Os Shiraz Australianos e Seus Terroirs

A Shiraz virou símbolo dos vinhos da Austrália assim como a Malbec da Argentina, Zinfandel nos EUA, Tannat no Uruguai e, menos bem sucedidas, a Carmenére no Chile e Pinotage na África do Sul. Em qualquer desses países existe uma diversidade bem além dessas uvas, na austrália não é diferente, porém nesta degustação minha intenção é explorar a diversidade de terroirs, no lugar de uvas ,provando alguns belos exemplares do Oeste Australiano, Sul da Austrália e Nova Gales do Sul. Será que as características dos vinhos das diversas regiões são diferentes e se mostram claramente na taça? E de vinhos da mesma região? Serão tão somente 12 lugares disponíveis e antes de publicar este post já tenho quatro reservas então só restaram 8 lugares!

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Dia 16 de Junho (Terça-feira) a partir das 20 horas na Vino & Sapore, promoverei a degustação temática de Shiraz da Austrália com os vinhos abaixo. Importante notar as safras, pois afora avaliar os vinhos poderemos avaliar como estes evoluem em garrafa com fechamento com screw cap x rolha, pois escolhi vinhos na maioria com mais de dez anos com ambos fechamentos ou seja, hora de quebrarmos paradigmas!

West AustraliaMargaret River > The Ripper Shiraz 2004 (R$149) e Sandalford Premium 2004 (R$210)Clipboard
South AustraliaClare Valley > Jim Barry Lodge Hill 2011 (R$199,00)
Barossa Valley > St. Hallett Faith 2004 (R$169,00)
McLaren Vale > Tatachilla 2004 (R$185,00)
Nova Gales do SulRiverina > Calabria 3 Bridges Shiraz 2005 (R$169,00)

Como o papo é sobre a Austrália, os amigos que vierem serão recebidos pelo gostoso Eternity Cuvée Brut elaborado com semillon, preparando o palato para o que está por vir. Custo, já incluso água, queijo, chorizo espanhol, pão e café, R$125 por pessoa (pagos no ato da reserva) lembrando que o estacionamento é na faixa! Estes e outros vinhos (24 rótulos) de Down Under, como os ingleses chamam a Austrália, estão disponíveis na Vino & Sapore em função na nova parceria que fiz com a KMM, a primeira e a principal importadora de vinhos australianos no Brasil

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Não deixe para depois, garanta já seu lugar, as vagas costumam se esgotar rapidamente. Abraço, uma ótima semana e kanimambo e espero vos encontrar nos sabores de Down Under?

Onze Vinhos Australianos em Dois Tempos

Em parceria com a KMM, principal e histórica importadora de vinhos australianos no Brasil promovemos encontros de duas confrarias para mostrar um pouco da diversidade dos vinhos de “down under”! Sim, por lá também existe diversidade e, mesmo com a Shiraz sendo a protagonista dos melhores vinhos, há opções outras a serem exploradas. Vinhos para todos os gostos e bolsos pois já podemos nos “divertir” a partir dos 50 Reais. Quebramos alguns paradigmas e descobrimos alguns ótimos vinhos, vejam só:

Quinta Divina – alguns dias antes da viagem a Mendoza, uma noite para lá de saborosa com a Marli (KMM) iniciando os trabalhos com uma curta apresentação sobre o vinho nessa ilha continente em que o consumo chega a cerca de 30 litros per capita ano. Seis vinhos que comentarei muito resumidamente

Austrália - Deg Quinta Divina

Oxford Landing Chardonnay 2011 – amadeirado sem exageros, cremoso, balanceado com nuances cítricas porém os frutos brancos dão suas caras por aqui de forma mais acentuada. A galera gostou bastante e se surpreendeu, mas os australianos também são bons de brancos e consomem bem!

Brokenwood Pinot Noir 2008 – bom pinot, aromaticamente complexo, frutado com notas tostadas e terrosas, equilibrado, um meio termo entre novo e velho mundo, taninos sedosos com boa tipicidade e algumas especiarias num final de boca longo.

Sandalford Premium Shiraz 2004 – mais de dez anos nas costas e vendendo saúde, este vinho é tudo o que se espera de um bom Shiraz australiano com especiarias, notas terrosa, boa fruta madura, equilibrado, textura gostosa, taninos ainda vivos e elegantes, médio corpo, longo final de boca, uma delicia.

Jim Barry Cover Drive 2010 Cabernet Sauvignon – Apaixonante e sedutor são dois adjetivos que cabem bem neste vinho fino e elegante que surpreende quem espera grandes estruturas tânicas. Todo ele muito sutil e aromaticamente muito rico, é daqueles vinhos em que uma garrafa em dois acaba rapidinho!

Calabria Saint Macaire 2012 – uva quase extinta, só dois hectares plantados na Calabria Wines e uma certeza, marcante e de muita personalidade! Diferentes aromas florais que aguçam nossa curiosidade , rico e intrigante, impossível ficar impassível a seus atributos.

Element Late Harvest 2009 – um Late Harvest diferente do que estamos acostumados. Primeiramente é um corte de seis uvas, mesmo que a Chenin Blanc e Verdello estejam mais presentes, depois é suave, leve, fresco com apenas 8% de teor alcoólico vai bem com queijos azuis e sobremesas frescas podendo até encarar uma beira de piscina ou pratos asiáticos mais condimentados. Vinho bastante polivalente.

Brinde à Vida – da confraria anterior trouxemos dois vinhos, mas nos restantes quatro exploramos novos rótulos e sabores.

Austrália - Deg Brinde à Vida

Angas Brut Cuvée – um bom espumante elaborado com Pinot com Cghardonnay, boa perlage, seco, complexo, brioche bem presente, amendoado com camadas cítricas e boa acidez surpreendem .

Poker Face Semillon/Sauvignon Blanc 2013 – um branco que me agrada muito e foi surpresa para a maioria. Blend típico de Bordeaux, a Semillon se dá muito bem na Austrália, é muito balanceado e refrescante, cítrico, notas de grape fruit, frutos tropicais tipo carambola me vieram à mente, vinho para pedir bis!

Three Steps Shiraz 2009 – um vinho de gama de entrada com cinco anos de garrafa e ainda respirando com vigor é algo surpreendente. Confesso que estava temeroso, mas mostrou estar muito bem integrado, saboroso, redondo, vale bem o que se paga.

Tatachilla Cabernet/Syrah 2010 – talvez o menos empolgante de todos neste dia. Bom, sem arestas, mas também sem nada que empolgasse. Fruta madura abundante, alguma especiaria, taninos bem integrados, fácil de agradar.

Jim Barry Cover Drive Cabernet Sauvignon – não vou me repetir, mas babo só de pensar! rs

Tatachilla MaClaren Vale Syrah 2004 – Mais um grande Syrah mostrando grande vigor e complexidade com já dez anos nas costas. Ótimo e balanceado volume de boca, rico com especiarias bem presentes, fruta madura (ameixa) , notas de café, vinho marcante com personalidade própria, talvez o vinho que mais encantou a galera e desafiou o Jim Barry Cabernet para levar o caneco de melhor da noite.

Element Late Harvest – Não vou me repetir, mas é uma boa opção para quem queira substituir o Moscatel!

Dois foram os paradigmas quebrados nesses dois dias. Primeiro o de que vinhos australianos são caros, provamos vinhos bem acessíveis. Segundo de que vinhos em garrafas com screw cap (tampas de rosca) somente para vinhos jovens e de qualidade inferior, tomamos belos vinhos com mais de dez anos ainda muito vibrantes e cheios de vida.

Bem, mais um monte de novos sabores mostrando que na Austrália, como na maior parte dos países produtores, procurando a gente sempre encontra diversidade. Recém cheguei de viagem a Mendoza, em breve começo a falar dessa experiência e de mais uma Degustação da Mala, e mais uma vez conferi isso! Por hoje é só, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou nas estradas de nossa vinosfera, cheers!

Wines of Argentina em Seis Destaques

          Para variar com tempo curto para tanta coisa disponível, mas eis as minhas impressões sobre os destaques, a meu ver, dentro aquilo provado.

Wines of Argentina 002Familia Shroeder – importante produtor da Patagônia trazido pela KMM que possui um ótimo Sauvignon Blanc e que apresentou como novidade nesta pequena feira, um espumante diferenciado. No nariz teve gente achando que fosse Chenin Blanc, outros Viognier. Na boca, muito saborosa, balanceada e fresca apostávamos que era Moscatel, o que não é comum na Argentina. Na verdade, um incrivelmente aromático espumante elaborado com TORRONTÉS, pelo método tradicional com perlage fina, abundante e persistente que encanta na boca. Uma opção muito interessante e um espumante a ser conhecido.

Wines of Argentina 003Septima – dois lançamentos desta bodega que pertence à Codorniu e já foi aqui comentada, tendo uma linha de bons vinhos importada pelos amigos da Interfood. Das novidades, um Pinot Noir interessante, mas o que mais me chamou a atenção foi o Septimo Dia Chardonnay 2008 que se apresentou diferente do 2007 que já tinha provado. Os aromas estão mais delicados, sem grande intensidade, na boca mostra-se muito elegante mais fresco e com menos presença de madeira do que o da safra de 2007, um caldo cativante e bem equilibrado em que a madeira serve de apoio á fruta ressaltando os sabores e não os abafando. Muito bom.

Wines of Argentina 011Zuccardi – com sua nova importadora no Brasil, a Ravin, apresentou sua boa linha “Serie A” e, apesar da foto horrível, provei este Chardonnay/Viognier muito gostoso e sedutor com toques de frutos brancos e pêssego em contraponto ao abacaxi e alguma leve baunilha advinda do Chardonnay formando um conjunto de boa complexidade, corpo médio, mostrando um ótimo frescor e um mineral cativante. Um dos bons vinhos brancos disponíveis no mercado que pode tanto acompanhar entradas com frutos do mar, saladas com queijo de cabra, peixe ou até carnes brancas. Eu arriscaria com um Peru à Califórnia ou, quem sabe, uma costelinha de porco na brasa!

Wines of Argentina 001Famiglia Bianchi – um dos tradicionais produtores argentinos importado pela Mr. Man. Seu Cabermet Sauvignon é campeão e um dos que mais gosto neste país mais conhecido por seus Malbecs. Este, da ótima safra de 2005, só vem confirmar a classe deste rótulo de médio corpo para encorpado, taninos finos e aveludados, rico, algo terroso e especiado, harmônico com um final agradável e saboroso de boa persistência, um belo vinho que me agrada sobremaneira.

Wines of Argentina 007Pascual Toso – Faltei a uma degustação para a qual tinha sido convidado e, portanto, fiz questão de me demorar um pouco mais por aqui até porque a simpática e bonita presença de Maria Laura assim o exigia. Uma boa decisão já que revi seu gostoso Sauvignon Blanc que já recomendei aqui no painel de brancos em Março deste ano e conheci a linha inteira de muito bons vinhos dos quais destaquei três. Gostei muito do Pascual Toso varietal Malbec 2008, um vinho muito agradável, equilibrado, redondo e fácil de agradar, ainda por cima com um ótimo preço. Muito bom o Malbec Reserva também 2008 com aromas especiados e toques florais (violeta?) que, apesar de ainda muito novo, apresenta taninos muito finos, aveludados algo firmes ainda, mostrando ótimo volume de boca, grande riqueza de sabores, boa estrutura e boa acidez.

          Uma menção honrosa ao Malbec Alta Reserva 2007, mas o vinho que mais me encantou foi mesmo o Fincas Pedregal Single Vineyard 2005, um vinho vibrante corte de Malbec com Cabernet Sauvignon que possui uma entrada de boca sedutora e impactante com grande elegância e finesse, complexo, harmônico, um grande vinho que, por cerca de R$135,00 é um achado que certamente ainda poderá ser apreciado por mais três ou quatro anos, mas que já está absolutamente delicioso com um final de longa persistência. Um senhor vinho de muita classe.

Wines of Argentina 008Melipal – Estava com a Wine Company, onde permanecerá até ao final do ano, mas busca novo importador. Uma bodega que acredito não terá problemas para encontrar outro bom canal, porque seus vinhos são muito saborosos, a começar por sua linha básica Ikella, mas é na linha Melipal que eles mostram toda a sua categoria. Em Março quando fiz o painel de Brancos & Rosés, destaquei seu Rosé como um dos melhores na Argentina, muito rico, saboroso e fresco com gosto de vinho e não suco de frutas. A razão por isso é que colhem uma parte das uvas mais cedo, preservando a acidez, e o restante deixam madurar no pé por mais uns 30 dias para obter a fruta que desejam e aí fazem a mescla das colheitas resultando nesse vinho delicioso que acompanha muito bem lombo agridoce e paella valenciana. Seu Melipal Malbec 2007, com apenas seis meses de garrafa, ainda está um pouco duro, mas tradicionalmente é macio, rico, com taninos finos e aveludados, carnoso, médio corpo, boa textura, muito equilibrado e um longo e saboroso final de boca com alguma mineralidade. Um dos meus malbecs preferidos.

           Pela primeira vez provei o Reserva, este da Safra 2006, que é um vinho elaborado com vinhas de mais de 80 anos com uma produção de apenas cerca de 500grs por planta, mostrando grande concentração. Setenta por cento do caldo passa por barricas francesas novas por 18 meses e é um vinho na linha dos grandes e encorpados malbecs argentinos, porém com um toque de elegância, acidez e equilíbrio que demonstram enorme potencial. Não é, a meu ver e para o meu gosto, um vinho para se abrir agora, e sim um vinho de guarda, para se tomar dentro de mais uns três ou quatro anos pelo menos ou, eventualmente, tomá-lo agora, porém após pelo menos uma hora e meia de decanter. Vinhos ótimos e a simpática presença de Santiago Santamaria fizeram o fechamento desta minha breve, intensa e muito agradável visita aos vinhos argentinos.

          Provei alguns outros rótulos, outros fiquei sem provar, mas nada mais que pudesse efetivamente destacar. Como disse em entrevista ao Didu, tremo só de o ver chegar com aquela pequena “derringer” que ele chama de câmera, os vinhos argentinos estão com uma tendência a serem meio  que monocromáticos, com muita extração, muita fruta, muito álcool, muito tudo, muito iguais! Algo que os produtores devessem, talvez, rever já que os consumidores mundialmente começam a mostrar cansaço com essa receita. Enfim, enquanto existirem compradores para esse estilo creio que ainda veremos muito desses vinhos por aqui e, na crise mundial, o pessoal anda mais condescendente ajustando o vinho ao bolso. Ainda bem que existem vinhos e produtores como estes acima!

Salute e kanimambo