Direto do Front da Vini Vinci 2011

            Curto muito estes encontros com vinhos promovidos pelas importadoras, especialmente pelo fato de que é algo mais real e dá para pesquisarmos e garimparmos rótulos que temos disponíveis por aqui nas lojas. Ou seja, nos são acessíveis, em grande ou menor nível em função do preço, mas estão por aí!

          A Vinci, uma empresa do Ciro Lilla que é proprietário da mais importante importadora do momento no Brasil, a Mistral, também tem lá sua estrelas mesmo que não da mesma grandeza da empresa principal. Com essa estirpe e a sempre positiva organização da Sofia Carvalhosa, uma das mais importantes assessoras de imprensa deste mercado, só poderia resultar em sucesso e pude conferir isto “in loco” inclusive escutando os comentários dos que estiveram presentes. Uma sugestão no entanto, ter, numa próxima oportunidade, o núnero da página no catálogo impresso também no estande de cada produtor presente pois facilita a localização, coisa simples e certamente eficaz. Vi e provei bastantes coisas tendo, como sempre, algumas ótimas surpresas.

Sempre Onipresente, um ícone dos vinhos Riojanos e porque não do mundo em função de seu estilo de produzir vinhos, a Viña Tondonia é um must e uma passagem por seu estande, apesar do pingo na taça, é sempre uma benção muito especial, como se estivessemos sendo ungidos por deus Baco. Seus brancos são antigos, complexos e únicos. Seus tintos; magníficos caldos, verdadeiras obras de arte renascentista que, como tal, não estão “á mão” de todos em função do preço, porém são certamente rótulos obrigatórios na “wish list” de qualquer enófilo que se preze!

Clássico, é talvez o principal adjetivo da Caves São João e seus vinhos da Bairrada (Portugal), mais do que do Dão na minha opinião, são vinhos onde a tradicional Baga e a Cabernet Sauvignon geram vinhos extremamente longevos, ricos e marcantes. Seu Quinta do Poço do Lombo 2005 (Baga, Cab. Sauvignon e Camarate) é muito aromático e sedutor pedindo-nos para levar a taça à boca onde ainda se encontra fechado, porém mostrando uma enorme riqueza e estrutura que nos leva a prever que em mais uns três anos, quando ele estiver com dez, estaremos frente a frente, quem conseguir aguardar, com um vinho de grandes qualidade.  Seu Poço de Lobos Colheita 1988 é de uma complexidade ímpar e ainda promete muitos anos de vida gerando prazer a quem se habilitar. Um produtor que pouco conhecia e que conquistou meu respeito.

Luca, a confirmação. Laura, filha de Nicolas Catena, só isso já bastaria para nos chamar a atenção, mas também possue alma própria que descarrega neste vinhos muito marcantes bastante potentes. Esta potência e enorme estrutura se mostram muito presentes tanto no Malbec como no Syrah, mas tenho que reconhecer que o grande destaque, pelo menos a meu ver, são o Pinot Noir e o Beso de Dante um belo corte majoritariamente de Cabernet Sauvignon de Agrelo (solo sagrado do Catena Estiba Reservada) com Malbec.

Surpresas:

  • Guerrieri-Rizzardi, produtor do Veneto com uma tradição de mais de 500 anos na região. Bons Ripasso e Amarone, mas o grande destaque, não só dele como de tudo o que provei no dia, é o seu branco doce Recioto di Soave 2003, só 2600 garrafas produzidas, que aparentemente estão esgotadas no mundo, estando aqui em terras brasilis, algumas das últimas disponíveis ao consumidor.
  • Rust em Vrede uma das mais antigas e tradicionais vinícolas Sul-africana que produz vinhos muito bom corpo, alto teor de álcool (15%), porém muito bem equilibrados gerando um tripé (álcool, taninos,acidez) que indica estarmos diante de vinhos que deverão envelhecer, mesmo os da parte debaixo da pirâmide, muito bem. Gostei muito de seu Merlot 2009, ainda bem fechado, mas me encantei com seu Rust em Vrede Estate 2007, uma beleza de vinho, muito sedutor e elegante elaborado com um corte de Cab. Sauvignon (60%), Shiraz (30%) e Merlot.

Muito bons:

  • Comenge Biberius e Crianza, espanhóis de Ribera Del Duero. Ótima relação cust x Beneficio para o Biberius, mas o que mais me encantou foi o Crianza 2006 que também está com preço muito bom para o que entrega, algo ao redor de R$90,00.
  • Chanson Merceurey e Chambolle-Musigny, com destaque para o Merceurey de bom preço (por volta dos R$100) e muito saboroso.
  • St. Michael-Eppan da região de Sud-Tirol no norte da Itália, Bolzano quase fronteira com a Áustria, que possue uma cepa autóctone que gera vinhos muito interessantes, a Lagrein, mas também elabora um muito bom Alto Adige Pinot Nero Sanct Valentin. Tinha uma degustação agendada e tive que sair correndo, uma pena porque este produtor merece ser melhor explorado inclusive nos brancos.
  •  Bera, produtor clássico do Piemonte com vinhos muito bons e de bom preço tendo me surpreendido seu Dolcetto d’Alba com mais corpo de que costumeiramente estamos habituados e um belo Barbaresco

Os de Sempre: Errazuriz/Chile com seu delicioso The Blend, Angheben/Brasil e seu marcante Teroldego, La Posta/Argentina e seu campeão de relação Custo x Beneficio, o “Best Buy” Cocina Blend,  Robertson Winery/África do Sul com seu Chenin Blanc e Pinotage também na lista de “Best Buys”, CVNE/Espanha com seu clássico e divino Imperial Gran Reserva 99, Champagne Henriot/França com seu Brur Millésime 98.

Personalidades: Rupert Dean, o inglês bonachão que mora, tadinho, no Lago de Garda e cuida dos negócios internacionais da Guerrieri-Rizzardi e Kobie Lochner o simpático gerente de marketing da sul-africana Rust em Vrede que fizeram diferença.

             Como não consegui ver tudo, como de praxe, sugiro acompanhar os relatos dos amigos blogueiros Daniel Perches (Vinhos de Corte), Gustavo (Enoleigos), Jeriel da Costa (Blog do Jeriel), Alexandre (Diario de Baco) e André (Enodeco) que certamente trarão outras noticias e outros destaques deste agradável evento. Grato aos amigos da Vinci, Ciro Lila e Sofia pela oportunidade. Salute e kanimambo pela vista.