França – Bourgogne, Loire e Cotes-du-Rhône. Vinhos que Tomei e Recomendo – I

            É meus amigos, seguimos na França neste mês de Julho, só que falando de três outras regiões em que se destaca a Borgonha (Bourgogne). Mas a França não é só Bordeaux e Borgonha ou Champagne, como já vimos no mês de Junho com o Languedoc-Roussillon, é também a elegante e deslumbrante região do Loire e o complexo emaranhado de sub-regiões de Cotes du Rhône com seus deliciosos vinhos e preços competitivos. São estas a três regiões que veremos em maior detalhe ao longo deste mês de Julho no blog. Também, al longo do mês, uma lista de rótulos que provei e aprovei, porém com preços, lamentavelmente, um pouco mais altos do que gostaríamos assim como alguns bons destaques que nossos parceiros estarão ressaltando em Boas Compras.

           A Borgonha é o berço da Pinot Noir, região em que apresenta todo o seu esplendor, o mesmo ocorrendo com a Chardonnay. O clima é instável e as uvas difíceis de viníficar, razão pela qual as safras são importantes nesta região. Os tintos são menos tânicos, devendo ser tomados levemente refrescados em torno de 15 a 16º. Os bons; são vinhos sensuais, de extrema elegância e apaixonantes, produzidos em pequenas quantidades por um grande numero de produtores e alguns importantes negociantes. São vinhos cobiçados no mundo inteiro e, conseqüentemente, caros. Diferentemente de Bordeaux, aqui os vinhos são, essencialmente, varietais de Pinot Noir (tintos) e Chardonnay (brancos) exceção feita à sub-região de Beaujolais em que a Gamay, que gera vinhos muito frutados e leves, tem forte presença.

           O Loire é o paraíso dos vinhos brancos e onde tanto a Sauvignon Blanc quanto a Chenin Blanc produzem grandes vinhos como os da sub-região de Vouvray, Pouilly-Fumée e Quarts de Chaume. Nos tintos, seus principais vinhos são elaborados como varietais de Cabernet Franc. Uma região linda, repleta de castelos e mosteiros, conhecida como Jardim da França, tendo sido reconhecida como Patrimônio da Humanidade. Uma região a ser prospectada e seus vinhos garimpados. Brancos exuberantes, que precisam ser conhecidos. Nossa visão e opinião sobre vinhos brancos, muda depois que percorremos os caminhos do Loire, acredite-me.

            Cotes-du-Rhône, dividido entre o Norte e o Sul, com características bem diferenciadas, é, junto com o Languedoc, a região onde, entre grandes e caros vinhos como os Hermitage, Cote-Rotie, Vaqueyras e Chateauneuf-du-Pape, encontramos alguns belos vinhos por preços bem acessíveis. Ao Norte uma maior presença de Syrah e Viognier enquanto ao Sul, uma maior preponderância de Grenache, Mourvédre, Cinsault e Carignan. Do Norte, talvez a sub-região mais famosa seja a de Cote-Rotie com incríveis vinhos elaborados com Syrah e uma parte (máximo 20%) de Viognier, uma cepa branca, e no Sul, o Chateauneuf-du-Pape, tanto branco como tinto, em que podem ser usadas até 8 cepas diferentes no assemblage do tinto e seis no branco.

            Dos vinhos desta região que tomei e recomendo, os mais acessíveis vêm da Cotes-du-Rhône, mas os grandes néctares, tenho que reconhecer, vêm da Borgonha e com os preços lá em cima. Por outro lado, foi também nesta mesma Borgonha, e em Bordeaux, que mais tombos tomei. São vinhos complexos, difíceis, caros e nem sempre estão à altura da fama. Acredito que consumir e aprender a apreciar estes vinhos, é coisa para quem entende ou tem bolso farto resistente a tombos das mais diversas alturas. Minha sugestão; participe de degustações e vá conhecendo estes vinhos e suas nuances, descubra o seu estilo e treine seu paladar, depois saia comprando. Do Loire, uma grande surpresa com brancos deliciosos, sutis e elegantes. De qualquer forma, eis aqui as minhas recomendações, com asterisco os meus preferidos, daquilo que tomei e posso, tranqüilamente, recomendar como vinhos saborosos de boa qualidade. Vamos lá, vamos aos vinhos!

 

 Até R$30,00 – Que eu conheça, nenhum em especial que possa recomendar como uma boa compra. Talvez alguns Beaujolais, mas que não me agradaram tanto em função da uva Gamay que produz vinhos muito leves e meio ralos. Na maioria das vezes, melhor comprar um vinho Nacional, Argentino ou Chileno, que provavelmente lhe trarão mais prazer e satisfação. Se quiser garimpar e explorar este segmento de vinhos Franceses, eis três opções de fácil obtenção em supermercados e casas do gênero, os vinhos de Abel Pinchard, que é razoável dentro de seu estilo, e estes outros dos quais recebi boas indicações, mas que não conheço; Lês Celliers de Sichel e Masson-Dubois, ambos vinhos das Cotes-du-Rhône.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

De R$30 a 50,00, ainda modesta a quantidade de rótulos e nenhum da Borgonha, a não ser um único Beaujolais (erroneamente inserido como Cote-du-Rhône na coluna do jornal) que só começam a aparecer a partir de R$65,00. Nesta faixa, as grandes estrelas são mesmo os vinhos das Cotes-du-Rhône e “um” achado da sub-região de Vouvray no Loire.

           Cotes-du-Rhône – Alguns deliciosos achados por preços muito bons, começando pelo saboroso, leve e alegre Saint Esteves D’Uchaux* 05 (Zahil/Portal dos Vinhos), de muito bom preço e fácil de agradar, e os elaborados e ricos Les Chévrefeuilles * 05 (De la Croix), delicado, elegante e fresco, e o Belleruche Rouge* 05 (Mistral), mais encorpado, boa estrutura, média persistência e, certamente, um belo acompanhamento para uma carne assada com batatas. Todos verdadeiros achados num emaranhado de rótulos. Mas existem mais vinhos de boa qualidade e, entre eles; o Parallel 45 Rouge 05 (Mistral), um vinho bem conhecido e muito constante ano após ano, o Village Baumes de Venise 04 (Mistral) saboroso e equilibrado e, finalizando, o Cotes-du-Rhône Village de Louis Bernard 04 (World Wine), bastante harmônico e cheio na boca com taninos finos e elegantes. 

            Vouvray – Guy Saget é um produtor de grande qualidade que nos traz este Vouvray 06* (Mistral), um vinho branco “off dry” elaborado á base de Chenin Blanc. Um vinho branco especial, diferente e ótimo para tomar como aperitivo, acompanhando um curry, um fricassé de frango ou, quem sabe, um lombo agridoce. Um verdadeiro e delicioso achado que me encanta por fugir ao lugar comum e, ainda por cima por este preço! Difícil encontrar um vinho deste nível, desta região e desta qualidade dentro desta faixa de preços. Um achado em todos os sentidos.

           Borgonha – o Beaujolais Village Domaine La Beche Oliver Depardon 05 (Nova Fazendinha – RJ), um gamay mais encorpado, médio corpo e evoluído, de boa tipicidade da região mostrando boa fruta, frescor e taninos macios num final de boca bem agradável.

           Nos próximos posts veremos os vinhos acima destas faixas de preços. Enquanto isso, deliciem-se com alguns destes saborosos rótulos e de bom preço, em função do binômio Qualidade x Prazer ofertado.

Salute e kanimambo.

 Endereços e Telefones para contato, encontre na seção  “ONDE COMPRAR”  

Vinhos do Porto Tawny

“A Hora de Baco”, é um programa semanal da RTP (Rádio e Televisão de Portugal) que trata das coisas do vinho, em especial dos vinhos Portugueses. Descobri este vídeo com uma verdadeira aula sobre os vinhos tawny e seus segredos, mostrando a verdadeira alquímia que é elaborar um Tawny com identificação de idade. É longo, são 26 minutos de muita informação, mas é genial. Para quem quer conhecer esta maravilha, vale cada minuto.

Para quem quer conhecer, na boca, estas maravilhas, veja as dicas do que há no mercado em Tomei e Recomendo – Vinhos do Porto, aqui no blog.

Salute, kanimambo e bom fim de semana.

Juanicó

                É, por este nome do produtor, poucos saberão de que vinhos falarei hoje. Juanicó é nome da vinícola que produz os famosos vinhos Don Pascual, Prelude e Família Deicas, agora está mais fácil não? Já deu para se situar? Pois bem, a Juanicó talvez seja o maior produtor Uruguaio de vinhos finos, exportando cerca de 20% de sua produção e detendo algo ao redor de 35% do mercado Uruguaio com uma produção total de cerca de cinco milhões de garrafas anuais. Apesar de já conhecer alguns de seus produtos como o ótimo Prelude e o excepcional Família Deicas 1er Cru Garage, desta vez tive o privilégio de, não só voltar a tomar estas preciosidades, mas também conhecer a linha básica e uns lançamentos.

  • Don Pascual Viognier Reserva 2005, eis aqui um vinho branco muito agradável, de boa concentração e frescor. Trinta por cento dele passa por barris de carvalho Francês por seis meses. No nariz muito cativante com os aromas de pêssego tendendo a se sobressair. Na boca é cremosos, de corpo médio, acidez controlada e muito saboroso. O preço normal é de R$39,00, mas neste mês de Julho está em promoção por R$32,00.
  • Don Pascual Tannat Roble 2006, uma parte passa por carvalho Francês e outra por Americano dando-lhe características muito interessantes. Um Tannat muito equilibrado, redondo e macio, absolutamente pronto para beber. O Preço normal é de R$45,00, porém nesta promoção de Julho, está por R$39,00.
  • Prelúdio Barrel Select Branco 2004. Lançamento do primeiro Prelúdio branco e um senhor vinho que vem para dividir atenções com seu irmão mais velho, o tinto. Um corte de 90% de Chardonnay, 8% de Viognier e 2% de Sauvignon Blanc. De 9 a 11 meses de barrica de carvalho Francês, elaborado de forma quase artesanal que resulta em somente umas 2500 garrafas disponíveis para todo o mercado. No nariz não desperta, pelo menos para min, grandes euforias. Na boca, no entanto, é bem mais evoluído, complexo, um vinho que clama por comida. Elegante, rico é um vinho de grandes qualidades. Preço R$88,00.
  • Prelúdio Barrel Select Tinto 2002, um corte de Tannat, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot e um tico de Marselan. Vinho de guarda com ótima estrutura. Este 2002 apresentou aromas complexos, taninos firmes sem qualquer agressividade na boca, fruta madura, boa acidez, muito equilíbrio num conjunto que preza pela elegância. Já muito bom e, certamente, melhorará ainda mais com mais um ano de garrafa. De R$115,00 por R$99,00.
  • Don Pascual Tannat/Merlot, o célebre corte Uruguaio que vai excepcionalmente bem com uma carne na brasa. Este corte produz um equilíbrio e harmonia tal no vinho, que explica o sucesso que o faz ser um campeão de vendas. Redondo, fácil de beber, um vinho para quem não quer errar. Nos restaurantes, uma escolha certeira.
  • Família Deicas 1er Cru Garage 2000. Produzido em associação entre a Juanicó e a família Magrez, dona de diversos Chateaus em Bordeaux, em especial o Chateau Pape Clement, com uvas de vinhedos de baixíssima produção de onde se extrai algo como meio quilo de uvas por planta o que significa que, para elaborar uma garrafa deste néctar, se usam uvas de três plantas! Já tinha me apaixonado pelo vinho quando de uma degustação de aniversário da Expand e, repetir a experiência foi um enorme privilégio já que este vinho me encanta, é exuberante! Repito o que já tinha comentado antes, uma paleta aromática absolutamente maravilhosa, intensa e complexa. Na boca é potente, mas elegante com taninos finos presentes e boa acidez com um longo final de boca. Não mais uma enorme surpresa e sim, a confirmação de estar perante um grande vinho! Preço especial na promoção. De R$285,00 está por R$248,00. Para quem tem essa grana, não deixe de comprar, não se arrependerá.
  • Licor de Tannat 2004. Um licor produzido à base de Tannat com adição de álcool viníco ao estilo dos vinhos do porto. Bom para tomar  acompanhando uma sobremesa de chocolate ou em vôo solo. Preço R$78,00.

Estes vinhos são de importação exclusiva da Expand. Procure-os em qualquer uma de suas 33 lojas espalhadas por este Brasil afora. Veja telefones e endereços em http://www.expand.com.br/ .

 

Salute e kanimambo.

 

Expand vende sua parte na Rio Sol

A Expand vendeu sua parte da ViniBrasil (projeto do Vale do São Francisco mais conhecido por Rio Sol), Esta notícia passou meio que batida, a li  no site da Academia do Vinho com link aqui do lado, e achei importante divulgar o fato junto aos amigos de Falando de Vinhos. Creio que a Expand capitalizada e com planos de expansão na importação e distribuição, vai dar uma mexida no mercado com uma maior agressividade que, acredito, virá a nos beneficiar como consumidores. Se quiser ler a notícia na integra, visite o site da Academia do Vinho, noticias do vinho de 25 de Junho. Clique aqui.

Quando iniciou a parceria, em 2002, o sonho de Piva era fazer um vinho de qualidade para que o Brasil pudesse ter orgulho de um vinho nacional. E esse sonho se concretizou: desde as primeiras safras produzidas, e melhorando ano a ano, o vinho Rio Sol – carro-chefe da Vinibrasil – vem colecionando prêmios e destaques nos mais importantes painéis de degustação, tanto do Brasil, como do exterior. As conquistas mais recentes foram na Expovinis, a maior feira de vinhos da América Latina, onde o vinho ganhou o primeiro lugar no painel de tintos nacionais, confrontado às cegas com 39 outros rótulos, por especialistas de renome. Também os vinhos obtiveram uma excelente performance no Internacional Wine Challenge 2008 e na Decanter World Wine Awards 2008.

O atual momento da Expand, de focar seu business na distribuição de vinhos, é o que justifica a venda das cotas para seu parceiro. O acordo vai capitalizar a empresa e dar a ela a oportunidade de colocar em prática seu plano de expansão, que é de chegar a ter 80 lojas da Expand pelo Brasil, em três anos (atualmente são 33 lojas).”

Salute e kanimambo!

 

Região Vinícola da Borgonha – II

Este post era para ser publicado ontem, mas compromissos familiares me impossibilitaram de finalizá-lo, depois conto. A classificação dos vinhos da Borgonha segue um conceito bem diferenciado do que vimos em Bordeaux e foi, primeiramente, implementada em 1861, com uma revisão em 1935 quando da criação do INAO. Em Bordeaux a classificação é dada para o Chateau/Produtor que tem sua qualidade historicamente reconhecida. Aqui, o que vemos é que vinhedos são classificados, e, como mencionado no post anterior, um vinhedo pode ter diversos proprietários e produtores podendo, e efetivamente ocorre, gerar enormes diferenças de qualidade dentro da mesma apelação (Appelations). Mais do que qualquer outra região, aqui há a absoluta necessidade de se guardar nome e sobrenome do produtor, pois na mesma familia e na mesma comuna podem existir três ou quatro produtores diferentes com nomes muito similares. Gostou do vinho, faça seu registro! Vejamos agora as mais importantes classificações encontradas na região;

  •  Bourgogne Rouge – É o vinho tinto genérico, ou regional, essencialmente elaborado com 100% de uvas Pinot Noir, exceção feita a algumas poucas comunas onde se permite um corte com Gamay. Produzido com uvas de qualquer lugar da região, são vinhos nem sempre à altura do nome, porém existem alguns bons rótulos no mercado, que tive a oportunidade de provar e estarei comentando em meus Posts de Tomei e Recomendo. Estes melhores, estão prontos a tomar entre dois a três anos e não devem envelhecer muito, no máximo uns cinco ou seis anos. No rótulo podem também aparecer como “Bourgogne Pinot Noir ou Pinot Noir Apellation Bourgogne Controlée”
  • Bourgogne Blanc – Elaborado com100% Chardonnay, também de qualquer lugar da região,  a base da pirâmide dos vinhos da Borgonha, vinhos genéricos ou regionais.  Vinhos que não necessitam de tempo em garrafa e possuem uma vida “útil” de estimada em cerca de três a quatro anos.
  •  Bourgogne Aligoté – Produzido com a uva Aligoté, gera alguns bons vinhos especialmente em Bouzeron.
  •  Bourgogne Passe-tout-Grain, um vinho não muito elaborado, normalmente um corte de Pinot com Gamay, não muito comum por aqui e, normalmente caro para a qualidade. Vinho para ser tomado novo.
  •   Village – São vinhos advindos de uvas cultivadas no planalto que antecede as encostas e, normalmente, o rótulo indica tão somente o nome da comuna. Presumidamente, um nível de qualidade acima dos vinhos regionais e o preço já começa a ficar salgado. Garimpando, se encontram bos vinhos por preços relativamente acessíveis.
  •  Premier Cru, a elite dos vinhos da Borgonha dos quais existem mais de 560 em toda a região e obedecem a regulamentação específica. As uvas são plantadas no  inicio da encosta. O preço já pesa bastante no bolso e não é para qualquer um. Saul Galvão, em seu livro Tintos & Brancos, ressalta que, devido ao sistema de classificação adotado, existem muitos vinhos neste grupo que muitas vezes decepcionam embora o preço siga caro. Ou seja, a classificação indica qualidade, não a garante. Pesquise!
  •  Grand Cru, a elite das elites existindo somente quarenta e uma em toda a região, das quais sete em Chablis e trinta e quatro na Cote D’Or. Esta classificação, na Cote D’Or, está geográficamente localizada no meio da encosta, onde obtém a melhor exposição solar, o terreno possue maior drenagem e as condições de solo (Calcário/Marga) ideais. Tanto os vinhedos Premier Cru, quanto os Grand Cru, são plantados nas encostas voltadas para o Leste. Estes Grand Crus são os vinhos mais caros da região, sendo poucos os que têm possibilidade de os comprar e apreciar.
  • Hautes Cotes de Nuit e de Baune. As zonas das encostas voltadas ao Oeste, protegidas por alta arborização. Região difícil devido à menor insolação dificultando a amadurecimento e mais sujeito a geadas. Um pouco acima do nível de qualidade dos genéricos, próximo aos Village, dependendo do produtor e da safra.

Cerca de 65% dos vinhos são de classificação genérica ou regional, 23% de Village, 11% de Premier Crus e somente 1% de Grand Cru. O livro Larousse do Vinho, uma obra de consulta importante para os enófilos terem em casa, mostra bem o corte geológico e posicionamento das classificações nas encostas. Tomei a liberdade de pegar a imagem emprestada;

 

 

 

Em Beaujolais, a relação qualidade / classificação é ainda mais difícil já que, a aplicação da classificação é feita por comuna. De qualquer forma, esta sub-região tem uma classificação diferenciada do restante da Borgonha;

  •   AOC Beaujolais, vinhos advindos de qualquer das sessenta comunas da região. Normalmente são os vinhos mais fracos, leves, alguns até meio ralos. Dependendo do que se quer, podem ser companheiros baratos e frescos, devendo ser tomados refrescados a cerca de 14º e sem compromissos nem grandes expectativas. O Beaujolais Noveau é uma variante desta classificação e é, basicamente, uma grande jogada de marketing como já mencionei no post anterior sobre a região.
  •  Beaujolais Superieur, em principio pouca diferença do AOC Beaujolais, exceção feita à exigência de um maior teor alcoólico. Vinhos simples.
  •  Beaujolais Village fica reservada às 38 comunas da metade norte desta sub-região, onde já se encontram melhores vinhos devido à maior densidade de vinhedos e um subsolo granítico. Representa aproximadamente 25% do total da produção.
  • Crus, seguem sendo vinhos bem mais acessíveis que o restante da Borgonha, porém já possuem um outro nível de qualidade, maior estrutura e intensidade de sabores e aromas do que os Beaujolais mais comuns.  Entre estas cerca de 10 Crus, que aqui são indicativos de 10 comunas situadas no norte, algumas se destacam como; Moulin-a-Vent, Fleurie, Morgon, Brouilly, Juliénas e Saint-Amour todos com vinhos mais elaborados e com maior potencial de guarda podendo evoluir até quatro, cinco anos ou até mais, em especial os primeiros três aqui citados, quando tendem a se assemelhar aos vinhos elaborados com Pinot Noir. Alguns dos vinhos que Tomei e Recomendo, vêm desta região e surpreendem.

É isto meus amigos, na Segunda-feira publicarei meu primeiro post do mês com vinhos destas regiões que provei e aprovei e, no decorrer da semana, darei seqüência com as outras regiões tema deste mês assim como mais Tomei e Recomendo e também destaques de Boas Compras de nossos parceiros e amigos do vinho.

Até lá, salute e kanimambo!

O Que é o Que é?

         Eis algumas palavras e termos que recentemente usei em meus textos que podem ter, eventualmente, gerado duvidas por parte de alguns já que tive comentários (via mail) nesse sentido. Espero ter esclarecido, mas no caso de quaisquer outras duvidas não hesite em perguntar. Se souber explicarei e, se não, buscarei a resposta junto aos universitários.

 

Botrytis2Botrytis

Este é um termo bastante usado quando falamos de vinhos de sobremesa, mas o que é isso? O que é uva  botritizada, ou Botrytis nobre. Na verdade Botrytis é um fungo que ataca as uvas. Quando isto acontece devido ao excesso de água e humidade, as uvas podem apodrecer e a colheita se perder. Quando ocorre, todavia, por condições climáticas mais secas após um bom período de chuva, o que ocorre é que a uva seca e enruga, perdendo grande parte de seu suco e concentrando sabores, açúcar e acidez. A maioria dos grandes vinhos de sobremesa brancos são, total ou parcialmente, elaborados com uvas botritizadas. A colheita é manual, em diversas fases, porque a botrytis não ataca de forma linear e o mosto tirado dessa uvas é muito limitado fazendo com que vinhos elaborados desta forma sejam, normalmente, bastante caros. Exemplos de algumas destas preciosidades são os vinhos doces Alemães Auslese ( em especial os Beerenauslese e os Trokkenbeerenauslese, este ultimo quase que em estágio de uva passa), os vinhos Sauterne de Bordeaux e os Tokaji Húngaros.

 

Late Harvest ou Colheita Tardia

Exatamente o que o termo indica. As uvas são mantidas nas vinhas pelo máximo tempo possível após o tempo de colheita. A tendência dessas uvas, tradicionalmente associadas a vinhos de sobremesa, é de irem se desidratando e acumulando açucares. Quando atacadas por botrytis, somente viáveis em alguns terroirs, geram vinhos bastante doces.

 

Off-Dry

Um termo mais recente, usado por enófilos e enólogos Ingleses para exemplificar um vinho que não é seco porém também não é nem um demi-sec nem um vinho doce. Algo como, um vinho seco com nuances adocicadas.

 

 

 

Trasfega

Trata-se da transferência do mosto ou vinho, de uma barrica ou tanque para outro, preferencialmente por via natural através de gravidade, ou por acionamento mecânico de bombas, separando o sedimento, ou borra, decantada no fundo. Esta etapa, que ocorre normalmente entre o sétimo e décimo dia da fermentação alcoólica e se repete por mais três ou quatro vezes nos diversos estágios da viníficação, facilita a clarificação do vinho e previne a aquisição de odores não recomendados provenientes das células velhas das leveduras.

 

Terroir

De acordo com seu conceito Francês, é um conjunto de terras, solo, cultura e clima sob a ação de uma coletividade social congregada por relações familiares e por tradições de defesa comum e de solidariedade da exploração de seus produtos, gerando características típicas e únicas daquele local. Isto vale tanto para vinho como para café, chá ou qualquer outro produto agrícola.

 

Salute e kanimambo!

 

 

 

Região Vinícola de Borgonha – I

Este segundo mês Falando de Vinhos e Regiões da França, nos traz à Borgonha (Bourgogne), uma região pequena de somente cerca de 51 mil hectares dos quais, 23 mil na sub-região de Beaujolais (menos nobre) resultando em apenas cerca de 28 mil que são distribuídos por todos as outras sub-regiões. É um retalho de pequenas micro-regiões (mais de 100 AOCs),  pequenos produtores, cooperativas e negociantes. Quando um vinhedo pertence a um só dono, é denominado Monopole. Por outro lado, existem vinhedos, como o de Clos Vougeot, que possui 51 hectares dividido entre 80 proprietários diferentes, cada um fazendo o que quiser com sua parcela. No total, são mais de 4300 Domaines (denominação de propiedade similar aos Chateaus em Bordeaux) dos quais 85% têm menos de 10 hectares.

É uma região que possui características climáticas muito complicadas e a sua principal uva, a Pinot Noir, que produz verdadeiros néctares, é de difícil cultura e viníficação. Aqui, mais que em qualquer outro local, a análise das safras e o terroir são essenciais para quem quer se aventurar por estas paradas. Todos os especialistas são unânimes em dizer que as diferenças entre bons e maus produtos é muito grande tornando extremamente complexa a compra destes caros vinhos. Uma boa assessoria e boas dicas de alguém em quem confiem são, mais do que nunca, uma necessidade imperiosa.

Os tintos são menos tânicos, devendo ser tomados levemente refrescados em torno de 16º. Os bons; são vinhos sensuais, de extrema elegância e apaixonantes, produzidos em pequenas quantidades, com alta demanda e preços bastante caros. As grandes uvas são as Chardonnay e Pinot Noir, com a presença de Gamay na sub-região de Beaujolais e uma ou outra micro-região em que o corte Pinot com Gamay são permitidos. É, também, a região no mundo, onde estas cepas melhor conseguem expressar toda a sua complexidade e elegância de forma inimitável. Diferentemente de Bordeaux, aqui os vinhos são, essencialmente, varietais, mas com uma diversidade de aromas e sabores impressionante devido à grande variedade de terroirs. São mais pálidos com uma certa transparência, mas não por isso menos intensos de sabores e aromas, muito pelo contrário. Considerando-se a relativa fragilidade da Pinot Noir, contrariamente a vinhos elaborados com Cabernet Sauvignon, evite decantar o vinho deixando-o evoluir na taça. Nos brancos, Chardonnay para todos os gostos, de leves, aromáticos e minerais em Chablis, até encorpados e densos como os de Montrachet. Dados estatísticos podem ser vistos nas tabelas publicadas no post “França – Regiões e Uvas”. Agora, demos uma olhada nas sub-regiões da Borgonha:

 

 

 

Chablis, (100% Chardonnay) parte mais ao norte da Borgonha, produz, para o meu gosto pessoal um dos melhores, se não o melhor, vinho branco do mundo elaborado com esta cepa. Um bom Chablis possui uma leveza, paleta aromática, frescor, maciez e mineralidade difíceis de serem imitadas, tão pouco ultrapassadas, devido às características do solo da região. Os vinhos das denominações Petit Chablis e Chablis, são mais ralos, alguns bons, mas acabam sendo caros para o que entregam e são vinhos para tomar até uns 3 anos de idade, quem sabe quatro. Já os Chablis Premier Cru e os Grand Cru, apesar de caros, o que me faz comprá-los somente no exterior, quando de eventuais viagens, onde não são exatamente baratos, porém sendo bem mais acessíveis que por aqui, são outra conversa. Os Premier Crus permitem uma guarda de quatro a sete anos, enquanto os Grand Crus permitem esticar esse período por mais uns três anos. Importante considerar estes potenciais tempos de guarda para não cair em algumas eventuais armadilhas encontradas em promoções com oferta de vinhos velhos.  Lamentavelmente, demasiado caros não sendo para qualquer bolso, mesmo os vinhos mais simples. Por sinal, minha adega está sem nenhum, não se acanhem! rsrsrs

Cote D’Or – É uma escarpa resultante de uma anomalia geológica que levou à erosão das bordas do planalto Borgonhês. Somente cerca de 50 quilômetros  de extensão, mas o mais importante, conhecido e valorizado pedaço da Borgonha. A Cote D’Or está dividida em duas micro-regiões, ao norte a Cotes de Nuits e ao sul a Cotes de Beaune. Genericamente falando, a Cotes de Nuits produzem vinhos mais estruturados e de intensidade superior, enquanto a Cotes de Beaune mostra mais elegância e frescor. Isto, porém, não é uma regra sem exceções já que Pommard gera vinhos densos, duros e tânicos que pedem tempo na garrafa para amadurecer e, no entanto, se situa em Beaune.

·        Cotes de Nuits – Quase que a totalidade de vinhos tintos e a maioria dos Grand Crus. Importantes vilarejos/comunas considerados micro-regiões são; Morey Saint-Denis, Gevrey-Chambertin, Chambolle-Mussigny, Vougeot, Nuit Saint-George, Vosne-Romanée e Echezaux.

·        Cotes de Beaune – Com cerca de 20% de produção de brancos (Chardonnay e Aligoté) a maioria dos Grand Crus brancos se encontram por aqui. Os importantes vilarejos/comunas são; Aloxe-Corton, Pommard, Volnay, Savigny-les-Baune (de onde tenho provado magníficos e exuberantes vinhos), Beaune, Mersault, Puligny-Montrachet, Chassage-Montrachet e Saint-Aubin.

São, em sua grande maioria, vinhos caros sendo difícil encontrar um vinho, mesmo que básico, por menos de R$60,00 ainda que em oferta. Os vinhos de maior qualidade já se aproximam dos R$100 e os realmente bons acima dos R$150,00 tendo o céu como limite. Um dos vinhos mais caros do mundo vem desta sub-região, é o Romanée-Conti do qual se produzem pouquíssimas caixas ao ano. Preço? A bagatela de, no mínimo, R$10.000 podendo, facilmente chegar a R$20.000. Interessante é que o maior colecionador mundial destas preciosidades é Brasileiro, vive em São Paulo e é político! Legal, não? Mais um dado interessante é que, dizem, o custo de produção equivale a algo como Euros 18 a 20 por garrafa! Na hora que cola o rótulo ……. quem sabe, um dia, consigo cheirar uma rolha!!

Cote-Chalonnaise – Uma sub-região menos valorizada, ao sul de Beaune, porém com algumas AOC’s bastante interessante e com produtos menos valorizados, porém de grande qualidade. Um exemplo é Bouzeron com deliciosos vinhos brancos elaborados com Aligoté e Mercurey com belos vinhos tintos de boa concentração e equilíbrio entre os quais um dos destaques do mês. Fora estas duas, boas opções poderão ser garimpadas em Givry, Montagny e Rully.

Mâconnais – O rótulo AOC Macon, é genérico e, de acordo com Saul Galvão, produz alguns brancos interessantes, porém seus tintos costumam ser fracos e caros para o que são.  Os Macon-Village são vinhos mais elaborados bem frutados, para serem tomados jovens sendo uma categoria bem superior. Duas outras AOC’s produzindo bons vinhos brancos são, Pouilly-Fuissé e Saint-Véran.

Beaujolais – Região que pouco tem a ver com o resto da Borgonha e é, muitas vezes, analisado como uma região independente. Comercial e administrativamente, está “amarrada” à Borgonha, mas tem terroir bem diferenciado usando, essencialmente, a uva Gamay na elaboração de seus vinhos. Dos mais famosos, bom marketing, são os Beaujolais Noveau que são distribuídos anualmente, todo a terceira Quinta-feira de Novembro, em todo o mundo, sendo vinhos para serem tomadas em até seis meses, com muita sorte um ano, devido ao tipo de vinificação adotada. São vinhos elaborados através de maceração carbônica, método de vinificação sob o qual produzirei post um pouco mais adiante. Se você vir uma oferta de Beaujolais Noveau com mais de um ano de vida, não caia nessa! São vinhos, em sua grande maioria, leves, frescos, bem frutados e joviais para tomar refrescado a 14º enquanto se traça um belo sanduba. Nada de sofisticação ou complexidade, são vinhos ligeiros e fáceis de tomar, sem grandes comprometimentos e baratos. Os melhores são os Beaujolais-Village que, normalmente, possuem um pouco mais de estrutura. Dentro da região existem os Crus, que aqui não indicam um vinhedo e sim comunas (vilarejos), e aí o papo é outro. Seguem sendo vinhos bem mais acessíveis que o restante da Borgonha, porém já possuem um outro nível de qualidade, maior estrutura e intensidade de sabores e aromas do que os Beaujolais mais comuns.  Entre estas cerca de 10 Crus, algumas se destacam como; Moulin-a-Vent, Fleurie, Morgon, Brouilly, Juliénas e Saint-Amour todos com vinhos mais elaborados e com maior potencial de guarda podendo evoluir até quatro, cinco anos ou até mais, em especial os primeiros três aqui citados, quando tendem a se assemelhar aos vinhos elaborados com Pinot Noir. Alguns dos vinhos que Tomei e Recomendo, vêm desta região e surpreendem.

Bem, por hoje é só (?!). Nesta Quarta-feira completo este post falando das denominações de qualidade usadas na Borgonha e, logo depois, o primeiro dos Tomei e Recomendo deste mês. Ao longo do mês, posts com informações sobre as regiões do Loire e de Cotes-du-Rhône. Muito trabalho, muita pesquisa e pouco tempo, mas vamos em frente!

Salute e kanimambo.

Mais Vinhos da Semana

              Bem, Vinhos da Semana realmente não são. Na verdade são vinhos, muitas vezes, efetivamente tomados num período um pouco mais longo, estando mais assim como para uns dez dias. Só que, não dá para dar um titulo de “Vinhos dos Últimos 10 dias”, ficaria uma coisa sem graça, não concordam? De qualquer forma, são os vinhos que tomo em casa e sob os quais teço as minhas opiniões, sensações e prazeres que é uma forma de compartilhar os vinhos com os amigos. Vamos lá, chega de papo e falemos de vinho.

 

 

Philippe Bouchard Syrah 06, Vin des Pays D’OC , delicioso vinho da região de Languedoc com 100% de Syrah. Vinho pronto, muito agradável, teor alcoólico comportado com 12.5º, boa concentração com uma paleta olfativa muito agradável. É fresco, equilibrado, leve para corpo médio com toques de especiarias típicos da casta e muito sabor. Taninos finos e elegantes, completam este conjunto de forma muita harmônica. Um vinho realmente fácil de agradar e fácil de harmonizar por um preço muito bom. Como sempre digo, um Syrah elegante é sempre um grande prazer tomar e este não foge à regra. Disponível na Vinea Store por R$49,00. 

I.S.P. $

 

Los Vascos Cabernet Sauvignon Gran Reserva 05, um Chileno tradicional, com um tempero de 3% Syrah e 5% Carmenére, com influência Francesa que sempre me agradou muito. Este não negou fogo, mas já tomei melhores e o 2004 é um deles. Segue sendo um vinho de bastante elegância, de médio corpo, taninos finos, porém achei, por mais que os outros digam não, que a madeira e o pimentão aparecem demais faltando-lhe harmonia. Talvez tenha faltado uma decantação, não sei. De qualquer forma, segue sendo um vinho bastante interessante, boa qualidade só que, desta vez, não me empolgou. Pode ser o vinho ou posso ter sido eu, preciso lhe dar uma nova chance, mas a principio, acho que o Reserve está melhor, mais equilibrado e custa menos. Disponível na Confraria do Queijo & Vinho por R$64,00. 

I.S.P.   

 

Duque de Beja 05, vinho Alentejano, saboroso corte de Syrah/Cabernet Sauvignon/Aragonez e Trincadeira. Bonita cor rubi com toques violáceos e boa fruta no nariz. Na boca, fruta madura de boa intensidade, macio, sem arestas, muito harmônico e de média persistência. Vinho bastante agradável, taninos maduros, doces e já equacionados, lhe dão uma personalidade muito própria. Ideal para acompanhar uma carne assada ou prato similar. Disponível na Lusitana por R$ 45,36.

I.S.P.  .  

Fincas Privadas Tempranillo 05. Este Argentino, volta e meia, aparece sob a minha mesa e não só quando o orçamento está curto não! Por vezes, gosto de tomar vinhos mais descomplicados, sem grandes compromissos e fáceis de beber. Este é meu porto seguro e um vinho que me agrada muito. Não tem um conjunto olfativo intenso, mas é agradável com bons aromas de frutas vermelhas. Na boca é um vinho suave, macio, muito saboroso, surpreendente frescor e de grande harmonia com taninos finos e um bom final de boca. As pessoas têm dificuldade em acreditar, mas tudo isso custa apenas R$13,50 a 16,00 dependendo de onde você o compra. Na Casa Palla o compro pelo preço mais baixo, mas o Carrefour e outros supermercados também o têm. Provei os outros varietais deste produtor e os achei bem mais fracos, não os recomendando. Nesta faixa de preço, este Tempranillo é campeão absoluto e harmoniza maravilhosamente com pizza, um belo hambúrguer, umas lascas de queijo, bate-papo, amigos, macarronada de Domingo, e por aí afora.  Aliás, acho que rima bem com informalidade. A dica é, deixar o preconceito de lado e se deixar surpreender provando este verdadeiro achado para seu dia-a-dia. Fiquei em duvida se era um e meio smiles ou se deveria dar-lhe dois. Ora bolas, este merece, me dá muito prazer por pouca grana, então dois smiles serão! 

I.S.P. $ $ 

 Endereços e Telefones para contato, encontre na seção “ONDE COMPRAR”

Lei Seca, deu no Estadão!

É gente, não sou eu que falo! O jornal O Estado de São Paulo publicou ontem, na página C4, o resultado de uma pesquisa com base em dados colhidos junto ao Ministério da Saúde, USP e UNIFESP que confirmam aquilo que eu já desconfiava e mencionei no meu post  “De boas intenções o inferno está cheio”, no último Sábado. O nível de concentração média de álcool no sangue dos motoristas que morreram em acidentes, era muito superior àquilo que a lei permitia (0,6grs). Nos acidentes de carro, esse nível médio apurado, com base em laudos do IML em São Paulo referente a 2005, apresentou um nível de 1,4grs e nos motociclistas de 1,7grs.

Creio que fica óbvio, como expus no Sábado, que a solução do problema não passava pela redução do limite, mas sim pela criminalização e endurecimento das leis assim como de uma efetiva fiscalização e punição. Quem será que foi o “iluminado” que bolou esta nova lei e como ela passou pelos “compadres” no congresso? Que “sumidades”, verdadeiros inconsequentes são esses? A quem, realmente, interessa essa redução e porquê? Essa está difícil de engolir! Quem sabe uma boa taça de vinhos não lhes clareie as idéias a ponto de reverem a tremenda besteira cometida?

Salute, apesar de tudo e dessa gente, e kanimambo.

Dicas do Mundo do Vinho

            Este post advém de algumas perguntas que recebi de amigos e que, imaginei, podiam ser duvidas que outros também tivessem. Vamos lá:

 

O que fazer com o vinho caso sobre na garrafa? Neste caso há que lembrar que existe uma oxidação natural do vinho depois de aberto o que o tornará, em um determinado e variado espaço de tempo, em um liquido avinagrado. Existem duas formas básicas para se manter um vinho. Primeiro, usando-se um vacu-vin que é um aparato, bem em conta e um importante acessório para se ter em casa, que retira da garrafa o excesso de oxigênio. Mantido na geladeira, dá para agüentar uns dois ou três dias sem grandes alterações. A segunda opção é passar o vinho restante para uma meia garrafa e tampar com a rolha mesmo. Com menos oxigênio na garrafa, o vinho pouca alteração sofrerá no período de 24 a 48 horas.

 

Cálculo de vinhos por pessoa? Esta é bem freqüente, especialmente para eventos, festas e reuniões com os amigos. O tradicional é se calcular meia garrafa por pessoa. Em casamentos onde haja somente espumantes sendo servidos, eu sugiro um pouco mais, algo como duas garrafas para cada três pessoas. Se o espumante for servido somente no brinde, acho que uma garrafa para cada seis pessoas está de bom tamanho. De qualquer forma, penso aconselhável que, feito o cálculo, compre-se uns 10% a mais só para garantir. Comprando de pessoal especializado em festas (contate alguns dos parceiros do blog em Onde Comprar) existe a possibilidade de consignação o que facilita a compra. Se não der e sobrar, acho que você achará uma solução para a sobra, não?

 

Tampa de rosca no vinho, é sinal de vinho barato? Não. Com a falta de cortiça e o alto custo decorrente, esta é uma técnica nova em pleno desenvolvimento e com muita gente de qualidade buscando esta alternativa especialmente para os vinhos brancos e para vinhos de consumo mais rápido, vinhos para serem tomados jovens com quatro a cinco anos de vida. Os vinhos do Novo Mundo; especialmente Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e África do Sul tomaram a dianteira nesta mudança, mas na Europa, Argentina e Chile também já se começa a usar a rosca. Para mim, o que realmente é sinal de vinho barato, é o uso de rolhas artificiais em especial aquelas pretas, roxas ou vermelhas! Considero isso uma verdadeira aberração e me arrepio todo quando me deparo com uma dessas. É, eu sei, puro preconceito e conservadorismo. Pode até ser, mas é o que sinto. Por outro lado, uma longa rolha de cortiça nos sugere estar frente a frente a um vinho de grande qualidade.

 

Um vinho elaborado com duas uvas diferentes é um bi-varietal ou um corte? Bem, na verdade é um corte bi-varietal! O corte, não é necessariamente uma “mistura” de diversas uvas podendo haver cortes com barricas de idades diferentes, de locais diferentes, etc. Comumente, no entanto, entendemos como corte o uso de duas ou mais cepas diferentes. Cada país, todavia, tem sua própria denominação e cultura e, no caso da Argentina, por exemplo, o corte de duas cepas é muitas vezes chamado de bi-varietal. Aproveitando o ensejo, esta palavra corte é só uma das usadas internacionalmente para denominar esta “mistura” de cepas. Outras são; blend, assemblage e encépagement. Os varietais, por outro lado, são vinhos elaborados com uma só cepa, ou variedade de uva.

Salute e Kanimambo!