ABC do Vinho

Falácias do Mundo do Vinho

São diversas e não são poucas, nossa vinosfera é pródiga em produzi-las! rs Hoje cito aqui algumas que acredito sejam as mais comuns e em que a maior parte dos iniciantes nesta incrível viajem por terras de Baco tende a acreditar por falta de informação.Pinocchio por Enrico Mazzanti

Quanto mais velho o vinho melhor – essa talvez seja a maior delas e com isso muitos vinhos são tomados já em fase de decrepitude e outros viram vinagre. Há vinhos para serem tomados jovens (até uns quatro anos), de média guarda (4 a 8 anos), “longa” Guarda (8 a 12 anos) e os grandes vinhos que são quase que intermináveis obtendo seu ápice com mais de 15/20 anos são vinhos para poucos bolsos. Sabe aquela garrafa velha que você está guardando há sete anos ou achou num armário do tio e quer saber se ainda está bom? Vai no Google e digita o nome do vinho, dependendo do preço que apareça por lá você já terá uma boa ideia lembrando que não tem vinho de guarda de 50 pratas, não se iluda, esse tem que tomar jovem preferencialmente no segundo ano de vida, quiçá até uns quatro, no más! Agora, só se sabe se está bom abrindo, algumas surpresas podem ocorrer. Quanto maior estrutura tem o vinho para uma guarda longa mais caro ele vai ser, não tem como não ser. Quer ver mais, clica AQUI.

Vinho bom é o que você gosta – fruto de uma campanha de marketing bem sucedida de um importador. O correto seria, vinho que você gosta é o que é bom para você. O fato de você gostar não transforma vinho ruim em vinho bom, só é o que você gosta e tudo bem que assim seja, afinal tomar o que não gosta só pelo o que os outros dizem não tem nada a ver né? A cerne da questão é que qualidade e gosto são duas coisas diferentes que podem, ou não, caminhar juntos.

Melhor Vinho do Mundo – mais um fruto do marketing e na minha opinião uma tremenda sacanagem e mentira promovida por alguns produtores e importadores. O melhor vinho de um concurso, de um evento só é o melhor daquele concurso ou evento tendo mais ou menos importância dependendo do nível e respeitabilidade dos mesmos. Melhor Vinho do Mundo é só papo para boi dormir, para enganar os menos incautos , cai nessa não! Aliás, Melhor do Mundo é sempre muito relativo para qualquer coisa ou qualquer um a não ser que possa ser, de alguma forma, mensurado e comparado, caso contrário é mera opinião menos ou melhor fundamentada.

Vinho toma-se a temperatura ambiente – na Europa e mesmo assim depende de onde e em que estação do ano! rs Tomar um vinho tinto a 36 graus numa tarde no Rio é insano e certamente um desastre! Eis uma sugestão de temperaturas médias adequadas ao serviço do vinho para melhor usufruir desses caldos de Baco, cai nesse papo de temperatura ambiente não!

Espumantes e brancos doces e leves 6 a 8° C. / Champagnes e brancos frescos de 7 a 10° Centígrados /  Brancos secos e evoluídos ou um Jerez fino de 10 a 12° Centígrados / Rosés, mais leves entre 8 a 10º e, os mais evoluídos, no máximo até uns 12º Centígrados. / Tintos de taninos leves, de 12 a 15° Centígrados / Brancos encorpados e Madeira ou Porto (Tawnies our Ruby básico), de 10 a 14° Centígrados / Tintos de médio corpo e Vinhos do Porto Ruby Reserva, de 15 a 17° Centígrados. / Tintos encorpados e Vinhos do Porto LBV e Vintage, de 17 a 20° Centígrados.

Vinho de Mulher – antes de ser machista é uma aberração. Teoricamente se diz que as melhores gostam de brancos, rosés docinhos e tintos leves. Há homens que seguem o mesmo gosto, não tem nada a ver com o gênero de cada um. Conheço um montão de mulheres amantes do vinho que não abrem mão de vinhos encorpados, questão de gosto, ponto!

Vinho com Tampa de Rosca é Ruim – normalmente usado em vinhos jovens onde a rolha de cortiça tem menos ou nenhuma utilidade prática já que se busca manter o frescor do vinho e não sua evolução. Da Austrália, pioneiros no uso de “screw cap”, já provei vinhos com mais de dez anos que envelheceram maravilhosamente bem. Um pode até não gostar do visual, achar que perde o charme, etc., porém a qualidade e tampa de rosca podem sim coexistir! Para o que ainda tiverem dúvida, vale ler o artigo que o Miguel Angelo de Almeida (enólogo da Miolo) escreveu e permitiu que eu compartilhasse aqui.

Vinho Barato é Ruim – outra balela, mas obviamente depende do quão barato ele é! rs Provavelmente não será tão bom quanto um vinho de maior valor, porém já vi, por diversas vezes, vinho de preço mais módico levar vantagem sobre vinhos de maior valor em provas ás cegas. Óbvio que quanto mais caro o vinho maiores serão as possibilidades de estarmos frente a vinhos melhores, mas não necessariamente. Já provei grandes vinhos que me decepcionaram e já fui surpreendido por vinhos baratos bem legais, então deixemos os preconceitos de lado e exploremos o mundo de Baco como ele deve ser explorado, escolhendo seu vinho de acordo com o momento, com quem compartilhar e com seu bolso. Costumo dizer que “Todo o grande vinho é caro, mas nem todo o vinho caro é grande!” então cuidado e repetindo, qualidade e gosto são coisas diferentes. Uma dica se você for um iniciante nessa viagem, mesmo que com grana para torrar, deixe os vinhos caros para quando tiver mais litragem, vai por mim.

Se alguém tiver algumas mais a agregar, “be my guest” já que os comentários estão aí para isso. Tenham todos uma ótima semana e seguimos nos vendo por aqui ou por aí numa das curvas de nossa imens! vinosfera. Kanimambo pela visita, saúde!

Cheers Smile

Ilustração – Pinóquio de Enrico Mazzanti datada de 1883

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A Importância das Taças de Vinho

Necessidade ou frescura? A meu ver é necessidade, porém o quanto dependerá do nível dos vinhos que você costumeiramente toma. Sempre digo que comprar a chuteira do Neymar não vai adiantar nada se você for um perna de pau assim como não adianta pegar a raquete do Nadal e achar que por isso operará milagres na quadra!! Agora, dependendo do nível de seu jogo, pode sim ajudar e o mesmo vale para os vinhos.

Nesta fase de retrospectiva 10 anos em que alterno posts novos com alguns antigos, decidi revisitar este tema porque desde 2007, quando publiquei meu primeiro artigo sobre taças, este tem sido um dos posts mais buscados em Falando de Vinhos. Já montei três degustações de taças em parceria com a Riedel e até os mais céticos tiveram que se curvar, com vinhos de qualidade a mudança de aromas e sabores é impressionante. Também tive a oportunidade de participar de uma outra com a Schott-Zwiesel que veio a confirmar isso, mostrando que independentemente do produtor a taça faz sim diferença!

Aproveito para contar uma pequena história de quando abri a Vino & Sapore. Comprei um monte de taças de espumante porque iria servir no local. Dois dias antes de abrir decidi abrir uma garrafa de espumante para celebrar o fato que depois de 9 meses (sim demorou tudo isso mesmo!) finalmente iríamos abrir as portas. Abri a garrafa, rolha mostrou boa pressão, enchi a taça e nada de perlage!! Ué, como assim??? Abri outra garrafa, e nada! Lavei as taças novamente e nada!! Fui em casa e peguei uma taça, o mesmo espumante mostrou perlage abundante e persistente. Não tive duvidas, liguei para o fornecedor informando que iria devolver todas e saí feito louco no dia seguinte para comprar alguma que funcionasse. Fui com uma garrafa debaixo do braço, rs, testando até que achei e me garanti para a inauguração! Essa foi minha primeira experiência com o “milagre” das taças. Agora, quem não tem cachorro caça com gato, já diz o ditado, não percamos o momento por isso, sem ser xiita nessa hora!!

Caso tenha curiosidade, abaixo seguem alguns links a diversos posts já publicados sobre o assunto, começando com o de 2007.

Taças de Vinho, Sem Elas Não Dá

Taças de Vinho, Necessidade ou Frescura?

Degustando Taças

Taças de Vinho, Redescobrindo Sabores e Aromas

A Importância das Taças no Serviço de Vinho

Taças Schott - Diva.psd 

Agora, não precisa ser xiita! Nos próprios posts dou exemplos de momentos que até o copinho de requeijão vai então sem exageros, há momentos e vinhos para cada situação, livremo-nos de quaisquer amarras nesta viagem por nossa vinosfera porque afinal, “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Por hoje é isso meus amigos, para quem tem bons vinhos e curte essa nossa vinosfera a sério, há que se prestar atenção neste tema e para quem trabalha com vinhos então, aí é essencial! Uma ótima semana a todos e kanimambo pela visita. Cheers, tchin-tchin, saúde, prosit, salud, ..

Cheers Smile

 

 

 

 

 

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Espumantes, tudo o que você queria saber mas tinha medo de perguntar!

Em mais um post da retrospectiva de 10 anos, tinha que fazer alusão ao post mais lido aqui em Falando de Vinhos. Já são quase 80 mil pageviews nesta fase (2014 a 2018) e mais 105 mil antes (2007 a set 2014) totalizando cerca de 185 mil pageviews ao longo deste tempo e, pelo que vejo na Vino & Sapore, pouco mudou. As pessoas seguem entrando nas lojas e pedindo um champagne ou prosecco quando na verdade querem um espumante nacional de 50 pratas! Nada errado com isso, simplesmente elas não sabem e muitos atendentes nas lojas também não explicam, mais fácil empurrar um prosecco baratinho e tudo bem, isso me incomoda.

Em função disso não poderia deixar de trazer este post como um dos destaques de minha retrospectiva 10 anos ainda mais porque foi um dos primeiros (tem 121 meses) e o que me catapultou nesta mídia permanecendo bem atual. Como já dizia Napoleão, “necessário nas derrotas e merecido nas vitórias”! Uma bebida de celebração, basta abrir uma que já é festa, não precisa de razão a não ser a de ser feliz. Clique na imagem abaixo para acessar o post original completo.

Perlage

Fui, kanimambo pela visita, saúde, tchin-tchin

Cheers Smile

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Infidelidade é Tudo!

Agora que já chamei sua atenção, deixemos claro que me refiro ao consumo de vinho, obviamente, não levemos isso ao pé da letra em nossas relações sociais! rs Não é de hoje que bato nessa tecla, de suruba vínica (rs), e há um tempinho me deparei com um artigo que gostaria de ter escrito e que deixa claro que a infidelidade no vinho é essencial e como já dizia Tim Maia, Vale Tudo! Sair da mesmice, diversificar, descobrir novos sabores e histórias, isso é o que seduz nesse mundo colorido do vinho. O título é sugestivo, “Sejam Infiéis aos Vinhos de Costume (menos apelativo que o meu! rs) e foi escrito pelo jornalista Edgardo Pacheco no jornal português Correio da Manhã em  Dezembro de 2015.

Esqueçam  a menção aos portugueses, um pouco provinciana a meu ver pois a diversidade está presente em todas as regiões produtoras, inclusive na Argentina, e vinhos padronizados os há também em todos os lugares, inclusive em Portugal! O Tema, no entanto, tem tudo a ver com todos os que se auto proclamam enófilos, pois não existe vinosfera enófila sem navegantes e viajar por mares nunca dantes navegados é essencial! Agora, importante se ater ás colocações dele sobre a diversidade dos vinhos portugueses, uma mar em si!

Destaco aqui alguns trechos de seu texto, que adoraria ter escrito, mas o todo só poderá ser lido clicando no link que passei acima.

“Um dos inimigos do vinho é a fidelidade esquisita que muitos consumidores devotam prolongadamente a determinadas marcas. Todos os dias nascem novos brancos, tintos, rosés, espumantes ou colheitas tardias (por vezes em excesso, verdade se diga), pelo que se compreende mal a falta de interesse dos portugueses pela experimentação de novos aromas ou sabores e, acima de tudo, de novas regiões.”

“Nesse sentido, as pequenas garrafeiras de bairro fazem diferença porque é aqui que encontramos vinhos resultantes de pequenas produções do Dão, da Península de Setúbal ou de Trás-os-Montes. E se o dono da garrafeira for competente, seguramente contará histórias sobre esses vinhos que, depois, replicaremos à mesa.” 
Uma das frases do Edgardo que entra para meu rol das clássicas sobre o vinho é; “Não há nada mais chato do que levar um vinho sem história para a casa de um amigo”   achei precisa! Leiam o texto completo no link lá no inicio deste post.
Tudo bem ter seu porto seguro, eu também os tenho pois nem sempre queremos experimentar coisas novas, mas daí a deixar de embarcar nessa viagem de descobertas acho uma pena! Boa semana a todos e lembrem-se de, nessa viagem, fazerem uma parada na Vino & Sapore na Caviste Online (rs) para reabastecimento e levar um pouco mais de história e novidades à taça e à mesa. Kanimambo pela visita aqui e espero vê-los por aqui ou por aí nas estradas de nossa vinosfera, cheers!

Cinco Pontos a Ter em Mente na Hora da Compra de Vinhos

cincoSempre bom lembrar, mesmo para os que já iniciaram seu caminho pelas estradas de Baco, e esse texto publiquei mês passado na revista Cotiana da Aetec. As duvidas podem ser muitas e as armadilhas idem (tipo o melhor vinho do mundo), mas não se sinta só, pois duvidas é que não faltarão nessa fantástica viagem  por nossa vinosfera e nunca cessarão, mas espero que estas dicas possam lhe ajudar em suas próximas compras.

1 – A uva no vinho. Não dê demasiada importância neste quesito, explore! Será que aquele Cabernet ou  Malbec que você tanto gosta realmente é elaborado com 100% dessa uva que é o que dizem ser um varietal? Você sabe o que está bebendo? Pessoalmente tenho uma queda pelos blends, prefiro sempre o conjunto da obra, porém o que poucos sabem é que muito desses varietais realmente são blends, uma composição de diversas uvas. A legislação na maioria dos países produtores, determina que se um vinho tiver no mínimo 85% de uma uva, este pode ser rotulado como tal sem que haja qualquer informação quanto aos 15% de conteúdo restantes! Não se prenda a uma única uva ou uma única origem, explore pois o melhor desse mundo prazeroso de Baco é o garimpo, a viagem por novos sabores.

2 – Comprando Pontos? Pontuações nos vinhos são indicações ou tendências de qualidade e não devem servir de única base para sua escolha, tão pouco serem tomadas como conceitos de absoluta qualidade. Esse é mais um equívoco que muitos praticamos com maior ou menor parcimônia e há que se desmistificar essa prática até porque alta pontuação num vinho não quer dizer que ele agradará seu palato da forma como o fez a quem pontuou. MUITO cuidado com as chamadas dos marqueteiros de plantão para os ditos “melhores do mundo”, isso é uma tremenda enganação que não existe, uma verdadeira armadilha para pegar os mais desavisados! Há um monte de rótulos de muita qualidade sem qualquer pontuação e outros altamente pontuados que nem sempre performam como esperado em nossas taças, então não dê demasiada importância a esse tema, parcimônia é nome do jogo aqui.

3 – Idade, quanto mais velho melhor? – Ledo engano, verdadeira história para boi dormir e uma das maiores falácias de nossa vinosfera que provoca muitos erros na hora da compra. Existem vinhos feitos para serem tomados jovens, a grande maioria, e outros para guardar ou deixar para serem tomados com mais idade e mesmo estes com capacidade de guarda é importante saber onde e em que condições foram guardados. Muitos descontos grandes são dados em vinhos “mortos”, olho vivo. Não compre vinhos antigos (mais de cinco/seis anos) sem saber de seu histórico de vida e se forem vinhos brancos então, mais cuidado ainda!

4 – Só vinhos caros são bons. Mais uma falácia que o mercado e os maus vendedores tentam repassar para o apreciador do vinho. Vinhos bons são caros sim, mas o inverso não é verdadeiro existem vinhos bons em todas as faixas de preço. Se você está na fase dos Reservados, não adianta sair queimando uma nota num “Brunelão” que provavelmente você não irá apreciar, mas há coisas bem melhores por preços similares. Vá “crescendo” gradativamente dando chance ao seu palato para apreciar alguns grandes néctares, tudo a seu devido tempo, não dá para tirar a carta num dia e no seguinte entrar numa Ferrari a 200 por hora, a probabilidade de se dar mal será imensa!

5 – Avalie o local onde está comprando vinho. Vinhos ao sol e ambientes quentes e abafados, são grandes inimigos do vinho. Ambientes e vinhos bem tratados mostram cuidado e respeito para com estes caldos de Baco então, conheça seu fornecedor e a origem de seus vinhos!

Para terminar este papo de hoje a melhor dica, que tem a ver com a primeira, SEJA INFIEL! Fidelidade é um valor importante social e comercialmente, mas furado na relação com o vinho. O maior barato do mundo do vinho é exatamente essa diversidade de uvas (mais de 3.000), origens, sabores e prazeres que eles despertam em nós então, para quê ficar Cinco lembretessempre tomando as mesmas coisas? Tudo bem, tenha seus “portos seguros”, mas como já dizia o poeta, navegar é preciso e um bom timoneiro (comerciante/sommelier) de confiança é importante nessas horas.  Um último toque; vinho é prazer, não status, então aproveite a viagem, explore muiiito e deixe o vinho cumprir seu papel, o de lhe dar prazer, sem preconceitos. Na próxima vez que for comprar vinhos, lembre-se dessas 5 dicas e libere-se, seja feliz!! rs Saúde, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui ou em qualquer outro ponto de nossa vinosfera.

De Novo, O Melhor Vinho do Mundo Não Existe!

Entra ano sai ano e nada muda, as falácias continuam as mesmas e cada vez fico mais desesperançoso quanto à seriedade de diversos players do mercado que na ânsia de faturar uns trocados a mais seguem em suas toadas de desserviço a nossa vinosfera tupiniquim, uma pena! Nas últimas semanas, mais uma vez um monte de mails recebidos com essa informação falsa. Meus amigos menos antenados nessas coisas do mundo do vinho, caiam nessa não!

Em função disso, achava que tinha que republicar este post de 2015 que segue mais atual que nunca.

Tem algumas coisas em nossa vinosfera que me incomodam uma barbaridade e dizer que um determinado vinho é o melhor do mundo para tentar vender seu peixe é uma delas sendo, no mínimo, falso! Primeiramente porque o fato de um determinado vinho ter ganho um concurso qualquer pelo mundo afora, por mais prestigioso que este seja, não faz dele melhor de nada a não ser daquele concurso, para aqueles jurados num determinado momento assim como o melhor vinho do ano da Wine Spectator é só o melhor vinho do ano de acordo com eles, nada mais do que isso, mesmo já sendo muito!

Já vi importador publicar essa asneira, já vi produtor fazer a mesma coisa e agora tenho recebido, por diversas vezes, um mail marketing de mais um Melhor Vinho Tinto do Mundo! Desculpem, mas acho um tremendo equivoco de quem sai para o mercado fazendo isso, pois está enganando o povo, pelo menos os que eventualmente possam vir a acreditar nisso. Existem no mundo algumas centenas de milhares de rótulos, alguns deles de reconhecida qualidade que não participam desses concursos, não havendo como colocá-los lado a lado numa competição em que se pudesse, eventualmente, chegar a uma conclusão desse naipe. Mesmo que isso fosse viável, ainda assim seria impossível chegar nessa definição devido à subjetividade e às variáveis inseridas no tema.

Quando um corredor detém um recorde mundial, fato matematicamente registrado, ele é o melhor do mundo até que alguém bata sua marca, já a maioria de outros Melhores do Mundo são meros atos mercadológicos sem fundamento mensurável. O futebol brasileiro, por mais que queiramos, não é o melhor do mundo ele só o foi em cinco copas o que já lhe dá um tremendo prestigio, mas é só isso. Nem Pelé, especialmente para os argentinos (rs), é reconhecido unanimemente como o melhor jogador de todos os tempos assim como Muhammad Ali não é o melhor boxeur de todos os tempos para muitos. Subjetividade, avaliadores, concorrentes diretos e momento, fatores importantes a serem levados em conta em qualquer comparativo do tipo.

Hà pouco mais de uma ano, em Abril de 2014, já mencionei algo sobre o tema mostrando como são premiados os vinhos nesses concursos e dava uma cutucada nos que insistem nessa propaganda enganosa do Melhor do Mundo. Gente, quando receberem o próximo mail marketing ou lerem algo nesse sentido na mídia,lembrem-se deste post. Você poderá até estar frente a frente a um belo vinho, mas jamais do melhor do mundo, pois NÃO EXISTE MELHOR VINHO DO MUNDO, mero fruto marketeiro, e já fique com o pé atrás com quem dissemina essa falácia! Condeno essas ações, acho-as anti éticas e um desserviço ao mundo do vinho. Para quem milita no ramo há a obrigação moral de educar e estes procedimentos não estão em linha com essa filosofia confundindo ainda mais a cabeça do consumidor.

Vivemos os tempos do tanto faz como eu faça desde que obtenha os resultados imediatos desejados, os fins justificam os meios, onde cada um quer levar vantagem sobre o outro de qualquer forma, da falta de moral e ética, então vá lá, numa dessas até dá para entender a tentativa de engodo, agora aceitar jamais!

Acredito que podemos ser melhores e, sem querer ser o arauto da verdade, ainda penso que a melhor forma de educação é a retidão dos exemplos dados e esse tipo de atitude não ajuda em nada o setor pois enrolar o consumidor não me parece prática saudável. Sorry, precisava fazer este desabafo em forma de alerta, ojo! Best wine in the world, bull, there is no such thing!!

Kanimambo e tenham todos uma ótima semana! Cheers

Consumo Per Capita de Vinho pelo Mundo

O Vaticano perdeu seu trono para Andorra, pelo menos de acordo com artigo publicado em Fevereiro deste ano pelo jornal inglês Telegraph baseado em dados revisados do Wine Institute. Óbvio que em função da pequena população, não são os maiores consumidores do mundo, mas o dado não deixa de ser curioso! Veja abaixo os maiores doze países consumidores per capita e os 12 maiores em volume.

MAIORES CONSUMIDORES PER CAPITA/ANO

1º Andorra 56,9 litros

2º Vaticano 56,2 litros

3º Croácia 46,9 litros

4º Portugal 43,7 litros

5º França 43,1 litros

6º Slovenia 42,5 litros

7º Macedonia 40,4 litros

8º Ilhas Falkland 38,5 litros

9º Suiça 37 litros

10º Itália 34,1 litros

11º Saint Pierre et Miquelon 32,7 litros

12º Moldávia 30,7 litros

Nas Américas, o maior consumo per capita é do Uruguai com quase 30 litros anuais e o Brasil anda na casa dos 1,7 a 1,8 litros. Muito legal o mapa interativo que o jornal desenvolveu com dados de consumo mundial por volume e per capita, clique neste aqui abaixo que você será levado para o site deles, muito bom!

Mapa de consumo

MAIORES PAÍSES CONSUMIDORES EM VOLUME (dados de 2015)

1º EUA com 13,5% do consumo mundial

(56º no consumo per capita com somente 10 litros por ano!)

2º França com 11% do consumo mundial

3º Itália com 8,3% do consumo mundial

4º Alemanha com 8,3% do consumo mundial

5º China com 6,5% do consumo mundial

6º Reino Unido com 5,2% do consumo mundial

7º Argentina com 4,2% do consumo mundial

8º Espanha com 4,1% do consumo mundial

9º Russia com 3,6% do consumo mundial

10º Austrália com 2,2% do consumo mundial

11º Canadá com 2,1% do consumo mundial

12º Portugal com 1,95% do consumo mundial

O consumo anual mundial beira os 25 bilhões de litros, caso alguém queira fazer a conta dos porcentuais acima. Bem gente é isso por hoje e durante a semana tem mais. Kanimambo pela visita, tenham uma ótima semana e saúde, sempre bom brindar porque motivos sempre há!

 

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Castas Brancas Menos Conhecidas

Sei, é outono, frio chegando porque carga de águas o tuga vem falar de brancos? Vejamos, por acaso você só toma cerveja no verão? Tanto para as cervejas como para os vinhos não tem estação, tem momento! Tem também o prato que você vai comer então nada a ver esse papo!! rs

Hoje decidi postar aqui algumas uvas brancas que poucos conhecem e que geram vinhos muito interessantes. Afinal devem existir pelo menos umas 500 (chute meu mas não deve andar muito longe disso) diferentes castas com os quais se fazem vinhos brancos, então para quê ficar naquela basiconas de sempre? Algumas das que menciono abaixo nem são tão diferentes assim, mas a maioria só conhece e só toma Chardonnay ou Sauvignon Blanc! Vamos abrir a mente para outras coisas, outros sabores, afinal esse é maior barato de nossa vinosfera, diversidade.

Vermentino – É uma casta branca típica da costa mediterrânea da Itália, da Sardenha e da Córsega. Por muito tempo, pensou-se que essa casta tinha origem espanhola, mas as modernas análises de DNA vieram a demonstrar com certeza que sua origem é a Liguria, a estreita faixa litorânea do noroeste italiano. A casta costuma atingir sua melhor formaVermentino-Bella-Vigna-Delu-091311 na ilha da Sardenha, com duas denominações dedicadas a ela: Vermentino di Sardegna, DOC que exige um mínimo de 85% da casta, e Vermentino di Gallura, a primeira DOCG da ilha, que exige 95% da casta no vinho. Incessantemente varrida pelo Mistral e com solo granítico, seus vinhos resultam bastante aromáticos, com alto teor alcoólico e excelente corpo. A Toscana corre por fora, porém produz alguns ótimos exemplares de vinhos com esta uva.

Casta caracterizada por uma acidez vibrante, bom corpo e deliciosos aromas, pode ser considerada como uma uva ideal para acompanhar frutos do mar no escaldante verão tropical. Além de pronunciada mineralidade, seus aromas mais característicos são os de limão verde, nozes e muitas flores, enquanto na boca costumam se repetir os cítricos acompanhados de maçãs verdes, enquadrados em invejável estrutura. São vinhos para geralmente serem consumidos jovens, quando expressam seu melhor caráter.

Verdejo – Esta é uma das melhores uvas brancas da Espanha , natural da região deverdejo-grape Rueda onde produz vinhos marcantes. É vinificado na grande maioria das vezes como varietal sem suplementação de outras uvas. Produz vinhos muito aromáticos, encorpado, macio e untuosos onde impera uma acidez muito presente que lhe aporta um frescor muito agradável. Os vinhos brancos de Rueda (Valladolid, Segovia e Ávila) devem conter pelo menos 50% de uvas Verdejo (o resto geralmente Sauvignon Blanc e Viura). Os vinhos que incluem a palavra Verdejo em sua rotulagem devem conter pelo menos 85% da uva, porém geralmente contêm 100%.

Além de Rueda, também está presente em Cigales e Toro assim como Castilla y León , podendo também ser encontrada nas ilhas Canárias. Fora da Espanha, pode ser encontrado em Portugal, sob o nome Gouveio, e Austrália . Os vinhos vindos da Verdejo são muito refrescantes, de corpo médio, aromas herbáceos e acidez marcada. Dependendo da localização dos vinhedos podem apresenta uma mineralidade acentuada presença de sabores cítricos na boca onde despontam maçãs verdes em abundância

Chenin Blanc – A Chenin Blanc é uma uva que vem sido cultivada na França, pelo menos, nos últimos 1.300 anos sendo o Loire a região em que ela mostra toda a sua grandeza e cheninblancversatilidade. As regiões de Savenniére e Vouvray o que de melhor se produz com esta cepa no mundo. Pode aparecer em versões secas de bom corpo, mas também em versões mais doces como nas regiões de Coteaux du Layon e Quarts de Chaume, produzindo vinhos exuberantes e marcantes sendo uma ótima uva também para a produção de Cremants (espumantes franceses elaborados pelo método champenoise fora de Champagne) tanto no Loire, Vouvray, como no Languedoc (Limoux). Nas regiões mais frias, tende a ter uma acidez mais vibrante, notas minerais e maçã verde, nectarina e algo de lima

A Chenin Blanc se deu muito bem também em regiões quentes como a África do Sul, tendo chego por lá nos idos de 1650 levada pelos colonos holandeses. Também conhecida como Steen, ela representa hoje cerca de 20% dos vinhedos sul africanos. Em função do clima ela apresenta notas de frutas tropicais como banana, manga e abacaxi, e sua boa acidez gera vinhos bastante equilibrados. O vinho tende a apresentar-se com uma cor amarela esverdeada e reflexos dourados .

É muita propicia ao envelhecimento quando tende a adquirir aromas com notas de avelã, pêssego, mel e maçã madura. Como a chardonnay, a Chenin se adapta muito bem à vinificação com madeira ganhando uma cremosidade extra nesses casos e alguns produtores do Loire adotam a fermentação malolática o que lhe aporta notas mais untuosas.

Viognier – Ela tem origem, ou pelo ela é mais conhecida por ser a grande uva branca das Côtes du Rhône, onde é usada até mesmo para emprestar seu aroma potente e amanteigado, de fruta supermadura, aos encorpados tintos da região. Ela é também a origem e a razão da mais importante denominação de brancos da região, a Condrieu, Viognierberço de alguns dos maiores vinhos do mundo elaborados com esta casta. Em clima de verões secos e quentes, a Viognier amadurece bastante, gerando vinhos intensos, mais alcoólicos e muito aromáticos. É coadjuvante no célebre corte com syrah típico de Cote-Rotie onde produz vinhos estupendos, sendo este corte é também usado em outros países como Argentina, Califórnia e Austrália. Na França também se encontra bastante em toda a região sul, especialmente no Languedoc.

A Viognier é uma rara uva branca do sol – a maior parte das uvas para vinhos brancos, como a Riesling e a Sauvignon Blanc, entre outras, são uvas melhor aclimatadas a regiões frias de onde extraem suas melhores feições. Já a Viognier adapta-se e viceja em regiões de verões quente e de muita luz. As Côtes du Rhône (literalmente, as barrancas do rio Rhône, ou Ródano, localizadas no sudeste francês, logo ao norte da Provença) são quentes e caracterizam-se pelos densos e alcoólicos vinhos de frutas muito maduras, escuros e corpulentos quando tintos; aromáticos e amarelados quando brancos. Acidez, às vezes faz falta, já que esse não é seu forte.

Essa adaptação também define sua paleta de descritivos aromáticos, relacionados a frutas muito maduras e açucaradas, como ananás amarelinho, maracujá, mangas etc. Também adquire potencial para estagiar em carvalho, em que adquire complexidade e caráter. Além das sugestões oxidativas, o caramelo e os tostados das barricas lhe caem bem. A Argentina vem produzindo alguns bons exemplares que valem ser provados. É, nos melhores casos (Condrieu), um dos raros brancos de estrutura e longevidade.

Catarrato – A Catarratto é uma uva branca amplamente cultivada na Sicília, região do Catarrattosul da Itália, onde 60% dos vinhedos são destinados ao cultivo dessa variedade, utilizada na elaboração de vinhos brancos frescos e leves, fáceis de beber. Utilizada com alta frequência na composição dos vinhos Marsala, a uva Catarratto apresenta alto rendimento, sabor neutro e baixa acidez. Na mão de excelentes produtores, essa variedade é capaz de dar origem a vinhos interessantes e complexos, com textura suculenta, bom corpo e extremamente saborosos, com notas cítricas, flores brancas, amêndoas e até damasco em alguns casos.

Por suas características, é muito mais usado em cortes (blends) do que como varietal, sendo bom parceiro ás outras uvas autóctones regionais como Carricante, Inzolia e Grillo assim como á Chardonnay, mas bons produtores geram varietais bem marcantes.

Rabigato – Rabigato, é uma uva autóctone da região do Douro onde é costumeiramenterabigato usada em cortes com a Viosinho, Verdelho e Gouveio e que, em função de sua baixa produtividade, está gradativamente sendo substituída por castas mais interessantes comercialmente e de maior produtividade. Os vinhos de Portugal produzem sempre saborosas surpresas. A Rabigato oferece acidez viva e bem equilibrada, boas graduações alcoólicas, frescura e estrutura, características que a elevaram ao estatuto de casta promissora no Douro. Apresenta cachos médios e bagos pequenos, de cor verde amarelada. Poderá, nas melhores localizações, ser vinificada em varietal, oferecendo notas aromáticas de acácia e flor de laranjeira, sensações vegetais e, tradicionalmente, uma mineralidade atrevida.

Greco di Tufo – A uva Greco di Tufo é pouco conhecida entre nós, brasileiros, mas é plantada há mais de 2.500 anos no sul da Itália tendo como berço a calabria. Sua origem é discutida, mas os indícios trazem como origem a Grécia (por isso o nome

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Greco). É da Campania , uma região litorânea de terras vulcânicas, banhada pelo Mar Tirreno e cercada pelos Apeninos de onde chegam as últimas influências frias do Norte, que nos chegam os vinho mais conhecidos e respeitados elaborados com essa casta é o da DOCG Greco di Tufo, que se localiza ao norte de Avellino e a 1 hora de carro a partir de Nápoles. Esse vinho distingue-se dos outros brancos do sul da Itália por seu pronunciado caráter frutado. Os solos de vinha da região são derivados de tufo , uma rocha formada a partir de cinzas vulcânicas dando-lhe uma personalidade muito particular.

De acordo com o Master of Wine Mary Ewing Mulligan- , vinhos Greco di Tufo geralmente estão prontos para beber 3-4 anos após a colheita e ter o potencial de envelhecimento para continuar a desenvolver bem para 10-12 anos.  Os vinhos elaborados com esta casta apresentam a coloração ouro-claro, com reflexos âmbar. No nariz, os aromas mais usuais são os de pêssego, amêndoas torradas e figos. Na DOCG Greco di Tufo, são vinhos bastante encorpados e de muita personalidade. Beber preferencialmente entre o terceiro a quinto ano de vida.

Encruzado – Casta do Dão, Portugal, os vinhos são medianamente aromáticos e revelam um notável equilíbrio entre o volume alcoólico (generoso) e a acidez (como Foto - encruzadodeviam ser todos os vinhos, caso contrário cansam depressa). A sua delicadeza e as sensações frescas e minerais que proporcionam são um bálsamo para o fastio provocado pela tendência atual para produzir vinhos muito frutados, a fugir para o tropical, e de estrutura simples e suave. Com o tempo, os vinhos de Encruzado vão ganhando aromas deliciosos de mel, frutos secos, mas sem perderem a sua formidável acidez.

Para o enólogo Carlos Lucas, da Dão Sul, o vinho de Encruzado representa “o verdadeiro branco da Velha Europa: mineral, com notas cítricas e verdes sem ser vulgar quando novo, que envelhece bem, ganhando notas apetroladas e amendoadas e mantém sempre uma boa acidez”. Tem ainda a vantagem de resultar bem em madeira e em inox. “Ao fim de seis meses em barrica, ainda sobressai a fruta e a acidez. Com outras castas brancas, estaríamos a beber madeira”, sublinha João Santiago, da Quinta dos Roques.

Quando bem trabalhada nos oferece vinhos de alta qualidade, cor amarelo palha, nariz de amendôa, castanha e frutos secos, na boca acidez média, seco, bom corpo, frutado e de muita delicadeza. É bom não servir muito gelado em face de sua delicadeza, caso contrário, perdessem muito os aromas e sabores. Envelhece muito bem, sendo um dos brancos que vale esperar um pouco por seu amadurecimento, de três a quatro anos, sendo que os melhores exemplares se mostram mesmo é com mais um bom par de anos.

Quer seguir tomando seus chardonnays e Sauvignon da vida, tudo bem, há que se tomar o que se gosta. Agora, o seguidor de Baco que se preza gosta de alçar voos, descobrir novos sabores e eu encorajo essa atitude. Tem vezes que nem nos damos tão bem assim,  faz parte da vida, mas na maioria das vezes nos surpreendemos muito positivamente. Afinal, viajar é preciso então vamos nessa!! Kanimambo pela visita e vem me visitar na Vino & Sapore neste Sábado a partir das 16H quando terá lugar o 1º Saturday Afternoon Wine Tasting com 14 vinhos à prova e ainda as participações com prova e venda do Mestre Queijeiro e dos Páes artesanais da Raquel Santos. Veja mais detalhes clicando aqui.

 

Desafiando Preconceitos!

Adoro colocar vinhos ás cegas para quebrar preconceitos e recentemente tive mais uma oportunidade para isso. Uma das coisas que tento passar adiante para todos os que me procuram para falar de vinho é que não existe essa de não gostar de uma determinada cepa. São muito comuns aos aficionados dos caldos de Baco o posicionamento contrário a uma determinada casta, porém as variáveis (terroir, enólogo, safra, método de vinificação, etc.) são tão grandes que dizer que vinho dessa uva não beberei é quase uma heresia! rs Minha visão, você só não encontrou ainda o vinho certo. Óbvio que muito no vinho, como na música, é momento; é como você se sente, é com quem você vai compartilhar, é onde você está e há momentos em que o porto seguro é a melhor escolha. Há, no entanto, também o momento de se aventurar, de mergulhar na busca de coisas e sensações novas, então manter a mente e, neste caso, os sentidos abertos a provar coisa nova e desafiar seus conceitos acho que é sempre um exercício que vale a pena!

Depois de mais de duzentas degustações promovidas nos últimos nove anos, há que puxar pela criatividade para encontrar mais um tema a ser colocado na taça. Desta feita propus à Confraria Brinde à Vida um DESAFIO! Os confrades me diriam que vinhos, regiões ou cepas não gostam e eu colocaria exemplares desses caldos na degustação, porém às cegas. Desafio aceite eis o que os confrades colocaram como seus “desafetos” pessoais: Bordeaux, Chianti, Cabernet Sauvignon, Carmenére e Malbec, sendo que metade dos confrades topam qualquer uva ou terroir na taça! Ou quebrava preconceitos ou quebrava a cara, porém não sou de refutar desafios, então lá fomos nós!

brinde á vida marçoComo sempre abri com um espumante que neste mês foi o Adolfo Lona Rosé, um vinho que dispensa apresentações. A maioria dos confrades este mês teve oportunidade de o conhecer e foi aprovado pela grande maioria, no entanto foge do lugar comum, da coisa mais leve, frutada e, até, algo docinho. Este espumante possui mais corpo e é bastante complexo, muito devido à alta porcentagem de Pinot Noir no corte com Chardonnay. Aí foi tempo de abrir as outras garrafas na ordem em que estão na foto.

Bordeaux – Quem não gostava de Bordeaux amou, melhor vinho da noite para ele! A safra, ausência de madeira e a Merlot como protagonista o derrubou. Eh, eh, 1 x 0 para mim!

Chianti – Quem não gostava de Chianti não degustou, mas também não amou. 0 x 0.

Cabernet Sauvignon – Quem não gostava de Cabernet Sauvignon, segue não gostando! sniff, empatados 1 x 1.

Malbec – Optei pelo Villaggio Grando, elaborado em Mendoza, porém o vinho não vingou estando muito longe do que eu o conheço. Não estava prejudicada, mas … preferi abrir mais um exemplar, desta vez de Cahors, França. Resultado, quem não era muito chegado gostou, oba!! 2 x 1 para mim.

Carmenére – O Falernia Reserva com seus 60% de uvas passificadas (a la amarone) no processo de vinificação, derrubou quem não era chegado em Carmenére para quem este foi o melhor vinho da noite! Eh, eh, mais um ponto para euzinho aqui! rs 3 x 1

Quem toma de tudo, gostou de alguns e não se entusiasmou com outros, mas acho que consegui mexer um pouco com esses preconceitos que alguns criam. Podem achar que 3 x 1 foi uma goleada, mas não foi não porque esse não foi o resultado final. Pois é, teve confrade que torceu o nariz para a maioria e não se empolgou com nenhum dos vinhos apresentados, então gol contra (acontece!) e o resultado final 3 x 2 suado!!! rs  Pena que por uma questão de preço não pude colocar alguns vinhos nesse desafio, mas mesmo tendo saído algo chamuscado do embate, creio que valeu muito o exercício e agora desafio os amigos a fazerem igual exercício em suas confrarias. A diversão é garantida!!

Moral da história, jamais diga que desta fonte não beberei! Saúde, kanimambo pela visita e uma ótima semana para todos.

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