

Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos.