Encontro Mistral – Direto do Front

Primeiro dia deste importante evento realizado a cada dois anos e tempo não só de rever alguns quantos vinhos e pessoas, como navegar por mares nunca dantes navegados atrás de novidades e aquele rótulo especial perdido atrás de outros mais reluzentes. Foi um dia cansativo, até porque uma evento desses precisaria de pelo menos mais umas quatro a cinco horas, mas devo voltar na Quarta, então certamente registrarei outras descobertas. Falemos do dia de hoje!

               Não estava nos meus melhores dias, até a câmera esqueci, mas deu para sentir o clima, rever amigos e já fuçar alguns interessantes rótulos que merecem destaque. Não fui com o objetivo de provar os grandes vinhos, mas sim de buscar vinhos de qualidade com preços camaradas. No entanto, difícil não colocar na taça algumas preciosidades, ao fim e ao cabo estamos no Enontro Mistral!

Cá del Bosco – que Champagne que nada! Depois de provar este Franciacorta Cuvée Prestige Branco, blend de 75% Chardonnay, 15% Pinot Noir e 10% Pinot Bianco, cortado com lotes reserva de safras anteriores e 28 meses sur lie, me pergunto do porquê comprar os Chandon, Veuve Cliquot e outros champagnes básicos disponíveis no mercado? Mais caros e não chegam aos pés deste estupendo espumante que anda, pela taxa cambial vigente, algo em torno de R$170,00. De tirar o fôlego, mousse e perlage de encantar os olhos e na boca só estrelas, imperdível. Mais uma, não deixe de provar o tinto Curtefranca 2005; um blend bordalês em  75% cortado por 25% de Nebbiolo e Barbera!  O preço não é dos mais competitivos, por volta dos R$130, mas é um vinho que desperta nossos sentidos e mexe com nossas emoções, muito bom. Grazzie Bruno!

Mas de Daumas Gassac (Languedoc) e sua bonita e simpática diretora Victorine Babé que fala um português bem legal. Uma linha básica bastante interessante, especialmente o Moulin de Gassac Syrah 2008 e Guilhem Rouge 2008, ambos vinhos de boa qualidade para o dia a dia, saborosos e frescos, leves, taninos macios, fáceis de se gostar tanto na taça quanto no bolso já que custam ao redor de R$40/42. Agora, seu Daumas de Gassac Rouge 2008 é um grande vinho e, do jeito que gosto, complexo fruto de um assemblage de 80% Cabernet e o restante um “pout pourri” de 20 cepas entre elas Tannat, Malbec, Tempranillo, Pinot Noir, um verdadeiro vinho de influência globalizada. O preço segue a complexidade do vinho, algo em torno de R$200.

Castello di Montepó/Jacopo Biondi Santi, sem grandes comentários, todos seus vinhos são de muita qualidade, inclusive seu mais básico, o Braccale Rosso Maremma 2005 que custa algo em torno de R$78,00. Excelente  o Morellino di Scansano Riserva 2000, um baita vinho porém foi com o Sassoaloro 2005 que me entendi melhor . Vinho de muito boa estrutura, rico, taninos aveludados mas firmes ainda mostrando garra para encarar um bom par de anos. Preço ao redor de R$135,00.

Paolo e Noemia D’Amico, tendo como anfitriã a simpática Noemia D’Amico que, para nossa surpresa, é brasileira! Com produção numa região pouco conhecida, a de Lazio, o forte são seus brancos, entre eles os charconnays e, em especial, o Calanchi di Vaiano 2006 (cerca de R$85) que passa tão somente um mês em barrica para mero afinamento e que está delicioso e muito bem balanceado. Surpreendeu o fato de que o Falesia 2006 que passa 12 meses em barrica tinha básicamente a mesma cor do Calanchi! Muito bons e vale a pena encostar por aqui um tempinho.

Quinta da Lagoalva, nos traz a nova safra (2009) do Castelão/Touriga Nacional que é um vinho sedutor e que se mostrou em ótima forma, boa relação Qualidade x Preço x Prazer com seus cerca de R$45, melhor ainda quando o dólar vai para os R$1,75! Já o projeto de seu Late Harvest que comentei aqui, chega finalmente ao Brasil com apenar, repito, apenas oitenta e poucar garrafas. Está estupendo, rico e muito bem equilibrado é uma delicia na boca, sedutor e conquistador, mas o preço acompanha a limitada disponibilidade, cerca de R$153. Se disponível, não deixe de provar.

Vallontano, nasce um dos grandes goleiros do Brasil, apesar da idade, o Luis Henrique Zanini! Brincadeiras á parte, foi no ano passado que pela primeira vez na mídia, eu publicava foto de seu mais recente lançamento, o espumante rosé. Desta feita ele lança sua obra prima, um espumante muito especial que será interessante colocar às cegas contra outros graúdos no mercado. É o LH Zanini Extra Brut 2008, um senhor espumante com jeito de champagne. Só 2500 garrafas produzidas, 24 meses de autólise e sem uso de licor de expedição. Não deixe de provar!

Masi Tupungato, o projeto da Italiana Masi em terras mendocinas onde tem plantados os únicos vinhedos de Corvina neste canto do mundo, 140 hectares para ser exato.  Usando a Corvina pelo método ripasso (com a secagem das uvas) eles fazem uma segunda fermentação quando é adicionada a Malbec, nascendo assim o Paso Doble 2007, vinho saboroso, macio e fácil de se gostar e hoje em torno de R$38,00 o que é uma das melhores opções nesta gama de preços. Gostei bastante também do Paso Blanco 2009 um Torrontés que leva um corte de Pinot Grigio tornando o vinho muito balanceado e fresco, próprio para frutos do mar grelhados ou aperitivo e custa só R$35,00 ou próximo disso.

Para finalizar os que mais me marcaram ontem, não poderia deixar de mencionar a visita à Família Symington sempre muito bem representada pelo João Machete Pereira e Dominique Symington. Graham´s, Altano, Quinta de Roriz, Malvedos, DoW’s, Quinta do Vesuvio, Blandy’s Madeira e outros mais, este grupo produz qualidade e os prêmios internacionais só comprovam isso. Os Portos Vintage 2007, boa parte dos quais tive a oportunidade de provar e alguns estão neste Encontro, tiveram pontuação de 100 pontos, 99, 97, 94, ou seja um ano que mais do que de Vintage Clássico, mostrou ser um Ano Symington, não teve para ninguém! Minha paixão por seus vinhos é declarada e conhecida, então que tal conferirem se eu tenho razão para isso? Do mais básico Altano Douro, passando pelo delicioso e fino Altano Biológico, Prazo de Roriz e Quinta de Roriz Reserva com sua riqueza e mineralidade ímpares e sedutoras, aos novos vinhos tintos da Quinta do Vesuvio e o estupendo Post Scriptum o melhor “2º vinho” que já provei, é só alegria. Depois, antes de ir embora, não deixe de finalizar com seus deliciosos Portos Tawny envelhecidos e Vintages 2007 disponíveis. Só isso já basta! Tem mais no entanto, tem um posicionamento de preços muito interessante com seu Altano básico custando por volta dos R$42,00, um Prazo de Roriz e Altano Biológico por volta dos R$65,00 e o Post Scriptum e Pombal do Vesuvio por volta dos R$104,00. Imaginem então se a taxa voltar para comedidos R$1,75 a 1,78!

Salute e na Quarta retorno com câmera para colher imagens e mais sabores neste incrível Encontro Mistral. Amanhã tem mais. Fotos colhidas com o celular na Quarta-feira já que, pasmem, a peça aqui esqueceu de checar a bateria da camera e não levou a reserva (o que faço sempre) e murphy, obviamente, deu as caras!

kanimambo