dezembro 2007

Vinhos de Espanha – Edição de Novembro/07

             Adoro os vinhos Ibéricos já que possuem uma personalidade muito especial. Gosto de vinhos com caráter, que podem até ser potentes , mas onde impera a elegância e se sai da mesmice. Os vinhos de Portugal e Espanha, em função do grande uso de uvas autóctones, são assim. Eis alguns tintos Espanhóis prazerosos e de qualidade, que podemos tomar sem grandes sustos e sem onerar em demasiado o nosso orçamento. 

Até R$40

espanha-ate-40-custom.jpg

Na dúvida, sempre opto pelo Don Román Crianza (Flora) 2004 ou 2005 da região da Rioja, vinho de boa qualidade com preço em torno R$30,00. Um vinho correto, bem estruturado, frutado, leve, mas bem elaborado com 100% de uvas Tempranillo. Fácil de agradar é um vinho muito interessante e curinga numa reunião de amigos. No mesmo nível de preço, o Clos de Torribas Crianza (Pinord), da região de Penedès, é um vinho muito agradável e bem feito, com um preço campeão, e que acompanha bem uma carne grelhada. Outros vinhos que agradam e apresentam um ótimo custo X beneficio são o Osborne Solaz (syrah/tempranillo) e o Salamandra da região de Castilla. De Rioja, afora o Don Román, o Marques de Tomares Excellence (Flora) 2005, é um vinho de médio corpo para encorpado, frutado com taninos firmes e finos, que se beneficiará muito com uns seis meses a um ano de guarda ou se aberto uma meia hora antes de servir e o Riscal (Interfood) um 100% tempranillo. De Jumilla, o Panarroz (G.Cru), um verdadeiro achado e, de Penedès, a versão Reserva do Clos de Torribas, que está num patamar de qualidade superior e mais complexo que o Crianza, uma ótima opção nesta faixa de preço. Da região de La Mancha, o Artero Crianza (Decanter) um agradável corte de tempranillo com merlot. Da região de Castilla Y Leon um surpreendente Alaia (Península) que apresenta bastante complexidade de sabores e aromas para um vinho nesta faixa de preço e uma experiência única já que é elaborado com uma uva autóctone pouco conhecida por aqui, a Prieto Picudo. 

 De R$40 a 80,00

spain1-custom.jpg

 Aqui já se encontram vinhos muito bons. Um que me encanta e que vem da região de Yecla é o Hecula, um vinho encorpado, potente, mas com elegância, que enche a boca de prazer e complexidade de sabores e aromas. Do mesmo produtor, o Bodega Castano Pozuelo (ambos Peninsula). Da região de Navarra, o Javier Asencio (Península) tinto, um vinho muito agradável, de médio corpo e o Crianza, mais complexo e elaborado, o Gran Feudo Reserva (Mistral), o Guelbenzu Azul (Expand) ou o saboroso Artazuri (Vinci) um vinho de grande qualidade e equilíbrio. Da região de Bierzo, o Petalos de Bierzo (Mistral). Da Rioja um delicioso Vina Real Crianza, que deixa um gostinho de quero mais na boca, o Cune Crianza (ambos Vinci), o Marques de Tomares Crianza (Flora), o Sierra Cantabria Cosecha (Península) e o Luiz Canas Crianza (Decanter), um belo vinho com muita fruta, elegante e saboroso. Da região de Jumilla, o Altos de la Hoya (G.Cru). Da Ribera Del Duero, o Fuentespina Crianza (Expand), o Protos Roble (Península), e o Cepa Gavilán (Mistral), um baita vinho. Para finalizar, de Penedès, o Sumarroca Tempranillo (World Wine) e, de La Mancha, o Finca Antigua Crianza (Mistral) e o Códice (Península), vinho muito equilibrado, suculento com um preço idem. É um verdadeiro mosaico de tendências e sabores que fazem com que valha a pena viajar por estes vinhos bem trabalhados e muito saborosos.  

De R$ 80 a 120

espanha-80-a-120-custom.jpg 

Não tenho provado muitos vinhos da Espanha nesta faixa de preços e, como só recomendo o que já tomei e gostei, a lista é pequena. Entre estes, gostei muitíssimo do Marqués de Cáceres Gran Reserva (Vinoteca Brasil) e do Marques de Riscal Reserva (Interfood), ambos de Rioja. São vinhos de corpo médio para encorpado, boa persistência, bem estruturados e complexos nos aromas, com a tipicidade, personalidade e elegância dos clássicos da região. Também de Rioja, o Artadi Vina de Gain Crianza (Mistral) e, da região de Castilla, o Rivola (Península). De Ribera Del Duero, o Condado de Haza (Mistral) e o Vina Sastre Crianza (Peninsula). De Navarra o Guelbenzu Evo (Expand), um vinho sedutor e bem estruturado, com taninos firmes, mas aveludados. Finalizando, da região do Priorat, o Les Terrasses (Mistral). Todos vinhos de ótima qualidade e muita personalidade.  

Acima de R$120,00Para quem está com o bolso mais recheado e está disposto a mergulhar de cabeça num mundo de grande qualidade, existem preciosidades que merecem ser exploradas. Acima desta faixa de preços, e a perder de vista, existe uma enormidade de ótimos rótulos disponíveis no mercado, alguns considerados clássicos. Entre elas não posso deixar de citar um dos melhores vinhos que já tomei: o Abadia Cuvée El Campanário 99, uma verdadeira obra de arte e bastante acessível na Espanha. Delicado nos aromas de frutas vermelhas maduras que crescem na boca numa complexidade de sabores tremenda. De boa estrutura, taninos finos que lhe dão um toque aveludado. Um vinho elegante, de grande persistência, daqueles que você, de joelhos, pede para que ocorra um milagre e a garrafa não termine nunca.Quem achar compre, mesmo que o preço seja salgado, porque o vinho foi tirado de produção e é, em minha humilde opinião, uma experiência única. Dizem que este vinho foi “substituido” pelo El Palomar, mas não o provei ainda. Todos os outros vinhos que provei deste produtor, Abadia Retuerta de Sardon Del Duero, vinhos da região de Castilla Y Leon, como o Rivola e o Selección Especial, (todos disponíveis na Península) confirmam que tudo o que vem de lá merece respeito. Dizem que a safra 2004 foi exemplar, tenho que comprovar isso!

              Mas, existem muitas outras opções de belos vinhos disponíveis no mercado, a maioria não provei, que são unanimidade dos especialistas mais renomados e na sua maioria, bem caros. 

          espanha-acima-120-a2-custom.jpg

 De Rioja: o premiadíssimo, e não tão caro, Finca Allende 2003; o Sierra Cantabria Finca el Bosque; o Aurus, um ícone da região (todos da Peninsula); o Roda I; o Cirsion, Marques de Murrieta Dalmau ou Ygay, (todos da Expand); o Luis Canas Rioja Gran Reserva (Decanter); o Artadi Pagos Viejos (Mistral) e o Marques de Cáceres Gran Reserva.De

Ribera Del Duero: o onipresente e clássico Veja Sicília Único, talvez o vinho Espanhol de maior prestígio e um dos maiores ícones do mundo dos vinhos. O Alión, Pesquera Gran Reserva (todos da Mistral); o AAlto e o Pesus da Bodega Sastre (ambos da Península); o Legaris Reserva (WineHouse) e os Domínio de Pingus e o Pago de los Capellanes. Do

Priorat : Uma região mais recente onde Álvaro Palácios foi pioneiro e criou o mítico e caro L’ Ermita. Depois vieram outros grandes nomes, com preços idem: Clos Mogador; Mas Doix; Vall LLach; Mas Igneus e Cims de Porrera entre outros, dizem, grandes vinhos.

Outros : De Bierzo, o Curullón (Mistral); de Castilla Y Leon, o Abadia Retuerta Selección Especial;  de Toro, os Numanthia e Thermantia (todos da Península), elaborados com uvas Tintas Del Toro (tempranillo), advindas de vinhedos de 70 a 140 anos de idade.

Espanha – Regiões & Uvas

mapa-espanha-wince.jpgSão 53 diferentes regiões vinícolas com Denominação de Origem Controlada (DOC), sendo as principais e mais conhecidas: as tradicionais Rioja e Ribera Del Duero; a Galicia, nos brancos da uva Albariño e da região de Rias Baixas, assim como Jumilla, Navarra, Penedès, Bierzo, Cigales, Toro, Rueda, Yecla, Castilla, Priorat e Monsant.

              Sua uva símbolo é a Tempranillo, mas também são importantes a Garnacha, Carignan, Monastrel, Graciano, Mazuelo e as tradicionais Cabernet Sauvignon e Merlot, normalmente usadas em cortes. No branco, a Albariño é a rainha, mas também se trabalha bem a Verdejo, a Viura, a Xarel-lo e a Macabeo, dependendo da região produtora.       

               Apesar de encontrarmos algumas boas opções de vinhos Espanhóis a bons preços, o garimpo já se torna mais difícil do que em Portugal e na Argentina, pois os preços começam num patamar de R$25,00, tendo que se garimpar bastante. São, no entanto, vinhos diferenciados e com personalidade, que valem ser conhecidos.

                Dividem-se principalmente em quatro denominações, com algumas variações, dependendo da região de produção: Os vinhos Jovens ou Sin Crianza, que são pouco envelhecidos, para consumo mais imediato e colocados no mercado em um ou dois anos após a colheita; o Crianza, que tem no mínimo dois anos de envelhecimento; o Reserva que possui no mínimo três anos de envelhecimento e, o Gran Reserva, com o mínimo de cinco anos e que são, tradicionalmente, vinhos de guarda.

                 Os melhores, no entanto, são bastante caros. Dos vinhos brancos existem alguns muito bons rótulos no mercado, em especial os de uva Albariño, produzidos na região de Rias Baixas na Galícia, mas, como não os provei, me abstenho de comentá-los ou fazer qualquer recomendação. Em algum momento no futuro, farei um trabalho especifico de garimpo com vinhos brancos e compartilharei com vocês o resultado

Taças de Vinho, sem elas não dá!

Para degustar adequadamente um vinho é importante que o mesmo seja tomado em taças próprias. Pode-se tomar vinho em um copo de água? Obviamente que sim, mas não se deve, da mesma forma que para jogar tênis há que se comprar uma raquete e para jogar futebol, uma chuteira. Lógico que, quanto melhor for o vinho, melhor devem ser as taças. A qualidade da “ferramenta” vai depender da qualidade de seu “jogo”. Deve-se observar, porém, que uma boa taça jamais irá melhorar um vinho ruim ou mal feito da mesma forma que, uma boa chuteira não melhorará seu jogo se você for um perna-de-pau!

Para quem é mais exigente, tem grande disponibilidade financeira e uma adega recheada de grandes vinhos, existe um sem número de tipos de taça apropriadas para destacar os sabores de cada estilo de vinho. Parece frescura, mas, não é. Em um dos primeiros cursos que participei, tive a oportunidade de tomar um vinho de qualidade em uma taça adequada e depois o provei numa taça própria para água. Faça você mesmo este teste com um vinho de bom nível, como, por exemplo, o Espanhol, Sierra Cantabria Cosecha ou o Português Duas Quintas, e sinta a diferença. O vinho muda radicalmente! Se for um espumante então, nem se fala! A taça adequada é fator essencial para quem se aventura no mundo dos prazeres do vinho. As taças são formadas de um bojo e de uma haste, que existe por alguma razão.  O vinho estará levemente fresco, ou gelado no caso de alguns brancos, e a temperatura de sua  mão bem mais quente. Se você a segurar pelo bojo,  o calor de seu corpo esquentará o vinho. Desta forma, preferencialmente, não segure a taça pela base do bojo, segure-a sempre pela haste a não ser que você busque uma mudança na temperatura do vinho que, porventura, tenha sido servido muito frio.

Recomendo comprar algumas taças de boa qualidade, existem taças boas, mesmo que de vidro, já a partir de R$13,00 e algumas melhores e de cristal a partir de R$20,00 a 25,00 cada. As mais conhecidas são as taças para vinho Bordeaux, que atendem a grande maioria dos tintos, as de Bourgogne, que atendem principalmente vinhos da região da Borgonha, Beaujolais, Barbera, Nebiolo, etc., as taças para vinhos brancos e as para champagne e espumantes em geral. Cada taça tem sua peculiariedade uma vez que seu formato é desenvolvido em função das características de cada vinho e como este “ataca” a boca e seus pontos sensoriais. O importante é que a taça permita uma boa oxigenação do vinho liberando seus aromas de forma adequada. Na boca se sentirá a diferença pela forma como vinho entrará em contato com suas papilas gustativas despertando nuances específicas, juro que não é frescura e quem já teve oportunidade de participar de uma degustação de taças certamente confirmará o que digo.  Sirva cerca de 150ml (cerca de um terço) para que haja espaço para o vinho respirar e se abrir. Taça muito cheia não é elegante e não permite “circular” o vinho.

É alta tecnologia meus amigos, mas, nada de preciosismos! Para nós mortais, basta ter taças para Bordeaux já que esta atenderá a todos os tintos de forma satisfatória, outra para vinhos brancos e uma última para espumantes. Se tiver uma graninha sobrando e gostar dos caros e excelentes vinhos da Borgonha (Bourgogne), inclua mais esta taça, assim como outra para Vinho do Porto/Madeira/Brancos de sobremesa. Para apreciar um vinho sentindo todas as suas nuances, não dá para tomá-lo em copo de requeijão! Meus amigos, então, ponham a mão no bolso e invistam neste fator essencial para aproveitar tudo o que um vinho pode lhe dar.

tacas-schott-divapsd-custom.jpg

Ah, mais uma coisa: Pelo amor de Deus, nada de taças coloridas!!  Parte do encanto do vinho, tanto do ponto de vista de percepção sensorial como de avaliação técnica, vem do visual e isto será inviável numa taça vermelha, ótima para decoração, porém, totalmente fora de propósito se você quiser usá-la para tomar vinho. Taças devem ser transparentes sem desenhos ou adornos. É importante que estejam bem limpas e livres de qualquer resíduo que possam atrapalhar a degustação do vinho. Tanto pelo aspecto da limpeza em si como no sentido da salvaguarda das mesmas já que, na sua maioria, são bastante frágeis, as minhas taças eu lavo pessoalmente com uma esponja usada somente para esse fim. Se a taça estiver guardada há um tempo e sem uso, ela poderá ficar com aqule tipico cheiro de armário. Passe um papel toalha com alcool, remédio santo!

Das marcas importantes no mercado temos a onipresente Riedel de origem Austríaca, muito boa e normalmente cara, mas sempre existem promoções em que vale a pena comprar, porém existem varias outras boas opções no mercado. Vejam algumas; a Spiegelau e Nachtman (do mesmo grupo e agora comprado pela Riedel), Bohemia de origem Checa, a Schott Zwiesel (foto acima do modelo Diva) de origem Alemã, Luminarc Millesime e Arcoroc Tulipe, ambas Francesas e por ai vai. Tem taça para todos os bolsos, basta pesquisar um pouco. O importante se escolher taças de vidro é evitar aquelas pesadas com borda grossa e erredondada. Busque taças de borda fina (Corte a Frio), existem ótimas no mercado vindo do oriente e dão conta do recado quebrando bem menos. Um vinho servido numa boa taça e na temperatura adequada é meio caminho andado para uma boa refeição. “Bon apetit”!

Veja mais informações aqui > http://falandodevinhos.wordpress.com/2012/11/09/tacas-de-vinho-necessidade-ou-frescura/

Salvar

Salvar

Preconceito no Vinho

               È muito comum ouvir alguém falando que não gosta de vinhos Merlot, Cabernet Sauvignon, de vinho branco, de vinho Italiano e por aí vai. Esta talvez seja a maior gafe que um iniciante no mundo vinhos pode cometer já que, nada pode ser generalizado. Como diz Raul Fagundes, não existem verdades absolutas no mundo dos vinhos! Um Cabernet Sauvignon da África do Sul apresenta características diferentes do Chileno, que por sua vez, é diferente do Francês. Um grande Cabernet Sauvignon de guarda é diferente daquele produzido para ser tomado jovem e assim por diante. Do mesmo país, o vinho de uma mesma cepa, produzido por diferentes vinícolas e de diferentes regiões, produz vinhos totalmente diferentes. Ou mesmo, dizer que não gosta de vinhos de corte, sejam eles bi-varietais (somente duas uvas) ou de três cepas, como a grande maioria dos vinhos de Bordeaux ou, como em vinhos Portugueses, com até 12 cepas diferentes, preferindo os varietais, vinhos elaborados com uma só uva. Teve um tempo em que eu dizia que não gostava de vinhos brancos de sobremesa, só que, um dia, provei um vinho de qualidade e minha cabeça virou. Hoje, quando me perguntam de que tipo de vinhos mais gosto, minha resposta é categórica, dos bons!         

             Aprendi que um apreciador de vinhos que queira curtir o mundo de vinhos de forma mais intensa tem que ter mente aberta e provar de tudo, fazer cursos, ler e se manter atualizado com a dinâmica existente neste mundo. Participar de degustações enfim, se deixar envolver pela mística e cultura do vinho. Muitas vezes acabamos comprando um vinho caro sem a devida pesquisa, ou, por limitações financeiras, optamos pelo mais barato. Da mesma forma que não devemos mergulhar de cabeça num vinho somente porque é caro, deduzindo que conseqüentemente ele seja bom e nos agrade, devemos tomar o mesmo cuidado com os vinhos baratos, pois existe muita coisa ruim por aí, tanto numa ponta como na outra. Lembrem-se, nem tudo o que brilha é ouro!

                 Temos que quebrar paradigmas, como tão na moda no mundo empresarial. Na verdade, as chances de você acertar na faixa mais alta de preços, pelo menos do ponto de vista técnico, é sempre maior, assim como a de você errar nos vinhos mais baratos, em função do pouco que se comenta deles. O que não podemos é nos deixar levar por estes erros, gerando rótulos de opinião sobre determinados tipos de vinho, seja por faixa de preço ou por cepa ou por corte. Existe um bom número de rótulos de qualidade, em qualquer faixa de preços, elaborados com diversas variedades de uvas e, é este conceito de diversidade, que quero convidá-los a explorar junto comigo. Importante ter em conta que nem todos os vinhos baratos são ruins e nem todos os caros são bons, apesar destes últimos terem obrigação de o ser, ou lhe agradam. O fato de você, eventualmente, ter a impressão de que não gosta de determinado tipo de vinho pode muito bem ter sido gerado, simplesmente, por ainda não ter provado um bom vinho de determinada região ou cepa.

               Obvio que cada um tem suas preferências, cada um pode achar um vinho melhor que outro, lhe agradar mais algumas características básicas de uma cepa especifica, gostar mais de vinhos maduros do que vinhos jovens e por ai vai, até porque a definição do que é melhor é uma questão de gosto, mas dê-se uma chance, aventure-se e ouse, prove mais. Descobrir novos produtos, novos sabores, novas experiências e registrá-las em anotações para consulta futura, este é o grande barato do mundo de vinhos. O mesmo vinho, de safras distintas pode ser totalmente diferente, nada é estático, tudo se renova!

                Por outro lado, há que se desafiar conceitos enraizados, de forma equivocada em minha opinião, de que vinho barato é ruim e vinho caro é bom. As probabilidades são de que esta “verdade” seja real, mas, é incrível como a prática insiste em mostrar que existem, sim, exceções como em todas as regras. Este deve ser um mundo sem preconceitos, então, mantenha sua mente aberta, explore novos horizontes e deixe-se surpreender, pois nada se compara ao prazer da descoberta. Saúde!

O Enólogo é aquele que, diante do vinho, toma decisões já o Enófilo é aquele que, diante das decisões, toma o vinho!

         Adolfo Lona, enólogo e produtor de vinhos.

Vinhos de Portugal – Edição de Outubro/07

fvinhos-out-ate-30-custom.jpg

Até R$30 – Da região do Douro temos o Vila Régia, o Quinta do Cachão, Flor de Crasto e o Charamba  que já apresentam uma certa complexidade de sabores e aromas. São vinhos equilibrados com taninos suaves, álcool controlado e bem harmônicos. Ainda nesta faixa de preços, provem também o sempre eclético e confiável Piriquita e o Barão do Sul, tintos da região de Terras do Sado e os Monsaraz, Convento da Vila, Villa Romanu, Terras de Pias, Tinto da Talha e o Alcatruz, todos da região do Alentejo. Da Estremadura o Fonte das Moças e o Cerejeiras assim como o Quinta de Cabriz e o Aliança Reserva da região do Dão. São vinhos para o dia-a-dia, mas que tem aquele algo mais que os diferencia de outros vinhos nesta faixa de preço. Podem ser tomados acompanhando uma pizza ou pratos de carne menos condimentados. Acompanham muito bem um churrasco, filé á Parmegiana ou uma macarronada de Domingo. Já nos brancos eis algumas dicas bem interessantes; um vinho verde bem elaborado e já com uma certa complexidade mostrando muitas qualidades; o Quinta da Aveleda, um corte de uvas Trajadura, Alvarinho e Loureiro que tomei acompanhando lulas grelhadas na manteiga  e que casou muitíssimo bem, o Dom Bastos branco, um vinho verde leve e muito agradável para bebericar com os amigos numa tarde de verão, ou o Barão do Sul branco que é um corte de Fernão Pires com Moscatel que acompanha bem comida em especial um frango ou um peru à Califórnia, assim como peixes diversos. 

De R$ 30 a 60

fvinhos-out-30-a-60-custom.jpg 

Aqui os vinhos começam a ganhar complexidade e já existem rótulos muito bons a serem considerados. Uma barbada é o belíssimo e conceituado Altano 2004/05, os pouco conhecidos Brunhedas 2003 e Tavedo 2004 ou ainda o Duas Quintas, vinhos muito saborosos da Região do Douro. Do Alentejo o Marquês de Borba 2004/05 um clássico vinho da região, bem frutado e equilibrado fácil de beber, o Chaminé, o E.A., o Herdade Paço do Conde, o Herdade São Miguel, e o sempre tradicional Monte Velho. Ainda do Alentejo, mas um pouco mais potentes, o Don Rafael tinto e o Meia Pipa 2004/05. O Quinta da Cortezia Touriga Nacional 2004 da região da Estremadura, um belíssimo vinho bem típico desta cepa Portuguesa que começa a ganhar o mundo, e ainda o Cunha Martins Reserva e Quinta da Ponte Pedrinha, ambos da região do Dão, que são vinhos suaves e elegantes fáceis de se gostar. Nesta faixa de preços, existem também vinhos brancos muito interessantes que valem ser provados. Provem um Muros Antigos 2005/06 vinho da região de Monção no Norte de Portugal, berço do vinho verde, elaborado com 100% da uva autóctone Loureiro. Uma delicia, fresco com bastante mineralidade ótimo para se tomar com peixe, uma caldeirada, peixe grelhado ou ao forno, divino com frutos do mar ou sozinho como aperitivo, uma maravilha! Um pouco mais seco e elaborado o Dom Rafael branco, corte de uvas Antão Vaz e Arinto, um vinho de qualidade com boa acidez, próprio para acompanhar uma moqueca ou outros pratos de peixe mais fortes e condimentados.   

 De R$60 a R$100

fvinhos-out-60-a-100-custom.jpg

Nesta faixa de preços a coisa começa a ficar bem séria. Não só porque o valor já começa a pesar bem mais no bolso, mas também pela extensa lista de vinhos de ótima qualidade disponíveis no mercado. Na faixa mais baixa de preços deste segmento, recomendo um vinho do Alentejo muito bom e talvez o campeão custo X beneficio desta faixa, o Herdade dos Pinheiros Reserva 2003, mas existem muitos outros de excelente qualidade. Do mesmo Alentejo o Reguengos Garrafeira dos Sócios 2001 uma mescla de potencia com elegância em um vinho de grande complexidade de sabores e aromas, o Borba Touriga Nacional um belo exemplar desta variedade de uva e um verdadeiro néctar ou os Vila Santa, Cartuxa Colheita, Esporão Reserva, Altano Reserva, Dom Martinho, Casa de Sabicos e os; D´Avillez e Cortes de Cima, dois vinhos inebriantes e inesquecíveis que valem cada tostão gasto. Da região do Douro o Prazo de Roriz, Altano Reserva, Quinta do Crasto, Meandro, Três Bagos ou o excelente Casa Burmester Reserva. Experimente também o Fonte das Moças Reserva ou o Quinta da Chocapalha tinto, ambos da região da Estremadura ou, das Terras do Sado, o Só Touriga Nacional um verdadeiro néctar, aromas florais um grande exemplo desta casta, e o tradicional Quinta da Bacalhôa. Do Dão o Terra Paz Reserva, 2003 de encher a boca. Daqueles vinhos redondos, saborosos com uma enorme persistência na boca, uma maravilha.  Nos Brancos experimentem os encantadores vinhos feitos da uva Alvarinho como um Soalheiro ou um Muros de Melgaço ou ainda um Deu la Deu preferencialmente da Safra de 2006 ou o eterno e celebrado Esporão Reserva branco. Se fossem Franceses ou Italianos, estes vinhos, tanto tintos como brancos, não sairiam por menos do dobro do preço, provavelmente bem mais.

 Acima de R$100,00 

 

 fvinhos-out-acima-de-100-custom.jpg

 Agora, tem dinheiro sobrando? Quer adentrar a excelência dos vinhos Portugueses e sorver alguns dos melhores néctares do País? Bem então aqui vão algumas dicas de excepcionais vinhos com preços, idem, que vão de R$100 a 150, 200, 400, e subindo dependendo do rótulo e da safra. Nem todos tomei, mas todos são unanimidade.

Do Alentejo – Tapada dos Coelheiros, T de Terrugem, Quinta do Carmo Reserva, Quinta do Mouchão, Esporão Private Selection Garrafeira, Quinta do Mouro, Incógnito, Vale do Ancho Reserva, Cortes de Cima Reserva, D´Avillez Garrafeira, Marquês de Borba Reserva, Herdade do Grous Reserva e o mais tradicional de todos, o Pêra Manca.


Do Douro – Redoma, Batuta, Meruge a elegância em pessoa, Calabriga uma delicia, Quinta da Leda, Chryseia que é um dos melhores vinhos que já tomei, Duas Quintas Reserva, Gouvyas Vinhas Velhas, Quinta Vale do Meão, Quinta do Vale Dona Maria, Passadouro, Quinta da Gaivosa, Quinta Vale da Raposa Grande Escolha, Evel Grande Escolha, Quinta das Tecedeiras Reserva, Pintas, Quinta do Crasto Vinha da Fonte e o Touriga Nacional, um pouco menos salgado o ótimo Vinhas Velhas, assim como o, mais que clássico, Barca Velha.

 

Da Bairrada – De Luis Pato o Vinha Pan, Vinha Barrosa e o caríssimo Pé Franco, De Campolargo o Vinha da Costa, Campolargo, Diga? e o Calda Bordolesa. Também o Sidônio de Souza, vinho encorpado, denso com taninos robustos mas de grande qualidade, um vinho para decantar por uns 30 minutos, o Quinta da Dona e o Quinta de Baixo Garrafeira entre outros.

 

Do Dão – Quinta da Pellada tinto e o Touriga Nacional, Santar Vinhas do Contador, Quinta de Cabriz Four C, Pape e o Quinta dos Roques Dão Reserva um vinho de longa guarda e grande elegância.

De outras regiões – Quinta do Monte d´Oiro Reserva, Aurius e o Leo D’ Honor Grande Escolha. 

giesta-rose-wince.jpgRosés – Para fechar nossas dicas sobre os vinhos de Portugal, um Rosé encantador feito de uva Touriga Nacional. Por cerca de R$25,00 tome um Quinta da Giesta como aperitivo ou acompanhando um peito de peru. Um vinho diferenciado, alegre e festivo.   

 Dos Rosés que já provei ultimamente, é o melhor custo beneficio que encontrei. Um must em minha adega e mais ainda agora que chegamos na primavera e os dias se encontram mais quentes, o verão chegando. Prove também o Vale da Torre na mesma faixa de preço, um vinho bastante sedutor.

Quer gastar um pouco mais e tomar um Rosé, na minha opinião, extraordinário? Prove o Herdade dos Pinheiros Rosé, sublime!

Portugal – Regiões & Uvas

       Nestas primeiras edições me dedicarei a compartilhar com vocês, de forma mais genérica, algumas sugestões de vinhos que tomei ao longo dos últimos anos e que, de alguma forma, se destacaram. Vou dividi-los por faixas de preço o que deve facilitar o vosso garimpo por estes vinhos. O preço não pode ser o único fator de compra, mas, certamente, em algumas situações é fator preponderante na escolha. Conforme evolui o preço, a principio, aumenta a complexidade e a qualidade do vinho. Isto ocorre até uma faixa de uns R$100 a 150,00. A partir deste nível de preços o céu é o limite e nessas faixas, afora a qualidade, impera a lei da oferta e demanda e muito, mas muito marketing. A cada mês darei dicas por país produtor já que o espaço é curto para tanta coisa boa que existe por ai, são quase 15 mil rótulos no mercado para baralhar sua cabeça e seus sentidos. São vinhos que considero de qualidade, mesmo que mais simples, que atendem ao meu gosto e à minha análise sensorial. Como o mundo do vinho é de enorme subjetividade, cabe a você fazer a prova final.             

    mapa-portugal-custom.jpgComeço por Portugal por diversas razões. Primeiramente porque conheço bem e gosto bastante dos vinhos da região, depois porque, junto com Espanha e Argentina, são os paises que melhor relação custo/beneficio apresentam e, finalmente, porque vem apresentando vinhos de muito boa qualidade e aumentando sua participação no concorrido mercado Brasileiro. Com características únicas os vinhos Portugueses são, na sua maioria, elaborados com uma série de uvas autóctones pouco conhecidas fora do pais como Trincadeira, Castelão, Alchofreiro, Touriga Nacional, Baga, Jaen, Tinto Cão nos tintos e Alvarinho, Antão Vaz, Arinto, Trajadura, Loureiro, Encruzado e Fernão Pires entre os brancos. As uvas mais tradicionais como Cabernet Sauvignon, a Tempranillo que é uma casta típica da península Ibérica e que aqui se conhece como Aragonez ou Tinta Roriz, a Syrah e Alicante Boushet muito presentes no Alentejo vêm também sendo usadas com sucesso tanto em varietais como em cortes.

                Existe uma enorme diversidade de regiões produtoras (Douro, Alentejo, Dão, Bairrada, Terras do Sado, Estremadura, Ribatejo e Monção, região do Vinho Verde) para um país tão pequeno, Portugal nos dá uma variedade incrível de vinhos. A maior parte destes vinhos são, historicamente, cortes (assemblages), vinhos elaborados com mais de um tipo de uva, na busca das melhores características que a safra produziu e do equilíbrio dos vinhos. Ainda são poucos os vinhos varietais (de um só tipo de uva) ou monocastas, como os Portugueses lhe chamam, e destes de destacam os elaborados com a Touriga Nacional, a grande uva Portuguesa. No mais, vinhos para todos os gostos e todos os preços, com nomes, por vezes, bem estranhos.

ADENDO em Set/2010: este post precisa de revisão em função das mudanças regionais ocorridas no país. As principais, no entanto, foram as mudanças de nome de região Ribatejo para Tejo e de Esremadura para Lisboa.

Temperatura de Serviço do Vinho

               A temperatura de serviço é essencial para se apreciar devidamente um vinho. Tomar vinho a temperatura ambiente era coisa de muitos anos atrás na Europa, berço do desenvolvimento do vinho. Digo que há alguns anos atrás porque, o tempo tem mudado tanto em função de nossos maus tratos à natureza, que até lá isto se torna inviável em algumas estações do ano. A temperatura ambiente média na Europa era exatamente entre 14 a 18 graus. Aqui a temperatura ambiente média beira os 25 ou 30 graus e seria impraticável tomar vinho nessa temperatura. Porquê a temperatura certa é tão importante? Mais uma das frescuras tipicas dos apreciadores de vinhos, poderiam dizer alguns, mas existem razões práticas para isso. Os brancos, se demasiado frios, não mostram toda a sua riqueza de aromas e qualidades e, se demasiado quentes, perdem o frescor e a vivacidade inerentes ao vinho. Já nos tintos, se demasiado frios ressaltam os taninos e se demasiado quentes potencializam o álcool tornando o vinho, em qualquer uma das hipóteses, desagradável. Eis uma sugestão das temperaturas mais adequadas a cada tipo de vinho:

Espumantes e brancos doces e leves 5 a 7° C.

Champagnes de 6 a 8° Centígrados

Brancos secos e evoluídos ou um Jerez fino de 8 a 10° Centígrados

Rosés, mais leves entre 8 a 10º e, os mais evoluídos, no máximo até uns 14º Centígrados.

Tintos leves, de 13 a 14° Centígrados

Brancos encorpados e Madeira ou Porto (Tawnies our Ruby básico), de 14 a 16° Centígrados.

Tintos médios e Vinhos do Porto Ruby Reserva, de 16 a 17° Centígrados.

Tintos encorpados e Vinhos do Porto LBV e Vintage, de 17 a 18° Centígrados.

                Para quem não possui uma adega climatizada, hoje existem opções muito interessantes a preços bem acessíveis, uma sugestão é; para os tintos, colocar o vinho na porta da geladeira por 45 minutos a uma hora e, para os brancos, de 1 hora a 90 minutos. Melhor ainda, coloque um balde de gelo com bastante água, uma boa porção de pedras de gelo e um pouco de sal grosso ( o sal acelera o resfriamento) por uma meia hora. Isto deve bastar para deixar os vinhos numa temperatura mais adequada e muito próxima do ideal. Ao atingir a temperatura desejada, retire a garrafa do balde, retornando-a ao gelo somente se esquentar em demasia. Lembre-se que, vinhos mais tânicos se refrescados em demasia, salientam os taninos deixando o vinho bem mais adstringente. Jantar com os amigos, você gela duas garrafas de vinho branco e quando você vê já foram as duas e o jantar nem começou! Nestes casos, somente em caso de emergência porque o choque térmico não é legal, pegue mais duas e coloque por 15 a 20 minutos no freezer da geladeira. Isso deve dar para salvar o jantar!

O Tempo e a Cor do Vinho

Nem todo o vinho deve envelhecer. Hoje em dia existem uma série de vinhos que são produzidos para serem tomados enquanto jovens, em dois ou três anos no máximo e já começam a decair. Numa próxima coluna, me aprofundarei mais neste assunto, mas é importante que nos atentemos à cor do vinho que pode nos dizer muito sobre a sua idade e seu estado de conservação.

Ao comprar, ou ao degustar, preste atenção na cor do vinho para saber o que você está tomando e se o vinho, eventualmente, já não tenha passado de seu tempo. Se na garrafa, coloque o gargalo contra uma fonte de luz, natural, lâmpada quente ou vela, e faça a sua avaliação. Já “entubei” por não me atentar a isto. Animado com um vinho branco que tinha tomado, comprei mais três garrafas sem muito cuidado. Um vinho jovem, que deveria estar com uma tonalidade palha, apresentava uma tonalidade amarelo ouro. Realmente já era e, pior, o local onde comprei era tão longe, que não adiantava tentar a troca. Por outro lado, nem todos os estabelecimentos o fazem então cuidado na compra de seus vinhos e tente sempre comprar em locais de confiança e não muito longe de seu caminho costumeiro. Quando comprar em viagens ou em lugar distante, mais importante ainda é certificar-se que o vinho está em bom estado. A grosso modo, porque nossa vinosfera está repleta de exceções, eis o que podem nos dizer as cores no vinho:

Nos vinhos tintos:

. Tons de violeta indicam um vinho tânico, robusto e jovem.

. Tons de rubi, vermelho vivo denotam um vinho leve e jovem.

. Tons com reflexos alaranjados mostram um vinho maduro, redondo, pronto para tomar.

. Tons de tijolo podem apontar um vinho prejudicado ou em processo de decadência.

. Cor marrom escuro mostra um vinho já sem condições de consumo.

Nos vinhos brancos:

. Tom verde-água ou palha indica um vinho jovem, refrescante e leve.

. Tom mais esverdeado mostra um vinho refrescante e com acidez positiva.

. Amarelo-esverdeado demonstra que esse vinho passou por algum tempo de envelhecimento em carvalho, que é balanceado e frutado.

. Dourado. Se encontrada num vinho de pouca guarda, pouco complexos e de baixo preço, provavelmente demonstrará que o vinho já passou  do ponto de consumo.

Alternativamente esta cor pode demonstrar oxidação, nos vinhos secos, ou ainda, riqueza de sabores em alguns poucos vinhos especiais como nos doces de Sautern ou vinhos especiais como o Tondonia Reserva e Gran Reserva, Buçaco ou alguns grandes chardonnays da Borgonha.

. O tom de marrom mostra um vinho já sem condições de consumo.

Reflexos: Com a taça 45 graus, no sentido oposto de seu corpo, o reflexo, no topo da unha formada pelo vinho, é de uma coloração diferente da do vinho. Quando jovem, o reflexo é violáceo no tinto e esverdeado no branco. Conforme envelhece, âmbar no branco e amarelado ou alaranjado no tinto

Espumantes – Tomei e Recomendo – Dez./07

        catia-009-custom.jpg         Como em todos os tipos de vinho, existe uma enormidade de rótulos disponíveis para nos dificultar a tarefa de escolher o que tomar e degustar. Impossível tomar tudo e saber de todos! Achei muitos rótulos de boa qualidade e, em alguns, consegui negociar ótimas ofertas e, em outras, o preço encontrado já é excelente. Nesses casos, inclui na descrição do produto o símbolo $, que significa uma boa oportunidade de preço. Vejam os preços de cada um desses produtos em nossa seção de Dicas de Boas Compras. Não posso, porém, terminar sem compartilhar com vocês um dos melhores conselhos, sobre vinhos, que recebi um dia; de que os grandes vinhos, inclusive os espumantes, deverão ser tomados na companhia de quem os aprecia. A compra que você irá fazer, portanto, deverá ser baseada no tipo de festa, dos convidados presentes, de seu gosto e de seu bolso. Boa escolha e …. Felizes Festas!

Até R$30

espumantes-ate-30-custom.jpg

Gente, espumantes baratos de qualidade, achei que não haviam muitos, mas, garimpando, descobri diversas boas opções entre produtores nacionais, proseccos e cavas. Até espumantes Franceses deu para encontrar em função de promoções especificas de final de ano! Eis algumas boas dicas do “Falando de Vinhos”.

Proseccos Italianos; Tosti (Rei do Whisky $), o Villa Sandi il Fresco (Empório Mercantil), Corte Viola Extra-dry (BR Bebidas $$) pelo preço especial (veja na seção de dicas de compras) uma barbada em um prosecco leve e fácil de agradar e o Dino Nardi (Perlage $), um prosecco especial muito agradável, médio corpo, produção orgânica, IGT (Indicazione Geográfica Típica) diferenciado para a faixa podendo acompanhar comida. Do Brasil, o único prosecco que se destaca é o da Salton disponível em diversas lojas e supermercados.

Espumantes – recomendo algumas belíssimas opções e verdadeiros achados neste nível de preços: Os nacionais Marson Brut (Mondo Di Vino $) uma fantástica relação custo x beneficio e um dos meus favoritos, muito fresco, equilibrado, com aromas cítricos, elegante e delicado. Também, o Marco Luigi Brut (Maison des Caves $) com abundante, e persistente perlage, numa equação de elegância e delicadeza e o Don Candido Brut (Portal dos Vinhos $$), um espumante bem elaborado com boa perlage e frescor.

Da Espanha as Cavas; Don Roman Brut (Portal do Vinho $), Cristalino Brut (Empório Mercantil $) e Marques de Monistrol (Expand $) todas muito boas, frescas, frutadas, com boa perlage e persistência. Ótimas opções a serem testadas.

Da França o Veuve de Vernay Brut (Flora), o Pol Clement (Expand $) de médio corpo, fresco com boa perlage e o François Montand (BR Bebidas $$) com boa mousse e perlage fina, boa acidez, corpo médio e uma boa pedida para quem gosta de Champagne, mas não quer gastar muito e, para finalizar, a BR Bebidas nos disponibiliza um espumante Kasher, Blanc des Blancs, com a marca Kraemer ($) a um preço muito especial.

Moscatel – Para quem quer algo mais suave com 7º de álcool tão somente, frutado e levemente adocicado porém sem ser enjoativo, não posso deixar de recomendar duas ótimas opções. São espumantes que tomo, em dias de forte calor, a cerca de 5º e que chamo de drink de beira de piscina ou final de tarde no terraço. Acompanham muito bem uma sobremesa, um bolo de aniversário ou, ainda, como aperitivo. São os; Moscatel da Marco Luigi (Maison des Caves $), para mim campeão de frescor e equilíbrio, boa acidez e uma doçura muito leve e fina sem residual de açucares, certamente o melhor Moscatel do Brasil e o da Aurora (Casa Palla $$) também de muito boa qualidade e uma ótima opção com preço bem acessível.

De R$30 a 50 existem ótimas opções a serem consideradas.

espumantes-30-a-50-custom.jpg

Proseccos – O, Terra Serena (Portal do vinho $) a harmonia em pessoa num conjunto muito agradável e de grande frescor e ainda com o melhor preço deste segmento, o Villa Sândi DOC (Rei do Whisky $), de excelente qualidade, muito equilibrado, boa perlage e fresco nos deixando aquele gostinho de quero mais na boca, e um que me encanta, o 7Nardi Brut DOC (Perlage $) de produção orgânica, aromas inebriantes, delicado, harmônico, com grande frescor, perlage fina e persistente, uma obra de arte a um preço muito convidativo. Para uma harmonização diferente e muito interessante, sugiro tomar qualquer deste ótimos proseccos acompanhando, acreditem, um churrasco. Façam o teste nem que seja para começar com ele e depois passar para um tinto ou ainda, um Alvarinho Português como o Deu la Deu 2006 (Barrinhas). A ótima acidez e frescor, cortam a gordura das carnes gerando uma harmonização inusitada, mas muito gostosa.

Espumantes – Dos nacionais a Salton Evidence (BR Bebidas $) um belo exemplo de nossa capacidade de produzir espumantes de qualidade, Valduga 130 (Casa Palla $) encorpado e complexo assim como o Cave Geisse Nature (Empório Mercantil) que dizem ser um dos tops nacionais, mas que não provei. Da França; Louis Perdrier (BR Bebidas), Charles de Fére Brut (World Wine), Blanc de Blancs Comte d’Ormont Brut (Mistral), o ótimo Veuve Paul Bur (Wine House $$) uma bela opção de grande frescor, equilíbrio, corpo leve e equilibrado, ótima acidez, aromas frutados e leve floral que encanta e se repete na boca. Tudo isso sem perder a personalidade Francesa, difícil é deixar de terminar a garrafa! Uma grandíssima opção ainda mais se comprada agora na promoção de Dezembro (veja mais na seção Boas compras e Oportunidades). Da Espanha, as Cavas; Sumarroca Brut (World Wine), Cristalino Nature (Empório Mercantil), Freixenet Nevada (Emporio Mercantil) e o Freixenet Cordon Negro (BR Bebidas).

Moscatel – Asti Fontanfredda talvez o melhor Asti disponível o mercado.

De R$50 a 80 

        espumantes-50-a-80-new-format-custom.jpg         

Espumantes – Nesta faixa de preço encontramos alguns dos mais conceituados espumantes nacionais como,  Miolo Millésime e o Chandon Excellence que muitos reconhecem como o melhor da produção nacional e que eu, por todos os que já provei, tendo a considerar como tal. É um espumante com classe e elegância, aromas intensos de florais e algo cítricos, ótima perlage fina e abundante, cremoso, muito equilibrado, uma delicia na boca.

Da Espanha as cavas da Codorniu com uma variedade grande de produtos como a Raventos, a Anna de Cordorniu ($) e o interessante Codorniu Rose Pinot Noir ($) todos disponíveis no Empório Mercantil.

Da França o Kriter Demi-sec (Decanter), Crémant D’Alsace Brut (Vinci), Crémant de Bourgogne Perle de Vigne Brut Gran Reserva (World Wine) e Blanc de Blancs Simonnet-Fèbvre (Taste-Vin) de boas criticas, mas que  não degustei pessoalmente.

De Portugal,sim, lá também se produzem bons espumantes, elogiam muito o Luis Pato Rose (Empório Mercantil $), mas não o provei, então não o posso comentar, porém certamente está na lista para uma futura degustação e é uma boa pedida para quem queira algo diferente.

Prosecco – Dois belíssimos exemplares da região de Vêneto que, junto com outros em faixas de preço menores, justificam a reputação dos bons Proseccos ali elaborados. O Bedin extra-dry (Grand Vin) que é excelente, leve,de muito frescor, aromas cítricos ótima perlage, e o Rústico (Expand) um produto de corpo leve para médio, mineral, boa complexidade de aromas que se repete na boca, seco, de perlage fina e intensa, com boa acidez e frescor num conjunto de muita elegância.

De R$80 a 120

                        espumantes-80-a-120-custom.jpg

Nesta faixa de preços somente provei o Murganheira, então, a lista abaixo é fruto de pesquisa e avaliação de diversos críticos consultados.

Espumantes – De  Portugal dizem que o melhor espumante hoje em dia é o Vértice (Adega Alentejana) porém, tenho uma grande simpatia pelo Murganheira (Casa Santa Luzia $) um espumante do jeito que gosto e que acho que tem que ser; leve, fresco, repleto de aromas de frutos cítricos, boa mousse com excelente perlage fina e abundante. Um espumante que nos enche a boca de prazer e frescor. Ainda de Portugal o Raposeira (Casa Santa Luzia). Da Espanha um Cava de grande carisma e respeitado é o Juve Y Camps Reserva safra 2004 (Península). Da França o Crémant de Loire (Impexco), Champalou Vouvray Brut (Taste-vin), o Crémant d’Alsace Chardonnay Brut (Mistral) e o único Champagne nesta faixa de preços, é o Lanson ($) que a BR Bebidas nos traz a um preço muito especial. Da Itália espumante Franciacorta Brut Nuova Cuvée DOCG (Mistral) e o Montenisa DOCG Franciacorta Brut (Vinci).

Acima de R$120

espumantes-acima-de-120-custom.jpg

 Nesta faixa de preços se encontram os Champagnes em toda a sua glória e finesse. A partir de R$135 se encontram Champagnes como; Moet Chandon, Piper-Heidsieck e Pommery podendo chegar a alguns milhares de Reais por rótulos safrados e de grande destaque. Falar sobre estes néctares seria como chover no molhado, até porque certamente as revistas especializadas nos farão o enorme favor de, certamente, fazer grandes degustações e avaliações de obras primas como; Gosset, Bollinger, Drappier, Taitinger, Pol Roger, Veuve Clicquot, Deutz, Krug, Don Perignon, Ruinart, Laurent Perrier, Delbeck, Billecart-Salmon, La Grande Dame e Egly-Ouriet entre outros. Para quem tenha condições, é Champagne na cabeça e não se discute mais. Como, todavia, existe uma enormidade de opções e locais de compra, sugiro contatar seu fornecedor de confiança ou fale com algumas das lojas indicadas por nós na seção “Onde Comprar” e que normalmente recomendo como a BR Bebidas e o Empório Mercantil. Uma outra boa opção, é trocar uma idéia com o Emilio, proprietário da loja Portal dos Vinhos e entusiasta dos espumantes de Champagne, que certamente saberá lhe indicar o melhor produto a um preço camarada. Afora os Champagnes; da Itália dois exemplares de espumantes da Franciacorta, o Montenisa DOCG Satén Brut (Vinci) e o Bellavista DOCG Cuvée Brut (Expand) e da Espanha a Cava Juvé Y Camps Reserva da Família Brut Nature 2001 (Península).

O Valor das Notas

              O valor das notas e avaliação de vinhos na imprensa especializada é assunto muito discutido e controverso nos dias de hoje. Se alguns dos grandes críticos e degustadores no mundo dão uma boa nota a um vinho, logo o preço dele dispara. Existem notas de 0 a 100, ou de 0 a 20 ou até de 0 a 10, outros não dão nota, mas qualificam os vinhos com estrelas, enfim uma diversidade grande de formas de avaliação. Existem até concursos para determinar o melhor vinho, como se fosse viável dizer que um determinado vinho é melhor que outro ou que um determinado vinho é o melhor do mundo! Com tantas variáveis e subjetividade no processo, isto é impossível de dizer já que, em não estarmos tratando com uma ciência exata, tão pouco, a comparação poderá ser exata. O que podemos dizer, isso sim, é de que um vinho nos tenha agradado mais que outros. A subjetividade é grande demais para que possamos exercer esse tipo de comparativo. Então porque tem tanta gente dando notas?

              Sejam eles, gente mais renomada internacionalmente, como, entre muitos outros, Robert Parker (EUA), Hugh Johnson e Jancis Robinson (Inglaterra), revistas conceituadas internacionalmente como Wine Spectator, Wine Enthusiast e Wine & Spirits (EUA), Revista dos Vinhos (Portugal), Revue du Vin (França) ou Decanter (Inglaterra), como daqui do Brasil; como Jorge Carrara e Saul Galvão ou as revistas Gula, Prazeres da Mesa, Vinho Magazine, Wine ou Adega entre outras. Outros como Luiz Horta, Raul Fagundes, Alexandra Corvo avaliam, mas não dão notas.  Na verdade, todas estas formas de avaliação são válidas, o que devemos é encarar todo este vasto material disponível nas bancas, livrarias e na Internet, como indicativos de qualidade. Por exemplo, se um vinho tem uma pontuação de 88 pontos na Wine Spectator, 4 estrelas na Decanter e o Robert Parker lhe dá 90 pontos, a análise que devemos fazer destas avaliações é de que se trata de um vinho de ótima qualidade. Se vamos gostar ou não, isto já são outros quinhentos! O que sabemos, de fato, é de que o vinho que estamos comprando ruim não é.

              O João Paulo Martins conceituado critico de vinhos e colunista da Revista de Vinhos (Portuguesa) teceu interessantes comentários que, creio, vem compor com este artigo. Vejamos, “Há consumidores a quem a critica faz falta porque ele representa um trabalho de rastreio (garimpo), que o próprio não quis ou não teve tempo de o fazer e que, felizmente, alguém fez por ele. Se há um critico, com um critério de avaliação com o qual me identifico, então poderei decidir se vou ou não assistir a esse filme”. Mais adiante diz ele, “À critica dos vinhos se pede bom senso. Fazer da critica um exercício de poesia, muito mais para auto-satisfação do que para ajudar a quem lê, não leva a lugar nenhum. Pôr-se a inventar aromas. Chegando a mais de vinte descrições num mesmo vinho, é um sinal de infantilidade vínica  o que, ainda que fosse verdade, isso criaria uma distancia tal entre o critico e o leitor que, inevitavelmente, afastaria este ultimo pela sua incapacidade de chegar a tal proliferação aromática”.  Às colocações de João Paulo Martins (nada a ver com nosso pianista) adiciono a colocação feita por Aubert de Villaine, proprietário da Domaine de Romaneé-Conti, em entrevista á revista Veja, em que ele diz “Não fico surpreso que as pessoas não identifiquem estes aromas todos nos vinhos que compram. Eu mesmo não sou capaz de reconhecê-los. Aliás, acho muito aborrecido. Não estou interessado nisso, e sim na personalidade do vinho”. Isto tudo me leva a concluir que estas avaliações devem ser usadas e entendidas com moderação e precaução dependendo do seu nível de sinergia gustativa com quem teceu a avaliação ou deu a nota.

              Por outro lado, estas avaliações são especialmente interessantes quando você se depara com aquelas ofertas fantásticas, (aliás, em qualquer produto, quando a esmola é demais o Santo desconfia e, conseqüentemente, há que se colocar as barbas de molho para os grandes descontos) em que, antes de mergulhar de cabeça, devemos checar se existe algum comentário ou avaliação do vinho em questão. Já me livrei de muito mico desta forma. No caso de que não existam avaliações do vinho que você busca, isto não quer dizer que seja ruim, só que não foi avaliado. Nesse caso, compre uma garrafa e prove antes de sair fazendo loucuras.

               Para acessar algumas destas informações há que se pagar, porém existem opções gratuitas e cabe a cada um buscar a fonte de informações que melhor lhe prouver e depois, avaliar os vinhos tomados comparando-os com a avaliação que usou para compra. Se existir uma sinergia comum entre suas avaliações e a do seu “consultor”, use-o sempre como padrão já que, aparentemente, os gostos batem e, de vez em quando, arrisque-se. Afora as revistas acima mencionadas que podem ser encontradas nas bancas sugiro os seguintes sites para você pegar dicas, analisar vinhos antes de comprar ou simplesmente aprender mais sobre o inebriante mundo do vinho:

Veja  (http://vejinha.abril.com.br/vinhos/) com muita coisa legal, em especial os comentários, avaliações e dicas da Alexandra Corvo; Revista Wine Spectator ( http://www.winespectator.com/); Revista Decanter  ( http://www.decanter.com/ ); Dr. Vino (http://drvino.com/); Jancis Robinson  (http://jancisrobinson.com/); Revista Gula ( http://www.gula.com.br/) ; Wine Experts ( http://winexperts.terra.com.br/) ; (Luiz Horta) http://luizhorta.wordpress.com/ ; Ricardo Cesar  (http://cartadevinhos.blogspot.com/); Belo Vinho (http://www.belovinho.com.br/) Revista Prazeres da Mesa (http://prazeresdamesa.uol.com.br/conteudo/conteudo.php?id=3 );Basílico c/ Jorge Carrara  (http://basilico.uol.com.br/index.shtml); Notas de Degustação (http://www.notasdedegustacao.com.br/vinhos.htm); Saul Galvão (http://blog.estadao.com.br/blog/saul) ;

Revista Wine Enthusiast (http://www.winemag.com/homepage/index.asp) ; Vinho e Poesia (http://www.vinhoepoesia.com.br/) Raul Fagundes ( http://raul.fagundes.blog.uol.com.br//) e  Academia do Vinho (www.academiadovinho.com.br/) talvez o site nacional mais completo sobre as coisas do vinho. Para finalizar, se já não for um assinante, compre o Estado de São Paulo de Quinta-feira, onde o Saul Galvão, invariavelmente, nos traz ótimas dicas sobre vinhos e o Luiz Horta sempre escreve algo educativo e curioso sobre o mundo dos vinhos, suas peculiaridades e personalidades, no caderno Paladar.  

              Agora, tem gente que gosta de tomar (beber) nota, fazer o quê? Sempre pensei que tomar vinho fosse um exercício de prazer e um despertar de emoções! Quanto mais milito neste mundo dos vinhos, mais acredito nisso.

“Champagne; Nas vitórias é merecido e nas derrotas, necessário” –  Napoleão Bonaparte