Toscana na Vino, Um Festival de Sabores

           Ultimamente tenho realizado uma série de encontros temáticos em que coloco em prova as sensibilidades sensoriais de cada um na busca da melhor harmonização entre vinhos e pratos. Neste caso, para um restrito grupo de no máximo 13 pessoas, nosso propósito era testarmos a capacidade de harmonização de grandes vinhos da Toscana até R$200,00 e um prato mais típico de outras regiões como o ragu de ossobuco que, no final, acabou mesmo é sendo um ragu de rabada por uma falta de comunicação entre mim e o chef, meu amigo Ney Laux. Isso no entanto, não tirou o brilho ao encontro, pois o prato estava, como de costume, soberbo.

         Para a provas de harmonização, ás cegas obviamente, cinco vinhos de grande qualidade que foram primeiramente degustados solitos. Nesta primeira parte da prova, os preferidos de cada um variaram mostrando a boa qualidade dos rótulos nas taças, mas um se destacou o de número cinco. Como, no entanto, com o prato tudo pode mudar, lá fomos nós para um repeteco de caldos para encarar o ragu de rabada sob uma cama de polenta que por si só já nos faziam aguar. Pessoalmente achei que o número três cresceu muitíssimo com o prato, porém  o ganhador por maioria foi novamente o número cinco.

        Enquanto somávamos os pontos dados pelos amigos presentes, começamos a preparar a sobremesa, uma deliciosa Torrada Elisé (que de torrada não tem nada) obra de um outro chef de primeira, Roberto Strongoli, que prepara este doce com uma massa coberta por lascas de amêndoas e um creme suave e muito saboroso com as ditas cujas. Para acompanhá-la, um excelente Vin Santo da Cantina Leonardo (W&W Wine)  que harmonizou á perfeição, digno de uma Gran Finale!

Ah, você quer saber quem era quem, pois bem os caldos concorrentes escolhidos a dedo por sua qualidade cobriam quase que toda a região da Toscana e diversos importadores: na mesa e na taça em ordem de serviço;

  • Da Vinci Chianti Riserva (W&W Wines) – um degrau abaixo dos demais (inclusive de preço) masdelicioso na taça tenso se ressentido um pouco na hora de acompanhar o prato. Por volta dos R$110,00 vale cada centavo.
  • Badia a Passignano Chianti Clássico Riserva (Winebrands) – literalmente um clássico de extrema elegância com uma paleta olfativa intensa e sedutora que encanta à primeira fungada. Já o comentei no blog antes e mais uma vez mostrou ao que veio! Vinho na casa dos R$180,00 e deixa saudades.
  • Villa di Capezzana  (Mistral) – o menos conhecido de todos os desafiantes e um vinho que há muito conheço e curto daí ter feito questão de o incluir neste saboroso exercício sensorial. Um vinho de uma das primeiras DOCs da Toscana, Carmignano, que demanda uma participação miníma de Cabernet Sauvignon no blend. Vinho fino, complexo e sedoso no palato. Custa ao redor de R$165,00, mas depende das variações cambiais.
  •  A Sirio (Zahil) – falar deste vinho é chover no molhado! Da safra de 2004, a mais antiga deste encontro, se mostrou o mais novo no quesito estrutura junto com o Rosso. Um vinho de guarda de altíssima qualidade que ainda vai fazer muita gente feliz nos próximos três a quatro anos, provavelmente mais. Custa por volta dos R$170,00.
  • Le Difese (Ravin) – faz jus à fama da vinícola que tem no Sassicaia, região de Bolgheri, seu vinho ícone. Um vinho absolutamente sedutor, bom agora e com um futuro promissor, que demonstra bem a capacidade desta vinícola em produzir grandes vinhos. Preço ao redor de R$180,00.
  • Caprili Rosso di Montalcino (Decanter) – vinho que mostra bem toda a estrutura e força, marca de um estilo de vinhos de Montalcino que tanto encantam os brasileiros. Um vinho vibrante e marcante que custa por volta dos R$135,00.

        Todos caldos abençoados por Baco, cada um com seu estilo e sua personalidade, vinhos que recomendo. O grande vencedor deste verdadeiro desafio sensorial e hedonístico foi o Le Difese, terceiro vinho da Tenuta san  Guido (leia-se Sassicaia) que mesmo sendo ainda bastante jovem (09) mostrou-se muito bem tanto só quanto acompanhando o prato, um vinho que encanta e seduz tanto os que apreciam vinhos mais estruturados quanto os que seguem uma linha de mais elegância. Um vinho sofisticado, rico, equilibrado tanto no olfato quanto no palato, caldo que seduz facilmente quem tem o prazer de o conhecer, sem duvida o melhor vinho da noite conforme os amigos presentes e, conforme pesquisado, talvez o melhor le Difese já produzido. O resultado final ficou sendo; Le Difese, Badia a Passiganano, A Sirio, Caprili Rosso di Montalcino, Villa di Capezzana e Da Vinci Chianti Riserva num desafio em que imperou a qualidade.

      Já que o evento era da Toscana, levei de casa meu azeite especial da Tenuta San Guido como “antepasto” acompanhado de mini ciabatas, absolutamente divina essa combinação e o azeite, verdadeiramente extraordinário! Mais um encontro bem sucedido e uma harmonização perfeita já que o momento foi extremamente agradável e é essa verdadeira razão do vinho, gerar prazer e convívio social harmonioso, o equilíbrio entre vinho + prato + momento + pessoas!

Salute e kanimambo