Mendoza, Quanto Mais lá Vou Mais me Enamoro!

Mais uma viagem realizada, sensação de dever cumprido e mais um monte de conhecimento acumulado. Nesta vinosfera estamos sempre descobrindo coisas novas, basta estar aberto para tal e eu venho, desde 2012, descobrindo novos sabores e uma Argentina vinícola que eu desconhecia. Recentemente um amigo do face comentou de que Mendoza não faz vinhos com alma, que são só vinhos de super extração, chipados, etc. sem personalidade e que só em outras regiões do país se poderiam encontrar coisas diferentes. Tudo aquilo que eu achava antes de iniciar minhas viagens por lá (foram mais de 2500 kms já percorridos pelas mais diversas regiões, Patagônia, Salta, Mendoza, La Rioja e San Juan), porém existe de tudo em tudo o que é lugar e vale para aqui também!

Como gosto de diversidade, sempre trabalhei isso em meus escritos tanto em jornais, revistas quanto aqui no blog, minha mente está sempre aberta para novidades e, consequentemente, acabo descobrindo muita coisa boa (vinhos e pratos) e encontrando pessoas especiais com projetos especiais por muitas vezes inusitados. Parte disso estará na degustação que montei e postei ontem, mas a imensidão do mar a ser desbravado, coisas de Luso (rs), requer colocar de lado preconceitos e estereótipos desenvolvidos ao longo do tempo. Eu tento fazer isso sempre, mesmo me pegando na contra mão vez em quando, é fácil não, vai contra a nossa natureza. tem que deixar rolar! rs

Mendoza é uma babilônia do vinho, tem gente de tudo o que é lugar do mundo e muita gente nova conectada com uma visão diferente do mundo. Isso, obviamente, gera uma enorme diversidade de conceitos aplicados nos vinhedos e nos vinhos! Existem os tradicionalistas e aqueles que fizeram a história vitivínicola do país, existem os produtores comerciantes que visam mercado, existem os puristas, os jovens idealistas, os inovadores, etc., tudo isso num festival de terroirs digno dos grandes países produtores do velho mundo. A cada vez que lá vou, podia passar uma semana por lá todos meses e mesmo assim seguir descobrindo e aprendendo coisas novas, venho com algo a mais na bagagem para compartilhar com os amigos então aqui vão algumas das “descobertas” desta curta viagem de 5 dias em que nos envolvemos com grandes vinhos, pratos de grande esmero e sabor e, mais importante aí, pessoas que fazem com que esses momentos sejam especiais e Inêsquecíveis dando alma aos vinhos e aos momentos vividos.

Região – os vinhos do Vale do Uco, com uma enormidade de grandes produtores ativos na região que é hoje a grande meca da vitivinicultura argentina e mendocina, uma diversidade de terroirs muito grande. Gente como Achaval Ferrer, Andeluna, Cobos (Bramare), Catena, Clos de los Siete, Cuvelier de los Andes, Diamandes, Doña Paula, Finca Sophenia, François Lurton, Lindaflor, Manos Negras, Masi Tupungato, Mendel, Monteviejo, O Fournier, Passionate Wines, Piattelli, Riglos, Rutini, Salentein, Trapiche, Val de Flores, Zorzal e Zuccardi ou estão por aqui ou possuem vinhedos neste pedacinho de céu. O Catena Adrianna Single Vineyard Malbec, um vinho sedutor que me encanta, vem de Gualtallary (pé dos Andes), sub região de grandes vinhos e a mais alta da região com vinhedos a 1500m de altitude, assim como diversos vinhos do Matías Michelini e irmãos. Normalmente vinhos mais frescos, minerais e vibrantes, ojo! Dá para passar uns quatro dias por aqui numa boa e até hotéis e bons locais para comer há disponíveis, mas a tentação de Mendoza é maior, mesmo que a uma hora e trinta de distância! Olho nos vinhos de Tupungato, Gualtallary, Altamira e Vista Flores.

Mendoza Vale do Uco

Sempre algumas surpresas na taça, não tem por onde! Nem sempre por vinhos exuberantes e top de gama, mas por mostrarem sensações inesperadas em vinhos que pouco deles se esperavam, mas não há que escapar dos grandes vinhos! Aos poucos vou escrevendo sobre esse tour por terras mendocinas e visitas às diversas bodegas que escolhi para este tour, porém eis aqui um tiragosto.

Casarena Ramanegra Extra-Brut , argentinos adoram extra-brut,é um espumante de boa intensidade aromática, fino e fresco, sedutor tanto no olfato como no palato. Boa perlage e persistência, elaborado pelo método charmat com um corte que nunca tinha visto; Chardonnay, Viognier e Sauvignon blanc, tava bom demais e pelo preço, acho que a Magnum devria estudar a importação. Ao preço certo, eu certamente compraria. Trouxe duas garrafas, uma para a degustação Vinhos da Mala e a outra já tomei!

Casarena 505 Rosé de Malbec com Cabernet Franc – Vinho de gama de entrada da vinícola, muito bem feito, sem nada de docinho, para quem não é chegado eu diria, um rosé que é vinho! Muito frescor, bom corpo, rico meio de boca, uma ótima companhia para chouriço português (provei), queijos, frios, comida thai, peru, eu gostei bastante!

Calcáreo Bonarda do projeto SuperUco de Michelini Bros, de produção limitada, encorpado, complexo, um vinho que surpreendeu a todos e é para ficar de olho. Não tem por aqui não, mas na Argentina é uma bela pedida. Biodinâmico, elaborado em ânforas de 5.000 litros projetadas pelo próprio Matias e uma produção que não ultrapassa as 6000 garrafas, me arrependi de não trazer uma, mas acho que chegará a para a degustação de Vinhos da Mala.

Montesco Água de Roca – um Sauvignon Blanc de lamber os beiços e pedir bis. Incrível mineralidade e sutileza num vinho fino e marcante.

Alma Negra Viognier – por aqui não tem e tomamos no delicioso restaurante La Rosa Nautica em Puerto Madero (não perca), tremendo vinho! Achava que a Mistral trazia e, para minha tristeza, não! Sniff

Angelica Chardonnay – abalou corações na Catena, inclusive de quem não é chegado em brancos, e olha que provamos grandes vinhos, do Nicolás (Ícone do produtor) a este vinho num total de oito provas!

Gastronomia de alto nível. Dos mais simples, preparado com grande esmero, aos mais complexos ou didáticos pratos da terra, foram experiências gastronômicas incríveis para todos. Como diz o amigo Pablo del Rio do Siete Cocinas, para mostrar que a cozinha argentina não é só de empanadas e assados, mesmo que sejam ótimos! Para ver um pouco mais destas incríveis experiências gastronômicas sempre regadas a grandes vinhos, sugiro que você navegue pelas posts do amigo Ricardo Gaffrée (Amigo Gourmet) que nos acompanhou e registrou esses momentos melhor que ninguém porque esse entende! Só para aguçar sua curiosidade, copiei dele algumas fotos (clique para aumentar), o resto você vê lá.

Gastro Clipboard

Tem mais, mas não vou antecipar meus posts né?! Cada bodega tem seus destaques, aqueles que se sobressaíram entre outros grandes vinhos tomados, mas isso vou falando e compartilhando com calma. Kanimambo pela visita e em breve novos capítulos de mais essa viagem de descobertas pela linda Mendoza, seus vinhos, sua comida e sua gente! Cheers.

Argentina sem Malbec e Cabernet Sauvignon.

A cada viagem que faço gosto de trazer na mala algumas garrafas de vinhos provados que se destacaram na minha taça e que gosto de compartilhar com 12 de meus amigos apreciadores de vinhos, clientes e leitores do blog, são as degustações Vinhos da Mala. Desta feita o tema que escolhi é Argentina sem Malbecs e Cabernet Sauvignon e se realizará na Vino & Sapore no próximo dia 19 de Maio (Terça-feira) a partir das 20 horas. Ainda não encontrei o lugar para montar estes eventos em Sampa, então por enquanto só por aqui na Granja Viana mesmo, porém espero já em Junho ter solucionado isso, aguardem! Os vinhos provados não estão disponíveis no Brasil, salvo uma ou outra exceção e o foco, como sempre, é no inusitado e na diversidade, principal objetivo de todo o meu trabalho em nossa Vinosfera. Eis a seleção que fiz para este evento.

Ramanegra Espumante Extra-brut – os hermanos adoram espumantes extra-brut e este elaborado pela Casarena com Chardonnay, Viognier e Sauvignon Blanc , um blend inusitado, me chamou a atenção. Espero que também vos surpreendam.

Montesco Água de Roca Sauvignon Blanc– como a água que nasce entre rochas, a mineralidade é seu principal chamariz, mas tem muito mais neste vinho que mostra uma Sauvignon Blanc argentina diferente e tratada com esmero pelo Matías Michelini um enólogo revolucionário que anda na contramão das modas na busca pela pureza.

Cara Sur Criolla – poucos conhecem a uva Criolla e muito menos haverão de ter tomado um vinho elaborado com ela. Este descobri jantando no delicioso Siete Cocinas do amigo Pablo del Rio que também gosta de “viajar”! Com apenas 900 garrafas produzidas, este é um projeto dos enólogos Sebastian Zuccardi e Francisco Bugallo no vale de Calingasta em San Juan com uvas de vinhedo com mais de 80 anos de idade. Um pinot autóctone?! Só provando para tirar conclusões.

Decero Petit Verdot – Um clássico vinho que recentemente ganhou em sua safra mais nova o Troféu de Melhor Vinho Tinto de Mendoza escolhido na Wines of Argentina Awards. Divino é pouco para falar deste que mostra uma Petit Verdot mais cordata e extremamente elegante, porém sem perder sua tipicidade. Soy un incha deste vino!

Zaha Cabernet Franc – a uva da vez na Argentina e este exemplar nos vem pelas mãos de mais um enólogo importante da nova geração, Alejandro Sejanovich com uvas da sub-região de Altamira no Vale do Uco, Mendoza. Um vinho em que as uvas são colhidas em três diferentes momentos de maturação para compor uma sinfonia engarrafada. Provei e gostei, muiiito.

*Calcáreo Bonarda – mais um vinho marcante do amigo e enólogo Matías Michelini em sua nova empreitada com seus irmãos na Michelini Bros. Somente 6.000 garrafas produzidas num vinhedo de apenas 2 hectares todo cultivado de forma biodinâmica. Uma obra de arte que desperta emoções especiais com uma uva não tão nobre, mas que gera alguns grandes vinhos quando bem trabalhada. Para você conferir.

Decero Tannat – Para finalizar, deste vinho a Decero produz apenas 700 garrafas e neste caso vamos provar juntos, pois ainda não o conheço, porém não resisti e tive que trazer uma garrafa para compartilhar com os amigos presentes. Este só se compra na bodega ou na Suíça para onde os proprietários (suíços) levam o restante. Conheço ótimos Tannats argentinos de Salta, porém por Mendoza não abundam, então vamos curtir juntos esta experiência?

Sorry sold OutEsses serão os protagonistas da noite e se você, como eu, gosta de provar coisas diferentes sentir novas emoções e se deixar levar pelo desconhecido, então não deixe de participar. As vagas estarão limitadas aos primeiros 12 amigos que efetivarem suas reservas, seis ja tomadas, então não dê mole! O valor a ser pago no ato da reserva é de R$120,00 por pessoa e inclui os vinhos, água, pãozinho, queijo e chorizo espanhol, café e na Vino & Sapore o estacionamento é gratuito. O *Cálcareo virá direto da Argentina e ficamos sujeitos a que ele chegue a tempo, caso não aconteça, este será substituído por um outro grande Bonarda, o El Enemigo de Alejando Vigil, só que este já tem por aqui.

Fico no aguardo de sua confirmação, Kanimambo e amanhã tem mais. Cheers!