Surpresa no Desafio de Cabernet Sauvignon do Novo Mundo!

Um Desafio de Vinhos às cegas é sempre um enorme ponto de interrogação, tudo pode acontecer. rs Se isso já ocorre quando ditos “especialistas” se reúnem, imagina quando reunimos 12 seguidores de Baco em volta de uma mesa para exercer a função de jurados de uma contenda dessas!. Eu adoro, porque são essas pessoas que compõem o tal de “mercado”, que fazem a roda girar e que, em última instância, são para quem os vinhos são produzidos.

A escolha pelo tema foi a vontade de mostrar como a uva se manifesta nos mais diversos terroirs e idades. Vinhos de 96 a 198 Reais, para que pudessem também avaliar o quanto o preço influencia ou não, porém só após as notas terem sido dadas! No “octógono” seis desafiantes sob pressão, jurados com as taças a postos e deu-se inicio à contenda. Como eu estava de juiz de campo (rs), não anotei nada então de memória vai aqui minha curta opinião sobre a performance na taça de cada um dos desafiantes na ordem em que entraram:

1 – Da Nova Zelândia (Hawkes Bay Ilha no Norte) e sem raka (rs) o desafiante foi o Brookfield Ohiti Estate 2012 – show de elegância e finesse, toque final com uma pimentinha gostosa, cor clarinha longe do que se espera de um Cabernet, ótima fruta, para tomar de golão com enorme prazer, gostei demais, porém contradiz os que apreciam um Cabernet pancadão!! Peso, 198 pratas.

2 – Da Argentina (Mendoza) Carmello Pati 2008 – veio só para este embate e esperava muito dele, conheço produtor e vinho, mas nesta noite não se mostrou bem. Acontece, mas nada que denigra a imagem que tenho dele e com um tempo em taça melhorou mostrando uma fruta bem presente e volume de boca com taninos aveludados, mas não o bastante para virar o jogo. Peso, 175 pratas

3 – Do Brasil (SC) o Torii 2008 – conheço a fera desde Fevereiro 2016 quando estive descobrindo a região produtora Catarinense com um grupo de aficionados pelo vinho. Do vinhedo mais alto do Brasil a 1427m de altitude, o desafiante entrou pesado no tatame mostrando que vinha com grandes intenções. Cor escura, denso, equilibrado, halo aquoso e cor já demonstrando seus anos de luta, mas ainda vendendo saúde. Ótima paleta olfativa já tendendo para aromas terciários onde o couro, curral, fazenda tendem a se projetar, mas a fruta ainda presente na boca em profundo equilíbrio. Brigou bem a fera, mesmo sendo um dos mais idosos, será que foi por isso que me atraiu?? rs Peso, 96 pratas.

4 – Da África do Sul (Paarl) chegou o Mont du Toit Les Coteaux 2010 – uau, violáceo e que riqueza de sabores, meio de boca marcante, fresco, frutado, sedutor, chega chegando! rs Confesso que a escolha foi no escuro, pensem o que quiserem (rs), mas a forma como se apresentou mostrou que a escolha foi acertada e que estávamos frente a frente a um potencial vencedor do Desafio, uma bela surpresa para mim de uma região onde o que manda são os Syrahs e Pinotages. Peso, 198 pratas

5 – Do Uruguai (Canelones) vem o Pisano RPF 2011 –  há poucos meses tive a oportunidade de estar com um 2009 na taça, muiiito bom. Para desafiar essa seleta seleção de adversários, o desafiante veio com aromas químicos que destoaram da maioria de seus opositores, mostrando uma certa rusticidade nos taninos e não muito equilibrado. Pelo que conheço deste desafiante, sei que este não foi um de seus melhores dias porém a voz do povo é a voz de Deus, então aguardemos o veredito dos jurados, eles que mandam! Peso, 150 Pratas

6 – Do Chile (Colchagua) veio o Casa Silva Los Lingues 2012 – figura mais conhecida, porém nem tão reconhecida na taça pela maioria, mostrou-se como esperado de um veterano de qualidade comprovada. Aromas típicos dos Cabernet chilenos com notas vegetais bem presentes e fruta abundante. Na boca médio corpo, bom volume, fruta madura, acidez equilibrada e taninos com final aveludado. Um bom exemplar desta casta no Chile e o destaque para muitos, mas o revés também ocorreu pois foi defenestrado por outros! rs Barato estes testes, me divirto até mais que os “jurados” presentes ao evento.

Ao final, somei as notas dadas pelos jurados, eliminando a maior e a menor nota dada a cada vinho. O resultado mostrou ser uma grande surpresa para a maioria, não pelo vinho que foi muito bem avaliado por todos com notas bastante parelhas entre todos, mas mais pela origem e preço.

6º lugar – Pisano RPF com 144 pontos

5º lugar – Carmello Pati com 155,5 pontos

4ºlugar – Brookfield Ohiti Estate com 193,5 pontos

3º lugar –  Les Coteaux com 197,5 pontos

2º lugar – Casa Silva Los Lingues com 200 pontos

GANHADOR – MELHOR VINHO DA NOITE – MELHOR RELAÇÃO PQP (preço x qualidade x prazer)

1º LUGAR – HIRAGAMI TORII 2008

Com 208 pontos, o ganhador, um brasileiro e o mais barato no embate dos desafiantes. Às cegas o jogo é diferente e a voz do povo assim decidiu, show! rs Na foto abaixo os participantes na ordem de premiação com primeiro colocado à esquerda e o corpo de jurados em plena avaliação!

Valeu aos amigos que estiveram presentes abrilhantando a noite em mais uma agradável noite de descobrimentos e novas experiências vínicas na Vino & Sapore, adoro esses momentos! Kanimambo aos amigos e uma ótima semana a todos.

Saúde

Os Vinhos de Santa Catarina

Logo Vinho-de-Altitude-600x423Semana passada foi tempo de descobrir o que de novo anda brotando das fontes de Baco originárias na Serra Catarinense. Há tempos que venho cultuando esta nova fronteira vitivinícola brasileira de pouco mais de quinze anos de vida e após esta última semana com mais de 600kms rodados de Floripa a Caçador (só vinho, porque até voltar por Curitiba passou dos 1.000) conhecendo e revendo vinhos de altitude com um perfil diferenciado do que mais se faz por terras brasilis devido a um terroir bem diferenciado. A confirmação de que os vinhos bons abundam por aqui e cada vinícola apresentou pelo menos um destaque que marcou, mas a seleção apresentada (foram cerca de 52 rótulos) mostrou ser de primeira com a qualidade mostrando ser uma característica que os une a todos. .

Ao longos das próximas semanas darei algumas dicas, comentarei alguns vinhos e mostrarei em vídeos um pouco do que vivemos em mais esta viagem de descobrimentos desbravando uma região ás vezes de difícil acesso, mas que ao chegar nos destinos nos deparamos com exuberantes paisagens, bons vinhos e atendimento impecável!

Por hoje, só uma curta lista do que eu considerei destaque em cada uma das vinícolas visitadas, sendo que em muitas delas a escolha foi feita na moedinha pois qualquer um dos rótulos provados poderia estar aqui. Não são necessariamente os melhores vinhos de cada produtor, mas sim aqueles que mais me marcaram, seja por; preço,uva, qualidade,inusitado, o conjunto da obra, …

Quinta da Neve – Cabernet Sauvignon (“cumplidor”, constante, ótima relação Qualidade x Preço)

Quinta Santa Maria – Passionado (inusitado)

Vila Francioni – Comendador (Surpresa do Tio Vilson – Casa do Vinho)

Monte Agudo – Rosé Brut (vibrante, sabor de festa)

Villaggio Basseti – Sangiovese (UAU! ainda por etiquetar e reduzidíssima produção)

Sto Emilio – Leopoldo (classico Cab. Sauvignon/Merlot da região que impõe respeito)

Hiragami (na Casa do Vinho) – Tori (surpreendente Cabernet Sauvignon do mais alto vinhedo brasileiro a 1427m)

Abreu Garcia – Sauvignon Blanc (marcante em sua sutileza)

Kranz – Sucos naturais (bons vinhos, mas os uaus na mesa vieram mesmo foi de outras plantações! rs).

Villaggio Grando – Marila (ainda por finalizar e rotular, um “Jurançon” doce de tirar o chapéu! Uvas Petit e Gros Manseng)

Bem, por hoje é só e em breve destrincharei as visitas, inclusive de outros mares como a cerveja da Bierbaum e os queijos da Queijo com Sotaque. Cansativa, mudanças já definidas para tornar uma próxima viagem menos exaustiva, porém de grandes descobertas e diversas constatações sendo que a principal delas é de que existe sim vida vitivinícola no Brasil além das fronteiras gaúchas e com muita qualidade!

Kanimambo especial hoje a todos os que me acompanharam nessa viagem, saúde e seguimos nos encontrando por aqui ou pelos mais diversos caminhos de nossa vinosfera.