Lagarde Blanc de Noir

Dia 2 em Mendoza – Finalizando o Dia em Grande Estilo

A Bodega Lagarde como é hoje, sob a batuta da família Pescarmona, existe desde 1969 porém sua origem data de 1897. A Bodega é capitaneada pelas irmãs Sofia e Lucila, terceira geração da família e produz alguns vinhos que me encantam e já comentei aqui mesmo no blog, como o Primeras Vinas Malbec e o Malbec Rosado que eles chamam de Blanc de Noir e que até agora não entendi do porquê! Rs A Bodega fica encostada no vinhedo mais antigo datado de 1906 mantém ainda sua estrutura externa como antes, bem antiga. É dentro que a modernidade e tecnologia tomam conta, misturando tradição e inovação num projeto produtivo com capacidade para 2 milhões de litros que se mantém, por razões de qualidade, restrita a 1.2 milhões. São quatro os vinhedos espalhados por diversas sub regiões de Lujan de Cuyo e Tupungato o que lhe dá uma diversidade de terroirs muito interessante para trabalhar. (clique nas imagens para ampliá-las)

Clipboard Lagarde

Para completar esta visita sensorial, uma experiência gastronômica nas mãos do Chef Lucas Bustos e sua equipe. Com atenção personalizada e um menu de quatro passos casados com uma seleção especial de vinhos, é uma excelente opção para aproveitar antes ou depois de uma visita à Bodega e seus vinhedos. O conceito do restaurante, localizado no casarão do século XIX, baseia-se na cozinha de fogos, na qual se combinam técnicas e ingredientes autóctones casados com os melhores vinhos de Lagarde. Todos os pratos são elaborados à vista dos visitantes, no pátio colonial da Bodega, com o objetivo de que a experiência Lagarde abrace aos cinco sentidos.

Lagarde entre fuegos Clipboard

A meu pedido, alguns rótulos adicionais seriam incluídos numa degustação á parte, porém com nosso atraso ficou tudo para o almoço o que bagunçou um pouco as harmonizações e o serviço. Mea culpa, porém creio que a excelência dos vinhos compensou e em vez dos quatro rótulos que estavam programados houve um up grade e três adições que nos levaram a “ter” que degustar sete rótulos! Rs

Lagarde vinhos bebidos
Lagarde Viognier – Uma uva pouco conhecida da maioria e que surpreendeu uma boa parte do grupo. Leve floral nos aromas com nuances citricos que se confirmam em boca. Ótima textura, corpo médio, ótima acidez, alguma coisa deLagarde almoço Paso 1 nectarina e um final com um toque mineral e de muito boa acidez. Acompanhou um creme de cenouras com cítricos e azeite. Numa harmonização bastante interessante.
Lagarde Blanc de Noir – veio como vinho adicional e não tinha o objetivo de harmonizar com nada a não ser alegria e prazer. Esse é um vinho que atrai muito e que cresce com comida. Já o comentei aqui  e nesse post o harmonizei com uma salsa cubana (a música), porém com comida tenho-o recomendado com camarão empanado, à grega, ou camarão na moranga, dá um samba legal e gosto muito!

Lagarde almoço Paso 2Lagarde Cabernet Franc 2011 – uma uva que começa a alçar voos solo, conforme já mencionei aqui no blog, ganhando cada vez mais espaço e importância na vinosfera mendocina com quase todas as principais bodegas produzindo o seu varietal afora os usarem nos excelentes blends. Este mostrou algumas notas terrosas e algo de violeta porém a fruta madura se sobrepõe ao final. Alguma especiaria, médio corpo e boa acidez, mas me pareceu ainda algo jovem necessitando de um pouco mais de tempo para integrar o conjunto, porém se moldou bem ao muito interessante Queijo de Cabra caramelizado (textura muito interessante) com Grão de Bico.

 

Lagarde Cabernet Sauvinon Primeras Viñas 2011 – elaborado com uvas Lagarde almoço Paso 3dos vinhedos mais antigos da bodega, 1906 e 1930, é um vinho potente e encorpado recém lançado no mercado argentino em sua primeira edição com uma produção limitada a 4.000 garrafas e que chega ao Brasil agora em Setembro! Como o Cabernet Franc, o achei muito novo, mas é um vinho que promete muito e com longa vida pela frente. Bastante fruta (cerejas maduras?), ervas e especiarias, na boca é encorpado porém de taninos finos, denso, muito boa textura, um belo vinho mas que na harmonização penou e passou por cima do porco braseado. É um garboso jovem que necessita de tempo!

Lagarde Malbec Primeras Viñas 2011 (extra) – menos potência e estrutura do que o Cabernet e absolutamente divino, porém tenho que reconhecer que sou suspeito para falar pois tenho uma queda por este vinho que confirmou tudo o que já falei aqui tendo sido melhor parceiro, a meu ver, com o prato servido.

Lagarde almoço Paso 4Henry Gran Guarda 1 2009 – um vinhaço na taça! Já o comentei aqui na degustação de Assemblages Argentinos então não vou cansá-los com mais detalhes que podem ser lidos clicando no link. Deste ano foram produzidas somente 12.900 garrafas e o interessante é que a cada ano o corte é diferente, pois o objetivo principal é obter o melhor vinho que eles consigam fazer nessa safra independente do corte! Este está muito frutado, rico, com ótima acidez e, apesar de ter estrutura para muitos anos, já está super gostoso de se tomar. Fiquei com uma vontade danada de contratar uma vertical deste vinho numa próxima visita! O medalhão de filé assado acabou sendo coadjuvante, porém se portou bem com o prato criando uma saborosa maridage.

Lagarde Extra Brut – um bom espumante elaborado pelo método champenoise, blend mezzo a mezzo de ChardonnayLagarde almoço Paso 5 sobremesa com Pinot com um mínimo de 18 meses sur lie antes do degorgement. Gostei bastante, curto espumantes como sabem, porém a sobremesa é tradicionalmente harmonizada com o Moscatel deles, então ficou meio estranho, mas ao mesmo tempo interessante porque a maçã quebrava um pouco a diçura da obremesa que estava divina. Os Argentinos vendem quase toda a sua produção de espumantes localmente e não têm preço para competir com os nossos, porém tenho provado alguns exemplares que dariam um belo Desafio de Espumantes ás cegas contra alguns dos nossos premiados exemplares, a começar por este!

 

DSC04406Os azeites acabei não prestando muita atenção, porém o de Arauco, a azeitona regional deles, me pareceu bem melhor que o blend. Não chegaram a me encantar, mas na próxima viagem quero ter um tempinho só para eles. Com isso, mais uma parte do roteiro estava completa e era hora de deixar a Lagarde para trás, o que é sempre difícil depois de tanta gentileza dos anfitriões.

Hoje foi um dia especial, mais um, com ótimos vinhos e dois grandes vinhaços (Henry e Meritage) um privilégio “inolvidable” . Não deu para jantar não, depois de um passeio pela Peatonal Samiento (lindo e limpo calçadão onde até degustação ao ar livre tinha) agora só umas tábuas de queijos e frios e mais alguns vinhos para arrematar o dia lá mesmo no bistrozinho do hotel, isso nós não perdoamos não, teve até El Grand Enemigo na taça! Salute e, tudo dando certo,  Sexta tem mais, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui!

Ps.  Fotos dos pratos são contribuição do amigo Paulão, fiscal da natureza! Saúde amigo.

Nossa Vinosfera, a Cada Taça uma Descoberta!

È um pouco assim que sinto, pois por mais litragem que tenha há sempre algo novo a se encontrar numa taça de vinho. Prestar atenção nisso, apreciar o vinho e não somente tomá-lo é DSC03245um tremendo de um barato e o que faz desse hábito algo salutar e muito prazeroso sempre que praticado de forma moderada. As surpresas vêm normalmente de onde menos se espera e nesta Segunda veio numa taça de um rosado argentino, olhem só essa cor!

O visual na garrafa já é um convite a abri-la, ainda mais porque em seu rótulo aparece “Blanc de Noir”, algo mais comum em espumantes, enquanto o vinho é rosado! É na taça, no entanto, que o vinho inicia sua dança de sedução com essa cor linda e cheia de brilho já dando uma dica do que está por vir. Aromas de frutos do bosque frescos te convidam a levar a taça à boca onde ele surpreende a todos aqueles que dele esperam o básico moranguinho e groselha de muito dos vinhos rosados por aí no mercado. Sem qualquer residual de açúcar perceptível ao palato, o vinho, que não passa em madeira é seco e puro frescor, mas tem DSC03241mais! Os aromas vão dançando na taça em contínua metamorfose mostrando algo diferente que nos intriga enquanto acaricia a boca com um frutado intenso e fresco, vibrante que nos faz lembrar verão, férias, mar, mostrando que a “art de vivre” muitas vezes se encontra nas coisas mais simples, como numa taça deste saboroso vinho que no deixa nos lábios um sorriso de satisfação. Aliás, a satisfação que era uma das principais bandeiras defendidas pelo saudoso Saul Galvão que dizia; “ o vinho existe para te dar prazer e se o fez, cumpriu com seu papel”, é vero! !  Tem tudo a ver com nosso verão e nossa ceia de Natal, com o peru á califórnia e até o tender deve ficar da hora, ou para frutos do mar em geral ou, ainda, num voo solo somente com boa companhia, porque isso é essencial. Versátil e apetecível, é um vinho que curti demais e recomendo.

Blend de 50/50 Malbec com Pinot Noir,  é vinificado como branco com uma curta maceração e 48 horas de contato pelicular que lhe dá essa bonita cor salmonada. Um vinho sedutor com um ritmo próprio e marcante que eu harmonizaria com diversão e alegria, mas principalmente com boa companhia e alto astral ao som algo picante da salsa cubana de Rey Caney; Ajo, Cebolla y Tomate, porém como não mais está disponível na net, faço um link aqui para Luna Llena que também harmoniza!! rs  Have fun, salute e kanimambo! 

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