La Celia Cabernet Franc

200 Grandes Vinhos de 2009 da Revista Gula

Numa participação especial nos 200 destaques do ano 2009 da revista Gula em Janeiro de 2010, emplaquei cerca de 60 vinhos entre tintos, brancos, espumantes, importados e brasileiros. Destes, tomo a liberdade de destacar dez tintos que me marcaram. De lá para cá muitos outros andaram por minha taça, porém esses estão ainda bem vivos e persistentes na memória onde os bons vinhos sempre deveriam estar e não me incomodaria nada de reviver essas experiências!

Gula top 200 de 2009 - jan 2010
Pezzi King Zinfandel – California/USA – vinho que abusou de se dar bem em diversas degustações ás cegas na época em que promovia meus Desafios de Vinho. Paleta olfativa muito intensa e convidativa onde se destacavam toques de licor de cereja, fruta em compota e amoras. Na boca segue intenso, de bom volume de boca, taninos maduros e sedosos, harmônico com um final algo adocicado com coco e chocolate perfeitamente balanceado por uma acidez correta. Belo Zinfandel, de manual!

Casa Marin Miramar Syrah – San Antonio/Chile – famoso e venerado produtor de Pinot Noir, foi este Syrah que me levou ao nirvana na contramão da maioria. De uma elegância e finesse impares, um grande vinho de muita classe num estilo “velho mundista” que não vem do calor, mas sim de uma região fria o que, historicamente, não é o berço desta cepa. São 24 meses de carvalho e mais de 10 meses de garrafa antes que esse verdadeiro néctar chegue a nossas taças. Sedutor é uma palavra deveras limitada para descrever este vinho. É cativante e verdadeiramente empolgante, um vinho exuberante, rico , complexo e pleno de sabores em perfeita harmonia. Aquela pimenta, típica dos bons Syrahs, colocada de forma sutil, suculento, palato fresco, frutado, corpo médio, boa textura, comedidos 13.5% de teor alcoólico, boa acidez e taninos macios em perfeito equilíbrio, um final de boca vibrante, algo mineral e longo, muito longo. Um vinho literalmente soberbo e inesquecível.

Alain Brumont Tannat/Merlot – Gascogne/França – Produtor de vinhos de muita qualidades em Madiran, produz este e um também muito bom branco mostrando que não só de vinhos caros vive a França. Vinho vibrante, nariz sedutor, fruta compotada que convida à boca onde mostra um volume muito agradável, boa textura, corpo médio, bem equilibrado, taninos finos com um final muito saboroso e longo mostrando ótimo frescor.
La Celia Cabernet Franc – Mendoza/Argentina – o primeiro Cabernet Franc a gente nunca esquece, até porque naquela época ainda não era moda e pouca gente conhecia. Tomei refrescado a 16º e o teor alcoólico de 14% estava plenamente harmonioso, não se sentindo em momento algum, uma paleta olfativa atraente algo vegetal com nuances florais, na boca mostra boa estrutura, redondo, taninos sedosos, madeira e fruta em equilíbrio, boa estrutura e um final de média persistência com notas de café moka. De lá para cá muitos outros Cabernet Franc de grande qualidade frequentaram minha taça, mas este foi um marco!

Luis Pato Vinha Barrosa – Bairrada/Portugal – Doze meses em barris de carvalho seguido de mais seis em pipas de 650 litros , o vinho se apresenta macio e aveludado na boca mostrando uma personalidade muito própria e uma tremenda elegância pouco esperada num 100% baga tão novo (4 anos na época). Boa paleta olfativa com aromas florais e algo de eucalipto, na boca apresenta fruta de boa concentração, mas sem os exageros novo mundistas, fresco, algo de salumeria, expressivo mostrando grande harmonia com um final de boca longo e saboroso. Não é à toa que o Luis Pato ganhou o apelido de Domador da Baga e Mestre da Bairrada, tudo isso está escancarado neste que, a meu ver, segue sendo um de seus melhores vinhos!

Odfjell Orzada Carignan – Maipo/Chile – para sair da mesmice (Carmenére / Cabernet) da região, um dos meus Chilenos de gama média preferidos, elaborado com uvas extraídas de videiras de Carignan com mais de sessenta anos e uma parcela de Cabernet Sauvignon. É um vinho clássico de muita finesse, taninos finos e sedosos, bom corpo, cheio, rico em aromas de boa fruta vermelha madura com nuances de chocolate e baunilha num final de boca extremamente agradável e saboroso. É um vinho guloso e diferenciado, saindo fora das tradicionais cepas chilenas, que me encantou na época e segue me encantando. Hoje existem outros diversos ótimos rótulos, a maioria mais caros, porém este segue sendo um de meus preferidos, até em função de preço.

Angheben Teroldego – Encruzilhada do Sul/RS/Brasil – Vinho diferenciado produzido com uma cepa pouco conhecida no Brasil. Violáceo na cor, nariz de frutos negros em compota, algum chocolate e baunilha fruto de uma madeira bem aplicada que só ressalta e dá complexidade a um conjunto olfativo sem muita intensidade, porém muito elegante. Na boca é carnudo, ótimo volume de boca, equilibrado, taninos macios, rico com um final de boca muito saboroso invocando especiarias e algum tostado. Vinho gostoso, untuoso, para quem busca sabores e sensações diferenciadas.

Santo Emilio “Leopoldo” – São Joaquim/Santa Catarina/Brasil – Um assemblage de Cabernet Sauvignon com Merlot muito bem feito, saboroso, bom volume de boca, ótima estrutura, taninos aveludados que abrem bem em taça mostrando bastante equilíbrio com uma acidez muito boa e balanceada que chama comida. Um vinho de muitas qualidades que deve surpreender muita gente em degustações ás cegas. Recentemente participei de uma degustação às cegas com mais 20 rótulos de diversos países e faturou! Que bom que se manteve, quiçá até melhor.

Estes dois últimos são para os abastados! rs

Castello del Terricio – Toscana/Itália – Inusitado para a região, um complexo corte de Syrah/Mouvédre e Petit Verdot, um vinho muito longo que, mais que persistir no palato, persiste na memória. Estonteante, um vinho literalmente construído em camadas, de enorme complexidade, grande estrutura, grande riqueza de sabores que inebriam o palato com ondas de prazer. Um deleite hedonístico com uma personalidade muito própria e de longa guarda. Pena que falta din-din, mas aceito presentes de viagem!

Viña Sastre Pago Santa Cruz – Ribera del Duero/Espanha – um grande produtor da região! Encorpado, harmônico extremamente saboroso, complexo, taninos aveludados, licoroso, terroso com um final em que aparecem especiarias, algo de baunilha e frutos negros com enorme persistência. Vinho de grande classe elaborado com uvas de vinhedos velhos com mais de sessenta anos que aportam grande complexidade e caráter ao vinho. Mais um vinho que abrir antes de meia dúzia de anos, no mínimo, é cometer infanticídio!

Recordar é viver e certamente não reclamaria nem um pouco poder ter a oportunidade de os ter na taça novamente. Uns mais em conta, outros mais caros, mas sempre na busca da diversidade, de sair da mesmice, de buscar novos sabores e extrapolar os limites de sua zona de conforto! Não os conhece? Bem, então serão mais alguns rótulos para você conferir e se quiser mais, bem aí não tem como não vir a Salta/Argentina comigo no feriado da Independência! Uma viagem para quem gosta de se aventurar por novas fronteiras na busca por novas experiências, vem comigo vem! Estas oportunidades são raras, tem que aproveitar.

Painel de Vinhos até R$50,00 – Parte I (de R$30 a 50,00)

 Dando sequência a minha viagem de descobrimentos, entramos numa faixa de preços em que os vinhos intragáveis ou ruins pouco caravela1aparecem, apesar de ainda existirem. Nesta faixa a maioria dos vinhos costuma ser mais apetecível, mas isto depende muito do gosto e palato de cada um. Eu, até em função do blog, estou sempre aberto a provar e buscar coisas novas e, por outro lado, tenho uma tendência para vinhos de corte e de maior elegância fugindo um pouco das “excessividades” , seja lá de que origem forem. Busco sempre o maior equilíbrio, então esta seleção segue um pouco esse estilo, fugindo das bombas alcoólicas e de excesso de extração, sempre levando em consideração o preço que acho fator preponderante, ou seja; quais as opções de compra que eu tenho por um determinado valor? Vale o que estão cobrando?

            Nesta segunda parte deste grande painel de vinhos, dou ênfase nos vinhos entre R$30 a 50,00 classificando-os, como já dito anteriormente, entre; Básicos, vinhos corretos que, se não chegam a encantar, desencanto também não causam e como este assunto é de enorme subjetividade, são vinhos que podem agradar a uns mais do que outros;  Recomendados, rótulos que merecem ser provados e são uma boa compra dentro de seu contexto e os Altamente Recomendados, aqueles caldos que valem muito a pena sendo, dentro de sua faixa de preços, vinhos de altíssima qualidade que nos enchem de prazer e satisfação. Por incrível que pareça, foi nesta última classificação que encontrei um maior número de rótulos. Não sei se fui bonzinho, mas ao meu palato, vinhos muito bons que são um adendo à lista de Melhores de 2008 nesta faixa.

Básicos:  não foram muitos os vinhos provados que caíram nesta classificação. Dos 47 classificados, somente seis rótulos por aqui. O constante Marson Reserva Cabernet Sauvignon 05, o Casa Antica Reserva Marselan 06, o Terragnolo Cabernet Sauvignon 05 todos brasileiros, os franceses Oucitan Fitou 06 e Oucitan Minervois 07  e o Sutil Chardonnay Reserva do Chile (estes últimos todos da Winery).

Recomendados: Da Argentina Vina Amália Malbec 06 (All Wine) e Ikella Malbec 06 (Wine Company) dois vinhos que mostram boa tipicidade da uva ícone do país assim como o Maya Torrontés 07 (Winery) 2007 um vinho bastante agradável, fresco e balanceado; do Brasil gostei bastante do Terragnolo Reserva Merlot 05 (Eivin), do Angheben Touriga Nacional , dos vinhos da Cordilheira de Sant’Ana Reserva dos Pampas (Eivin) branco (09) e tinto (04) cortes muito bem elaborados e fáceis de se gostar e o surpreendente Marson Encruzilhada Cabernet Sauvignon 05, um vinho muito saboroso e frutado; Do Chile três rótulos me chamaram a atenção a começar pelo Sutil Reserva Cabernet Sauvignon (Winery), Ventisquero Syrah 06 (Cantu) e o In Situ Carmenére Reserva 05 (Vinea) um trio bastante amistoso e interessante; do velho Mundo três rótulos que são bastante atrativos, correto e agradáveis a começar pelo português Cadão 04 sempre muito redondo e apetecível, o italiano Alido Sangiovese 07 e o francês Domaine La Bastide Douce Follie (ambos da Decanter). Vinhos que valem bem o que se paga por eles e que podem surpreender a muitos dos amigos. Um espumante de que gostei bastante e também me surpreendeu, já que vem da Argentina que não tem grande retrospecto nestes vinhos, é o Toso Brut da Pascual Toso (Interfood) que está bem balanceado, apresenta boa perlage de média persistência, fresco, saboroso com toques cítricos e um preço que fica ali bem na fronteira entre as duas faixas de preço contempladas por este painel, uma boa opção como, aliás, são todos os vinhos desta casa.

Recomendado até R$50 004

Altamente Recomendado: Bem, aqui me esbaldei e me surpreendi muito positivamente, pois provei vinhos de muita qualidade, alguns deles muito especiais e marcantes. No geral, um nível muito bom e acho que os amigos que se aventurarem por aqui certamente sairão satisfeitos, ou assim espero.

Marquês de Borba 2007 (Casa Flora-Portugal), dizem ser um dos melhores de sempre. Eu não sei, pois conheço só umas três ou quatro safras, mas destas eu garanto que este é o melhor de todos eles. Primeiramente uma constância muito boa de qualidade, é daqueles rótulos que são um porto seguro. Este estava muito saboroso, rico, frutado, equilibrado, redondo com taninos sedosos e um final muito agradável. Imperdível e tomar um vinho desta qualidade por um preço próximo aos R$40,00, só mesmo sendo português.

Sutil Reserva Malbec 2007 (Winery-Chile) mais um rótulo de malbec chileno que me encanta. Tenho dito que ando preferindo os Cabernets argentinos aos chilenos e os Malbecs chilenos aos argentinos e os fatos vêm cada vez me dando mais razão. Estes malbecs chilenos vêm com menos extração, menos álcool, sem perder a o frutado típico da cepa, mostrando sutilezas muito peculiares ao terroir que têm me agradado bastante. Este está especialmente saboroso e fino.

Ostatu branco jovem 2008 (Cultvinho-Espanha) o qual provei e comentei recentemente, é um corte de Viura e Malvasia de vinhedos de mais de 60 anos, possui  delicados e sutis aromas cítricos, frutos brancos como pêra e melão, com nuances minerais que encantam à “primeira fungada”. Na boca, complementa aquilo que prometia no nariz mostrando-se muito fresco, cremoso, saboroso e fácil de encantar.

Alain Brumont La Gascogne Tannat/Merlot 2005 (Decanter-França) certamente um dos melhores vinhos de todo este painel e imperdível. Vinho vibrante, nariz sedutor, fruta compotada que convida à boca onde mostra um volume muito agradável, boa textura, corpo médio, bem equilibrado, taninos finos com um final muito saboroso e longo mostrando ótimo frescor. É tomar e pensar naquele bife ancho do Varanda! Estupendo vinho por um ótimo preço.

Lindemann’s Cawarra Chardonnay/Semillon 2007 (Expand-Austrália) mais um achado deste gostoso painel e mais um branco. Cada vez mais os brancos com suas nuances aromáticas delicadas e grande frescor vêm tomando conta de meus sentidos. Este é mais um desses vinhos encantadores, diferenciado, rico, mostrando uma certa complexidade ao palato, harmônico, corpo médio, certamente uma ótima companhia para um Fondue de Queijo.

Ikella Cabernet Sauvignon 2006 (Wine Company-Argentina) que leva uma parte de Malbec (15%) o que o torna quase que um bi-varietal. Como já comentei no Sutil Malbec, ando gostando muito dos Cabernet Sauvignon argentinos e este só veio confirmar isso estando, a meu ver, um degrau acima do Malbec da mesma linha. Possui aromas sutis e gostosos, médio corpo de taninos macios, redondo, entrada de boca bem frutado evoluindo para alguma especiaria e um final muito interessante com nuances de café e média persistência.

Altamente Recomendado até R$50 008

Vina Amália Sauvignon Blanc 2008 (All Wine-Argentina) com um tempero de Sauvignon Gris que faz toda a diferença dando-lhe mais complexidade e corpo sem perder o frescor e tipicidade. Um vinho em que os sabores citrinos são bem marcantes, ótima acidez e boa persistência.

Trivento Amado Sur 2005 (Expand-Argentina) um corte muito interessante de Malbec, Bonarda e Syrah de médio corpo, ótima estrutura, bom volume de boca, complexo e diferente com uma personalidade muito própria decorrente deste corte diferenciado. Um vinho que revisitei e que confirmou minhas primeiras impressões e uma ótima companhia para um churrasco ou um bife de chourizo.

La Celia Cabernet Reserva Franc 2004 (Interfood-Argentina) mais um que me seduziu por completo e estará certamente na minha seleção de adega ao final deste painel. Tomei refrescado a 16º e o teor alcoólico de 14% estava plenamente harmonioso, não se sentindo em momento algum, uma paleta olfativa atraente algo vegetal com nuances florais, na boca mostra boa estrutura, redondo, taninos sedosos, madeira e fruta em equilíbrio, boa estrutura e um final de média persistência que me fez lembrar café moka. Um vinho de qualidade que acompanhará muito bem uma boa carne e para gente que, como eu, gosta de variar.

Quinta do Ameal Loureiro 2007 (Vinho Seleto-Portugal) um dos meus brancos preferido que visita minha mesa com uma certa assiduidade. Revisitei com a nova safra disponível no mercado, a 2007, que se apresenta com bem mais frescor que a anterior. Este quanto mais novo melhor! Um dos bons exemplos do que os vinhos elaborados com a casta autóctone Loureiro podem gerar.  Muito fresco, aromático, saboroso, suave e repleto de sutilezas num estilo que nos faz lembrar os bons vinhos alemães da região do Mosel e que acaba muito, mas muito rapidamente!

Quinta do Casal Branco 2006 (Portal dos Vinhos/D’Olivino-Portugal). É um vinho tinto do Ribatejo que me agradou muito estando, creio eu, em seu apogeu onde deve se manter por mais um ou dois anos. De qualquer forma, não esperaria e tomaria já porque está muito gostoso. Bem feito, aromas frutados, médio corpo, taninos finos e macios, redondo, rico e absolutamente pronto com um final muito agradável.

Quinta do Encontro Merlot/Baga 2006 (Winebrands-Portugal) uma pechincha pelo que oferece em troca. A Merlot aparece em conjunto com a Baga, cepa habitualmente vigorosa, amaciando-a e tornando o vinho mais amistoso. Boa fruta silvestre no nariz, corpo médio, na boca mostra fruta madura, bom equilíbrio, sente-se um certo frescor fruto de acidez bem dosada, saboroso final de boca de média persistência com taninos sedosos mas ainda bem presentes. Vinho que deve se beneficiar muito com mais um ano de garrafa ou alguma decantação. Tudo isso por um preço abaixo dos RS35,00?! Difícil de se encontrar no mercado hoje em dia e certamente acompanhará muito bem um porco no rolete ou leitão pururuca.

         Como disse, a lista dos altamente recomendados nesta faixa de preços é bastante longa, exatos 24, então deixo os últimos 12 rótulos para amanhã. Caso queira localizar uma loja próximo a você onde possa comprar um ou mais dos rótulos abaixo, contate o importador ou produtor acessando Onde Comprar.

Salute e kanimambo.