Bacalhau & Vinho – Mais Experiências.

Quando preparei a matéria sobre harmonização de Bacalhau e Vinho para a Páscoa, lancei o desafio para um monte de gente amiga. Pois bem, o Marcio Marson, nascido e criado nesse mundo vinícola levou esse desafio um passo adiante e se juntou com amigos para tirar a prova dos nove. Vejam só a mensagem que ele me enviou e o resultado de sua prova!

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          Na noite do dia 04.04.09 me reuni com uma turma de amigos na casa do casal Eduardo Milan e Wendy Elago, advogados e amigos de longa data, para aproveitar o convite feito por você sobre a melhor harmonização de Vinho & Bacalhau para esta páscoa com vinhos até R$100,00. Achei que melhor do que elaborar sobre suposições, por melhores que fossem, nada como as testar. Eis o resultado dessa divertida prova decorrente de seu desafio.

Compras:

Eu me encarreguei na primeira parte de comprar o bacalhau e a opção feita foi um Lombo de Bacalhau Porto Imperial, comprado na loja do Pão-de-Açúcar na praça Panamericana, auxiliado pelo simpatissíssimo atendente Fernando. Boa compra !!! Os vinhos combinamos que cada pessoa levasse o seu rótulo entre tintos, brancos ou rosés.

Os vinhos escolhidos foram:

1. Dobogò Furmint Tokaj 06 – Hungria

(será trazido para o Brasil pela WineBrands)

2. Cordilheira de Santana Reserva Especial Chardonnay 05 – Brasil

(EIVIN São Paulo 11.5042.3890 = R$ 57,00)

3. Dão Sul Quinta de Cabriz Rosé 07 – Portugal

(Expand por volta de  R$ 30,00)

4. Chateau Gamage Bordeaux Rosé 05 – França

(Expand por volta de R$ 70,00)

5. Dão Sul Quinta de Cabriz Tinto 06 – Portugal

(Expand por volta de R$ 30,00)

6. Miolo Quinta do Seival Castas Portuguesas 05 – Brasil

(Miolo Wine Group São Paulo – 11 2167.1600 preço R$ 45,00)

7. Monte da Penha Fino Reserva 02 – Portugal

(Vinea Store = 11.3059.5200 = R$ 98,70)

8. Chateau Peyruchet Cuvé Jean-Baptiste Premier Côtes de Bordeaux 05 – França – (Expand por volta de R$ 50,00)

 (todos os pratos preparados pela amiga Wendy, aluna do Curso Chef de Cozinha Internacional – SENAC/SP)

Entradas:

Pães italianos, patê de foie gras c/ vitelo e ervas no conhaque.

Ostras defumadas em conserva de óleo de semente de algodão

Azeitonas pretas chilenas e portuguesas

Tudo uma delícia !!!

 mmarson-bacalhau-confitado-no-azeite1ºPrato: Bacalhau Confitado no Azeite (c/ cebola e alho)         

Vinho1: Cordilheira de Sant’Ana Chardonnay 05, 14% álcool, 100% chardonnay. Harmonizou muito bem pois manteve a elegância do prato. Vinho de cor amarelo dourado e brilhante, com aromas tostados, baunilha, de grande estrutura, na boca é cheio, intenso paladar tostado, caramelo, complexo, estruturado mas macio.

  • Vinho2: Dão Sul Quinta do Cabriz Rosé 07, 13% álcool, touriga nacional e alfrocheiro. Teve uma harmonização menos correta talvez pela falta de estrutura. Vinho de cor rosado brilhante, aromas de framboesa, morango, mel e florais, bem sutil, na boca se mostrou fresco, de médio corpo, macio, elegante, redondo, toques de geléia.
  • Vinho3: Chateau Gamage Bordeaux Rosé 05, 13,5% álcool, 100% merlot. Teve uma boa harmonização, mas não tão adequada quanto o branco. Vinho de cor rosado tostado, brilhante, com aroma maduro, cravo, especiarias, geléia de framboesa, na boca redondo mas complexo, macio, elegante, toques florais.

 mmarson-bacalhau-em-postas-com-molho-de-tomate2ºPrato: Bacalhau em Postas ao Molho Tomate (c/ batatas, ovos, azeitonas e pimentão)

  • Vinho1: Dobogô Furmint Tokaj 06, 13% álcool, 100% uvas furmint. Harmonizou muito bem pois manteve a elegância do prato. Vinho de coloração amarelo dourado claro, brilhante, com aroma maduro, tostado, especiarias, calda de tangerina e mel; na boca cheio, macio, maduro, com notas de especiarias, laranja em calda.
  • Vinho2: Dão Sul Quinta do Cabriz Tinto 06, 13% álcool, uvas alfrocheiro, tinta roriz e touriga nacional . Teve a harmonização dificultada pela presença de taninos frescos. Vinho de cor rubi intenso, vivo, brilhante, com aromas de frutas vermelhas, canela e terra, na boca se mostra fresco, bem seco, marca de vegetal e tanino presente, marcante no final de boca.
  • Vinho3: Miolo Quinta do Seival Castas Portuguesas 05, 13,5% álcool, uvas touriga nacional, alfrocheiro e tinta roriz. Também teve harmonização um pouco dificultada pelos taninos do vinho. Cor rubi intenso, profundo, aromas maduros de framboesa em calda, couro e chocolate, na boca se mostrou cheio, gostoso, macio, estruturado, quente, com notas maduras e especiarias.
  • Vinho4: Monte da Penha Fino Reserva 02, Alentejo, 13% álcool, uvas alicante bouchet, aragonêz e trincadeira. Também teve boa harmonização pois està macio e taninos maduros. Vinho de cor rubi profundo, evoluído, bem escuro, aromas de frutas vermelhas maduras e/ou cristalizadas, especiarias, doce, complexo, na boca é quente, frutas vermelhas compotadas, gostoso.

Sobremesa:

                   Vinho Chateau Peyruchet Cuvé Jean-Baptiste Premier Côtes, Bordeaux 05, Gironde – França. 13% álcool, colheita Tardia

Avaliações Finais :

Num contexto geral, os dois brancos ficaram melhores harmonizados com ambos os pratos, apesar de achar que o vinho húngaro perdeu um pouco da sua exuberância pelo fato do prato de bacalhau com que ele foi servido conter tomates. Talvez, o segundo prato, por ter o molho mais básico, fosse o mais indicado para ter sido tomado com os dois brancos.
Quanto ao Cordilheira, por ter notas de amêndoas e um certo toque amanteigado casou perfeitamente com o azeite e a untuosidade do segundo prato de bacalhau.

 

           Valeu Marcio, é com experiências dessas compartilhadas on-line que todos aprendemos um pouco mais sobre este tema de nossa intrigante vinosfera.

Salute

 

 

Noticias do Mundo do Vinho

wine-globe-3Grand Cru Granja Viana virou ASSEMBLAGE. Os amigos Bete e Marcel deram seu brado de liberdade e depois de pouco mais de um ano de franqueados da Grand Cru, largam a bandeira da importadora e tornam-se uma loja multimarcas com o nome Assemblage. Aliás, até em função disso, o Desafio Assemblage com vinhos de corte do novo mundo que cabem no seu bolso, será realizado lá em Maio. Por enquanto, os amigos da Granja Viana e região têm mais uma opção de loja especializada com diversos vinhos de diversas importadoras como da Mistral, com vinhos a partir de R$ 25,00 (Uxmal Malbec – Catena), Zahil a partir de R$19,00 (Cruz Alta – Familia Rutini), Vinhos do Mundo a partir de R$22,00 (El Cipres Cabernet Sauvignon – O MELHOR PREÇO – Internet a partir de R$24,00), entre outras boas opções de vinhos com qualidade a preços competitivos. A Assemblage Vinhos fica na Av. Felix de Oliveira , bem no centrinho velho da Granja Viana com acesso direto pelo Km 24 da Raposo Tavares.

 

Mulheres preferem os tintos. Para os que achavam que as grand_rougemulheres pefiriam brancos e roses, vinhos mais leves, eis que uma pesquisa encomendada pela Vinexpo junto a mais de 4.000 mulheres do Reino Unido, Japão, França, Alemanha e Estados Unidos mostra exatamente o contrário. Lamentavelmente, na Inglaterra 80% das 1300 mulheres pesquisadas também disseram que compram o que estiver em oferta ou mais barato e somente depois olham origem, varietal ou produtor. A imagem do lado é mais m quadro da talentosa artista do vinho Jamie Adams.

 

Tempos difíceis. Nos últimos dias os principais produtores de Bordeaux lançaram suas vendas “en primeur” da safra 2008. Chateaus como Mouton Rotschild, Lafite Rotschild, Margaux e Latour, cortaram quase 50% os preços de 2007 chegando a Euros 100 a 110 a garrafa, mas segurando parte da produção para negociação posterior. Já nos Estados Unidos, os vinhos de alta gama que circulam entre USD50 a 100 viram suas vendas desabarem em mais de 25% enquanto os vinhos de média gama entre USD25 a 50 aumentaram vendas e os situados entre USD 5 a 10 viram suas vendas dispararem. Claramente um downgrade ocorrendo no mercado nesta fase de maior aperto de cinto para a maioria dos mortais.

Com a crise caem as vendas de vinhos franceses no mercado internacional, agora atrás da Itália e Espanha, enquanto as vendas de vinhos Argentinos e Chilenos, com boa relação custo x beneficio, vêm suas vendas crescerem. Fonte Revista Decanter.

 

Porto Vintage 2007 uma boa promessa. Alguns dos grandes produtores como; Niepoort, Symington e Sogrape, já declararam o ano de 2007 como Vintage e acredita-se que teremos pela frente mais um ano de Vintage Clássico. De acordo com informações colhidas no mercado, acredita-se numa safra de muito boa qualidade repetindo 2003.

 

enoteca-decanter-5Desafio Decanter/Falando de Vinhos foi reprogramado para a ultima semana deste mês. Devido a minha urgente viagem a Portugal, o grande Desafio de Vinhos Syrah da Decanter que será realizado na Enoteca Decanter, teve que ser reprogramado, mas a equipe já está a postos. No inicio de Maio darei noticias com os resultados e durante a próxima semana alguns flashes direto da Enoteca. Não deixe de acompanhar mais este incrível desafio de grandes vinhos com as surpresas de praxe inerentes às degustações realizadas às cegas!

 

INFOVINI, mais um link a informações de primeira sobre o mundo do vinho em Portugal. Para quem quer conhecer mais sobre os vinhos portugueses, suas uvas, regiões e roteiros de viagem, esta é mais uma ferramenta recheada de utilidades. Não deixe de os visitar.

 

expovinisExpovinis 2009, está chegando. Você já fez sua inscrição? Se não fez corra já que dia 5 de Maio está aí, no virar da esquina. Com participações internacionais cada vez mais expressivas, o Expovinis Brasil – maior encontro de winebusiness da América Latina – celebra o Ano da França no Brasil e recebe uma delegação de 27 vinícolas de regiões como Borgonha, Champagne, Côte du Rhône, Alsace, Bordeaux, Caen e Corse reunidas pela Embaixada da França. Dentre os produtores, 24 estarão pela primeira vez no Brasil em busca de importadoras interessadas em distribuir seus vinhos.

Ainda da França, o Expovinis Brasil apresenta o Vins de Provence com seus charmosos vinhos rosados, ao lado de importantes investidores estrangeiros como os grupos da Alemanha (Weinexportkontor Baden Wuerttemberg), da Espanha (região de Castilla La Mancha) e dos, além dos já tradicionais blocos de produtores vindos da Itália, Portugal (Regiões da Madeira e Lisboa), África do Sul e da Argentina (ProMendoza). Uma das maiores empresas mundiais do setor – a chilena Concha y Toro – confirma presença e prestigia pela primeira vez o evento participando como expositora direta.

“A Expovinis Brasil se tornou foco estratégico de grandes players deste setor e se firma como o principal precursor de importantes negociações entre o mercado brasileiro e produtores nacionais e internacionais”, ressalta Domingos Meirelles, diretor geral da Exponor Brasil. O evento conta com mais de 250 vinícolas confirmadas, incluindo também importadoras consagradas como Cantu, Costazzurra, Decanter, Interfood, KMM Vinhos, Magna Import, Malbec, Vinea Store e Zahil, entre outras.

 

A Marco Luigi estará este ano na Expovinis. Não bastasse essa boa noticia, diversos amigos poderão comprovar minha admiração por seus espumantes e vinhos tranqüilos, já que juntos armamos algo muito especial para você. Aguarde mais noticias durante esta semana!

 

Valduga. Após o grande sucesso no Concurso Chardonnay du Monde (França), trazendo para o Brasil medalha de prata conquistada entre 923 amostras provenientes de 37 países durante a 16ª edição do concurso realizado no período de 11 a 14 de Março no Château des Ravatys, em Saint-Lager, o Chardonnay Gran Reserva 2008 da Casa Valduga agora brilha na Itália, onde recebeu Gran Menzione no 17º Concurso Enológico Internacional promovido durante a Vinitaly 2009, em Verona (Itália). Além de acumular prêmios relevantes ao redor do mundo, o Casa Valduga Chardonnay Gran Reserva 2008 vem colecionando elogios dos mais exigentes críticos e jornalistas nacionais e internacionais, sendo considerado o branco top do Brasil.

O vinho foi também um dos grandes destaques da Valduga durante a Prowein 2009, que ocorreu em Düsseldorf, na Alemanha, onde surpreendeu o privilegiado público. Elaborado com uvas da safra 2008, este vinho que tive a oportunidade de tomar, me surpreendeu por sua complexidade e é, certamente, o melhor vinho branco nacional que já tomei. Fico feliz pelo destaque que vem tendo mundo afora.

 

espumante-neroDomno. A mais nova empresa da grupo Famiglia Valduga que tem como objetivo a produção de espumantes e a distribuição de produtos importados, acaba de receber a medalha de prata por seu espumante Ponto Nero Brut no “Concurso Internacional de Vino Zarcillo”, que aconteceu entre os dias 30 de março e 2 de abril de 2009, na Espanha, com o apoio da Organização Internacional da Uva e do Vinho (O.I.V.), da União Internacional de Enólogos (UIOE) e da Federação Mundial dos Grandes Concursos (VinoFed).

Organizado pelo Instituto Tecnológico Agrário de Castilla y Leon, pertencente a Junta de Castilla y León, o concurso reuniu 3.099 amostras de 787 empresas provenientes de 23 países. O quadro de degustadores esteve formado por mais de 100 avaliadores. Entre eles, do Brasil participou o presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), Carlos Abarzúa, e o diretor da entidade, Dirceu Scottá.

 

Vini Vinci 2009. A segunda importadora do Ciro Lilá (Mistral) realiza de 18 a 20 de Maio a 2ª edição do Vini Vinci, reunindo cerca de 30 dos mais importantes produtores de vinhos do mundo. O evento, que será realizado nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, apresentará mais de 150 grandes vinhos.

A importadora Vinci traz ao Brasil cerca de 30 das mais renomadas vinícolas da Alemanha, Argentina, Brasil, Chile, Espanha, França, Itália e Portugal para a 2ª edição do seu grande evento de vinhos, o Vini Vinci, que será realizado no dia 18 de maio, no Sofitel do Rio de Janeiro, e 19 e 20 de maio, no Grand Hyatt São Paulo.

O encontro reunirá grandes produtores e enólogos apresentando ao público algumas de suas melhores criações. Além de degustar mais de 150 rótulos do catálogo da Vinci – uma das mais premiadas seleções de vinho do país – o participante poderá conhecer pessoalmente quem produz cada um deles. Se for qualquer coisa semelhante ao Encontro Mistral do ano passado, algo verdadeiramente imperdível para oas mantes do vinho.  Estão confirmadas* para a 2ª edição do Vini Vinci as seguintes vinícolas:

 

Da Itália

Argiano (Toscana)

Castellare di Castellina (Toscana)

Feudi del Pisciotto (Sicília)

Piccini (Toscana)

Rocca di Frassinello (Toscana)

 

Da França

Champagne Henriot (Champagne)

Château Sainte Marie (Bordeaux)

Domaine Paullus (Loire)

 

Da Espanha

Bodegas Mauro (Ribeira del Duero)

Bodegas Naia (Ribeira del Duero)

Comenge (Ribeira del Duero)

CVNE (Rioja)

O. Fournier (Ribeira del Duero)

Palacios Remondo (Rioja)

Tomàs Cusiné (Costers del Segre)

Viña Nora (Rías Baixas)

Viñas del Cenit (Toro)

Vinhedos del Contino (Rioja)

 

De Portugal

Monte da Ravasqueira (Alentejo)

Pintas (Douro)

Quinta de Chocapalha (Alenquer)

Quinta do Fojo (Douro)

Quinta do Passadouro (Douro)

 

Da Alemanha

Hans Lang (Rheingau)

Selbach-Oster (Mosel)

 

Da Argentina

Bodegas Noemía (Patagônia)

Kaiken (Mendoza)

La Posta (Mendoza)

Luca (Mendoza)

O. Fournier (Mendoza)

Tília (Mendoza)

 

Do Chile

Errazuriz (Vale do Aconcágua)

O. Fournier (Maule e Vale de Leyda)

Terra Andina (Vale de Leyda)

 

Do Brasil

Angheben (Rio Grande do Sul)

 

(*) Relação de confirmados até 03/ abril, sujeita a alterações.

 

Vini Vinci 2009, será realizada como segue:

Rio de Janeiro – Dia 18 de maio – Local: Sofitel – Av. Atlântica, 4240

São Paulo – De 19 e 20 de maio – Local: Grand Hyatt – Av. das Nações Unidas 13.301

Horário: das 16h às 21h30

Preço: R$ 150,00 por dia – Reservas: (11) 2797-0000

 

Ingressos limitados/ Não haverá venda de ingressos no local

 

             Expovinis, painéis de degustações comentadas. Para quem pode e tem interesse, veja a lista de degustações TOP que serão realizadas durante o evento:

 

degustacoes-top-na-expovinis

Reflexões do Fundo do Copo – Tem Vinho da Cor de Vinho?

breno3       Mais um texto do amigo e colaborador de todos os sábados, Breno Raigorodsky. Para acessar seus textos anteriores, clique em Crônicas do Breno, aqui do lado, na seção – Categorias

 

O vinho tem uma cor, como a laranja tem a sua. Cor de vinho, cor de wine-in-glass-61laranja, cor de rosa e outras cores. Mas a imprecisão é muito grande desta cor que pode ser tinta, clarete, rosada, amarelada e esverdeada, quase branca. Entre elas tantas outras cores, um pouco mais laranja, um tanto mais rosada, dourada, esbranquiçada. No afã de se tornar cor-de-vinho, alguns dos mais autênticos produtos da uva, fazem uma força interna tamanha, que borbulham de raiva e precisam de uma tampa muito forte para enjaulá-los em garrafas. Raiva quase sempre vã, pois conseguem ganhar no máximo um tom de rosa. E se conseguem a cor, os vinhos cor de vinho borbulhantes, perdem a qualidade… Não há nada que os salve da mediocridade refrescante.

A cor de vinho tinge a camiseta usada pelo glorioso Juventus lá da rua Javari. É a cor do que já foi o maior clube, em número de afiliados do Brasil. É da cor do vinho que se pode dizer a cor do pecado, pois é a taca-com-vinhoque se parece com o sangue venal – não confunda com seu primo arterial. É cor que harmoniza bem com quase todas as outras, a não ser sua contraparente vermelha e sua oposta verde. Vale destaque para o azul de Gênova (blue jeans), quando está em estado camisa ou camiseta. Combina bem com o preto, quando está em forma de cinto ou tiara.

O vinho não nasce na garrafa e nem no barril, mas quando passa por este último se transforma em criança. Não porque fique mais alegre por conta disso, muito pelo contrário, fica mais adulto, mais próximo da sua maturidade, mais complexo. Porque a raiz da palavra criança é a mesma da palavra cria, e da palavra criatura. Nossa equipe de repórteres poliglotas saiu a campo e entrevistou 1200 tipos de uva, entre cepas de origem americana e européia, em 150 diferentes pontos geográficos do planeta com diferentes características climáticas. A pergunta básica feita às uvas foi – “uva, o que você quer ser quando crescer”. O resultado da pesquisa foi (desconsideramos as frações e as respostas nice-wine-glassimpertinentes como “quero ser vodca”): Fruta de mesa in natura – 12%; Vinagre – 6%; suco de uva – 21%; adubo para as próximas gerações – 3%; vinho sem estágio em barrica 16%; vinho com estágio em barrica 12%. Os 31% restantes não responderam ou porque não tinham qualquer sonho para o futuro, ou porque não entenderam a pergunta.

Concluímos que as uvas por não terem passado por qualquer um dos processos, elegeram um futuro só de ouvir falar. Não sabem que a barrica, além de poder fazer com que cheguem a um estado superior de sofisticação espiritual, pode levá-las a uma vida extremamente longeva. É preciso, contudo, atenuar as conclusões desta pesquisa, visto que questões essenciais de comunicação influíram diretamente no entendimento, seja da pergunta seja da resposta, como podemos denotar das reclamações de muitos repórteres que voltaram dizendo que as uvas não conseguem falar direito, principalmente as do Hemisfério sul, mesmo que originais do norte.

Felicetto nasceu um dia, naquele dia que seu pai engarrafou aquele vinho produzido em sua terra, feito com suas próprias mãos. 50 colour-changes-in-wineanos depois, em comemoração ao seu aniversário, depois de atravessar o Atlãntico e muitos outros mares vida afora, decidiu abrir aquela garrafa, irmã gêmea, em tudo como si próprio. Juntou a família e diante de todos filtrou o líquido no coador de pano novinho, comprado para ser usado naquela ocasião. A cor de vinho ficou nas paredes daquela garrafa semi-centenária e tingiu sem jeito o pano do tecido. A cor ficou no caminho do tempo, a qualidade e o gosto não.

Vinho é um líquido mais espesso que a água potável, contudo menos do que o suco de tomate, se o suco for espesso como deve ser. É mais alcoólico que outros produtos fermentados e muito menos que os destilados, particularmente menos do que a Centerba, licor verde criado por beneditinos que atinge a marca alcoólica de 75º. É ótimo para quebrar o gelo em relações amorosas apenas iniciadas, porque não inibe a nenhuma das partes como os destilados ou outros fermentados menos elegantes. É um alimento particular no sabor, seu gosto pode ser definido como “gosto de vinho”, mesmo quando tem a cor que o nomeia, mesmo quando wine-in-glass-3lembra partículas de sabor de especiarias, flores, frutas, couro, suor e estrebarias, como os críticos insistem em realçar. É um alimento que governos como o nosso insistem taxar como luxo e bebida alcoólica, duas categorias sobre taxadas para que seu consumo seja naturalmente inibido.

É uma mercadoria muito particular que pode, além de ter tantas cores, além de ter tantas possibilidades de consumo, custar até dez mil vezes mais do que ela mesma… Pode custar de R$3,00 a R$30mil e continuar sendo chamada de vinho.

 Breno Raigorodsky; filósofo, publicitário, sommelier e juiz de vinho internacional FISAR

Dicas da Semana – Poucas mas Ótimas!

            Como estive fora, tive pouca oportunidade de fuçar junto aos amigos parceiros do blog. De qualquer forma, algumas consegui juntar e são de primeira com, inclusive, uma grande dica para quem é de Porto Alegre e região.             

           Começando pelos amigos da Lusitana que trazem um evento imperdível para quem gosta de Vinhos do Porto, no próximo dia 28. Até para quem não sabe se gosta e tem curiosidade em mergulhar de cabeça nesse mundo, (veja o video sobre a alquimia e sensibilidade por trás da elaboração de tawnies com identificação de idade) estes vinhos são soberbos e uma oportunidade de ouro de conhecer a elite dos Vinhos do Porto. O Porto Tawny 20 anos da S. Leonardo é um dos meus Deuses do Olimpo, um verdadeiro néctar daqueles que deveriam ser servidos com uma almofada para ajoelharmos e agradecermos aos Deuses por tão soberbo caldo. O Miguel é um cara super simpático e boa gente, bom de papo o que torna este evento realmente único e precioso. Eu ainda estou tentando me livrar de um outro compromisso que tenho, mas espero poder estar presente.

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Ontem falei da linha de vinhos da Planeta, vinhos sicilianos de respeito e fama mundial. Mesmo que de qualidade e com alguns rótulos me conquistando, os preços estavam um pouco salgados o que não me animava muito. Pois agora a Interfood botou os pontos nos “is” e posicionou os preços, depois de uma batalha com o produtor, num nível em que fazem mais sentido. Vejam abaixo e não deixem de comprar o La Segreta Rosso que a este preço ficou imperdível. Tem mais no entanto, para quem está com a carteira um pouco mais recheada a linha é toda bastante interessante e eu certamente consideraria um Syrah e/ou Merlot dos quais gostei bastante.        

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Esta é para os amigos de Porto Alegre e região, que são apixonados por vinho e têm uns trocados guardados. Pois bem, é tempo de quebrar o cofrinho e participar de uma oportunidade única, provar vinhos de grande qualidade com idade avançada. Uma experiência diferente até porque, “Quanto mais velho, melhor” nem sempre é verdadeiro, apenas um ditado que corre em meio a sabedoria popular do vinho. Onde ele teria surgido? Qual é esta magia e sensação única ao degustar vinhos antigos? Trariam eles história, viagens, conceitos em cada gota, talvez traduzidos em um tom de cor já desbotado, num aroma mais sutil, taninos macios, os toques da idade?

 Mais do que degustar, um momento único para refletir diante do vinho. Uma degustação especialmente garimpada e preparada para ser uma ocasião exclusiva, para ver até onde um vinho pode ir ou o limite de nossas percepções. A degustação se dará na Adega Uniagro, Av. A. J. Renner 185 eem Porto Alegre, no próximo dia 29 às 19 horas. Vejam só as preciosidades que serão abertas nessa noite

  • Viña Tondonia Lopez de Heredia Reserva Blanco 1989 . Rioja . Espanha . Uva . Viura (90%) Malvasia (10%)
  • Chateau Mouton Rothschild AOC Pauillac 1978 . Bordeaux, França
  • Concha y Toro Don Melchor Puente Alto 1995 . Maipo, Chile
  • Viña Alicia Nebbiolo 1997 . Mendoza, Argentina
  • Domaine St Diego Angel Mendoza Cabernet Sauvignon 1996 . Lulunta, Mendoza, Argentina
  • Aurora Millesime 1991 . Serra Gaúcha, Brasil
  • Porto Messias 20 anos. Douro, Portugal
  • (eventual inclusão de um vinho surpresa).

 Os vinhos foram adquiridos em lojas especializadas ou nas prórpias vinícolas e foram conservados nas condições apropriadas; não nos responsabilizamos por eventuais alterações causadas pela própria idade das amostras. Reservas exclusivamente pelo fone 51 9331 6098 ou mariaamelia@vinhoearte.com. Valor individual R$ 280,00 | Acompanham tábuas de frios, pães e frutas secas. Recepção com espumantes e vagas limtadas, não dê moleza.

    

   De volta a Sampa, o Daniel do Empório Frei Caneca junto com o North Grill, que possui ótimas carnes, promovem um Wine Dinner com os vinhos da Trapiche que será um outro evento de primeira. Vale a pena anotar em sua agenda, será dia 24 de Abril (a data está errada na imagem abaixo), nesta próxima Sexta-feira.

 

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              Ainda em Sampa e recém chegado por mail, mais uma degustação desta vez na região do Morumbi/Pananby, no Emporio da Villa que fica na Rua Dr. Fonseca Brasil 108. O local é super agradável, as pizzas 10 e os donos (Armando e Denise) estão sempre presentes esbanjando simpatia. Para quem é do pedaço, uma oportunidade para conhecer vinhos novos, comer bem e se divertir sem gastar muito dinheiro.

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Planeta Sicilia

Vinhos Planeta, caldos com história apresentados pelas bonitas e simpáticas; Penny Murray, uma inglesa siciliana, e Coleen Clayton, uma americana mendocina, que são por si só exemplos vivos da globalização em nossa vinosfera. Mais uma vez no Aguzzo, um conceituado restaurante e café que harmoniza divinamente com os vinhos servidos, recepcionados pela equipe simpática da Interfoods e organização impecável da Fernanda Fonseca. Há muito que andava curioso para degustar estes vinhos, procedidos que são de comentários preciosos dos maiores críticos internacionais e mídia especializada, que os colocam num patamar de qualidade bastante alto. Finalmente cá estou com as taças na mão provando alguns desses néctares.

Sicília, um total de 22 DOC’s e 1 DOCG (Cerrasuolo de Vitória) com terroirs dos mais variados que vão de vinhedos ao nível do mar até 1200 metros de altitude, produção total em torno de 5 milhões de garrafas (somente 15% da produção é engarrafada), das quais 64% de vinhos brancos,  450 produtores dos quais somente 7 são responsáveis por 80% do vinho engarrafado. planeta-sicilia-mapUm destes grandes, é a Planeta que está aqui presente desde o Século XVII. Hoje são cinco vinhedos em diferentes partes da Ilha produzindo cerca de 13 rótulos de vinhos brancos e tintos assim como azeites. Engarrafa cerca de 2 milhões de garrafas com vinhos originados de seus 391 hectares de vinhas. Deste volume, 50% fica na Itália e o restante é exportado para 65 países. Dos vinhos produzidos, tive o privilégio de provar seis rótulos os quais comento abaixo.

Da principal linha, La Segreta que representa 50% da produção da empresa gerida por 7 irmãos e 15 sobrinhos, tomamos o Bianco e o Rosso, vinhos que estão na faixa de excelentes R$46

 

la_segretabianco07_72La Segreta Bianco 2006, com passagem de 100% em inox, é um corte de Grecanico, Chardonnay, Viognier e Fiano que possui aromas muito complexos e intensos em que aparece um floral bastante acentuado com nuances doces. Na boca apresenta uma certa mineralidade, acidez e equilíbrio um pouco prejudicados pela idade, boa persistência, um vinho marcante para quem busca algo diferente. Gostaria de ter provado o 2007, ou melhor ainda o 2008 que certamente deverão apresentar uma outra vivacidade. Este 2006, a meu ver, já se encontra em final de vida.

 

la_segretarosso07_72La Segreta Rosso 06, também fermentado em inox, foi decididamente a melhor relação Qualidade x Preço x Satisfação encontrada nesta prova. Corte de Nero d’Avola, Merlot, Syrah e Cabernet Franc, produz aromas de fruta madura, algo compotada, de boa intensidade que te chamam à taça. Ao primeiro gole sente-se um vinho redondo e macio, taninos finos já equacionados mostrando uma boa harmonia e acidez equilibrada que nos convida a tomar a próxima taça. Um vinho jovem, alegre, saboroso, fácil de tomar e agradar que deve ser tomado entre dois a três anos de vida. Um vinho muito saboroso com preço idem que o torna imperdível.

 

         Na escala de qualidade e preço, damos um pulo quando iniciamos a prova dos vinhos da linha mais conhecida deles com os varietais Merlot e Syrah.

 

planeta-merlot07_72Planeta Merlot 05, um vinho que leva um tempero de Petit Verdot que lhe dá uma complexidade a mais. Fica um ano em adega após um ano em carvalho francês e mostra uma personalidade bem Novo Mundo, com muita potência, alto porcentual de álcool (14.8%) e concentração de fruta. O nariz é intenso, bem frutado com algo de menta ao final. Muito boa estrutura, taninos firmes mostrando estar ainda jovem e com um longo tempo de evolução pela frente, ótimo volume de boca, rico e complexo de grande persistência. Dentro do estilo, um vinho que me agradou bastante por um preço de R$142.

 

planeta-syrah06_72Planeta Syrah 03, talvez o mais emblemático dos vinhos deste produtor, elaborado com uvas de vinhedos plantados em 95 tendo gerado as primeiras garrafas na safra de 99. Os aromas mostram toda a tipicidade da cepa de forma intensa e agradável em que a pimenta aparece de forma abundante. Entrada de boca impactante, especiado, taninos finos com um final de boca muito saboroso e extremamente longo. Efetivamente um belo vinho que mostra bem todo o potencial da Syrah nesta parte do mundo. O preço, R$142,00 é compatível com o nível de qualidade do vinho.

 

         Para finalizar provamos algumas novidades e vinhos de exceção produzidos pela Planeta. Um tinto poderoso e um vinho de sobremesa de primeiro nível.

 

planeta-et_burdese_2005_72Burdese 04, um corte de 70% Cabernet Sauvignon com Cabernet Franc fermentado em barricas de carvalho francês por cerca de 14 meses e um conteúdo de álcool próximo a 14.5%. Muito potente ainda muito jovem o que prejudicou, pelo menos para mim, uma melhor avaliação. Mostra muito potencial, mas o nariz ainda está algo desiquilibrado com o álcool sobressaindo-se à fruta. Na boca está mais harmônico, mostrando-se algo balsâmico, muito rico e concentrado, opulento, taninos firmes porém finos e uma ótima acidez que demonstram uma enorme capacidade de guarda e evolução, final de boca saboroso e muito longo. Não chegou a me encantar, mas ainda é muito jovem e tenho a certeza que quem tiver paciência e souber esperar, dizem que o apressado come cru, certamente estará diante de um grande vinho dentro de mais uma meia dúzia de anos. O preço R$165,00 é bastante bom quando comparado aos produtos similares disponíveis no mercado.

 

planeta-moscato06_72Moscato di Noto, com 180grs de açúcar e 9 graus de acidez um senhor vinho de sobremesa realmente encantador, produzido com 100% da uva Moscato Bianco. O nariz não entusiasma, muito químico com aromas intensos de acetona, mas na boca explode em grande complexidade de sabores (cítricos, chá, nectarina?) e perfeita harmonia. Estupendo, com uma acidez que equilibra perfeitamente a doçura do vinho tendo-se harmonizado de forma perfeita com torta quente de nozes, avelãs e amêndoas com sorvete de creme. Disponível em meia garrafa por R$150,00.

        

         Salute e Kanimambo.

 

Para quem eventualmente tenha visto este post anteriormente, houve uma revisão em função da grande redução de preços negociada com o produtor o que possibilitou um novo reposicionamento, mais correto a meu ver, estratégico de preços por parte da Interfood.

 

Junho 2009

Portugal a Toque de Caixa

O bom de viajar pela Europa e em especial por Portugal, é que as distâncias são pequenas e a oferta de opções e atrações enorme. Apesar do objeto de minha recente e rápida viagem não ter sido turismo, consegui incluir curtas viagens 20 a 50 kms, até para desanuviar o espírito, visitando alguns locais interessantes. Como a diversos-058Golegã capital do cavalo Lusitano onde fui para almoçar no Cú da Mula (isso mesmo) por recomendação de meu primo Carlos, mas como estava fechado para descanso semanal acabei no Barrigas onde comi um delicioso prato de borrego (cordeiro) assado que acompanhei com um simples mas saboroso tinto do Alentejo, o Loios.

A origem de minha família é no Ribatejo; Vila Nova da Barquinha e Moita do Norte, acompanhando o Rio Tejo que vem desaguar em Lisboa onde ganha fama. A região é terra de touros, cavalos, povo hospitaleiro e gente boa (obviamente) em que pequenas casas antigas e vielas cheias de história se mesclam com a modernidade de construções novas. Tancos, Constância, Arrepiado, Castelo de Almourol, locais próximos que o convidam a relaxar em paisagens idílicas. Os vinhos do Ribatejo têm fama de rústicos, simples sem grande qualidade, mais centrados em vinhos de mesa do que na elaboração de vinhos finos e é vero. Isso, no entanto, começa a mudar com grandes investimentos e busca das castaquinta-da-lagoalvas mais adequadas ao terroir da região. Meus primos Chico e Bia me apresentaram ao Quinta da Lagoalva, vendido aqui pela Mistral, que me surpreendeu positivamente. Este 2004 é um corte de 60% Castelão com Touriga Nacional, muito agradável, macio, cremoso de taninos maduros bem equilibrado que me fez trazer umas garrafas, inclusive pelo preço abaixo de 4 Euros. Uma boa sugestão para os amigos que queiram ter uma ideia dos vinhos da região e que me despertou a curiosidade de conhecer o Quinta da Lagoalva de Cima que dizem ser um dos melhores do pedaço. Fica para uma próxima vez!

quinta-da-lagoaNo Domingo dei um pulo a Nelas, terra do Dão e um pouco mais longe, próximo a Viseu uma viagem de pouco mais de duas horas onde almocei em família. Dei uma passadinha na Quinta dos Roques que estava fechada e passei pela Quinta da Lagoa onde comprei um belíssimo queijo da Serra DOP (denominação de origem protegida) direto do produtor e das mãos de dona Maria Palmeira.

A caminho do Barreiro, sul do Tejo próximo a Almada, Montijo e Coina, uma passada em Lisboa para almoçar no O Caseiro uma deliciosa carne de porco á Alentejana com amêijoas à Bulhão Pato de entrada, delicias-de-portugalatravessar a rua e comer uma par de pastéis de Belém acompanhados por um porto tawny e finalizado com uma bica (cafezinho) cheia. Uma breve passada para um bate-papo com o Jaime na Garrafeira Nacional para comprar uns vinhos e descobrir novidades como os Rieslings que o Dirk Niepoort começa a produzir em Trás-os-Montes. Saindo da Garrafeira, um carrinho com irresistiveis castanhas assadas, mesmo que um pouco de fora de época. No Barreiro, meio caminho entre Lisboa e Setúbal ao sul do Tejo uma curta visita à região do Azeitão (Terras do Sado) para uma visita de médico àdiversos-101r Quinta da Bacalhôa, com suas milenares oliveiras, e à sede antiga da José Maria da Fonseca casa da marca mais antiga de vinhos portugueses, Piriquita, primeiro a engarrafar seus vinhos em 1850 e famosa por seus Moscatéis de Setúbal, onde descobri um Clarete de Malbec! Não sendo uma região somente de vinhos, uma passada relâmpago pela Quinta do Camarate que afora os vinhos é um dos principais produtores de Queijo de Azeitão, também DOP, rodeado de ovelhas, campos e vinhedos. Também a fábrica de azulejos artesanais, Azulejos de Azeitão, um lugar imperdível que merece, como todos os outros locais, mais tempo para mergulhamos em sua cultura e história.

diversos-125Em Setúbal, nada como um almoço com um amigo saudoso no Novo 10, uma marisqueira de primeira na praça da Fonte Luminosa. Seu arroz de mariscos, quase um ensopado, repleto de gostosuras acompanhado por um delicioso Herdade do Pinheiro branco 2007 (adoro os vinhos deste produtor), corte de Antão Vaz e Roupeiro, foi um pitéu e uma grande finalização para uma conturbada viagem que me aguçou o apetite por uma viagem de férias a valer.

Vinho não existe só. Existe conjuntamente com o queijo, com os azeites, com a vida no campo, com gastronomia, história e cultura de um povo e de uma região. Conhecer o mundo do vinho é mergulhar nesse emaranhado de informações, sabores e imagens. Fazer isso numa terra em que se compartilha o conhecimento pelo mesmo idioma, em que se é bem recebido por um povo genuinamente hospitaleiro e em que os preços são acessíveis é bem mais agradável. Portugal reune um imenso acervo enogastronômico, cultural e histórico a ser explorado e quem ainda lá não foi tem que começar a repensar seus próximos programas de férias. Compartilho com você um pedaço desta curta, porém intensa experiência neste slide show abaixo.

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Salute e kanimambo

 

Salvar

Salvar

Ajustando o Fuso e as Idéias

 Pataniscas de bacalhau com meia jarra de vinho tomadas num copo de pingado numa tasca na companhia de um primo há muito não visto, uma dessas experiências que não tem grana que pague e serve de consolo para qualquer mal. A vida nem sempre é fácil muito menos feita somente de alegrias. Por vezes somos atingidos por perdas irreparáveis, por outras nos surpreendemos por novas e inesperadas amizades, apoio e demonstrações de carinho. Em outras ocasiões; nos frustramos com a falta de apoios esperados, porém nos alegramos pela confirmação de outros. Tudo na vida tem seus altos e baixos, suas alegrias e tristezas, seus amores e desamores e assim vamos tocando essa montanha russa que é o nosso caminho por estas terras até que um dia a deixemos por algo que, a maioria acredita, ser algo melhor. Por vezes nos deixamos levar tanto por nossas vidas cheios de compromissos e luta pela sobrevivência, que deixamos de observar as coisas simples que a vida nos proporciona. Abramos os olhos!

diversos-093Ontem foi Domingo de Páscoa passado na companhia de meu núcleo familiar devidamente adornado com quitutes que trouxe de Portugal como um chouriço de porco preto alentejano assado no álcool, castanhas de ovos, pastéis de Belém comprados antes de ir para o aeroporto, queijo de azeitão comprado na fazenda dois dias antes, amêndoas de tudo o que é jeito, gentilmente presenteados por minha prima, e uma bela garrafa de Quinta da Lagoalva um digno representante dos novos vinhos Ribatejanos. prato-de-amendoasrFoi um dia de fortes emoções e de grande alegria o primeiro de uma nova fase de minha vida que espero poder seguir compartilhando com você através destas mal traçadas linhas.

No pouco tempo que tive disponível para mim, tive oportunidade de passear num supermercado, visitar (ou pelo menos tentar) duas vinícolas, pesquisar preços e dar uma esticada até Setúbal para almoçar no Novo 10 com meu amigo José Eduardo e matar saudades do belo arroz de mariscos, bem diferente daqui, que eles preparam. Depois falo um pouco disso, mas veja só alguns dos preços encontrados e a comparação com os preços locais:

  • Vinho Verde Muralhas – lá em torno de 3,89 Euros e aqui por R$38,00.
  • Quinta da Lagoalva – lá por 3,59 Euros e aqui R$50,00
  • Cortes de Cima – lá por 9,69 Euros e aqui por volta dos R$100 a 110,00. 
  • Fonte do Nico Fashion – lá por 1,99 Euros e aqui pó R$38,00
  • Altano Douro – lá por 2,79 Euros e aqui por R$43,00
  • Vila Santa Alentejo – lá por cerca de 10 Euros, aqui por algo próximo a R$95,00.  
  • Só Touriga Nacional – lá por 11 Euros, já por aqui anda batendo a barreira dos R$100 ficando algo entre 100 a 120 dependendo da loja e idade do estoque

Dureza, não? Antes que termine esta mensagem, uma dica para os amigo(a)s que se aventuram por terras Lusas. O Aeroporto de Lisboa passou por uma reformulação e está dez, mas não deixem para comprar produtos no free shop, especialmente vinhos! Preços que variam de 20 a 40% mais caros do que nas garrafeiras e supermercados da cidade, realmente uma enorme frustração, sem falar dos azeites que estão mais baratos por aqui. Somente uma opção para quem tenha esquecido algo ou já esteja com excesso de peso na bagagem a ser despachada.

Bom estar de volta, mas de coração dividido pois enquanto estive por lá fui pego por uma “sensação de pertencer” que há muito não sentia. Agora tenho que correr atrás de uma semana em que as coisas ficaram paradas, retomar o fio da meada, preparar novos posts, fazer novos contatos, buscar inspiração, etc., etc., etc. Logo, logo volto ao normal porém, por enquanto, ainda sigo acordando no meio da noite, tendo sono no meio da tarde, ………

Salute e kanimambo

I’m Back!

             Depois de uma semana fora com limitadissímo acesso à rede, meu filho postou matéria já prontas,  tentarei retomar o ritmo o mais breve possível. A todos que enviaram mensagens o meu muito obrigado pelo carinho. Certo da compreensão de todos e esperando seguir contando com vosso constante apoio na divulgação da mensagem, busco inspiração para retomar o caminho que me trouxe até aqui. Me aguardem.

A  todos uma Feliz Páscoa.

Salute e Kanimambo

O Vinho e Seus Prazere$$$

luis-fernandoO amigo médico, degustador oficial dos Desafios de Vinho deste blog e enófilo dedicado, Dr. Luis Fernando Leite de Barros, escreveu esta pérola que tem que ser publicada. Leiam sua aguçada e inteligente crônica.

 

 Na interminável discussão custo-benefício em relação ao vinho, quase sempre concluímos que o importante é o prazer que ele irá nos proporcionar. Mas, para confundir um pouquinho mais nosso cérebro, sempre tem gente inventando pesquisas para confrontar vinhos bons com ruins, caros com baratos, bem com mal avaliados pelos críticos e as combinações entre eles para chegar a conclusões de quanto vale determinado vinho ou quanto desembolsaríamos por ele.

Um enólogo americano chamado Robin Goldstein, formado em Filosofia por Harvard e com doutorado em Direito por Yale é um que adora colocar “lenha na fogueira”. Para quem se lembra, foi ele quem criou um restaurante imaginário, chamou de Osteria L’Intrepido e submeteu sua fictícia carta de vinhos à avaliação da The Wine Spectator, incluindo nela diversos vinhos caros e muito mal avaliados pela própria revista e sendo premiada mesmo sem nunca ter existido. Este mesmo Goldstein, a fim de importunar os críticos especializados realizou degustações às cegas com 500 voluntários, leigos e especialistas, e submeteu à prova 540 garrafas de vinhos. Seus resultados foram polêmicos: um espumante americano de U$ 10,00 desbancou o renomado champagne francês Don Pérignon de U$ 150,00. E um Cabernet de Napa Valley de U$ 55,00 foi derrotado por um vinho popular de apenas U$ 2,00! Suas experiências foram publicadas pela Associação de Economistas do Vinho dos Estados Unidos e até virou livro (The Wine Trials).

Por outro lado, um estudo científico coordenado pelo professor Antonio Rangel do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), submeteu 20 indivíduos a uma inusitada experiência. Enquanto eles provavam 5 Cabernet Sauvignon supostamente diferentes, seus cérebros eram monitorados por exames de Ressonância Magnética. Mas, na realidade, eles bebiam sempre o mesmo vinho, porém, achavam que estavam provando vinhos de diferentes níveis de preço, que variavam entre U$ 5,00 e U$ 90,00. Os resultados foram muito interessantes, pois quando bebiam o vinho pensando se tratar do mais caro os indivíduos apresentavam maior atividade em uma região cerebral chamada de córtex órbito-frontal médio, relacionada ao prazer. Ou seja, quando provamos um vinho sabendo que ele custa caro, a sensação de prazer será maior do que se tomássemos o mesmo vinho pensando que ele custou pouco. E não é um “engano” do nosso cérebro, ele está fisicamente sendo estimulado a proporcionar mais prazer!

Portanto, após informações conflitantes como essas, nosso pobre cérebro deve estar se perguntando: “Na busca do prazer, devo beber um bom vinho, independente de ele ser barato ou um vinho caro, independente de ele ser ruim”?!

Vinhos da Semana

Mais uma série de vinhos tomados e, mais uma vez bem escolhidos. Tá, já sei estou puxando a sardinha para a minha brasa, mas fazer o quê, foram boas escolhas mesmo! Rsrs Brincadeiras à parte, alguns eram vinhos já conhecidos e agora revisitados, outros foram fruto de garimpo e, outro, presente recebido de uma amiga italiana. No todo, 5 vinhos muito agradáveis e de boa qualidade de que gostei bastante e espero que você também caso tenha a oportunidade de se deparar com um deles por aí. Eu me diverti bastante!

 

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Trio Chardonnay 07 – este é um vinho que freqüenta a minha mesa com uma certa assiduidade em função de ótima relação Qualidade x Preço x Prazer. Como já havia comentado, é um saboroso corte de Chardonnay (70%), Pinot Blanc (15%) e Pinot Grigio (15%) em que as primeiras duas passam por cerca de 10 meses de barricas e o ultimo somente em tanques inox para preservar mais a fruta e a mineralidade que aporta ao corte. Possui um nariz bastante complexo com muita fruta fresca, algo cítrico de boa intensidade. Na boca é cremoso, macio mostrando estar muito balanceado com um frescor muito agradável e um final de boca com leves nuances de abacaxi. Foi grande companheiro para um gostoso risoto de salmão. Com um preço ao redor de 40 reais, é uma das boas opções do mercado e um curinga para se ter na adega. I.S.P. $

 

 

 

Lorca Fantasia Malbec 07 –  mais um que vem nos lembrar que para ser bom o vinho não precisa ser caro. Aromas de boa tipicidade com aporte de frutas silvestres e algo mineral com nuances terrosas e cor violeta típica da cepa e da idade. Entrada de boca gostosa com leve especiado, boa estrutura e acidez balanceada que pede um belo bife de chorizo. Taninos finos, algo aveludados com final de boca sedoso e levemente quente (olho na temperatura) de boa persistência com retrogosto suavemente tostado. Um vinho que agrada fácil e uma ótima pedida para um churrasco com os amigos.  Trazido pela Ana Import, tem um preço sugerido em torno de R$36,00 e vale. I.S.P. $

 

 

 

Quinta do Encontro Merlot/Baga 04 – comprado na Expand Sale do inicio do ano e ainda tenho mais três garrafitas guardadas. Grande escolha. Tem gente que reclama de produtos comprados nesses grandes mata/mata e até concordo que tem muita coisa que não é lá nenhuma Brastemp ou já está em franca decadência, quando não é já um pobre corpo estendido na prateleira. Agora, para ir num lugar desses tem que fazer lição de casa e eu fiz direitinho. Tenho outros rótulos comprados e me dei bem em todos. Mas vamos a este portuga da Bairrada em que a Merlot aparece em conjunto com a Baga, cepa habitualmente vigorosa, amaciando-a e tornando o vinho mais amistoso. Boa fruta silvestre no nariz, corpo médio, na boca mostra fruta madura, bom equilíbrio, sente-se um certo frescor fruto de uma acidez bem dosada, saboroso final de boca de média persistência com taninos sedosos já totalmente equacionados gritando me bebe, me bebe! Um porto seguro, pronto a beber e quem comprou pelos míseros R$17,50 que paguei, se deu muiiiito bem. O preço normal é de R$35,00, ou por aí, o que segue sendo uma boa pedida. Pelo preço que paguei, vai receber um meio smile extra. I.S.P.  $  

 

 

Rio Sol 06 – um corte muito bem elaborado de Syrah com Cabernet que, não tem uma vez que ponho na boca e não me impressiono. Incrível como os portugueses da Dão Sul acertaram a mão neste vinho e, de certo, o terroir de alguma forma ajuda e muito no processo. Já fazia mais de ano que não tomava este vinho e só me surpreendi positivamente. Melhorou, ou eu melhorei minha percepção, desde a última safra provada mostrando-se um vinho realmente muito saboroso, de grande harmonia, taninos sedosos, boa textura e volume de boca, corpo médio formando um conjunto difícil de não gostar. Um dos melhores vinhos abaixo de 20 Reais hoje disponíveis no mercado e, á cegas, acho que daria um banho em muito rótulo medalhado que há por aí, como aliás já o fez na Expovinis de 2008. Um vinho para acabar com o reinado argentino de vinhos bons e baratos, só precisa o brasileiro descobrir. Na Expand por R$19,00 e uma opção para não deixar de lado. I.S.P. $  

 

 

 

Fattoria di Bagnolo Chianti Colli Fiorentini 2006 – de Marchesi Bartlini Baldelli, de vinhedos DOCG localizados nas colinas ao sul de Florença, vem este agradável exemplar de Sangiovese/Colorino e Merlot num corte bastante agradável. Rubi escuro, aromas intensos de fruta vermelha com algum floral. Na boca possui corpo médio, bastante equilíbrio com taninos finos ainda presentes, aveludados de boa textura, num estilo mais puxando para a elegância,com final de boca macio e saboroso. Fácil de beber, é um vinho que, ao preço certo, poderia muito bem virar assíduo frequentador de minha mesa. Boa companhia para massas (agnolotti de vitelo) e uma carne grelhada. Este me foi trazido de presente por uma amiga, trader de vinhos que representa o produtor no mercado externo. I.S.P.  

 

Salute e Kanimambo