Antonio Dias Tannat

Destaques 2011 – Brasil

        É achavam que eu não ia falar de Brasil né?! Bem, não ia deixar de fora não até porque a vitivinicultura brasileira, a despeito dos malfadados; Maledetto (selo fiscal) e Aberração (ST) vem comprovando que já sabemos fazer vinho e bom, restando-nos agora a esperança de, quem sabe num futuro não muito distante, também aprendamos a comercializá-lo! Enquanto isso, alguns bons rótulos vão surgindo, alguns ótimos, dos quais destaco estes que provei em 2011. Não estão aqui, mas devo dar menção honrosa a quatro vinhos que me surpreenderam muito positivamente na degustação de vinhos nacionais promovida pelo Gustavo (Enoleigos); Miolo Lote 43 2008, Salton Talento 2006, Dal Pizzol 200 anos Touriga Nacional 2009 e Pizzato Concentus 2005.

      Ainda deixarei pendentes os Destaques 2011 de vinhos de Sobremesa e Espumantes, mas como tinha prometido iniciar Fevereiro com minhas diversas listas de Melhores 2011 por faixa de preços, volto a estes Destaques mais adiante em Fevereiro. Falemos agora de meus caldos brazukas!

 

  • Valduga Identidade Arinarnoa – Já provei alguns dos outros rótulos desta linha da valduga, mas de longe é esse que mais me agrada. Arinarnoa é nascida de um enxerto entre a Merlot e a Petit Verdot, sendo uma uva que me agradou bastante. Preciso tomar outros, inclusive argentinos e uruguaios que também se iniciam nesta cepa. Muito elegante e fresco, com taninos macios, um vinho fácil de se gostar com notas olfativas e palativas diferentes e sedutoras. Preço ao redor dos R$70,00.
  • Churchill Cabernet Franc 2008 – Um projeto de Nathan Churchill com a Valmarino, é um vinho complexo e boa textura e nariz muito interessante em que frutos negros e notas tostadas dão suas caras. Mais para encorpado, este 2008 está muito jovem e precisa de uma de aeração para mostrar todo seu potencial e uma temperatura mais para alta, em torno dos 19 a 20º C. Um belo, complexo e elegante vinho que deve melhorar muito com o tempo e custa por volta dos R$70,00.
  • Chesini Gran Vin 2005 – este quem trouxe foi o amigo Gustavo (Enoleigos) e, pasmem, para abrir após uma vertical de seis safras de Don Melchor. Pessoalmente achava que o vinho iria sumir perto dos Hermanos mais robustos, mas se apresentou muito bem tendo surpreendido a maioria dos presentes. Vinho único porque o vinhedo de onde as uvas se originaram não existe mais! Coisas de nossa vitivinultura tupiniquim. Bom vinho, encorpado e equilibrado. Dificil de achar, porém ronda os R$65,00.
  • Bella Quinta Cabernet Sauvignon Reserva 2005 – na praça hoje é difícil de se encontrar o 2005, mas o de 2006 já provei e também está bem saboroso. O 2005 está algo mais complexo, taninos de boa qualidade já equacionados, boa fruta, um vinho muito agradável para se tomar no dia a dia e seu preço o permite, em torno dos R$38,00. Elaborado em Flores da Cunha sob encomenda para a Bella Quinta que é uma vinícola de São Roque, é um vinho que vale bem a pena e bateu por nariz um outro forte contendedor a estar aqui, o Don Giovanni Reserva Merlot.
  • Antonio Dias Tannat – do Alto Uruguai (RS), nova fronteira produtora de vinhos próximo a Chapecó, vem este vinho que mexeu com minhas estruturas ao primeiro gole na Expovinis de 2011 e de lá para cá só fez confirmar que estávamos diante de um vinho surpreendente de um produtor pioneiro numa nova e surpreendente região produtora. Já falei bastante sobre ele aqui no blog então não vou me extender, mas fiquemos de olho neste ano em dois lançamentos o Pinot Noir e o Touriga Nacional que provei de barrica e prometem muito! Por R$49,00 certamente uma boa compra.
  • Sesmarias  2008 – o melhor vinho nacional que já tomei e só por isso merece estar aqui com todas as honras. Seu preço é para colecionador, sua produção idem, e tem que comprar só na Miolo. Muitíssimo bom, equilibrado, complexo, bom volume de boca e gostosa textura, taninos finos e sedosos ainda por serem devidamente integrados (muito jovem), longo é um vinho que mexe com a gente e quem quiser ter uma garrafa dessas prepare-se para pagar a bagatela de R$250,00 ou mais. Pequena produção, cerca de 600 garrafas, e marketing do bom faz com que o preço seja esse disparate, mas como tem quem compra certos estão eles em cobrar tudo isso. Na minha avaliação, meramente hedonística e sem qualquer ciência, baseado no que tem por aí no mercado, um vinho que, apesar de alguns poderam me achar presunçoso, na minha opinião vale,  uns 130 a 160 Reais tops.

    Meus amigos, ontem cumpri mais um de meus muitos anos, ainda não sou um clássico, como meu saudoso sogro falava, mas estou a caminho! Tive o prazer de, via face, receber um montão de mensagens me felicitando pelo dia, uma prova de carinho e reconhecimento que me deixou muito comovido e certo de que a mensagem está sendo bem entendida. Vinho é, acima de tudo, desculpa para reunir GENTE em volta da mesa para COMPARTILHAR bons MOMENTOS, CALDOS e PRATOS independentemente de valores e espero seguir tendo saúde para seguir fazendo isso por algumas décadas mais dividindo essas experiências com vocês. Valeu GENTE, kanimambo e salute.

Alto Uruguai, uma Nova Fronteira!

Vivendo e aprendendo, se há uma coisa que me é clara é que nossa vinosfera não pára de nos surpreender e, pelo menos eu, descobri uma nova fronteira do vinho brasileiro. Pelo que pude ver ao falar destes vinhos e região para alguns amigos blogueiros, parece-me que não sou o único o que me levou a compartilhar com vocês um pouco mais desta região vitivinícola e seu pioneiro Antonio Dias.

             O conheci nesta Expovinis  tendo seu Tannat me surpreendido muito positivamente e ainda volto para falar do vinho, mas agora  gostaria de compartilhar com vocês a história por trás do vinho e mostrar um pouco essa região denominada Alto Uruguai. Assim pelo nome poderíamos pensar que estivesse próximo ao Uruguai, mas não, está bem distante no norte do Rio Grande do Sul quase fronteira com Santa Catarina tendo como epicentro a cidade de Três Palmeiras a apenas 75 kms de Chapecó (clique no mapa abaixo para ampliar). Na verdade, o nome da região advém de sua relação geográfica com o rio do mesmo nome e não com a país vizinho.

           Altitude ao redor dos 650 metros, solo pedregoso e bem drenado, estações bem definidas, boa amplitude térmica, aparentemente estamos diante de uma região que pode gerar vinhos bastante interessantes e que tem como pioneira a Vinícola Antonio Dias que produz espumantes, e vinhos tranquilos á base de Cabernet Sauvignon, Tannat, Chardonnay, Ancelota, Pinot Noir, Merlot e Touriga Nacional sendo que alguns rótulos já estão no mercado e outros estão a caminho. São apenas cinco hectares de vinhas num projeto iniciado em 2004 e que agora começa a dar seus frutos, porém é também o inicio de uma região já que outros produtores começam a aparecer nem todos, no entanto, ainda pensando em vinhos finos.

 

           Agora volto a falar do Antonio Dias Tannat que provei porque foi um vinho que me chamou a atenção na hora que o levei à boca, mesmo sendo ao final de minha visita à Expovinis ou seja, após ter provado uma boa leva de outros rótulos de diversas nacionalidades e cepas. É um vinho marcante de taninos firmes mas muito sedosos e bem trabalhados, madeira bem colocada dando suporte e não prevalecendo sobre a fruta, boa acidez, boa estrutura, denso, rico, enche a boca de prazer e deixa um retrogosto muito agradável e de boa persistência dando-me a impressão de que, ás cegas, faria bonito em uma prova contra os mais famosos vinhos uruguaios.

          Enfim, uma nova região e um novo produtor no nosso mapa vitivinícola brasileiro a ficar de olho para acompanhar sua evolução. Eu gostei do que provei e vou querer conhecer mais e depois compartilho com vocês. Enquanto isso, se tiver a chance prove esse vinho e me diga o que achou, quem sabe você também não se surpreende.

Salute, kanimambo pela visita e nos vemos por aqui.