janeiro 2015

Hoje Pedi um Tempo ao Vinho e aos Amigos

Era para falar de vinho, mas fazer 60 anos mexeu comigo e com minhas emoções! Quem veio para ler sobre vinho, desculpem, porém se não quiserem ouvir, digo ler, minhas pieguices então melhor já clicar em outro site ou blog, tou em outra hoje!

São ¾ do caminho andado e muita água rolou por debaixo dessa ponte. Muitas memórias, muitas emoções, muita gente querida, muitas saudades, alguns arrependimentos, vários acertos, inúmeros erros, uma vida! Para celebrar este dia, gostaria de compartilhar com os amigos um pouco dessa história em imagens começando com uma homenagem a quem devo a vida, meus pais que, lamentavelmente, se foram muito cedo e que deixaram muita saudade (amor de quem fica). Como cantava a Cabo Verdiana Cesaria Évora, sodade! Clique na foto abaixo para ouvir, esta versão luso-africana (como diz minha amiga Rejane, afrotuga!) é linda, uma interpretação diferente.

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De ambos herdei muita coisa, mas minha saudosa mãe teve um peso especial sobre quem sou. Fomos cumplices na vida e assim seguimos até hoje. Tínhamos uma musica especial que falava muito de nossa vida, fisicamente longe por muitos anos e por diversas razões, porém sempre muito unidos pelo amor que nada nem ninguém conseguiu abalar. Quem estiver a fins de escutar clique na foto abaixo que lhe levará à gravação no You Tube. Eterna saudade!

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Moçambique, Portugal, Brasil, Moçambique, África do Sul, Brasil a vida deu voltas! Escola, amigos que viraram família, família querida (tios e primos), esposa (coitada me aguenta há quase 39 anos!), filhos lindos (no sentido espiritual, mas não só!), um presente de aniversário inesquecível há alguns anos atrás (tranquilo filhota não divulgarei a idade!) quando a minha primeira filha nasceu, parabéns por hoje querida. De lá para cá sempre comemoramos o aniversário DELA, virei coadjuvante, mas hoje filhota (sorry) o dia é meu!! rs

Catia e eu - na maternidade

Quando começamos a esmorecer, eis que surge uma lufada de ar fresco que nos dá novo ânimo e redobradas forças para seguir adiante, o neto! Eta coisa boa, como ouvi um dia e não deixo de repetir; ” netos são a sobremesa da vida”, damn right!

Bruno and I Jan 14 clipboard

Bem, sem mais chatices piegas, mas fica aqui uma pergunta a ser respondida após a visualização da sequência de fotos abaixo, Evolução ou Involução? Não, não, não responda! rs

 

Clipboard JFC 0 a 60
Tem sido uma viagem e tanto, altos e baixos como é a vida, e os amigos que quiserem aparecer na Vino & Sapore hoje e amanhã poderão brindar comigo pois estarei abrindo alguns vinhos e espumantes para celebrar estes ¾ de viagem percorrida. Um ótimo fim de semana para todos e na Segunda volto a falar de vinhos. Cheers e maningue (muito) kanimambo, sempre!

Chaski Petit Verdot 2011 na Taça

A Perez Cruz é um velho conhecido (agora trazido pelas mãos da Almeria) e produz vinhos de muita qualidade e preço justo, gosto desse binômio! Seu Reserva Cabernet Sauvignon já demonstrou ser um dos melhores custo x beneficio chilenos em nosso mercado, acho muito bons os Limited Edition; Cabernet Franc, especialmente se com alguns anos nas costas, o Cot (malbec) que costuma surpreender os incautos apreciadores desta cepa sendo, talvez, o em que a madeira mais esteja presente, sem contar o excelente Syrah!

Este Chaski Petit Verdot, é de uma linha acima dos demais e há muito esperava na minha adega para ser provado, porém esperava a companhia certa, neste caso um Prime Rib, e a espera valeu a pena. Provei este vinho pela primeira vez em 2010, da safra 2008 e especialmente engarrafado para nós, pois ainda não estava disponível no mercado. Foi no Desafio de Petit Verdot que promovi com a participação de mais oito vinhos e amigos blogueiros, colunistas e especialisatas em geral assim como parceiros enófilos de longa data, vale a pena ver mais aqui.

Fazendo jus ao restante da família e á própria cepa que gera alguns ótimos vinhos varietais e faz mágica em blends, o Chaski mostrou ser um vinho másculo que, como aconteceu em 2010, mostra que precisa de pelo menos uma meia dúzia de anos em garrafa antes de se mostrar como um todo. Minha sugestão para quem o quiser abrir agora é aerá-lo por pelo menos uma hora ou dar umas três ou quatro passadas pelo magic decanter para que ele se integre melhor CAM01497e libere um pouco de seus potentes 14,5% de álcool.

Vinho potente, aromas de frutos negros maduros e um toque balsâmico. Na boca é denso, grande estrutura, taninos potentes porém finos mostrando a necessidade de tempo, agradável textura, especiarias, complexo, longo, vinho com boa presença, acidez que pede comida e o Prime Rib, mesmo estando um pouco bem passado demais para meu gosto, foi parceiro e aguentou o tranco.

The Day After

Sobrou e na segunda matei a garrafa, autre chose! De um dia para o outro com somente meia garrafa houve tempo para o vinho aerar com o oxigênio lá existente e isso provocou uma enorme mudança no vinho o que confirma minha sugestão de aerar por pelo menos uma hora em Decanter ou algo similar. Os taninos arredondaram, o álcool volatizou (também deixei na taça um pouco esperando aumentar a temperatura pois estava na geladeira) e o vinho todo se integrou mostrando uma elegância que não estava lá no dia anterior. Os frutos negros e especiarias mais presentes, final aveludado e apetitoso sem perder a concentração e volume de boca, ficou difícil não terminar com a danada e …….acabou!!

Chaski, o mensageiro, é mais um bom vinho da Perez Cruz e este exemplar anda na casa dos R$120,00. Aliás, acho que tá na hora de promover um outro Desafio de Petit Verdot pois há muita coisa interessante por aí! Na Sexta publico meu último post com os Brancos e Tintos que fizeram a minha cabeça em 2014, nos vemos por aqui? Cheers e kanimambo.

Mais dos Melhores 2014

Desta feita de momentos pra lá de especiais que, como os grandes vinhos, são extremamente longos de grande persistência na memória.

Melhor Harmonização

Um ano de grandes momentos inclusive nas bodegas argentinas e não só. Uma, no entanto, fez minha cabeça, o Incrível momento de harmonização fruto de telepatia minha e do mestre cozinheiro Ney Laux na confraria Vino Paradiso. Um verdadeiro elixir dos deuses que conseguiu melhorar ainda mais pelo aporte de uma torta de nozes com figos e maçã, uma verdadeira benção que arrebatou quem estava presente e os levou ao nirvana, eu incluso. Maravilha, nem sempre se consegue esse resultado em harmonizações e quando acontece desta forma, é para pensar em repeteco!! Magnifico vinho Madeira, um Bual 15 anos da Henrique & Henrique’s.

Madeira com torta de nozes

Melhor Degustação

foram muitas e muitos grandes vinhos passaram na taça, mas em função do local, da harmonização, dos vinhos e especialmente das pessoas, não tem como não elevar a centésima potência o encerramento da primeira viagem a Mendoza da Wine & Food Travel Experience em Agosto de 2014. Os belos vinhos da Dominio del Plata (Susana Balbo) e aquele Nosotros tomado no jardim com um brinde aos deliciosos dias que passamos juntos, estava ainda mais saboroso e não tem preço! Comprovação clara de que vinho harmoniza mesmo é com pessoas!

Nosotros com Nosotros

Melhor Momento

só poderia ser a esbórnia promovida pelo amigo Joaquin Alberdi (JÁ) em Buenos Aires na companhia dos amigos antigos e alguns novos, que desbravaram juntos 3850 kms de terroirs argentinos e mais de 270 vinhos. Um “pontapé” inicial que mexeu com todos e fez com que a saída para ir jantar, roteiro que a Wines of Argentina tinha para a gente, fosse um verdadeiro sacrifício. Isso mais sete horas de Van entre San Juan e la Rioja, o que era para ser um saco virou épico, ficarão para sempre na memória! Veja este video que o Didu fez e que acho que exemplifica tudo, uma bela mensagem do amigo Joaquin. Um lugar para não deixar de ir quando em Buenos Aires, vai por mim.

Uma ótima semana para todos, cheers e kanimambo pela visita.

 

Grandes Vinhos Argentinos no Premium Tasting

Pela primeira vez fora da Argentina e para um publico privilegiado, o Wines of Argentina Premium Tasting foi show! Belos vinhos e ótima organização em que provamos uma série de grandes vinhos e outros muito bons, por aqui não tinha vinho ruim não, nem mais ou menos! Uns me agradaram mais que outros e os vou comentar aqui.

Foram servidos em flights de 5, exceção do último, totalizando 29 vinhos de uma grande diversidade. Em cada um dos flights tomados às cegas, eu elegi um destaque, exceto num em que houve dois. Eis meus TOP 6 entre os muito bons vinhos apresentados e uma menção honrosa para o Colomé Torrontés que é um dos meus preferidos e foi uma abertura à altura dos vinhos que viriam em seguida. Melhor ainda, tem um preço muito bacana e acessível!

Parte 1 – 15 Vinhos

 

Argentina Premium Tasting 1
Lagarde Primeras Vinas Malbec 2011 – Este reconheci porque sou um fã deste vinho e o tinha tomado fazia pouco. Violáceo lindo e brilhoso na taça, paleta olfativa intensa, taninos aveludados, fruto fresco, untuoso, bom volume, especiarias, excelente vinho que ainda vai crescer muito nos próximos três a quatro anos, mas que já dá muito prazer tomar. Como já falei dele uma vez; “deixa a vida me levar, vida leva eu, sou feliz e agradeço  por  tudo o que Deus me deu”!

Gran Enemigo Single Vineyard Agrelo 2010 Cabernet Franc – um grande vinho que ainda não tinha tido a oportunidade de provar e que me seduziu por completo, tanto que acabei o elegendo para compor um dos tronos de meus Deuses do Olimpo. Nariz sedutor que pede para levar a taça à boca onde apresenta grande equilíbrio, taninos sedosos e finos, elegante, meio de boca muito rica, para vir à mesa de fraque e cartola. Leva uns 10% de Malbec.

Finca Decero Amano Remolinos Vineyard 2011 blend – uma das grandes surpresas do evento. Frutos negros, madeira bem integrada, complexo, meio de boca denso e gordo, prima pelo equilíbrio sem excessos ou arestas. Um vinho de muita classe com um corte inusitado e muito bem elaborado de Malbec, Cabernet Sauvignon, Tannat e Petit Verdot. Há tempos que falo dos ótimos blends argentinos e este só veio confirmar minha tese, gostei demais!

Parte 2 – 14 vinhos

Argentina Premium Tasting 2
Riccitelli Vineyard Selection Malbec 2012 – Um vinho mais franco e direto, taninos secantes mostrando-se ainda bem jovem, fruta abundante, ótima estrutura, boa dinâmica de boca com ótima persistência mostrando bom equilíbrio.

Passionate Wines Demente 2012 – Cabernet Franc com Malbec com uma paleta olfativa intensa, um verdadeiro bosque de frutos silvestres com nuances florais. Entrada de boca marcante, ótima textura, acidez gostosa se fazendo presente e pedindo um teco de bife de chorizo (rs), taninos finos, final longo algo mineral e muito apetitoso.

Dominio del Plata Nosotros Malbec 2010 – falar deste vinho começa a ser igual chover no molhado de tanto que já o comentei aqui no blog então não vou me alongar, só dizer que é um dos Malbecs mais marcantes e elegantes que tive o prazer de tomar nesta minha vida de comentarista das coisas de nossa vinosfera. Quer ler mais sobre ele, basta ir em pesquisa (canto direito superior ) e escrever Nosotros. Haverão diversos posts a ler e também tem lugar entre meus Deuses do Olimpo de 2014.

Catena Zapata Adrianna Malbec 2010 – Não conhecia e há muito andava curioso. Intrigante seria minha primeira impressão. Austero, toque mineral, algo salgado, firme, denso, incrivelmente rico e complexo meio de boca, cassis, especiarias, madeira muito bem aplicado ao conjunto, um tremendo de um Malbec que gostaria de provar daqui a uma meia dúzia de anos. Estilo diferente do Nosotros, mas igualmente cativante.

Certamente uns terão outras opiniões e escolheriam outros vinhos, mas dentro rótulos de tamanha qualidade isso seria de se esperar. O interessante é que eu nem sou tão chegado assim em Malbec, porém foram estes que mais me chamaram a atenção nesta seleção de belos vinhos! Por isso adoro viajar por esta vinosfera sem verdades absolutas onde não há espaço para preconceitos, bom demais.

É isso, um ótimo fim de semana e sugiro dar uma passada na Vino & Sapore no Sábado (das 10 ás 19h) para aproveitar a promoção e almoçar em algum dos bons restaurantes da região da Granja Viana e arredores. Cheers, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou por aí em algum lugar de nossa vinosfera!

Os Deuses do Olimpo – Meus TOP 12 Vinhos de 2014

deuses-do-olimpo

Sempre grandes vinhos que habitaram minha taça mesmo que por alguns poucos momentos de puro deleite, uns mais que outros, porém todos marcaram posição, disseram ao que vieram e deixaram marcas profundas em minha memória. São vinhos que apelidei de classe “I” de Incuspível! Daqueles que quando chegam na taça nos vimos “forçados” a saborear até a última gota nos deixando inebriados de prazer. Eis minha lista dos deuses que fizeram jus a seu lugar no Olimpo, sempre vinhos que estão á venda no Brasil.

Brancos:

Vina Tondonia Reserva 1991 – Rioja/Espanha – para virar a cabeça de quem acha que um vinho branco não pode envelhecer bem. Mais para um Jerez que um vinho branco normal, é marcantemente diferente e quando acompanhado de um presunto cru ibérico, é de lamber os beiços e pedir bis. Incrível como é profundo e como está tão vivo com a Bacoacidez ainda bem presente como quem quer nos dizer que ainda há mais alguns anos de vida nessa garrafa. Não há quem fique imune ás reflexões sensoriais que ele aporta, um vinho que mexe com conceitos, preconceitos e muito mais!

Chateau de Citeaux Domaine Bouzerau Puligny Montrachet 1er Cru Les Champs Gain 2010 – Borgonha/França – Um Chardonnay estonteante que não sabemos se fungamos ou bebemos! Uma paleta olfativa intensa que nos implora por levar a taça à boca onde ele termina de nos subjugar e nos deixa de joelhos agradecendo a Bacco por tamanha dádiva. Um exemplo de como se usar barrica com sabedoria, sur lie por um ano, aportam sofisticação e complexidade levantando a fruta e com um final bem mineral como manda o figurino. Um clássico da região que encanta até quem não é chegado em brancos.

Tintos:

Monte olimpus

Gran Enemigo Single Vineyard Agrelo 2010 – Mendoza/Argentina – tendo como base a nova coqueluche argentina, a Cabernet Franc, com um toque de Malbec, é um tremendo de um vinho que exala elegância e finesse por todos os poros sem perder a identidade. Um vinho rico e complexo, de taninos sedosos e acidez pontual que resulta num final de boca apetitoso que pede a próxima taça, e a próxima, a próxima……..rs.

Poggio di Sotto Brunello di Montalcino 2007 – Montalcino/Itália – Este ano tive o privilégio e enorme prazer de tomar deste elixir por duas vezes. Na minha modesta opinião, pois não sou especialista em Brunello, um dos melhores que já tive a portunidade de provar sendo realmente inesquecível. Prima pelo equilíbrio, pelos aromas, pela complexidade, classudo e fino, um vinho galanteador, se é que isso existe, que nos arrebata do chão ao primeiro gole e nos leva ao nirvana!

Casa Lapostolle Barobo – Chile – uma tremenda surpresa e mais um preconceito quebrado pois os vinos do produtor nunca me encantaram. Um grande vinho que consegue unir potência com uma finesse ímpar. Na degustação não peguei a safra, mas ……..não muda nada do que estava na taça. Um dos melhores chilenos que já provei nos últimos anos rivalizando com um Chadwick 2005 que tomei há uns 5 ou 6 anos. Uvas de diversos vales em que o produtor tem vinhedos.

Nosotros Malbec 2009 – Mendoza/Argentina – existem diversos ótimos Malbecs na Argentina, mas este tem algo de especial. Rico e profundo, complexo e elegante, ótima textura que seduz, um vinho que cativa à primeira fungada. Sem excessos, profundamente balanceado, um Malbec diferenciado e por isso mesmo inesquecível. Sou apaixonado por este vinho e tomado lá na condição em que foi, deixou marcas, sempre deixa!

Quinta da Leda 2007 – Douro/Portugal – Um clássico da casa Ferreirinha, terceiro na linha sucessória (rs) abaixo do Barca velha e Casa Ferreirinha Reserva Especial, um vinho que respira Douro por todos os poros e está no momento certo para ser devidamente venerado e tomado. Um vinho que nos vai aparecendo em camadas; frutos escuros maduros, tabaco, especiarias, algum balsâmico, gordo meio de boca, formando um incrível e harmonioso conjunto que nos deixa triste ao final, vai faltar vinho nessa garrafa! Porquê não comprei mais algumas?!!! Grande e prazeroso vinho.

Benegas-Lynch Meritage 2007 – Mendoza/Argentina – o que falar de um blend de somente 3.000 garrafas ano, 18 meses de barrica e cinco de estágio em garrafa antes de sair ao mercado. Certamente um vinho para guardar por mais uns dez ou quinze anos, mas quem resiste?!! Café, notas terrosas, taninos integrados e aveludados, toque mineral no final de boca bem longo e prazeroso nos fazendo recordar um bom Bordeaux. Umas das muitas gratas surpresas de minhas andanças pela Argentina e um must a conferir.

Lagarde Henry I Gran Guarda 2009 – Mendoza/Argentina – a cada ano o blend muda e não sei das outras safras, porém nesta o corte de Malbec, Cab. Sauvignon, Cab Franc e Petit Verdot foi perfeito. Ótimo volume de boca, porém sem ser pesado, encorpado, complexo, grande equilíbrio, frutos negros, taninos finos e notas de especiarias num final interminável onde aparece algo de tostado e mocha, vinhaço! No meu wish list, provar mais umas três diferentes safras e ver como este se compara.

Mas La Plana 2007 – Penédes/Espanha – 100% Cabernet Sauvignon, este vinho supera todas as expectativas mostrando que esta uva pode gerar grandes vinhos em todos os tipos de terroirs do mundo. Deixou doze enoladies sem fôlego e pedindo bis! Deliciosa textura, intenso, notas tostadas, rico meio de boca com enorme persistência e taninos aveludados que encantam. Um vinho que precisa de tempo sempre, melhor quando tomado com mais de seis anos de vida.

Mastroberardino Radici Taurasi 2007 – Campania/Itália – a Aglianico é uma uva que gera vinhos potentes e duros que precisam de muitos e muitos anos de garrafa até que alcancem seu melhor equilíbrio. Surpreendentemente este vinho estava absolutamente divino e pronto, um deleite hedonístico! A resposta a minha indagação sobre a finesse do vinho ainda “tão” jovem foi; fazemos vinhos nas vinhas, enquanto outros o fazem na cantina!

Quinta da Lagoalva Grande Escolha Alfrocheiro 2009 – Tejo/Portugal – esta uva é tradicionalmente usada em cortes nos vinhos do Dão, Beiras e Bairrada, mas é no Tejo que ela desponta como um varietal sedutor e complexo pelas mãos do Diogo (jovem enólogo e sócio da Quinta da Lagoalva) que o trabalhou com maestria. Não é um vinho muito conhecido e tão pouco muito divulgado, porém é para mim o melhor vinho desta casa produtora.

Na semana que vem meus destaques por estilo (brancos e tintos) por faixa de preço. Para os acima listados (de forma aleatória) não publiquei preços porque como costumo dizer, nem todo o vinho caro é grande, mas todo grande vinho é caro! Desta forma falamos de vinhos a partir de R$250,00 até R$1100,00. Tivesse mais um lugar nesse templo de grandes vinhos, certamente o Catena Zapata Adrianna Malbec 2010, um grande vinho num estilo diferente do Nosotros, também estaria presente, mas temos que fazer opções!

Que Baco permita que em 2015 alguns desses néctares possam estar em suas taças. Cheers, Kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.

Dicas e Oportunidades

Um pouco de tudo! Viagens, promoção, leitura …..

Promoção na Vino & Sapore. Cerca de 40 rótulos em promoção com descontos de até 35% e um “regalo” de 5% adicionais para quem pagar em dinheiro, cheque ou depósito bancário! Para quem puder dar uma passada melhor, porém listo abaixo doze destaques. Quem tiver interesse na lista completa (são pouquíssimas unidades por rótulo) me envie um comentário que lhe envio por e-mail (ou inbox no face) a lista completa sujeita a vendas logicamente. The early bird catches the worm, dizem os ingleses, então não deixe para amanhã!

wine sale

  • Luis Canas Gran Reserva 2001 – safra magnifica em Rioja e o vinho segue cheio de vida De R$240 por R$195,00
  • Torres Manso de Velasco Cabernet Sauvignon 2007 – 92 pontos do Guia Descorchados custava R$220 agora R$180,00.
  • Punto Final Rosé de Malbec 2012 – de R$59,00 por R$51,00
  • Foral de Montemor branco 2010 – do Alentejo um branco raçudo estava por R$69,00 e agora está por R$58 na promoção.
  • Benegas Malbec 2009 – de Mendoza, custava R$95,00 e na promoção está por R$82,00
  • Palavrar Vinha Velhas Douro 2008 – de R$65,00 por apenas R$54,00 na promoção
  • Solar dos Lobos 2007 – vinho alentejano de R$79,00 por R$64,00
  • I Castei Valpolicella Ripasso Clássico Superiore – tudo deste produtor é de primeira e este não nega a raça. De R$118 por R$92,00.
  • Herdade de São Miguel Touriga Nacional – uva clássica portuguesa numa versão alentejana de muito boa qualidade. De R$105,00 por R$82,00
  • Las Moras Mora Negra 2006 – safra esplendorosa e um grande vinho corte de Malbec com Bonarda. De R$ 145,00 por R$110,00
  • Van Zeller’s Porto Tawny 10 anos – um dos famosos Douro Boys que produz grandes vinhos, entre eles o incrível CV tinto, numa versão fortificada, um delicioso vinho do Porto. De R4125,00 por R$95,00.
  • Caballo Loco XIII – clássico e ícone chileno que dispensa apresentações. De R$345,00 por R$275,00

Mas ainda tem; Lassia Pinot, Caballo Loco Grand Cru Apalta, espumante Vértice Gouveio 2006, Montes Alpha Syrah, Luis Canas Crianza safras 2007 e 2008, Brunel de La Gardine St. Joseph entre outros.

Sugestões de leitura de alguns posts de amigos e um antigo meu (2008) porém sempre atual.

  1. Diário de Baco – O amigo Alexandre Frias (father to be!) publicou uma lista de vinhos sobre vinho indicação de alguns especialistas da área. Me sento honrado com o convite e também dei minha sugestão de um livro que foi o divisor de águas para mim. Um livro escrito por meu mentor que um dia disse “ o vinho foi feito para te dar prazer, se te deu, então ele cumpriu seu papel”, o saudoso Saul Galvão. Clique aqui para ler.
  2. Falando de Vinhos – Estamos na época das promoções, inclusive a da Vino & Sapore acima, ótima oportunidade para repor estoques consumidos nas festas de final de ano e férias inclusive porque os importadores já começaram a aumentar preços em função da taxa cambial! Pense, não se deixe levar por descontos mirabolantes que indicam, normalmente, algo de errado. Lembre-se, se o desconto é demais o Santo desconfia, faça contas e não compre desconto, compre vinho! Leia o posto aqui.
  3. Além do Vinho – Peter Wolffenbütel fala muito de vinhos brasileiros e do Rio Grande do Sul, sua terra natal, mas aqui ele dá algumas dicas muito interessantes sobre compras de regiões famosas e caras, como não comprar gato por lebre. Li e achei bastante interessante. Clicando aqui você acessa seu post.
  4. Confraria 2 Panas – Meu amigo Evandro publicou sua lista de 25 destaques de vinhos em sua taça, vale conhecer clicando neste link!
  5. Pingas no Copo – Uma referência em vinhos portugueses e amante do Dão, meu amigo Rui também publicou seus destaques de 2014 e, como ele bem diz, “os melhores, aqueles que mais gostei, os que marcaram determinada ocasião, sendo que algumas vezes sem qualquer justificação justificável”. Um dia ainda quero escrever como ele, o mestre da pena! Quem gosta de vinhos portugueses não pode perder a oportunidade de dar uma olhada, ótimas referências, acesse por aqui.

Adesivo_WFTESAVE THE DATE! Nova viagem a Mendoza comigo e a Wine & Food Travel Experience para o feriado de Tiradentes em Abril. Em uma semana o roteiro completo porém a principio será repetido o mesmo deste mês, com uma alteração a confirmar. Aguardem, mas faça já sua pré reserva sem custo. Valor estimado USD2100.00 por pessoas incluso todos os almoços, um jantar, todas as degustações top (vinhos escolhidos por mim e pelo enólogo da casa), hotel taxas aeroporto e transporte em Mendoza. Restrito a 14 pessoas.

 

Uma ótima semana para todos, em breve a programação de minhas novas degustações e desafios. Cheers, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou em algum dos caminhos de nossa vinosfera.

Melhores Vinhos de 2014

Todo ano publico algumas listas em cima dos vinhos provados no ano e não poderia deixar este ano em branco, mesmo porque foi especialmente rico. Em função das muitas provas de vinhos argentinos e algumas viagens a Mendoza com a Wine & Food Travel Experience, uma grande parte dos rótulos em destaque vieram de lá. A lista é em função do que provei no ano, posso repetir rótulos de outros anos, e a cada ano essa lista tem maior ou menor influência de determinado país ou região de origem (dependo das oportunidades de prova) e sempre levando em consideração o preço, porque acredito ser meu papel compartilhar com os amigos vinhos minimamente viáveis ao consumidor que dá um duro danado por seu din-din e sabemos que tudo, não só os vinhos, está pela hora da morte neste nosso Brasil sofrido e arroxado.

Pois bem, afora os meus 12 Deuses do Olimpo do ano, normalmente listo meus destaques por faixa de preço pois em cada uma delas existem vinhos que se sobressaem dos outros, mas este ano farei algumas outras mudanças dividindo-os também por tipos de vinho e começo por vinhos de sobremesa e espumantes.

Vinhos de Sobremesa:

Invariavelmente os bons têm preços algo altos, mas isso é muito relativo pois se falarmos de um elixir dos deuses datado de 1973 custa algo ao redor dos R$350,00 não me parece fora de propósito! Mas vamos a esta curta lista com, sempre, seus preços médios de referência São Paulo.

  • Nederburg Noble Late Harvest – África do Sul – R$89 a 95,00. Um achado e a melhor relação qualidade x https://falandodevinhos.files.wordpress.com/2014/08/nederburg-noble-late-harvest.jpgpreço x prazer neste quesito. Precioso com queijos azuis Leia mais clicando aqui, Amazing Grace!
  • Vinserus Cosecha de Otono – Argentina – R$55,00 colheita tardia de Malbec uma grande pedida com bolo de chocolate e frutas do bosque.
  • H&H Bual 15 anos – Portugal/Madeira – R$250,00 para tomar de joelhos harmonizando com uma torta de nozes, figos e maçãs.
  • Susana Balbo Signature Late Harvest – Argentina – R$110,00 também de Malbec, muita classe e complexidade que foi grande parceiro para um panetone de chocolate.
  • Quinta da Bacalhôa Moscatel Roxo 1998 – Portugal/Setúbal – R$200,00 envelhecido em barricas de whisky trazidas da Escócia, é marcante e inesquecível. Com panetone de frutas ficou divino, mas solo é também inebriante.
  • Taylor’s Porto Tawny 10 anos e Graham´s Porto Tawny 30 anos – Portugal/Douro – Dois grandes vinhos. Um provado em confraria direto da origem e o outro provado em evento, ambos sem preço, mas bons demais!

Espumantes:

Todas as reuniões de Confraria são abertas com um espumante que é uma bebida que me seduz. Dos mais simples aos mais complexos, cada ocasião tem o seu e eu me esbaldo! Quase todo o fim de semana abro uma garrafa, neste verão então!

  • Don Bonifácio Brut – Brasil/Caxias do Sul – um achado, pois não chega nas 40 pratas e é super fresco e vibrante. Ótimo em festas e eventos ( satisfaz a gregos e troianos), verão, em casa é coringa e tem sempre uma garrafa na geladeira!
  • Don Bonifácio Moscatel – Brasil/Caxias do Sul – a versão docinha do produtor, porém bem balanceada por uma acidez intensa que atenua o residual de açúcar típico deste estilo de espumante. Bom com queijos azuis, sobremesas ácidas (tortas de frutas como kiwi e framboesa ou cheese cake de frutos vermelhos) ou salada de frutas com sorvete de creme. Combina com beira de piscina de também!
  • Campos de Cima Extra-brut – na verdade da Campanha Oriental no extremo sul do Rio Grande do Sul, uma grata surpresa no ano passado (13) que comprovou e mostrou consistência ao longo de 2014. Bem seco sem perder o frescor, equilibrado com ótima perlage. Na casa dos 50 a 55 reais é uma tacada certeira.
  • Villaggio Grando Rosé Brut – para mim o melhor rosé nacional que conheço, excetuando o Orus que é de outra galáxia, e que costuma dar banho em seus concorrentes importados como o bom 3B da Filipe Pato (português). Creio que teve um leve aumento agora e ficou perto dos R$60,00 mas vale muito a pena, um espumante vibrante e muito bem feito por este importante produtor da Serra Catarinense.Borghel e camarão
  • Villaggio Grando Brut – o único com as três uvas de champagne ( Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meuniere) produzido no Brasil. Na mesma casa de preço do Rosé, mais uma vez muita qualidade presente, complexo, bom volume de boca e perlage persistente. Muito bom.
  • Valmarino & Churchill Nature NV – Também tem o Prestige que passa o dobro do tempo em barrica, mas este NV (não safrado) com o vinho base passando 3 meses em barrica americana, é um espumante diferenciado e possui uma relação de preço mais interessante. Uma experiência diferente que seduz facilmente quem tem uma queda por espumantes mais complexos e de personalidade própria. Anda na casa do R$70 a 75,00.
  • Collin Cremant de Limoux – Para quem quer um espumante francês mas não quer Champagne, eis aqui um belo exemplar de Cremant (espumante francês elaborado pelo método clássico Champenoise fora da AOC Champagne) por um preço bem mais camarada, na casa dos R$95,00. Gosto muito; sofisticação e equilíbrio com um preço bacana, difícil não gostar.
  • Contessa de Borghell Rosé – um espumante dry italiano da região do Friulli (norte do país, região de bons brancos e espumantes) com um residual de açúcar algo maior, porém com uma acidez marcante que gera um balanço muito agradável. Ótimo aperitivo e uma boa companhia para comida japonesa (sushis e sashimis da vida) ou até uns camarões empanados bem sequinhos numa tarde de verão! Preço ao redor de R$45,00, para ter em casa sempre.
  • Luis Pato Maria Gomes Brut – afora o nome inusitado da uva que no sul de Portugal atende pelo nome de Fernão Pires, é um espumante da Bairrada que surpreende a maioria que o prova. Tem umas notas sedutoras algo florais nos aromas e na boca mostra-se jovial porém maduro, fresco, equilibrado e muito rico. Mais um que me atrai por suas diferenças! Na casa dos R$95 a 98,00 é um belo espumante a ser servido para quem gosta de provar coisas menos comuns, recomendo.
  • Cave Geisse Terroir Nature – entra ano, sai ano sempre um grande espumante na taça fazendo muito champagne corar. Complexo, equilibrado, citrico com toques de brioche, seco, longo com ótima perlage é certamente um dos melhores se não o melhor espumante nacional da atualidade. preço na casa dos R$125,00.
  • Champagne Barnaut Grand Cru Grand Reserve Brut – França – R$250,00, um vinho para momentos especiais. Custa o mesmo dos champagnes genéricos que fazem a cabeça dos amantes de marca, porém dá de dez! As comunas Grand Cru são somente 17 das mais de 300 da AOC e premiam os melhores terroirs da região. Complexo, um grande champagne com o qual brindarei a meus 60 anos daqui a alguns dias, eu mereço!! Rs

Bem, por hoje é só e no fim de semana já dá para curtir alguns destes, o que acham? Semana que vem finalizo minhas listas de Melhores de 2014 que, como de costume, não sei quantos serão, porém aqui já compartilhei dezesseis rótulos! Cheers, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui ou em qualquer esquina de nossa vinosfera. Bom fim de semana.

Só Vinhos Tops nas Taças dos Confrades do Saca Rolha!

Final de ano é época em que as confrarias quebram seus porquinhos e torram suas economias provando grandes vinhos! Este ano não fugiu à regra e cada uma das cinco confrarias que administro chutou o balde com muita classe e joie de vivre! A Saca Rolhas, da qual faço parte também, nos permitiu (todos os 12 participantes) provar alguns grandes vinhos numa noite encantadora, uma verdadeira esbórnia enófila! Eis o que a nossa porta voz, confreira e amiga Raquel Santos, tem a nos dizer sobre suas impressões pessoais sobre estes vinhos que encantaram e seduziram a maioria!

Mais um ano que se foi, e ainda bem que sempre tem “aquele” vinho que ainda não conhecemos e queremos saber qual é a dele! Já que o clima era de festa, resolvemos levar alguns convidados a mais para garantir a animação. Além dos da casa, recebemos convidados da Turquia, Espanha, Portugal, etc…

Começamos muito bem, como sempre, com um belo espumante:
Cave Geisse Terroir Nature 2009. Esse é aquele que impressiona os paladares mais exigentes. Quebra todos os preconceitos em relação ao vinho nacional, e confunde aqueles que só se arriscam nos padrões das grifes internacionais. Vale lembrar que a qualificação “Nature”, significa que estamos falando do mais seco dos espumantes, ou seja, tem no máximo 3g de açúcar residual por litro. Eu particularmente acho a mais sincera expressão que um vinho espumante pode oferecer. Não que eu não goste de doçuras, mas acho um sabor muito fácil de assimilar, que costuma mascarar a percepção de todos os outros, se não estiver em perfeito equilíbrio com seu contraponto: A acidez. Sempre penso na sorte que nós brasileiros temos, de ter nosso solo/clima propício para esse tipo de vinho. Duas tacinhas e a festa já está estabelecida. E com qualidade garantida!

Foi nesse clima que fomos apresentados ao nosso convidado Turco.
O nome dele era Sarafin – Sauvignon Blanc 2013, do produtor Doluca. Apesar da expectativa de algo exótico, mostrou-se um típico Sauvignon Blanc. De cor bem clarinha, com um leve reflexo rosado, a primeira impressão foi o aroma exuberante, com muito frescor, de grama cortada e cítricos. Um misto de casca de limão com grapefruit e lima da pérsia, que evolui para sabores calcários, minerais bem fundidos com ervas aromáticas e especiarias (baunilha). Muito persistente na boca e refrescância que pede um novo gole.

Partimos então para o primeiro tinto da noite. Veio para ajudar nossa concentração, já que estávamos um pouco dispersos…. Alguns vinhos tem essa função, e um português do Dão tem sobriedade suficiente para nos colocar na terra. Com muita sutileza, foi mostrando à que veio. Corpo médio, madeira bem incorporada, taninos bem delicados e longo na boca. Aos poucos foi se mostrando com muita retidão e personalidade. Acidez que fez salivar e deu vontade de comer. Seria um ótimo companheiro para refeições. Quinta dos Roques, Garrafeira 2003.

E quando eu estava bem focada naquela taça, foi-nos apresentado o próximo: Aalto 2006. Esse nome soou nos meus ouvidos como uma música! Já havia provado um tiquinho desse vinho há algum tempo atrás, e nunca mais o esqueci. Já flertei com ele nas prateleiras de algumas lojas com sérias intensões, mas nunca fui às vias de fato. É um vinho caro, muito bem feito, pelo renomado enólogo Mariano Garcia ( Vega Sicília ), que segue a nova tendência em Ribera del Duero: Vinhos encorpados, mas mantendo a leveza. Ótima acidez que proporciona um frescor cativante, com muita personalidade e elegância.

Junto com ele, estava um outro espanhol, só que este da região de Rioja. Apesar se serem regiões próximas, possuem características bem diferentes, que dividem sua notoriedade na Espanha; à beira do rio Duero nascem vinhos classudos, com um ar de modernidade e quase sempre colocados entre os melhores do mundo, em Rioja, à beira do rio Ebro, a produção é mais tradicional, com ares de austeridade e mais voltada à expressão do seu terroir. Esse Rioja era um La Rioja Alta Gran Reserva 904 – 2001, que mostrou muito bem toda sua tipicidade. Cor granada profundo, com halo alaranjado, demonstrando seu tempo de maturidade. Aromas vibrantes com notas de couro, cacau, café e frutas que iam se revezando como uma seção de fotos. Bem estruturado, com frescor e taninos bem colocados, domados pelo longo estágio em barricas de carvalho.

Só TOPS Dez 2014

E mais uma vez, para colocarmos o pé no chão, chegou um português, desta feita do Douro. Desconhecido do todos que ali estavam, se apresentou e foi muito cortês e educado. Quase não emitia opiniões e parecia que gostava mais de ouvir a nossa conversa. Com o passar do tempo, foi relaxando e ficando mais doce, como um caramelo. Mas nem um pouco enjoativo ou pesado. Tinha uma boa acidez ao fundo que combinava todos os sabores ( frutas negras, como ameixas e amoras ), num corpo médio e fácil de beber. O nome dele era Mazouco Reserva 2012.

Festa rolando solta, e partimos para o 7º vinho da noite! Muita expectativa na entrada triunfal do brasileiro: Casa Valduga Gran Reserva Storia 2005. Esse vinho mereceu destaque no mercado e à partir daí tornou-se um ícone nacional pela qualidade, e realmente cumpre o que promete. Já havíamos provado o 2006 na nossa primeira degustação desse ano (Merlots Premium Brasileiros às cegas), e novamente não nos negou o prazer esperado: Muito equilibrado, com bom corpo que sustenta frutas carameladas, chocolate, café e um tostado no final. Ainda com muito tempo de vida pela frente! *(para mim de longe o melhor Storia já produzido e talvez tenha alcançado seu auge agora – melhor prova das quatro que já fiz desta safra – mesmo com ainda alguns bons anos de vida pela frente mostrando que todos os outros já produzidos após esta primeira safra estão a léguas de distância atrás dele)

Já podíamos nos dar por satisfeitos, mas sempre tem alguém querendo mostrar coisas novas. Partimos então para a Austrália, de onde veio um Shiraz muito interessante: John Duval Entity 2007. O enólogo que dá nome ao vinho, foi o criador dos premiados Penfolds Grange, que nos anos 90 mereceram destaque mundial, quando se equipararam com os “grandes” do velho mundo. E realmente mostrou-se muito elegante. Com o primeiro ataque bem seco na boca, um toque mineral que se funde com frutas maduras dando-lhe corpo e temperado com especiarias. No final um leve defumado mostrando a madeira bem colocada. Um exemplo de como o menos é mais, com muita categoria. O da safra de 2012 entrou nos TOP 50 vinhos de 2014 da Revista Decanter.

A essa altura já estava passando pela cabeça de todos, os bons vinhos que conhecemos durante o ano. E como não podia faltar um italiano nessa festa, chegou o Barbaresco Piero Busso 2008, para nos lembrar da deliciosa degustação de julho (Um encontro do Saca Rolha com a Nebbiolo). Foi bem interessante o reencontro com esse vinho, num contexto diferente. Aqui, onde o foco foi a diversidade, ele me pareceu mais descompromissado com suas esperadas características de personalidade. Sem deixar a elegância de lado, pareceu mais leve, fácil de beber e adaptável à qualquer situação.

Finalmente, para encerrar nosso último encontro do ano, um vinho recém chegado do Porto para adoçar nossos encontros e fortalecer nossos laços de amizade. O escolhido foi um Taylor’s Tawny 20 anos, que acompanhou muito bem um Panettone Loison Clássico, perfumado e úmido. O vinho, servido na temperatura correta, tinha aquela cor âmbar, típica dos Tawny, pelo seu longo envelhecimento em cascos de carvalho velho. Seus aromas de frutas secas, amêndoas, nozes e principalmente figo Ramy, me fazem lembrar o Natal. Essas referências das frutas invernais europeias, que foram trazidas por nossos antepassados. E mesmo aqui nos trópicos, não conseguimos ficar sem elas, apesar do calor. Acho que nem devemos, pois assim como foi esse encontro com a diversidade do mundo, o vinho nos leva sempre para onde queremos estar. E assim como nos alegramos ao ouvir um estouro da rolha dos espumantes, podemos também sentir a melancolia das lágrimas que escorrem numa taça de Porto. Que venha 2015!

Top 50 Vinhos de 2014

Estou de volta, mas ainda não com os meus destaques do ano (estou trabalhando neles), mas sim os da respeitada revista inglesa Decanter. Dos cerca de 4800 vinhos provados, cinquenta deles tiveram um destaque especial e estão listados por ordem alfabética de país de origem. Diferentemente de outras renomadas revistas, a Decanter não promove um número 1.

Cada um dos listados possui um “Q” de destaque que o diferencia de seus pares e eu fiquei especialmente interessado no espumante inglês, pois sei que há uma série de bons rótulos despontando por lá e que o terroir, depois de tantas mudanças climáticas, começa a despertar o interesse de produtores de Champagne que lá começam a investir, mas tem mais e comento algumas coisas que me chamaram a atenção:

  • A quantidade de vinhos italianos do Veneto
  • A quantidade de vinhos de Navarra na Espanha
  • A quantidade de vinhos de Grenache / Garnacha varietais ou com esta cepa no corte
  • Feliz por ver o John Duval Entity Shiraz ( da KMM e tenho na Vino & Sapore) nessa lista, pois acho um Shiraz inebriante que arrebata corações (incluindo o meu) quando o abro.
  • Especialmente feliz por meus amigos Wilton e Martin (Dominio Cassis) e Luiz e Javier (La Calandria) por ver seu sonho ser reconhecido internacionalmente pela critica internacional. Curti aqui e tenho na Vino & Sapore.
  • Feliz por ver diversidade e um TOP 50 com muita coisa diferente; regiões, produtores e uvas!
  • Só dois espumantes, mas uma ótima seleção de brancos!
  • Há tempos falo dos ótimos Syrahs do Chile, bom saber que não estou solo nessa avaliação. Veja aqui.
  • Curti ver a Atamisque aqui, ela que já teve o Viognier de sua linha Serbal em destaque em listas de 2014.

Boekenhoutskloof, Semillon, Franschhoek 2010 África do Sul
Chamonix, Chardonnay Reserve, Franschhoek 2012 África do Sul
Kloster Eberbach, Hessische Staatsweingüter, Rüdesheimer Berg Schlossberg, Grosses Gewächs, Rheingau 2012 Alemanha
Atamisque Serbal Assemblage 2012 – Argentina
Chacra Barda Pinot Noir 2011 – Argentina
Zorzal Piantao Cabernet Franc 2011 – Argentina
Shaw & Smith, Shiraz, Adelaide Hills, South Australia 2012 – Australia
Heemskerk Chardonnay/Tasmania 2012 – Australia
Tolpuddle Chardonnay/Tasmania 2012 – Australia
Adelina Grenache/ Clare Valley 2012 – Australia
Ben Glaetzer Bishop Shiraz / Barossa 2012 – Australia
John Duval Entity Shiraz / Barossa 2012 – Australia
Leeuwin Estate Art Series Cab. Sauvignon / Margaret River 2010 – Australia
Schiefer, Eisenberg Blaufränkisch, Burgenland 2009 – Austria
Casa Marin, Syrah, Miramar Vineyard, Lo Abarca, San Antonio 2010 – Chile
Casas del Bosque, Gran Reserva Syrah, Casablanca 2011 – Chile
Gramona, Brut Nature Gran Reserva, Cava 2008 – Espanha
Contino Blanco / Rioja 2010 – Espanha
Bastión de la Luna, Tintos de Mar / Rias Baixas 2011 – Espanha
Bodegas Artazu, Artadi Garnacha, Santa Cruz de Artazu / Navarra 2009 – Espanha
Domaines Lupier, La Dama Garnacha / Navarra 2009 – Espanha
Dominio do Bibei, Lalama / Ribeira Sacra 2010 – Espanha
La Calandria, Pura Garnacha, Cientruenos, Navarra 2011 – Espanha
La Rioja Alta, 890, Rioja Gran Reserva 1998 – Espanha
Bodegas Hidalgo, Napoleon, Manzanilla Amontillado / Jerez – Espanha
Château Gruaud-Larose, Bordeaux / St-Julien 2010 – França
Château Haut- Batailley, Bordeaux / Pauillac 2010 – França
Château Prieuré- Lichine, Bordeaux / Margaux 2010 – França
Château de Rayne-Vigneau, Bordeaux / Sauternes 2009 – França
Domaine Jean Teiller, Loire / Menetou- Salon 2012 – França
Le Grand Cros, L’Esprit de Provence, Côtes de Provence 2013 – França
Bosquet des Papes, Chante le Merle Vieilles Vignes, Rhône / Châteauneuf-du-Pape 2012 – França
Domaine Les Grands Bois, Cuvée Maximilien, Cairanne / Rhône 2012 – França
Paltrinieri, Solco, Lambrusco dell’Emilia, Emilia- Romagna 2012 – Itália
Villa Medoro, Rosso del Duca, Montepulciano d’Abruzzo 2010 – Itália
Pietracupa, Greco di Tufo / Campania 2012 – Itália
Il Molino di Grace, Il Margone, Chianti Classico Gran Selezione / Toscana 2010 – Itália
Melini, Vigneti La Selvanella, Chianti Classico Riserva / Toscana2010 – Itália
Pian dell’Orino, Brunello di Montalcino / Toscana 2008 – Itália
Cà dei Frati, Brolettino, Lugana / Veneto 2011 – Itália
Cà Lojera, Lugana / Veneto 2012 – Itália
Selva Capuzza, Selva, Lugana / Veneto 2012 – Itália
Viviani, Amarone della Valpolicella Classico / Veneto 2008 – Itália
Greywacke, Pinot Noir / Marlborough 2012 Nova Zelândia
Kusuda, Riesling / Martinborough 2013 – Nova Zelândia
Ata Rangi, Pinot Noir / Martinborough 2011 – Nova Zelândia
Felton Road, Calvert, Pinot Noir, Bannockburn / Central Otago 2012 – Nova Zelândia
Fromm, Clayvin Vineyard, Pinot Noir / Marlborough 2011 – Nova Zelândia
Filipa Pato, Nossa Calcário Branco / Bairrada 2011 – Portugal
Sugrue Pierre, South Downs, England 2010 (espumante) – Reino Unido

Amigos, uma lista com muita coisa nova a experimentar, boa viagem por esses caldos e que Baco lhes seja especialmente generoso neste ano de 2015! Leia sobre cada um desses vinhos no site da Decanter Magazine Cheers, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui, nas viagens com a Wine & Food Travel Experience ou em qualquer outro caminho de nossa vinosfera.