Cave Geisse Terroir Nature

Só Vinhos Tops nas Taças dos Confrades do Saca Rolha!

Final de ano é época em que as confrarias quebram seus porquinhos e torram suas economias provando grandes vinhos! Este ano não fugiu à regra e cada uma das cinco confrarias que administro chutou o balde com muita classe e joie de vivre! A Saca Rolhas, da qual faço parte também, nos permitiu (todos os 12 participantes) provar alguns grandes vinhos numa noite encantadora, uma verdadeira esbórnia enófila! Eis o que a nossa porta voz, confreira e amiga Raquel Santos, tem a nos dizer sobre suas impressões pessoais sobre estes vinhos que encantaram e seduziram a maioria!

Mais um ano que se foi, e ainda bem que sempre tem “aquele” vinho que ainda não conhecemos e queremos saber qual é a dele! Já que o clima era de festa, resolvemos levar alguns convidados a mais para garantir a animação. Além dos da casa, recebemos convidados da Turquia, Espanha, Portugal, etc…

Começamos muito bem, como sempre, com um belo espumante:
Cave Geisse Terroir Nature 2009. Esse é aquele que impressiona os paladares mais exigentes. Quebra todos os preconceitos em relação ao vinho nacional, e confunde aqueles que só se arriscam nos padrões das grifes internacionais. Vale lembrar que a qualificação “Nature”, significa que estamos falando do mais seco dos espumantes, ou seja, tem no máximo 3g de açúcar residual por litro. Eu particularmente acho a mais sincera expressão que um vinho espumante pode oferecer. Não que eu não goste de doçuras, mas acho um sabor muito fácil de assimilar, que costuma mascarar a percepção de todos os outros, se não estiver em perfeito equilíbrio com seu contraponto: A acidez. Sempre penso na sorte que nós brasileiros temos, de ter nosso solo/clima propício para esse tipo de vinho. Duas tacinhas e a festa já está estabelecida. E com qualidade garantida!

Foi nesse clima que fomos apresentados ao nosso convidado Turco.
O nome dele era Sarafin – Sauvignon Blanc 2013, do produtor Doluca. Apesar da expectativa de algo exótico, mostrou-se um típico Sauvignon Blanc. De cor bem clarinha, com um leve reflexo rosado, a primeira impressão foi o aroma exuberante, com muito frescor, de grama cortada e cítricos. Um misto de casca de limão com grapefruit e lima da pérsia, que evolui para sabores calcários, minerais bem fundidos com ervas aromáticas e especiarias (baunilha). Muito persistente na boca e refrescância que pede um novo gole.

Partimos então para o primeiro tinto da noite. Veio para ajudar nossa concentração, já que estávamos um pouco dispersos…. Alguns vinhos tem essa função, e um português do Dão tem sobriedade suficiente para nos colocar na terra. Com muita sutileza, foi mostrando à que veio. Corpo médio, madeira bem incorporada, taninos bem delicados e longo na boca. Aos poucos foi se mostrando com muita retidão e personalidade. Acidez que fez salivar e deu vontade de comer. Seria um ótimo companheiro para refeições. Quinta dos Roques, Garrafeira 2003.

E quando eu estava bem focada naquela taça, foi-nos apresentado o próximo: Aalto 2006. Esse nome soou nos meus ouvidos como uma música! Já havia provado um tiquinho desse vinho há algum tempo atrás, e nunca mais o esqueci. Já flertei com ele nas prateleiras de algumas lojas com sérias intensões, mas nunca fui às vias de fato. É um vinho caro, muito bem feito, pelo renomado enólogo Mariano Garcia ( Vega Sicília ), que segue a nova tendência em Ribera del Duero: Vinhos encorpados, mas mantendo a leveza. Ótima acidez que proporciona um frescor cativante, com muita personalidade e elegância.

Junto com ele, estava um outro espanhol, só que este da região de Rioja. Apesar se serem regiões próximas, possuem características bem diferentes, que dividem sua notoriedade na Espanha; à beira do rio Duero nascem vinhos classudos, com um ar de modernidade e quase sempre colocados entre os melhores do mundo, em Rioja, à beira do rio Ebro, a produção é mais tradicional, com ares de austeridade e mais voltada à expressão do seu terroir. Esse Rioja era um La Rioja Alta Gran Reserva 904 – 2001, que mostrou muito bem toda sua tipicidade. Cor granada profundo, com halo alaranjado, demonstrando seu tempo de maturidade. Aromas vibrantes com notas de couro, cacau, café e frutas que iam se revezando como uma seção de fotos. Bem estruturado, com frescor e taninos bem colocados, domados pelo longo estágio em barricas de carvalho.

Só TOPS Dez 2014

E mais uma vez, para colocarmos o pé no chão, chegou um português, desta feita do Douro. Desconhecido do todos que ali estavam, se apresentou e foi muito cortês e educado. Quase não emitia opiniões e parecia que gostava mais de ouvir a nossa conversa. Com o passar do tempo, foi relaxando e ficando mais doce, como um caramelo. Mas nem um pouco enjoativo ou pesado. Tinha uma boa acidez ao fundo que combinava todos os sabores ( frutas negras, como ameixas e amoras ), num corpo médio e fácil de beber. O nome dele era Mazouco Reserva 2012.

Festa rolando solta, e partimos para o 7º vinho da noite! Muita expectativa na entrada triunfal do brasileiro: Casa Valduga Gran Reserva Storia 2005. Esse vinho mereceu destaque no mercado e à partir daí tornou-se um ícone nacional pela qualidade, e realmente cumpre o que promete. Já havíamos provado o 2006 na nossa primeira degustação desse ano (Merlots Premium Brasileiros às cegas), e novamente não nos negou o prazer esperado: Muito equilibrado, com bom corpo que sustenta frutas carameladas, chocolate, café e um tostado no final. Ainda com muito tempo de vida pela frente! *(para mim de longe o melhor Storia já produzido e talvez tenha alcançado seu auge agora – melhor prova das quatro que já fiz desta safra – mesmo com ainda alguns bons anos de vida pela frente mostrando que todos os outros já produzidos após esta primeira safra estão a léguas de distância atrás dele)

Já podíamos nos dar por satisfeitos, mas sempre tem alguém querendo mostrar coisas novas. Partimos então para a Austrália, de onde veio um Shiraz muito interessante: John Duval Entity 2007. O enólogo que dá nome ao vinho, foi o criador dos premiados Penfolds Grange, que nos anos 90 mereceram destaque mundial, quando se equipararam com os “grandes” do velho mundo. E realmente mostrou-se muito elegante. Com o primeiro ataque bem seco na boca, um toque mineral que se funde com frutas maduras dando-lhe corpo e temperado com especiarias. No final um leve defumado mostrando a madeira bem colocada. Um exemplo de como o menos é mais, com muita categoria. O da safra de 2012 entrou nos TOP 50 vinhos de 2014 da Revista Decanter.

A essa altura já estava passando pela cabeça de todos, os bons vinhos que conhecemos durante o ano. E como não podia faltar um italiano nessa festa, chegou o Barbaresco Piero Busso 2008, para nos lembrar da deliciosa degustação de julho (Um encontro do Saca Rolha com a Nebbiolo). Foi bem interessante o reencontro com esse vinho, num contexto diferente. Aqui, onde o foco foi a diversidade, ele me pareceu mais descompromissado com suas esperadas características de personalidade. Sem deixar a elegância de lado, pareceu mais leve, fácil de beber e adaptável à qualquer situação.

Finalmente, para encerrar nosso último encontro do ano, um vinho recém chegado do Porto para adoçar nossos encontros e fortalecer nossos laços de amizade. O escolhido foi um Taylor’s Tawny 20 anos, que acompanhou muito bem um Panettone Loison Clássico, perfumado e úmido. O vinho, servido na temperatura correta, tinha aquela cor âmbar, típica dos Tawny, pelo seu longo envelhecimento em cascos de carvalho velho. Seus aromas de frutas secas, amêndoas, nozes e principalmente figo Ramy, me fazem lembrar o Natal. Essas referências das frutas invernais europeias, que foram trazidas por nossos antepassados. E mesmo aqui nos trópicos, não conseguimos ficar sem elas, apesar do calor. Acho que nem devemos, pois assim como foi esse encontro com a diversidade do mundo, o vinho nos leva sempre para onde queremos estar. E assim como nos alegramos ao ouvir um estouro da rolha dos espumantes, podemos também sentir a melancolia das lágrimas que escorrem numa taça de Porto. Que venha 2015!

Oito Anos Falando de Vinhos e Alguns Destaques – Brasil III

Neste primeiro lote de Destaques destes últimos oito anos dedicados aos vinhos do Brasil, os espumantes teriam que obrigatoriamente estar presentes e com eles termino esta série. Temos bons vinhos tintos, porém é nos espumantes que o vinho brasileiro se projeta internacionalmente como, em minha modesta opinião, a quarta força mundial no quesito Quantidade com Qualidade. São inúmeros os bons rótulos, porém dois vinhos são especiais, o Orus Rosé do Adolfo Lona e o Geisse Terroir Nature do Mário Geisse ambos conceituados enólogos com anos de serviço prestados ao desenvolvimento do espumante nacional.

DSC03152Orus Pas Dose Rosé– O provei pela primeira vez em 2011 num evento promovido pelos amigos de longa data e blogueiros, Evandro e Francisco (2 Panas). Postei o que segue; “um espumante rosé nature apaixonante, de pequena produção e uma incrível delicadeza! Daqueles caldos que deveriam vir, como costumo definir, de fraque e cartola para a mesa. Uma surpreendente criação de alguém que tem história na vinicultura tupiniquim, o Sr. Adolfo Lona, é o ORUS Pas Dose Rosé! A cor já impressiona saindo fora daqueles tradicionais tons rosados e cereja, para algo mais sutil. Visualmente a perlage se mostra muito fina, abundante e consistente nos convidando a levar a taça á boca onde ele se mostra em todo o seu esplendor deixando-nos sentir estrelas no céu da boca. Elegante e fino, rico, equilibrado, complexo e sedutor, um rosé que conseguiu desbancar vinhos de maior renome e preço. Corte de Chardonnay, Pinot Noir, Merlot vinificado em branco e Merlot vinificado em rosé. Doze meses em contato com as leveduras e mais doze descansando em garrafa e somente 608 garrafas produzidas, ou seja, mais uma daquelas raridades para poucos e entusiastas amantes do doce néctar.” De lá para cá já andou por diversas vezes em minha taça e nos meus posts, só confirmando a minha primeira impressão sobre este que se tornou um clássico dos espumantes nacionais e a cada ano estou lá na fila esperando algumas das poucas (não chega a 700) garrafas produzidas.

DSC03123Cave Geisse Terroir Nature 2009 – mais um nature, desta feita branco, e mais uma maravilha engarrafada. Já o conhecia de velhos carnavais, mas sempre achei que o Nature “básico” deles já era muito bom e que este não merecia as glórias que lhe atribuíam. Este da safra 2009 no entanto, me virou a cabeça e mostrou que é realmente um grande espumante que, entre os brancos, é a meu ver o que mais se destaca nacionalmente mesmo havendo alguns fortes concorrentes no mercado. Em Novembro de 2013 o coloquei numa degustação às cegas com mais outros sete concorrentes entre eles alguns grandes espumantes das regiões de; Champagne, Franciacorta, Cava e Trento tendo o Terroir Nature ganho a degustação na opinião de 23 consumidores que estiveram presentes ao evento. A produção não passa das sete mil garrafas e é um corte de meio a meio (varia em função das safras) do melhor Chardonnay e Pinot Noir do vinhedo localizado em Pinto Bandeira. Tremendamente sofisticado, com uma perlagem fina, intensa e de longa duração que explode na boca com notas de macã verde, citrinos e alguma levedura, o famoso brioche, sutil, delicado, fino e sedutor, um grande espumante que deixa muito champagne famoso no chinelo.

            Ambos os vinhos estão na casa dos 125 Reais, metade de alguns importados renomados, porém ainda tem gente insistindo em beber marca, que pena porque estão perdendo preciosos caldos, trocando qualidade e prazer por pretenso glamour! Enfim, hoje é Sexta, “the day after” a abertura da copa e por um mês só se vai falar disso, mas não aqui, porque navegar é preciso. Um ótimo fim de semana para todos e nesta Segunda (16/06) todo mundo de olho em Salvador quando Portugal e Alemanha protagonizam a final antecipada da copa! rs Salute e kanimambo.

Campeão de Nossa Copa de Vinhos é o Chile!

É, na Copa Mundial de Vinhos que realizei ontem nas instalações da Vino & Sapore com a presença de 13 participantes e degustação ás cegas, deu Chile na Cabeça seguido de perto pelo Brasil! Eis o campeão: Terranoble CA1 Carmenére Andes, o primeiro vinho chileno a ganhar uma degustação às cegas promovida por mim, e olha que foram muitas!

CA1 Carmenére Andes

Em segundo deu Brasil com o Cave Geisse Terroir Nature, o que é de ser ressaltado como uma façanha já que nessa seleção que foi a campo existiam mais cinco tintos (veja a lista completa clicando aqui).

Cave Geisse Terroir Nature

 

Semana que vem dou mais detalhes. Salute e kanimambo