Cava Palau e Outros Bons Espumantes

  Nestas últimas semanas andei mergulhando no mundos das borbulhas  e me deliciando com novas descobertas. Uma dessas que me chamou bastante a atenção, foi a linha dos espumantes Mont Marçal trazidos pela Vinho Sul, importadora que prima por boa escolha de rótulos e ainda melhor precificação, em que se destaca os de rótulo Palau por sua excelente relação Qualidade x Preço x Prazer, mas toda a linha é muito bem feita e agradável de tomar. Da gama de entrada os Palau Brut e Semi-seco, intermediário os Mont Marçal e no topo um Gran Cuvée Brut todos vinhos que merecem ser conhecidos e que acompanharam as tapas do Dom Curro maravilhosamente bem. Por sinal, o Dom Curro é um caso á parte sob o qual tecerei alguns comentários em post separado num outro dia. Também provei um Champagne Pommery que não conhecia e um Prosecco Millesimato Brut muito surpreendente,  então eis minhas conclusões:

Palau Brut* – já o conhecia tendo sido um destaque no Wine Day da Vino & Sapore em Outubro. Seu frescor é o que espera de um Cava destes, porém o que surpreende é que entrega muito mais que isso. Muito saboroso, bem frutado, apresenta uma riqueza e um equilíbrio muito além da grande maioria de seus concorrentes  sem custar mais caro por isso podendo acompanhar pratos de frutos do mar grelhados ou fritos com muita classe. Vale cada centavo de seus 45 Reais ou próximo disso.

Palau semi-seco* – este foi uma grata surpresa, já que o equilíbrio do Brut extrapola aqui pois sua doçura é muito bem balanceada pela boa acidez tornando-o mito agradável de tomar e olha que eu sou chato com os demi-sec da vida por os achar muito doces e enjoativos. Este vinho tem 35grs de açúcar residual e não se sente! Para quem gosta dos Proseccos em seu estilo extra-dry, uma bela opção. Custa cerca de 5% mais caro que o Brut e deve acompanhar muito bem um panetone de frutas, tudo a ver neste Natal e uma Colomba pascal na Páscoa. Na verdade, faça o momento e pronto! rs

Mont Marçal Brut Reserva – um bom degrau acima do Palau, preço idem já que pulamos para casa dos 65 Reais, mantendo a boa perlage e acidez porém ganhando em complexidade tanto aromática quanto no palato em que o brioche e levedura se apresentam bem mais presentes em detrimento da fruta que, no entanto, segue por lá. Dentro de sua faixa é um produto bastante interessante que agrada, passando 15 meses envelhecendo em garrafa antes de sair ao mercado.

Mont Marçal Grand Cuvée* – demos um belo pulo qualitativo aqui. Afora as tradicionais cepas autóctones (Macabeo, Parellada e Xare´lo que compõem o blend dos outros cavas, aqui temos o acréscimo de 15% de Chardonnay o que lhe dá uma outra cara e sofisticação, afora passar por cerca de 15 meses sur lie antes do degorgement. Surpreendeu por seu lado mineral muito presente, frutas cítricas com toques de levedura muito elegantes compondo um conjunto bastante sofisticado, rico e essencialmente gastronômico podendo já acompanhar alguns pratos mais complexos como um arroz de mariscos ou até um polvo como o que pedimos para acompanhar e que, aliás, estava divino! A maior surpresa ficou para seu preço que gira ao redor dos 85 Reais e só produzem cerca de 40.000 garrafas deste espumante dentro de um universo total de cerca de 4 milhões.

           Depois de falar um pouco desses gostosos Cavas, entramos num mundo diferenciado que é Champagne. Pessoalmente curto os champagnes vibrantes e frescos, finos e delicados com uma fruta bem presente mas sempre elegante. Este Pommery Brut Royal* é um champagne mais austero, algo mais senhoril, mas também muito bom dentro do estilo. Os aromas são uma verdadeira padaria das antigas (rs) muito brioche  e leveduras presentes sob um fundo algo frutado. Na boca é bastante complexo confirmando o nariz, médio corpo, boa textura, cremoso, final de boca bem seco, longo e algo mineral mostrando-se muito bem equilibrado. Bom de beber, mas certamente um espumante para se desfrutar com comida pois me pareceu mais gastronômico com uma acidez bem balanceada. A Wine Spectator lhe deu 89 pontos, eu não discordo, mas a verdadeira pontuação está na sua taça, prove e confira! Na faxia dos R$175,00 é uma bela relação custo x beneficio para os espumantes desta renomada região produtora deixando, certamente, muito nome pomposo e mais caro enrubescido.

Cecilia Beretta Prosecco Brut*. Brut já não é muito comum e este ainda é da região de Valdobiaddenne o coração dos espumantes desta denominação e ainda é Millesimato, safrado 2010, então surpreende-nos direto e reto porque não é o que se espera de um prosecco tradicional, é muito, mas muito mais! Para começar, não é um Prosecco tradicional e sim de uma pequena produtora que, em vez de milhões de garrafas, solta anualmente apenas umas 200 mil, de todos seu portfolio! Só isso já faria diferença, mas tem mais pois é no nariz e boca que ele mostra todos seus predicados. No olfato frutos tropicais bem presentes, notas florais e um perlage bastante fino e abundante convidam a levar a taça à boca. Na boca a surpresa, corpo! Só que delicado e elegante, muito equilibrado, frutado, nuances de brioche, acidez bem presente mas balanceada, seco no ponto, vibrante e de final muito agradável com boa persistência. Um belo Prosecco que, para quem ainda não sabe, não é mais o nome da uva que agora se chama GLERA, mas sim uma denominação de origem no Veneto/Itália. Tem gente que vai ter que mexer nos seus rótulos!!! Ah, a revista Adega lhe deu 89 pontos e o indicou como Best Buy, estando o preço  na casa dos R$60 e não se encontra por aí em qualquer esquina, tem que pesquisar. Sugestão, tome-o como aperitivo ou a título de celebração, mas também leve-o à mesa pois certamente será um grande companheiro para um risoto de frutos do mar ou camarão.

       Bem, por hoje chega, já temos aqui uma série de bons motivos de estilos diferentes, para aproveitarmos dignamente as festas de final de ano sem gastar muito. Salute, kanimambo e um ótimo fim de semana a todos.

Ps. Por sugestão do amigo Josmar, agora coloco um asterisco nos rótulos provados e comentados que podem ser encontrados na Vino & Sapore.

Destaques do Wine Day

             Rescaldo feito, não existe evento desses que não tenha seus destaques, mas fica difícil decidir já que a qualidade média foi muito boa, apesar de eu ser suspeito para falar.  Deixei então, que o caixa falasse, pois ele é o reflexo fiel do gosto dos amigos que puderam estar presentes neste nosso primeiro Wine Day.

Top de Vendas – os pratos gourmet da Voilá em que os consumidores foram unânimes em elogiar pelo fato de serem totalmente diferentes do que se conhece de pratos congelados. Dá até para tapear a sogra! rs Show de bola Emerson!!!!

Vinhos mais vendidos:

  • Vale da Mina tinto reserva, um alentejano que agradou a maioria. (Vinho Sul)
  • Anselmann Riesling – este branco surpreendeu e foi uma das mais celebradas relações Qualidade x Preço x Prazer do evento. (Vinhos do Mundo)
  • Punto Final Etiqueta Negra – um malbec muito bem elaborado, saboroso e elegante. (Vinhos do Mundo)
  • Dos Fincas Cabernet/Merlot – aquele vinho campeão no quesito Qualidade x Preço x Prazer que, abaixo de R$30,00 consegue ter 91 pontos da Wine Enthusiast. Na minha visão, nota um pouco exagerada, mas não deixa de ser uma bela compra e, para mim, o Smart Buy do evento. (WW Wines)
  • I-Castei Costamaran Valpolicella Ripasso – para acabar de vez com os preconceito contra os vinhos desta região. Do básico ao Amarone, este produtor só nos entrega belos e saborosos vinhos. (Decanter).
  • Muros Antigos Loureiro – o frescor dos vinhos verdes em todo o seu esplendor, parceiro ideal para o verão e frutos do mar! (Decanter)
  • Cava Palau Brut – recém chegada  ao Brasil é leve, equilibrada e muito fresca, chegou bem a tempo de alegrar nossas festas e verão. (Vinho Sul)
  • Juan Gil Vinhas Velhas (Jumilla) e Dios Ares Crianza (Rioja) – o primeiro é 100% Monastrel e o segundo Tempranillo. Cada um com seu jeito, estilo e faixa de preço, mas ambos caíram no gosto do publico. (Mercovino)
  • Poggio del Sasso Sangiovese – escutei diversas opiniões contraditórias, mas o caixa confirmou, vinho aprovado pela maioria, tanto que só restou uma garrafa para contar a história. (WW Wines)

Surpresas:

  • Apresentamos dois vinhos de sobremesa, o argentino Vina Amalia Vendimnia Tardia (Sauvignon blanc, Sauvignon Gris e Viognier) e o Boca Negra Dulce de Alicante/Espanha tinto elaborado com Monastrel. Num país pouco afeto aos vinhos de sobremesa, eis que as vendas no dia superaram expectativas e me deixaram imensamente feliz pois gosto muito deste estilo de vinhos e este resultado me motiva a ampliar e diversificar meu portfolio destes rótulos.
  • Do nada, decidi abrir duas embalagens de Ostras Defumadas da Marithimus, já que estávamos com uma Cava em degustação. Mon Dieu, bão demais da conta e a aprovação foi geral a ponto do estoque ter zerado e aí sairam também o polvo, mexilhão, salmão. Realmente meu amigo Antonio Carlos, lá em Floripa, está de parabéns pelos produtos que elabora com tanto esmero.

Consagração: Como já de praxe na Vino & Sapore, as Ballas de Chocolate da Isa Amaral marcaram presença e encheram de prazer o pessoal presente. Na verdade, há que ser sincero, o casamento com o Boca Negra Dulce não foi o esperado e ainda acho que um bom Porto é melhor, mas como resistir! O bom destas Ballas de Chocolate é que não precisam de nada mais, são deliciosas.

       Bem, esse foi o reflexo do gosto do povo, mas e o meu?! rs É, também tenho direito a meus pitacos, certo?

  • Melhor Vinho da noite – Chono Premium San Lorenzo 2009, orgânico, um jovem e complexo  corte de  Carménère, Cabernet Sauvignon, Syrah, Cabernet Franc e uma pitada de Petite Sirah, que mostrou muitas qualidades e uma imensa capacidade de guarda. Decantado ou guardado para ser tomado daqui a uns dois anos e teremos um néctar na taça. (Vinho Sul)
  • Surpresa da noite – fazia tempo que não tomava e estava delicioso, Amalaya de Colomé. Produzido em Salta em região produtora de vinhos das mais altas da Argentina (entre 1700 a 2300 metros), este blend de malbec, cabernet sauvignon, syrah, tannat e bonarda (na ficha constava, equivocadamente, só malbec) está delicioso na boca e numa faixa de preços para fazer a felicidade muita gente, bem abaixo dos R$50,00! (Decanter)

       Para quem veio, ou enviou seu apoio, um kanimambo muito especial, pois mais do que o sucesso comercial que, obviamente, é importante, adorei a alegria e “good vibrations” no ar. É isso que me encanta em nossa vinosfera e ao sentir isso na Vino & Sapore da forma como senti nesse encontro, fica a certeza de que o caminho, mesmo que por vezes bem difícil, é esse! Podia encher de fotos, mas influenciado por essas vibrações positivas e energia (como dito pelo Fernando em seu comentário) que tal curtir um pouco de Beach Boys, 1968! Se estiver em local adequado, aumente o som e vibre junto!

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=NwrKKbaClME&feature=related]

Versão 1979, a mesma “vibe” 10 anos depois

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=zFWXWrfj88I&feature=related]

Versão 1985 eh, eh, quase 20 anos depois, o que é bom persiste no tempo!

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=pf6vVt0cLnM]

Salute amigos e Quinta tem mais. Kanimambo!