Os Catena; Seus Vinhos e Sua Gente

Recebi recentemente um press release sobre os grandes resultados dos vinhos da família Catena em 2018 que me serviu de inspiração para expandir um pouco seu conteúdo para aqueles que tão somente conhecem seus vinhos. Durante muito tempo carreguei comigo uma imagem diferente sobres estes vinhos, até que conheci em diversas visitas esse mundo incrível que leva a marca Catena direta e indiretamente. Tanto que no dia de hoje, meu aniversário, abrirei um La Piramide Cabernet Sauvignon 2012, que me encantou lá em minha última visita, para comemorar.

Nicolás Catena Zapata é o principal nome do vinho argentino e grande responsável por colocar seu país no mapa dos melhores rótulos do mundo. Na década de 70, impressionado com a produção vitivinícola do Napa Valley (Califórnia, EUA), percebeu que o terroir de Mendoza, na Argentina, também podia dar origem a vinhos excelentes. Com determinação, trabalhou por décadas nos vinhedos e na adega, pesquisando e implementando novas técnicas. O resultado são vinhos extraordinários e de grande personalidade, que surpreendem a imprensa especializada pelo mundo afora. Talvez uma de suas principais teorias hoje, seja de que a época para inovação através de tecnologia já era, hoje todo mundo tem acesso a ela. O segredo hoje para inovação é a descoberta e o entendimento dos mais diversos terroirs. Também acredito nisso, pois com tecnologia já se consegue tomar bons vinhos da Venezuela, do Peru e até Tahiti, mas os grandes vinhos, esses só de grandes terroirs!

Em meados dos anos 90, Laura Catena, sua filha, o ajudou a emplacar uma identidade argentina nos vinhos da Catena. Vinhedos foram plantados em diferentes altitudes para produzir uma ampla gama de vinhos, entre eles o Nicolás Catena Zapata onde a Cabernet Sauvignon e não a Malbec é a protagonista. A primeira safra vinificada feita pelo enólogo José Galante foi 1997. Depois do seu lançamento em 2000, ele entrou em degustações as cegas com outros da mesma safra, como Chateau Latour, Opus One, Caymus Special Selection e Solaia tendo o Nicolás com frequência levado o primeiro ou o segundo lugar.

Passados quase 20 anos desde sua estreia, este verdadeiro ícone sul-americano segue surpreendendo a todos e o último que tomei, um 2009, estava de lamber os beiços! rs Na edição de outubro, a revista inglesa Decanter elegeu este grande tinto como seu “vinho lendário”: vinhos que não apenas estão entre os melhores do mundo, mas que também têm uma importância histórica. É elaborado com um corte de Cabernet Sauvignon (predominante) e Malbec dos melhores vinhedos das zonas mais frias e elevadas da Catena Zapata. A Cabernet talvez tenha sido o maior ponto de divergência entre Nicolás e seu pai que preferia a e via a Malbec como protagonista. Nicolás valorizou a Malbec, porém ampliou seu espectro de castas e terroirs e mostrou ter uma “quedinha” pela Cabernet! rs

Laura Catena, bióloga e 4ª geração da família é a atual diretora da Catena Zapata e também proprietária das prestigiadas vinícolas Luca e La Posta, tendo sido homenageada pela revista Wine Spectator como “Wine Star”, durante evento anual Wine Experience. Sua rotina é entre a Califórnia e Mendoza onde cuida das vinícolas e do Catena Institute of Wine. Sou fã incondicional do Luca Syrah, apesar e toda a linha ser muito boa, e do Pinot Glorieta da la Posta, um pinot com jeito de Borgonha por um preço bem camarada.

Alejandro Vigil, foi uma grande aquisição feita pela família no inicio dos anos 2000 e que, com sua juventude, conhecimento e criatividade, ajudou a catapultar os vinhos da família a um patamar ainda mais alto num projeto de expansão e exploração de regiões de grande altitude. Na Catena, começou desenvolvendo o instituto de pesquisa. Na época, havia um consultor australiano, o grande John Duval criador do mítico Penfolds Grange, fazendo o corte de Nicolas Catena Zapata 2001. Como conta o próprio Alejandro numa entrevista à revista Adega, John Duval se virou para mim e me perguntou; “Vigil, anima-se a fazer um corte?” Eu, com toda a ignorância – pois, para mim, era uma brincadeira –, fiz. Estavam todos: Nicolas, Laura (sua filha), Pepe Galante (enólogo), e fui com minha garrafinha. Colocaram-na sobre a mesa, com outras cinco. Fizeram uma prova às cegas e todos votaram no meu corte. Eu, cara de pôquer. “O que você fez?” “Mesclei isso e isso”. “E quantas garrafas pode fazer disso?” “Nem faço ideia” [risos]” Alguns meses depois, Nicolás o encarregou de todos os vinhos premium da empresa. Os da safra 2004 foram seus primeiros como chefe e, em 2007, encarregava-se de todas as vinícolas da família. Não é à toa que é reconhecido pela critica internacional como um dos 30 principais enólogos do mundo!

Essa parceria foi além e Alejandro em sociedade com Adrianna Catena (a caçula da família) montou um novo projeto chamado Aleanna que hoje é mais conhecida como El Enemigo e Grande Enemigo, nomes dados a seus vinhos altamente premiados

Na família ainda há Ernesto Catena que tem uma pegada mais direcionada aos vinhos orgânicos e bio dinâmicos com diversos rótulos entre eles a linha Animal, gosto muito do Malbec, e do Siesta que tem seu Cabernet Franc Bio como um de meus vinhos favoritos elaborado com esta uva na Argentina.

Fritar dos ovos, tem mão dos Catena e de Alejandro Vigil, pode mergulhar de cabeça que dificilmente vai dar ruim. Em cada linha de produtos, bons rótulos de entrada e grandes vinhos que ganharam em 2018 os holofotes dos mais importantes críticos, mas não só, porque 2017 também trouxe grandes conquistas. Vejamos alguns dos mais pontuados:

Os tintos Adrianna Vineyard River Stones Malbec 2016 e Gran Enemigo Single Vineyard Gualtallary 2013 (Cabernet Franc c/Malbec) foram classificados com 100 pontos pelo crítico Robert Parker, a nota mais alta já concedida para vinhos argentinos, os colocando num patamar de excelência que poucos no mundo frequentam.

Uma outra grande e recente premiação foi o El Enemigo Chardonnay 2016 que obteve 98 pontos de James Suckling tendo sido selecionado entre os TOP 100 vinhos de 22.000 vinhos provados por ele em 2018

Já o Adrianna Fortuna Terrae 2014 recebeu 95 pontos do jornalista Kim Marcus e é o no.1 da lista de indicações da última edição da revista Wine Spectator (Dez18/Jan19). Também recebeu alta pontuação de Robert Parker (96 pts), James Suckling (98 pts)

Catena Zapata Malbec Argentino com novo rótulo, A grande ilustração reveste a garrafa em 360graus. Desenhos que contam o drama da vida, morte e ressurgimento da uva Malbec, ilustram o novo rótulo do Catena Zapata Malbec Argentino . Esta repaginada  safra 2015 obteve 95pts da publicação The Wine Advocate e 94pts de James Suckling e Tim Atkin.

Talvez um dos maiores feitos dos vinhos Catena Zapata tenha sido a eleição por James Suckling do Melhor Vinho Argentino de 2017, não um Malbec ou um Cabernet Sauvignon, mas sim um vinho branco, o Adrianna White Stone Chardonnay 2014. Eu há muito venho falando dos brancos argentinos, este é só mais um atestado que confirma o estágio desses vinhos por lá e o quanto devemos estar abertos a eles.

Pessoalmente, sou um fã do Adrianna Single Vineyard Malbec e na ultima visita lá me encantei com o Cabernet Sauvignon La Piramide 2012  assim como o melhor Bonarda que já tomei, o Parcela Nicolás Catena 2014 sem contar seu estupendo Semillon botrytizado que poucos conhecem, o Catena Semillon Doux . Ah, não podia deixar de mencionar e indicar aos amigos um vinho da linha Gran Enemigo que fez minha cabeça e me fez suspirar quando o conheci há uns dois anos e naquele dia disse que poderia ser ainda melhor que o Gualtallary, ao menos parelho com ele, o El Cepillo!!! Para minha satisfação o 2014 recebeu 98 pontos na safra 2014 (acho que Parker), acima do Gualtallary. Posso até não entender nada de vinhos, mas sei reconhecer um grande vinho na taça! rs

Hoje falei de Catena Zapata, e como falei (rs), porém a verdade é que apesar do que esta casa produtora significa para a vitivinicultura argentina, o nível geral dos vinhos dos hermanos cresceu excepcionalmente com novos e criativos enólogos sem medo de explorar novas técnicas, rever velhas receitas  assim como a descoberta e exploração de novos terroirs. Eu mudei muito os conceitos que tinha quanto aos vinhos argentinos depois de mais de 2000kms rodados pelas diversas regiões produtoras e prova de inúmeros rótulos e visitas a produtores que me mostrou que essa revolução promovida pelos Catena desde 1970 não cessou, segue em plena evolução, explorem, desfrutem!

Kanimambo, saúde e uma ótima semana para todos

 

Vem Comigo a Mendoza, Vem!

Amigos, igual a esse roteiro não tem igual, me desculpem a modéstia, e só indo comigo para poder usufruir desses vinhos e pessoas que irão, excepcionalmente, nos receber em suas casas. Dizer que alguém conhece Mendoza é no mínimo presunção, pois ter estado lá uma vez e visitado as bodegas turísticas, por melhor que sejam, não é conhecer este fantástico Oásis. São mais de 900 vinícolas e mesmo com meia dúzia de viagens mal se toca a superfície e pouco se conhece da enorme diversidade de vinhos, uvas e estilos que hoje se produzem ali.

Há viagens para tudo que é canto e com tudo o que é preço para tudo o que é gosto. Esta é para quem é realmente apaixonado por nossa vinosfera, pela diversidade e pela novidade buscando novas sensações com a possibilidade de conversar, provar e trocar ideias com alguns dos produtores mais interessantes de mundo do vinho mendocino. Ainda temos vagas, mas não deixe para a última hora esperando o Dólar baixar, mesmo que estivesse a R$3,00 ainda seria uma ótima, basta comparar!

Fora dos pacotes turísticos convencionais, fui fundo na negociação de cada rótulo que será provado e de nossos almoços harmonizados para que novas experiências e sensações sejam vividas e, preferencialmente, se tornem persistentes na memória. Creio que, pelo menos no papel e salvo eventual contratempo especialmente de alguns de nossos principais anfitriões, conseguimos isso e cabe a você conferir. A viagem será curta porém intensa e limitada a 14 participantes mais eu que acompanharei o grupo em todo o roteiro, vejam a síntese de como ficou e caso haja interesse estou à disposição para lhes enviar o roteiro detalhado ou você pode acessar o link para a Wine & Food Travel Experience.

Dia 21 de Janeiro/15 ás 11:40 saída de São Paulo Guarulhos (liguem para o Rodrigo da Clube Turismo em Cotia – (11) 9.9913-5462 ou (11) 4614.7153 – se estiverem em outras cidades do Brasil ou de Portugal para providenciar conexão) via Buenos Aires com destino a Mendoza onde chegaremos às 16:30. Direto para o hotel Diplomatic, 5 estrelas e um dos melhores de Mendoza!

  • Ás 18:30 saída para a Wine O’Clock onde participaremos de uma degustação temática sobre a Malbec em Mendoza e a influência dos diversos terroirs. Evento personalizado desenvolvido para este grupo.

Dia 22 às 09:45 saída para nosso primeiro, de três, compromisso do dia.

  • Achával-Ferrer / Belasco de Baquedano com almoço harmonizado e sala de aromas / Passionate Wines com Juan e Matias Michelini jovens revolucionários da nova enologia argentina. Jantar vendo o pôr do sol sobre os Andes

Dia 23 ás 9:45 todos prontos para mais um dia de intensas experiências

  • Catena Zapata / El Enemigo com a apresentação e almoço com Alejandro Vigil um dos principais nomes da atualidade na enologia argentina / Vina Alicia degustação e bata papo com Rodrigo Arizu sobre suas experiências nesta bodega boutique.

Dia 24 será um dia algo mais leve e mais lúdico porém não menos marcantes onde abundaram grandes vinhos na taça.

  • Benegas-Lynch e Casarena com almoço harmonizado, elaboração de um blend e degustação de vinhos top. Retorno no meio da tarde com passagem pelo Mercado Municipal e um pouco de garimpo gastronômico ou quem quiser, uma passada no shopping.

Dia 25 – Dia de retornarmos para casa porém sem antes participarmos de uma das mais saborosas experiências sensoriais em Mendoza.

  • Visita e almoço harmonizado na Dominio del Plata e o restaurante Osadia de Crear, um Grand Finale que, quem já participou, pode confirmar.

Mais detalhes, valores e outras informações adicionais acesse o blog da Wine and Food Travel Experience clicando aqui.

Salute, kanimamo e espero você em Guarulhos?

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1º Dia em Mendoza – Day One In Mendoza

Ao escrever este texto me deu saudades e certamente voltarei em breve pois tem gente já querendo agendar uma nova viagem para lá comigo. Tudo dando certo, terceira semana de Janeiro, me aguarde Mendoza! Bem, mas vamos ao que interessa, hoje primeiro post de quatro no formato de um diário da viagem, espero que curtam”

Chegamos de madrugada e logo fizemos check in no hotel para um breve descanso e café da manhã. Após algumas horas e um pouco mais descansados, saímos para o inicio de nossas atividades do dia; visita com almoço harmonizado na Melipal, uma Bodega que em breve espero ver por aqui em Sampa, porém já anda pelos lados de Curitiba e Minas Gerais onde possui importador/distribuidor regional. Desde os idos de 2009 que conheço e aprecio os vinhos deste produtor de pequeno para médio porte considerando-se o tamanho de algumas vinícolas na região e que sempre teve uma politica de preços bem ponderada. Ainda busca importador para São Paulo então por enquanto por aqui vai ser difícil achar e espero que isto se solucione logo (mantendo os preços camaradas) para poder curtir seus vinhos mais amiúde.

Clipboard Melipal
Localizada na zona de Agrelo, Lujan de Cuyo, a vinícola se estende entre as vinhas e rende culto à paisagem que a rodeia as “acequias” (pequenos canais), salgueiros e a Cordilheira dos Andes, uma fusão de solidão, espaço e tempo. A produção beira os 550.000 litros anuais, distribuídos em tanques de aço inoxidável com capacidade de 5.000lts. a 25.000lts. assim como uma sala de barricas concebida para a maturação dos vinhos premium da casa. Os vinhedos têm idades variadas, desde os mais jovens com 11 anos de idade, passando por vinhedos de 30 até chegar aos mais antigos jáExtras Melipal Rosé passando dos 90 anos do qual se elabora o Las Nazarenas Single Vineyard que tivemos o prazer de degustar.
O restaurante é premiado e muito bem avaliado, sendo um belo começo para nossas atividades pois mostrou que toda essa fama não veio á toa, não! Antes, no entanto, uma passagem pela bodega para conhecer um pouco sobre a elaboração do vinho com um delicioso Melipal Rosé de Malbec o qual há tempos não andava por minha taça e comprovou todos os seus predicados.

De volta ao Restaurante, um menu criativo sendo que a entrada foi uma das gratas surpresas gastronômicas desta viagem, a sopa de cogumelo muito peculiar e criativa…que foi muito bem harmonizado com o Ikella Merlot. O vinho em Melipal Menu 1si é bem feito e muito agradável, ainda prefiro seu cabernet, porém com a sopa a maridage foi perfeita e ambos, vinho e prato cresceram maravilhosamente bem provando que neste mundo da harmonização a aritmética fica por terra quando tal perfeição é encontrada. Na foto não parece grande coisa, mas na boca!!!!!!  Um belo começo para o que estava por vir.

  Ikella Merlot
Sopa de hongos y puerros asados, crema de vainilla y gotas de oliva perfumados con tomillo.
Wild mushrooms and leeks cream, perfumed with vanilla and olive oil.

 

Melipal Malbec – não adianta, sei que o reserva é o mais pontuado e preferido dos críticos, porém é com este vinho que me delicio. Um belo malbec de gama média com muita fruta e especiarias em perfeito balanço, um vinho como, a meu ver, todo o Malbec deveria ser. Sem excessos, rico, com taninos finos e aveludados, carnoso, médio corpo, boa textura, muito equilibrado e um longo e saboroso final de boca com alguma mineralidade presente. Se chegar aqui em Sampa na casa dos R$70 a 80,00 certamente irá valer muito a pena!

Melipal Malbec
100% Malbec 12 meses en barricas de roble francés. 12 months in French oak barrels.
Cerdo confitado en malbec y maíz cremoso – Malbec marinated pork tenderloin over sweet corn cream.

 

Melipal  Nazarenas Malbec – O vinho Top da vinícola elaborado com uvas de seu vinhedo mais antigo, com mais deMelipal Menu 2 90 anos, vinho que não conhecia e mostrou ser um vinho de grande intensidade aromática e concentração. Vinho potente mostrando bom corpo e acidez balanceada que mostram que estamos com um vinho de guarda na taça, ainda muito novo mas que já mostra a que veio. Um belo companheiro para uma boa e suculenta carne

Melipal Nazarenas Vineyard Malbec
100% Malbec de la finca Las Nazarenas (plantada en 1923).18 meses en barricas de roble francés.

100% Malbec from Las Nazarenas vineyard (planted in 1923) 18 months in French oak barrels.
Medallón de filet a la plancha, pesto rojo y risotto de hierbas – Grilled beef tenderloin, sun dry tomatoes pesto, and green risotto

Melipal blend – já falei dele quando da degustação de Blends e foi mais uma grata surpresa nesta visita que juntou a saudade de alguns rótulos com a descoberta de novos. Um vinho muito fino e equilibrado, taninos sedosos e um longo final que não cansa. Espero vê-lo nas minha taça mais vezes, um vinho sedutor!

Melipal Menu 3Melipal Malbec Late Harvest – Descobri que tem muita gente explorando este segmento de vinhos de sobremesa e este vinho deles se mostrou muito interessante com bom equilíbrio e doçura controlada.

 

 

  Melipal Malbec Late Harvest
100% Malbec. Dulce natural / 100% Malbec. Sweet wine
Cremoso de chocolate amargo sobre panna cotta de naranjas y salsa toffee.
Creamy bitter chocolate, orange panna cotta and toffee sauce.

Melipal Vinhos

Difícil ir embora depois de tudo isso e da forma como fomos recebidos, uma rede teria sido uma boa pedida (rs), mas depois de um cafezinho e algumas compras, era hora de voltar para a van e nos pormos a caminho de mais uma bodega, desta feita a pirâmide de Catena Wines.

 

Clipboard Catena

Há pouco mais de 110 anos, Nicolás Catena (o bisavô) plantou sua primeira videira e deu o pontapé de partida para o que hoje é um dos maiores, se não o maior, grupo vitivinícola argentino. Nos últimos 20 anos, boa parte da revolução pelo qual passou a vinosfera mendocina tem raízes na personalidade desafiante e tenaz desse que é hoje o comandante em chefe do grupo, Nicolás Catena, o neto! O que mais aprecio nele é a busca por limites e por apostar na Cabernet e nos blends em vez dos single vineyards como caminho para ganhar complexidade nos vinhos. Hoje seus filhos (Laura, Adrianna e Ernesto) tocam projetos satélites e outros independentes seguindo o trajeto inicialmente pavimentados por seus antecessores. Um dos maiores conglomerados produtores de vinho na Argentina, não se sabe ao certo o quão grande é devido à falta de dados disponíveis, com seus vinhos espalhados pelo mundo e sempre muito bem avaliado pelos crítica internacional em geral, faz com que seja uma das bodegas mais visitadas em Mendoza. Aqui provamos três vinhos da linha Angelica Zapata que é, salvo engano, somente vendida na Argentina e no Brasil:

Angelica Zapata Chardonnay – um dos bons chardonnays argentinos que precisa de um tempinho em garrafa para se mostrar e deve ser tomado com dois ou três anos de garrafa para se tirar dele tudo o que ele tem a oferecer. Bom em jovem, mas melhor mais maduro como este que tomamos (2011), já com três aninhos nas costas. Fermenta em barricas de 225 ltrs e depois repousa em garrafa por cerca de um ano e meio antes de sair ao mercado. Madeira muito bem colocada, nuances de baunilha e frutos tropicais no nariz, boa entrada de boca mostrando um frescor típico dos brancos de maior altitude, algum mineral num final de boca de muita expressão e persistência, um belo vinho.

Angelica Zapata Malbec 2010 – um clássico que faz a cabeça da maioria dos brasileiros. Frutos vermelhos, algumas notas de cânfora no nariz, álcool e madeira ainda por integrar mostrando que o vinho ainda está novo para ser apreciado em toda a sua plenitude, porém há quem goste de seus vinhos mais novos e este é um bom exemplar de malbec elaborado com uvas de três diferentes vinhedos; Pirâmide, Adriana e Nicasia.

Angelica Zapata Cabernet Franc 2009 – para mim o que mais se destacou em conjunto com o Chardonnay. A Cabernet Franc mostra aqui a qualidade que está fazendo com que ela comece a deixar de ser coadjuvante na maioria dos bons assemblages argentinos (como comentado na degustação que fiz recentemente), partindo para assumir um papel de protagonista em diversos bons exemplares varietais. Fruta muito presente, algo de violeta no ar e na boca muita especiaria, taninos sedosos, madeira bem integrada e absolutamente pronto a beber com muito prazer.

 

Final do Day One? Nããão! Rs terminamos com as visitas ás bodegas, mas ainda tinha o Jantar que, na falta do Azafrán que estava em reforma, acabamos no La Barra Carnes & Vino  que foi divino. Ambiente rustico, descompromissado e aconchegante, belas carnes, um presunto cru local cortado em fatias grossas e muito saboroso, gostosas saladas e uma boa seleção de vinhos para acompanhar. Um lugar muito aprazível que recomendo, só precisa relaxar quanto ao serviço, é algo lento porém simpático.

Clipboard La Barra

Semana que vem tem mais! Bom fim de semana, salute e kanimambo

Catena – Decanter Homem do Ano 2009

catenaIa deixar para as Noticias do Mundo do Vinho que publico todo o domingo, mas achei que esta merece um destaque especial e post especifico. Produtor de alguns dos melhores néctares argentinos, Nicolás Catena acaba de ser nomeado Homem do Ano 2009 pela revista Decanter. Uma grande honraria que este pioneiro e inovador produtor merece já que é, reconhecidamente, a mola propulsora por trás do enorme salto de qualidade dos vinhos argentinos. Nos idos de 1990 quando iniciou suas plantações no Vale do Uco a 1440 metros de altitude o chamavam de louco, hoje é fato consumado, quando todos apostavam suas fichas somente em Malbec, ele descobriu o enorme potencial da Cabernet Sauvignon e gerou algumas “obras” magníficas como o Estiba Reservada e o Catena Alta, dois dos melhores que já tive a oportunidade de tomar. estiba-reservada1Suas criativas e inovadoras estratégias na área de marketing internacional, também são exemplo a ser seguido e benchmarking para diversos outros produtores e regiões. Não tive a honra e o prazer de o conhecer, mas dizem que afora toda essa maestria ainda é uma pessoa boníssima e gentil com o ego sob controle apesar de toda a fama e auê à sua volta. Ele costuma brincar dizendo que “dos quatro filhos que seus pais tiveram, três nasceram no hospital, e ele foi parido em uma vinha” o que demonstra sua estreita ligação com o campo e sua paixão pelo vinho.

Nicolás Catena tem como companheiros nesse verdadeiro hall da fama do mundo do vinho, alguns dos mais ilustres nomes de nossa vinosfera, veja abaixo, não é para qualquer um não!!

  • 2008 Christian Moueix – Pomerol
  • 2007 Anthony Barton – Bordeaux
  • 2006 Marcel Guigal – Rhône
  • 2005 Ernst Loosen – Mosel
  • 2004 Brian Croser – Adelaide Hills
  • 2003 Jean-Michel Cazes – Bordeaux
  • 2002 Miguel Torres – Penedès
  • 2001 Jean-Claude Rouzaud – Champagne
  • 2000 Paul Draper – California
  • 1999 Jancis Robinson MW – London
  • 1998 Angelo Gaja – Piedmont
  • 1997 Len Evans, OBE AO -Australia
  • 1996 Georg Riedel – Austria
  • 1995 Hugh Johnson – London
  • 1994 May-Eliane de Lencquesaing – Bordeaux
  • 1993 Michael Broadbent – London
  • 1992 André Tchelistcheff – California
  • 1991 José Ignacio Domecq – Jerez
  • 1990 Prof Emile Peynaud – Bordeaux
  • 1989 Robert Mondavi – California
  • 1988 Max Schubert – Australia
  • 1987 Alexis Lichine – Bordeaux
  • 1986 Marchese Piero Antinori – Florence
  • 1985 Laura and Corinne Mentzelopoulos – Bordeaux
  • 1984 Serge Hochar – Lebanon