Confraria Frutos do Garimpo

Uau, Que Surpresa, Que Chardonnay!

Todo mês garimpo oportunidades para a Confraria Frutos do Garimpo, mas nem sempre o resultado é bom o bastante para que esses rótulos possam fazer parte da seleção do mês. Alguns meses até deixo passar, porque para mim a qualidade é fator número 1!

Este mês experimentei muito e aprovei pouco, mas a pepita que sobrou na minha peneira é exatamente isso, uma pepita! Em vez de dois rótulos com duas garrafas cada ou quatro com uma de cada, desta feita decidi apenas e tão somente manter um único rótulo e o kit mínimo de duas garrafas a máximo quatro por confrade, achei que o vinho merece esta vênia! rs Há muito tempo não provava, na verdade tomava porque não me contive de ficar só na prova, um Chardonnay de tanta qualidade, uma surpresa muito agradável vinda de Casablanca no Chile. A surpresa foi tanta e o entusiasmo tamanho que até esqueci de fotografar! rs Assim que tome outra, porque essa não escapa, tiro e publico aqui.

Cantagua Gran Reserva Chardonnay 2016, um vinho de alta gama, um belo chardonnay com apenas seis meses de barrica que se mostra  muito delicada e bem integrada, com grande capacidade de guarda em minha opinião. A paleta olfativa é marcante com notas lácteas e num segundo plano frutos tropicais num conjunto que pede uma taça própria, e não me fiz de rogado. Na boca é cremoso, a fruta dá um passo à frente e mostra todos os seus predicados com muito frescor, notas cítricas, final de boca mostra uma certa mineralidade, seco com boa persistência e acidez bem balanceada. Vem da região de Casablanca, uma das melhores do Chile para vinhos brancos e só vem confirmar essa aptidão. Por sinal, quem tiver uma taça de Chardonnay, Riedel ou similar, use o resultado é outro, uma bela turbinada num vinho já muito bom.

Viajei neste vinho e não foi para o Chile não, me lembrou alguns bons borgonhas já tomados tanto pela riqueza, pela mineralidade sutil como pela finesse. O último gole da última taça servida foi difícil de engolir só de pensar que estava terminando, deixei rolar na boca um tempão deixando escorregar bem devagar! rs Gente, sem medo de dizer que fazia tempo que um Chardonnay não mexia comigo como este o fez e sim, me entusiasmou. Talvez até possa ter exagerado um pouco nestes meus comentários, mas quando um vinho mexe comigo deste jeito minha paixão fala mais alto, fazer o quê? rs Os Confrades que optaram pela seleção do mês vão poder avaliar (comentem aqui depois) se exagerei ou não, mas de qualquer forma quis compartilhar este achado com os amigos leitores em geral. Quem gosta de um bom Chardonnay certamente deve provar este vinho, quem sabe você não sente o que eu senti, só não vai mais ser surpresa! rs

No dia que provei, convidei uns amigos apreciadores para o avaliar junto comigo e pedi para que me dessem a percepção de valor de cada um ou seja, quanto eles achavam que podia valer esse vinho, quanto eles pagariam por vinho similar. Resultado, R$160,00 ou por aí, então o preço de mercado pesquisado de R$143,00 me parece condizente com a percepção gerada, legal isso. Agora resta você conferir, eu vou é beber mais porque tenho algumas chegando.

Mas João, um branco neste frio?? Uai, e a gente pára de tomar cerveja ou comer um sorvete só por causa disso? Vinho tem ocasião, não estação, desencana!! rs Por hoje é só, kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou em qualquer outro ponto de nossa vinosfera. Sáude!!

Cheers Smile

 

 

 

 

 

 

 

PS. Importadora Optimum. Disponível na Vino & Sapore e outras boas lojas do ramo.

 

 

 

 

Uma Dupla Luso Italiana na Confraria Frutos do Garimpo

Um de origem portuguesa, região Lisboa, e o outro italiano da região do Piemonte. Dois blends, duas propostas diferentes, duas personalidades diferentes, vinhos de gama média/alta que este mês caíram em minha peneira e com isto rompo o silêncio que há dez dias imperava por aqui! rs

Começo por um xodó meu que ainda há poucos dias apresentei numa aula sobre vinhos e regiões Pinto collectionprodutoras portuguesas, com a colaboração do importador ALMERIA. O Quinta do Pinto Estate Collection 2012, um corte de Touriga Nacional (35%), Aragonez (25%), Syrah (25%) e Merlot (15%) de Alenquer , região Lisboa, onde fica localizada a Quinta. Passa 12 meses em barricas francesas de 2º uso o que lhe confere complexidade sem abafar a fruta abundante. Cor rubi ainda bem escura com halo violeta, aromas de boa intensidade onde despontam os frutos escuros, na boca notas especiadas, fruta abundante, meio de boca de ótima textura, denso, rico com taninos ainda firmes e aveludados. Final de boca muito elegante apesar de ainda algo austero, e de boa persistência, um vinho muito especial e um destaque da região. Para beber já, mas certamente ainda tem um par de anos pela frente para evoluir com muita qualidade e diversão à mesa, porque o nome ajuda! rs Um senhor vinho com preço de mercado condizente com a qualidade, entre R$200 a 250,00.

O Segundo vinho vem do Piemonte, Itália, especificamente de Monferrato, um blend sempre majoritariamente de Dolcetto e que em 2013 teve como coadjuvantes, 10% de cada, as uvas RuchéRosso Scarpa (rara uva regional), Barbera e Freisa perfazendo um conjunto muito atrativo. É o Monferrato Rosso Scarpa DOC que é um lançamento recém chegado à importadora BODEGAS que me procurou para colocar este rótulo nesta confraria de oportunidades com um preço especial. A primeira visão na taça é de um vinho ainda jovem com halo bastante vivo, no nariz é um pouco tímido porém nota-se frutas vermelhas e sub liminarmente algo de eucalipto/mentol mais sutil. A entrada de boca é marcante, firme, frutado, meio de boca com taninos bem presentes tomando conta do palato mostrando boa estrutura, notas terrosas com um final de boca aveludado em que a acidez aparece mais, pedindo comida. Risoto de funghi, Brasato, Polenta mole com ragu, estamos diante de um típico vinho italiano gastronômico e que, a meu ver, perde se tomado solo.  Um vinho sem passagem por barricas, apenas Inox por 10 meses seguido de 3 de afinamento na garrafa antes de sair ao mercado e, mais uma vez, um vinho que ainda evoluirá para mais um par de anos. Preço de mercado deverá ficar entre R$130 a 140,00.

Por hoje é só, durante a semana tem mais. Kanimambo pela visita, saúde e uma ótima semana!

Topos de Gama Lusos na Frutos do Garimpo.

Numa saborosa viagem por quatro regiões produtoras, Alentejo, Lisboa, Beiras e Douro numa parceria com o Palácio de Vinhos. Esta foi a seleção do mês de Janeiro da Confraria Frutos do Garimpo, pepitas que apareceram na minha peneira até porque como já mencionei por diversas vezes, há momentos para tudo e em todos os níveis.

Quatro tintos topo de gama (Kit com uma garrafa de cada) da Companhia das Quintas (grupo produtor) todos da safra 2009/10, de produção limitada, todos em ponto de bala, o que garanto porque provei-os todos recentemente, mesmo que alguns ainda aguentem bem e darão prazer por mais um par de anos.

Herdade da Farizoa Reserva 2010 (RP90)* – do Alentejo, com passagem de 18 meses em barrica francesa (50% novas), blend de Touriga Nacional, Alfrocheiro, Syrah e Trincadeira, com somente umas 12.500 garrafas produzidas. Paleta aromática frutada com alguma especiaria, na boca mostra-se bem integrado, macio, boa textura, taninos finos e boa persistência. Sumiu rápido da taça e da garrafa, acho que estava com algum vazamento! rs Preço em Sampa ao redor dos R$150 a 160,00.

Quinta do Cardo Touriga Nacional Reserva (WE92)* – da Beiras Interior com passagem por 20 meses em barricas francesas (50% novas) tendo o 2008 sido apontado como um dos destaques TN 100% de Portugal pela Jancis Robinson. Nos aromas notas florais tí­picas da casta e fruta abundante, já na boca despontam frutos silvestres em harmonia com taninos finos, macios, boa acidez e um final algo apimentado. São cerca de 10.000 garrafas produzidas. Preço de mercado em Sampa ao redor de R$170,00 a 180,00.

Frutos do Garimpo seleção Janeiro 2018 - Palacio dos vinhos

Quinta da Fronteira Reserva (WE92)* – do Douro, um clássico corte duriense de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz com passagem de 18 meses por barricas francesas (20% novas). Nariz intensamente frutado, notas mentoladas e sutil toque amadeirado. Na boca chega volumoso, rico, complexo, algumas notas vegetais, taninos aveludados e muito persistente com uma boa pegada gastronômica, digno dos melhores topo de gama da região. Acompanhou bem um belo filé de javali ao molho de vinho com puré de cará no final de ano. Cerca de 20 mil garrafas produzidas e preço médio em Sampa entre R$230 a 240,00.

Quinta de Pancas Reserva Touriga Nacional (WE92)* – mais um belíssimo Touriga Nacional neste kit, com 18 meses de passagem por barricas francesas (50% novas) e produção limitada a 5.300 garrafas. Mais uma vez as notas florais ganham destaque aqui, mas é na boca que mostra bem ao que veio. Robusto, cremoso, especiarias, notas balsâmicas, ótima concentração em perfeito equilí­brio, um vinho fino, guloso por natureza, complexo com uma persistência das boas, daquelas que fica na memória. Um dos meus destaques entre todos estes vinhos de primeira grandeza lusos. Preço ao redor de R$170 a 180,00 em Sampa.

É isso gente, por hoje é só! rs Aproveitem o fim de semana, saúde e kanimambo pela visita. Segunda tem mais, mas nos encontramos por aí numa das muitas esquinas de nossa vinosfera, quem sabe na Vino & Sapore! rs tchin-tchin

Cheers Smile

 

 

 

 

 

 

 

* Importador Palácio dos Vinhos – safras basicamente esgotadas no mercado, mas ainda disponíveis na Vino & Sapore e eventuais outras boas lojas do ramo.

Deu França nos Frutos do Garimpo

Em Junho, numa parceria com a importadora Almeria de meu amigo Juan,tive o privilégio de compartilhar dois saborosos vinhos franceses, uma oportunidade e tanto para os amigos confrades e confreiras da Frutos do Garimpo. Uma mostra de que bons vinhos com preços idem estão presentes em todos os países, inclusive nos mais conceituados, só precisa garimpar e não se impor limites decorrente de preconceitos saindo fora de sua zona de conforto!

Hoje compartilho com os amigos leitores o que os confrades e confreiras provaram na taça, podem procurar por aí, os vinhos valem muito a pena! Os comentários dos confrades e confreiras que tiveram oportunidade de pegar o kit, se esgotaram rapidamente, serão super bem vindos.

Chateau Bujeau la Grave 2010, Bordeaux, um vinho que vem quebrar alguns chateau-la-graveparadigmas, entre eles o de que não existe Bordeaux bom abaixo de R$100,00. Sim existe e este rótulo é um claro exemplo disso, uma ótima opção de entrada nesta região de grandes e conceituados vinhos. Tradicional corte bordalês de 50% Cabernet Sauvignon,  42% Merlot e 8% Cabernet Franc,  uma cor rubi brilhante, aromas de frutos do bosque frescos com algumas sutis notas herbáceas, textura gostosa, estrutura média,  e boa concentração de fruta, terminando com  taninos sedosos e um final de média persistência. A safra  de 2010 foi um grande ano em Bordeaux, então o que já é normalmente bom ficou ainda melhor, um vinho muito saboroso e sedutor.  O preço médio do mercado em Sampa gira entre R$92 a 98,00.
Chateau Fontaréche Vielles Vignes Rouge 2014, entre Narbonne e Perpignan em pleno Corbiére no Languedoc, sul da França, o Chateau está na família chateau-fontareche-rougehá mais de 300 anos, desde 1682. Na taça, um corte de uvas regionais 40% Syrah, 30% Mouvédre e 30% Carignan, envelhecido parcialmente  em barricas de Carvalho francês por 12 meses, mostra uma generosa paleta olfativa de frutos vermelhos vivos, com leve toque especiado e nota animais. De médio corpo +, é um vinho que possui ótimo meio de boca, boa estrutura, mas sem perder a elegância de final de boca com taninos aveludados mostrando muito equilíbrio. O produtor elabora também um bom rosé e, na minha modesta opinião, um belo branco de vinhas velhas no qual você deve também ficar de olho caso você também aprecie bons e complexos brancos, o melhor dos três na minha opinião. O preço médio deste vinho no mercado em Sampa é de R$110 a 120,00
Mais duas belas dicas, garanto, para você procurar no mercado e curtir. Durante a semana tem mais e desta vez sem feriados emendados, ufa! Kanimambo, saúde e seguimos nos vendo por aqui ou num dos muitos e sedutores caminhos de nossa vinosfera, saúde!
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Vinhos Europeus Bons e Baratos

Como sempre, fuçando o mercado e garimpando bons vinhos com preço idem. Vinhos que não nos causem maiores rombos ao bolso e que nos gerem uma percepção de valor superior ao preço pago, é isto que busco desde o dia 1 deste blog há oito anos atrás e, mais que nunca, sigo firme nesse caminho do garimpo. Estes dois vinhos são, em minha opinião, dois bons exemplos de que, contrariamente à opinião de alguns e de um paradigma que se criou ao longo dos tempos, há sim vida em vinhos europeus de baixo preço, neste caso abaixo das 60 pratas. Na minha opinião, batem a maioria dos vinhos dos hermanos na mesma faixa e sugiro montar uma degustação ás cegas para quebrar esse preconceito.

Clos lagoruClos Lagoru – Da região de Jumilla (Espanha) – Um corte que tem como protagonista a Monastrel, principal uva da região, com Syrah e 20% de Petit Verdot. O mosto é fermentado separadamente com leveduras indígenas e o blend elaborado ao final com o afinamento sendo feito em barricas americanas por quatro meses. Boa parte dos vinhedos são de vinhas velhas e boa parte deles de cultivo orgânico.

A região bem quente favorece um melhor amadurecimento da Petit Verdot e o resultado é um vinho onde a Monastrel dita os rumos, porém a PV deixa sua marca que se sente bem no final de boca, no corpo e na cor do vinho. Cor violácea, boa intensidade aromática, chocolate escuro e frutos negros , algo herbáceo  com sutis notas de especiarias. Bom corpo, de médio para encorpado, rico e algo terroso, meio de boca denso com taninos presentes mostrando uma estrutura algo mais rústica, com ligeiro apimentado de final de boca, mostrando-se fresco e de média persistência.

Mandorla Syrah – Da Sicilia, Itália  – A Syrah se deu muito bem nestas terras maismandorla syrah quentes com forte clima mediterrâneo e este vinho vem mostrar, mais uma vez, que garimpar vale a pena! Tipicidade á flor da pele com fruta vermelha abundante e especiarias desde o olfato ao último gole. Na boca mostra boa textura, médio corpo, taninos macios, meio de boca muito rico, notas tostadas e um final levemente apimentado de boa persistência, tudo muito bem balanceado sem arestas, um syrah deveras apetecível e acessível! Parece ter alguma passagem por madeira, porém sem dados técnicos disponíveis fica difícil dizer o tipo, no entanto alavanca o produto sem o maquiar. Pastas ao funghi, queijos maturados, carnes ensopadas podem ser bons companheiros e cada vez que penso em comida para harmonizar me vem à cabeça coelho à caçadora! Será que é desejo?? rs

Mais dois vinhos que recentemente compuseram seleções disponibilizadas aos confrades e confreiras da Confraria Frutos do Garimpo com em parceria com o importador, a Galeria dos Vinhos. Lembre-se; saia da mesmice, trace novas rotas, explore o desconhecido, descubra novos sabores, pois essa é a parte mais enigmática e interessante de nossa vinosfera. Saúde e kanimambo pela visita. Na Sexta, mais um dia do Tour Pelos Vinhos de Altitude Santa Catarina, espero você por aqui!

La Playa Claret, Petit Verdot em Ação!

Tenho uma queda por vinhos elaborados com esta casta, difícil em varietais, mas que possui a tendência de aportar complexidade aos vinhos assim como uma enorme capacidade de os “arredondar”.  Nos últimos tempos temos visto ótimos exemplares de varietais de Petit Verdot vindo do Chile, da Argentina e da Espanha, regiões mais quentes onde a uva atinge seu nível de maturação de forma mais regular. Um dos meus favoritos é o Finca Decero Petit Verdot que há dois anos ganhou o Troféu de melhor vinho de Mendoza pela Wines of Argentina, assim como os chilenos Perez Cruz Chaski e o Casa Silva, todos grandes vinhos, porém de preço idem!

petit_verdotMais acessíveis são aqueles vinhos em que encontramos a Petit Verdot como participante de blends e garimpar esses vinhos é algo que me agrada bastante, pois, ao que me lembre, dos muitos provados só um não fez minha cabeça! Normalmente, inclusive em Bordeaux de onde é originária, é usada em porcentual pequeno, entre 7 a 10%, porém não é incomum ver belos blends onde esse porcentual é amplamente ultrapassado. Antes de falar deste La Playa em que 40% do corte é desta uva, compartilho com você a opinião de dois amigos enólogos que prezo muito:

1 – Miguel de Almeida é o enólogo do projeto Seival da Miolo, jovem e competente, de origem lusa. Lhe perguntei o que ele achava desta casta, veja o que ele respondeu:  “sobre o Petit Verdot, no Seival temos 2 hectares desta uva [o único vinhedo do Grupo Miolo a tê-la no encepamento]. A Petit Verdot é uma uva de cacho e grão pequenos que entrega aos vinhos sempre muita cor, acidez e tanino. Das não tintureiras, é a seguir ao Tannat a uva que mais cor e estrutura coloca nos vinhos. Por aqui é uma uva de boa maturação, média resistência à umidade, quase tardia e generosa em produção. Gosto de Petit Verdot como monovarietal, mas como temos pouco PV, usamo-la sempre em corte e sempre intensifica o visual do vinho e prolonga a longevidade do mesmo.”

2 – Tomás Hughes – Argentino, enólogo da ótima Finca Decero (Mendoza), que possui, na minha opinião, o melhor Petit Verdot da Argentina e o usa também no seu vinho ícono onde participa como coadjuvante no corte, o Amano. Eis o que ele me respondeu: “De mi punto de vista , cuando usamos PV en cortes, este ayuda a terminar la boca, dándole elegancia, largo y un toque de jugosidad. En lo que se refiere a nariz aporta notas a especies frescas las cuales se combinan muy bien con los aromas de malbec y cabernet,  generando un marco de aromas sutiles y elegantes que forman base de una gran complejidad.  Es un varietal de gran personalidad que rápidamente toma protagonismo en los cortes, por ende si uno quiere trabajar sobre un corte donde no quiere el PV como driver, tiene que trabajar con proporciones inferiores al 10%. Por ej, en nuestro “Blend Amano”.

Este é um corte inusitado e muito bem feito onde a Peti Verdot tem papel de protagonista avaliado em 2014 pela Wine Enthusiast (http://www.winemag.com/buying-guide/la-playa-2011-block-selection-reserve-claret-red-c ) com 88 pontos e classificado com um dos melhores 100 Best Buys desse ano com um preço médio de USD12 nos EUA, o vinho está no ponto!

Tradicionalmente este vinho segue uma composição de castas bordalesas, mas o enólogo se permite variar isso ano a ano dependendo da safra e da evolução das uvas no ano. Em 2010 seu corte foi composto de Petit Verdot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Carmenére, porém neste anos de 2011 esse blend sofreu variações. O corte deste vinho de safra 2011 é uma composição da Petit Verdot (40%)  com Malbec, Cabernet Franc e Syrah, que é uma uva do Rhône, que resultou muito bem.La Playa

Ao abrir uma garrafa para prova com os amigos, a primeira percepção foi de qualidade, muito boa paleta aromática, com uma boca densa, complexo, porém de taninos aveludados. O fato de ter um forte porcentual de Petit Verdot no vinho, contradiz um pouco os conceitos emitidos por diversos enólogos e especialistas o que me faz crer que há ainda muito a estudar sobre a enorme capacidade de desenvolvimento que esta casta ainda tem pela frente e, por outro lado, confirma de que não existem verdades absolutas em nossa vinosfera. Por sinal, me lembro bem de um vinho português marcante que se foi e deixou saudades, o Terras do Pós Syrah/Petit verdot 50/50 outro belo vinho!

Neste caso do La Playa Block Selection Reserve Claret 2011 (que de claret não tem nada), mais uma vez fica comprovada a característica da casta em gerar blends de muita qualidade sem que necessariamente os vinhos tenham que ser caros. Os aromas com notas florais e frutadas, pedem para levar o vinho á boca e a entrada de boca é impactante para um vinho deste valor. Ótima estrutura, boa acidez, frutos negros (ameixas e cerejas?), algum defumado, muito harmônico e vibrante, final de boca de boa persistência com notas de baunilha e cafés fruto de seus doze meses de barricas americana e francesa.

Mais um vinho que fez parte da seleção de Fevereiro da Confraria Frutos do Garimpo (link no banner acima aqui no canto direito do blog) que também teve a presença do Clos Lagoru espanhol de Jumilla. Uma ótima semana a todos e seguimos nos encontrando por aqui, pelas estradas de nossa vinosfera ou, quiçá, na Vino & Sapore onde sempre haverá uma taça para compartilhar com os amigos. Saúde e kanimambo pela visita.

Belos Brancos na Taça e na Frutos do Garimpo – Parte II

Como tinha prometido na Segunda, segue o segundo vinho que compôs o kit de Janeiro da Confraria Frutos do Garimpo, um branco italiano elaborado com a desconhecida uva Kerner, uma casta híbrida criada em KERNER1930 pelo cruzamento uma uva tinta e uma branca. Original de Schwaben (próximo a Munique e uma sub-região da Bavaria na Alemanha), é resultado do cruzamento das castas Riesling e Trollinger (Schiava na itália) uma uva tinta. Seu cultivo se iniciou nos anos 30 mas foi nos anos 70 que ganhou mais atenção. Foi batizada com o nome do poeta Justinius Kerner, tendo se tornado rapidamente muito popular na região chegando a ser a 3º casta mais plantada na Alemanha, tendo todavia reduzido sua participação nos últimos anos. Como a Riesling, é um vinho de boa guarda envelhecendo bem.

Abazzia di Novacella Kerner 2012 – Antes de qualquer coisa, vale dar uma fuçada no site do produtor e colocar uma visita em sua lista de Kernerdesejos > http://www.abbazianovacella.it/it/cantina-vini/cantina-vini.html ! O produtor está localizado no Alto Adige, nos alpes italianos, região em que a cultura alemã e italiana se mesclam e em que os vinhos brancos ditam o tom. Um grande achado da importadora Vínica e, no mínimo, um vinho diferenciado e marcante que, para quem ainda não fez a experiência vale conhecer, harmoniza muito bem com carnes de porco especialmente com joelho de porco e chucrute! Solo, o vinho remete ao Riesling porém com uma pegada algo mais encorpada sem perder o frescor, fruta intensa, aromático, um vinho que seduz facilmente os mais, ou menos, incautos. Vibrante, rico, longo com um final algo mineral.

Viificado tão somente em inox com um período de “afinamento” de seis meses antes de ser engarrafado e sair ao mercado. Preço sugerido pela importadora, R$118,00 a garrafa

Eis alguns comentários de terceiros:

Alexandra Corvo > a renomada sommelier, enófila e colunista de vinhos Alexandra Corvo descreveu este vinho, em artigo publicado no último dia 30 de Dezembro no caderno Comida do Jornal Folha de São Paulo, como ”Brilhante, com frutas frescas e um toque mineral, boca vivaz e frutada.”

Raquel Santos, enófila e sommelier em falando de Vinhos (Março de 2015) > “É sempre interessante comparar o mesmo vinho em contextos diferentes. Aqui neste caso estávamos buscando vinhos frescos que fossem agradáveis no verão. Já na outra degustação em que ele esteve presente, queríamos harmonizar vinhos Riesling com comida alemã (eisbein com chucrute). Ou seja, aquela comida pesada, com muita gordura, típica dos países frios. Em ambos os casos ele deu conta do recado com galhardia”

Appellation Nation (Inglaterra) > “Kerner is an aromatic white wine which has become a speciality of the region: pale straw yellow with green reflexes, apple and peach fruit on the nose with a hint of mango, ripe and full on the palate, its opulence cut by crisp acidity.” http://www.appellationnation.co.uk/abbazia-di-novacella-kerner-2014-1699-p.asp

Bem, mais dois brancos apresentados e espero que tenha a oportunidade de os provar. Cada um com seu estilo, cada um para uma ocasião, cada um para uma harmonização diferente, mostrando a diversidade dos vinhos brancos.

Saúde, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui e no próximo post começarei contando da viagem aos Vinhos de Altitude de Santa Catarina com um grupo de 14 abnegados e desbravadores enófilos.

Um Malbec Diferenciado na Taça!

Quem me segue sabe que minha queda é por vinhos mais elegantes com alguma idade, mais equilibrados que, pela própria maturidade, tendem a ser mais integrados e sutis. O Joffrée y Hijas Gran Malbec 2008 é um vinho com esse perfil e por isso, mais um ótimo preço, acabou fazendo parte dos vinhos da Confraria Frutos do Garimpo de Setembro.

Não me agradam os vinhos power super extraídos em tudo; cor, sabores, taninos, álcool que nunca se integram, Uma vez tomei um já com dez anos nas costas que parecia que tinha saído da barrica uma semana antes, me parecem exagerados e não fazem minha cabeça. Demorei para entender que é um estilo do produtor (deve se evitar a generalização) e por um determinado período, que graças a Deus está terminando, também uma demanda de parte do mercado. Nas minhas andanças pelo lindo país dos Hermanos, vi que a Argentina tem muito mais a oferecer tanto em diversidade de uvas quanto de estilos e este produtor é prova disso. Por sinal, gosto muito do Bonarda dele também!

2015 - Set - Joffré Gran Malbec 08Este Malbec é proveniente de uvas do Vale do Uco com passagem de 10 meses por barricas de carvalho francês e depois deixado para afinar em garrafa por um curto período de tempo. Um vinho, como seu rótulo, algo contido, comedido, sem alardes , clássico como seu conteúdo. Com sete anos nas costas já mostra um pouco de sua idade na cor e nas notas aromáticas mais evoluídas de frutos negros, tosta, frutos secos e algo de tabaco bem sutil formando uma paleta olfativa bastante agradável e complexa. Na boca é um gentleman, todo ele muito sutil comprovando os aromas, corpo médio, taninos muito finos, elegante e já plenamente integrados, macio, algo cremoso sem arestas ou exageros de extração, tudo no ponto certo. Harmonizei com um tagliatelle com bacalhau e brócolis, ficou muito bom, porém também pensei num strogonoff de filé mignon, filé á Wellington e coisas do gênero não muito pesadas ou untuosas. Cumpre seu papel,nos dar prazer,  e se o encontrar por aí não guarde, beba!
Saúde, Kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.