fevereiro 2010

SISAB 2010 – Acabou!!! Sniff.

Acabou-se, a feira que a meu ver foi um grande sucesso, inclusive pelo feedback que obtive de uma série de expositores. Há no entento, muita matéria acumulada em que parte relato abaixo de forma resumida e que finalizarei no meu retorno ao Brasil. Por enquanto, vejam um pouco do resultado de meu garimpo:

Quinta de Baldias – Vinhos do Porto de muito boa qualidade e preço convidativo. Já fez parte do portfólio da Lusitana de Vinhos e Azeites, mas hoje está em busca de novos caminhos. No Sudeste do Brasil já iniciou um trabalho, mas esperemos para ver o que acontece nos mercados mais interessantes; São Paulo /Minas e Rio de Janeiro. Gosto muito de seus tawnies que são de excelente qualidade, tendo provado um estupendo 10 anos e um LBV 1987 de muita qualidade que está muito sedoso, cor atijolada mostrando a idade, mas ainda muito vivo. Este é dos bons, como são todos os outros.

Quinta Seara d’Ordens – Por falar em bom, este que já andou no portfólio da falecida Wine Premium e negocia com alguns potenciais novos importadores, possui uma linha de produtos de excelente qualidade, tantos os deliciosos Vinhos do Porto como alguns vinhos tranqüilos, já conhecia mas o conjunto da obra me surpreendeu.

Seu Douro 2007 é um belo vinho, muito agradável, boa pegada,sedutor, porém seu destaque é o Talentus, um grande vinho em qualquer lugar e por qualquer parâmetro comparativo, produto de um blend de Touriga Nacional, Touriga Franca e Roriz que passa 12 meses em carvalho francês. Ataque de boca delicioso e vibrante com bastante complexidade em que se destaca alguma especiaria, taninos firmes ainda, mas sem agressividade amaciando no meio de boca terminando sedoso e longo.Vinho de grande persistência onde ele mais interessa, na memória!

É nos Portos, no entanto, que a empresa mostra toda a sua vocação. Tanto o Fine Ruby quanto Fine Tawny são acima de média e os Reserva Ruby e Tawny são excepcionais com um preço muito bom o que lhes aporta um plus difícil de bater. Espero vê-los em breve no Brasil. Como o Baldias, têm lugar cativo neste blog e nas prateleiras da Vino & Sapore.

Azeite, Mel e otras cositas mais na Mafyl – Eis uma empresa que surpreende, especialmente no que se refere ao design arrojado e criativo de seus produtos. Azeites em garrafas que farão uma mesa ainda mais bonita com rótulo de tecido e conteúdo bem saboroso com diversos temperos, mel com gengibre ou com rosas, compotas, patês, etc. Muito legal, talvez um pouco exagerado o apelo publicitário que confunde um pouco o consumidor, mas uma lufada de ar fresco na mesmice que tende a imperar no segmento. Para quem quiser conhecer toda a linha de produtos em maior detalhe, sugiro uma visita ao site, vale a pena e tem uma série de seus produtos disponíveis no Free Shop de Lisboa que servem como belos presentes.

Casa de Sabicos ou Casa Agrícola Santana Ramalho – Para terminar a cobertura do dia (tem ainda muito mais) deixei para falar desta casa que nos é trazida pela Adega Alentejana. Pequeno produtor, pesquisador das coisas do vinho com amplo conhecimento da vinosfera brasileira, é um estilista do vinho. Desde seu “básico” Montoito, um vinho muito agradável, redondo e fácil de gostar, passando pelo muito bom Casa de Sabicos Reserva 2005, com um meio de boca incrível e cheio, rico, bom volume e textura, que termina muito fresco e longo, passando pelo estupendo Joaquim Madeira Branco 2006 um incrível corte de Chardonnay e Antão Vaz fermentados juntos em barrica, ao qual se adiciona posteriormente o Arinto que foi fermentado em inox separadamente. Um corte magnífico em que a untuosidade e corpo advindos do Chardonnay e Antão Vaz, são cortados pela ótima acidez e fruta do Arinto. Um grande branco que envelhece maravilhosamente bem!

Para finalizar, uma obra prima, o Avó Sabica 2004 que decantou por 4 horas e ainda estava com uma grande estrutura e complexidade ímpares que enchem a boca de satisfação deixando marcas difíceis de apagar. Um vinho único, de grande personalidade como são todos os vinhos deste produtor. O Sr. Joaquim Madeira, produtor, e sua simpática  esposa Graça, são duas pessoas muito especiais e gentis que me atenderam de uma maneira tal que também deixaram suas marcas, tal como seus vinhos. Uma experiência e tanto no meio de um monte de grandes momentos passados neste evento,

Bem, agora só haverão mais posts após o meu retorno a Sampa, pois ficarei uns dias com algumas dificuldades de acesso á rede. Salute, kanimambo e na volta finalizo a reportagem sobre esta interessante feira de negócios e suas peculiaridades.

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Directamente da SISAB 2010

 Meus amigos, cá sigo minha sina navegando pelos corredores da SISAB conversando e provando, não sei qual é melhor! Visitando os stands tanto de produtores de queijo quanto de embutidos, a grita é geral quanto às barreiras fito-sanitárias brasileiras aos produtos portugueses. Aliás, a grita também é geral em função de toda a absurda burocracia (ou será burrocracia?) nas importações e alta carga tributária que faz com que o Brasil seja um dos países mais difíceis de serem trabalhados no mercado mundial. Protecionismo disfarçado que só complica e encarece os produtos que nós consumidores compramos. Enfim, deixem-me lhes contar um pouco do que vi ontem (23) e que vocês lerão aqui nesta Quinta-feira, dia em que a feira já terá se encerrado.

Altas Quintas – Produtor Alentejano bem conhecido em Terras Brasilis onde é importado e distribuído com exclusividade pela Decanter. Dois lançamentos aqui em Portugal que já chegaram ao Brasil e em breve deverão estar disponíveis nas lojas.

  • Mensagem 2007 – um vinho elaborado com 100% trincadeira de 600metros de altitude que passa 12 meses em barrica. De nariz é tímido e algo químico, porém cresce muito na boca mostrando-se muito rico, taninos sedosos, ótima acidez e um vinho realmente sedutor. A casta é complicada de trabalhar sozinha, mas o produtor conseguiu um grande resultado.
  • Obsessão2004 – 80% de Alicante Bouschet com Trincadeira, 18 meses de barrica e 3 anos em garrafa antes de chegar ao mercado. Com reduzida produção, foi lançado em Outubro de 2009 e já em Novembro se havia esgotado. Dos poucos no mercado internacional que puderam importar o produto, a Decanter e o padrinho do vinho ao qual deu o nome, o Adolar.

Belos vinhos de um produtor já conhecido por seus produtos de qualidade.

Luis Pato II – Só um adendo ao meu comentário anterior sobre os novos vinhos A.M. , provei or três. O Branco é muito sutil e delicado, fresco e equilibrado; o tinto é diferente, talvez um pouco mais complicado de harmonizar, mas bem saboroso por si só; o Rosé, para meu gosto o mais divertido e vibrante dos três, talvez o vinho desta família que mais surpreende. Vinhos a conferir e que eu recomendo, esperando que o preço seja condizente.

Ervideira – Um produtor de vinho Alentejano com uma vasta linha de produtos. Provei um Antão Vaz com leve passagem por madeira  (Conde d’Ervideira Reserva Branco) e recém engarrafado (ainda sem rótulo) que é de muita qualidade. Seu Tinto Reserva é também um grande vinho e hoje pego dois ou três outros vinhos que levarei ao Brasil para uma degustação mais detalhada. Hoje trabalha no Brasil via Mercovino em São Paulo e a Domaine Montes Claros em Fortaleza. Breve, espero, também deverá estar nas prateleiras da Vino & Sapore (eheh)

Adega Mayor – adega pertencente ao grupo de café Delta, com azeites vinhos de muita qualidade. A linha de vinhos é composta de dois brancos com um mais “básico” resultado de um corte de Roupeiro/Antão Vaz/Arinto e Fernão Pires sem madeira só passando por inox com fermentação em câmera fria, um vinho  saboroso, frutado e fresco, mas é o Reserva do Comendador, que passa por seis meses de estágio em madeira nova francesa, o grande vinho branco da casa demonstrando muita sofisticação,complexo e de ótima acidez que pede comida.

Nos tintos; um vinho de gama de entrada interessante e bem feito bom para o dia-a-dia, um Touriga Nacional diferenciado menos floral e macio e, mais uma vez, é o Reserva do Comendador 2006, corte de Trincadeira, Aragonês e Alicante Bouschet com 18 meses de garrafa e um ano de garrafa que impressiona por seua elegância e ausência de super extrações, taninos macios e um final com notas de café muito sedutor.

Olho neste pessoal!

Queijo da Serra – quem nunca comeu não sabe o manjar dos deuses que é este queijo artesanal produzido na região da Serra da Estrela (norte de Portugal) elaborado com leite de ovelha e amanteigado. Tradicionalmente, corta-se a casca acompanhando a circunferência superior do queijo e retira-se a “tampa” servindo-se o queijo com uma colher. Comido com torradinhas e, preferencialmente, acompanhado de um bom vinho do porto ruby, é de babar. Eu babei, mais uma vez, e desta feita com o saboroso queijo da Queijaria Flor das Beiras.

 Por hoje é só, amanhã tem mais. Salute e kanimambo.

25 Vinhos Inesquecíveis

         Diz-me com quem andas e te direi quem és! Ditado antigo, mas cada vez mais real tanto em nossas vidas como na política, mas não  é “deles” que quero falar não. Quero falar dos amigos Bebel e Sebastian, autores de um dos mais suculentos blogs sobre enogastronomia o Espaço Gourmet com link aqui do lado, além de outras artes, certamente o casal mais chique e “in” de toda a nossa vinosfera tupiniquim. Formam um lindo e jovem casal que, afora as virtudes visuais são gente boa para caramba. Tendo dito isso, veio-me á cabeça aquele papo de leis que pegam e leis que não pegam, não sei porque, mas “eles” insistem em me querer assombrar hoje! Na verdade, assim como existem leis que não pegam, existem idéias que também não colam. Ainda há pouco tempo abri um espaço para os amigos leitores se expressarem aqui no blog, mas não deu em nada. No ano passado tinha solicitado a amigos que me listassem seus 25 vinhos inesquecíveis e suas três melhores harmonizações, também não teve um retorno dos mais brilhantes, mas a Bebel e o Sebastian fizeram a parte deles então guardei a mensagem deles para um momento oportuno, que aqui está. Uma lista muito, mas muito especial que tem tudo a ver com o jovem e charmoso casal!

Foi com enorme satisfação que recebemos o convite do querido amigo João Filipe Clemente para listarmos os nossos 25 vinhos inesquecíveis e os três grandes momentos de harmonização. Optamos por apresentar exclusivamente Champagnes que degustamos nos últimos dois anos (tempo de existência do site Espaço Gourmet), três deles também presentes na nossa classificação de harmonizações, por tratar-se de uma celebração!

Um grande abraço e Santé!”

 

25 Champagnes

 

1 – Champagne Dom Pérignon Vintage 1992 (Celebração do Aniversário de 2 anos do site Espaço Gourmet)

2 – Champagne Dom Pérignon Vintage 1990 (Bodas de Pérolas, 30 anos, do Querido Casal Saba)

3 – Champagne Taittinger Brut Réserve (Bodas de Pérolas, 30 anos, do Querido Casal Saba)

4 – Champagne Veuve Clicquot Brut Yellow Label – base na vindimia de 2004 (Celebração da Posse do Novo Chefe de Cave da Maison francesa Veuve Clicquot Ponsardin – Dominique Demarville)

5 – Champagne Veuve Clicquot Vintage 2002 (Celebração da Posse do Novo Chefe de Cave da Maison francesa Veuve Clicquot Ponsardin – Dominique Demarville)

6 – Champagne Veuve Clicquot Vintage 1979 Magnum (Celebração da Posse do Novo Chefe de Cave da Maison francesa Veuve Clicquot Ponsardin – Dominique Demarville)

7 – Champagne Veuve Clicquot Vintage 1982 Magnum (Celebração da Posse do Novo Chefe de Cave da Maison francesa Veuve Clicquot Ponsardin – Dominique Demarville)

8 – Champagne Veuve Clicquot La Grande Dame Rosé 1988 Magnum (Celebração da Posse do Novo Chefe de Cave da Maison francesa Veuve Clicquot Ponsardin – Dominique Demarville)

9 – Champagne Pommery Brut Royal (Cruzeiro Marítimo a bordo do navio Silver Wind, da Companhia Marítima de Luxo Silversea, em 2008 entre Rio de Janeiro e Barbados, Caribe)

10 – Champagne Henriot Cuvée des Enchanteleurs 1995 (Vini Vinci 2009 no Hotel Grand Hyatt São Paulo)

11 – Champagne Henriot Brut Millésimé 1998 (Vini Vinci 2009 no Hotel Grand Hyatt São Paulo)

12 – Champagne Henriot Blanc Souverain pur Chardonnay (Vini Vinci 2009 no Hotel Grand Hyatt São Paulo)

13 – Champagne Henriot Rosé Brut 2002 (Vini Vinci 2009 no Hotel Grand Hyatt São Paulo)

14 – Champagne Henriot Brut Souverain (Vini Vinci 2009 no Hotel Grand Hyatt São Paulo)

15 – Champagne Moët & Chandon Nectar Impérial (Tour Moët & Chandon 2009 no restaurante Chef Rouge)

16 – Champagne Moët & Chandon Brut Impérial (Tour Moët & Chandon 2009 no restaurante Chef Rouge)

17 – Champagne Moët & Chandon Rosé Impérial (Tour Moët & Chandon 2009 no restaurante Chef Rouge)

18 – Champagne Moët & Chandon Grand Vintage 2000 (Tour Moët & Chandon 2009 no restaurante Chef Rouge)

19 – Champagne Mumm Cordon Rouge Brut (Jantar Harmonizado no restaurante Kinoshita do premiado chef Tsuyoshi Murakami)

20 – Champagne Drappier Cuvée Charles de Gaulle (Super Bowl 2007 com os queridos amigos Saul Galvão e José Oswaldo Albano do Amarante)

21 – Champagne Drappier Carte d’Or Brut (Nosso Aniversário de 3 Anos de Namoro)

22 – Champagne Legras & Haas Tradition Brut (Jantar de Gala “Paladar do Brasil 2009” Promovido pela Grand Cru no Hotel Grand Hyatt São Paulo)

23 – Champagne Piper-Heidsieck Brut (Degustação Especial “Reveillon 2008” para o Caderno Paladar (OESP) com os queridos amigos Saul Galvão e José Oswaldo Albano do Amarante)

24 – Champagne Gosset Brut Excellence (Degustação Especial “Reveillon 2008” para o Caderno Paladar (OESP) com os queridos amigos Saul Galvão e José Oswaldo Albano do Amarante)

25 – Champagne Veuve Clicquot Brut Rosé (Lançamento do Acessório Ice Dress para o Champagne Veuve Clicquot Brut Rosé no restaurante Braverie)

 

Três Grandes Momentos de Harmonização

 

Todos na Celebração da Posse do Novo Chefe de Cave da Maison francesa Veuve Clicquot Ponsardin, Dominique Demarville, com Menu Harmonizado pelo emblemático chef Laurent Suaudeau

  • Tartare de coquille (vieiras) St. Jacques em emulsão de coentro (Champagne Veuve Clicquot Brut Yellow Label)
  • Canneloni de crabe (caranguejo) com aipo ao molho de laranja acompanhado de um levíssimo gnochetti (Champagne Veuve Clicquot Vintage 2002)
  • Classique blanquette de veau Albuféra – Ensopado de vitela ao molho branco com cebola e cogumelos. (Champagne Veuve Clicquot Vintage 1979 Magnum

Quer arriscar a sua lista? Se quiser o espaço é seu, fique à vontade para se expressar e compartilhar com os amigos essa sua coleção de rótulos muito especiais que você já traçou ou provou!

Salute e kanimambo

Em Directo da SISAP 2010

como diriam os amigos da imprensa portuguesa. Pois bem, cá estou na linda Lisboa que mostra uma modernidade a que os turistas que por aqui passam poucovêm já que se limitam a visitar a parte mais antiga da capital portuguesa. Sobre isso, no entanto, comentarei mais tarde, hoje quero só dar algumas curtas noticias do pouco que vi ontem com alguns furos de reportagem. Hoje tem muito mais e não é só vinho não!

Luis Pato – é, o mestre também está por aqui e me mostrou algumas novidade que estão por chegar ao Brasil pelas mãos da Mistral.  Um espumante de Maria Gomes (a cepa) e três vinhos de sobremesa sob a mesma bandeira (marca) a A M (abafado molecular) nas versões branco, rosé e tinto todos com um toque de Baga, sua marca registrada, e teor alcoólico em torno dos 10 a 11% e, de acordo com ele, muito boa acidez para balancear a doçura do vinho. Como exemplo, me disse que o rose está com 12 de acidez para 180grs de açúcar residual e no branco 7,5 para 136grs. Não provei, mas é algo d novo a ser conferido.

Henriques & Henriques Bual 15 anos – um dos néctares provados na Expovinis de 2009 e um de meus Best in Show.  Este estupendo produtor de vinhos Madeira estava com a Expand, não está mais, e descobri que acabaram de assinar com a Zahil, oba!!! Também provei o néctar e realmente é impressionante, um daqueles vinhos que podemos passar largos momentos somente cheirando-o para depois sorver pequenos e extasiantes goles deste verdadeiro elixir dos deuses. Boa noticia e um grande vinho.

Porco Preto – uma iguaria portuguesa que poucos no Brasil conhecem e sobre o qual ainda falarei em mais pormenores, porém um manjar dos deuses que os amigos que aqui vêm não devem deixar de provar. Seja no formato de presunto cru, rivaliza com os melhores italianos e espanhóis, seja em churiços, paios, painhos e outras coisas tais. Imperdível e por aqui na SISAB vi muito!

Alimentos – por trás de normas e dificuldades impostas pelo governo brasileiro à importação de queijos e embutidos, nos vemos desprovidos de algumas das delicias que por cá existem. Interessante que estes produtos portugueses sejam exportados para o mundo inteiro (EUA, Reino Unido,França, Austrália, Japão, Alemanha, etc) e no Brasil as dificuldades são imensas e os caminhos dos mais tortuosos. Algo que, a meu ver, deveria receber das autoridades portuguesas um enfoque especial nas conversas e negociações entre estados pois, pelo para mim, fica claro que são barreiras alfandegárias impostas sob um disfarce duvidoso de proteção á saúde do consumidor.

AZAL – delicia de azeites gourmet que estavam no Brasil (RJ) nas mãos da C-Trade mas que agora chega em São Paulo pelas mãos da Allfood. Esse, podem crer, estará nas prateleiras da Vino & Sapore, esperem e verão. Muita qualidade e eu me apaixonei pelo Terra, produção orgânica, uma de-li-cia!!! Como diz seu logo, azeites com alma e digo mais, com personalidade e respeito pela natureza.

Amanhã ou depois tem mais, já que tenho mais dois dias de feira, mas a reportagem completa só na minha volta. Salute de terras lusas e kanimambo pela visita.

Perez Cruz na Wine Company

                   Uma vinícola chilena de primeiro nível, moderna, sem o tamanho das outras, mas ancorada em estreitos parâmetros de qualidade. Trazendo o vinho com exclusividade para o Brasil, a Wine Company, uma empresa que há muito prima por comercializar bons vinhos por bons preços. Tive a oportunidade de degustar a linha completa de seus produtos e verificar que realmente, minhas experiências anteriores estavam corretas, estamos diante de belos vinhos e alguns se destacaram.

                  Em um evento realizado pela amiga e competente Denise Cavalcante no Sofitel, em que nos deliciamos com um belo Buffet de entradas e sobremesas, enquanto para acompanhar os saborosos vinhos servidos nos foi servido um Carré de Cordeiro divino.  A vinícola fica situada na região de Maipo Alto a apenas 45 kms de Santiago o que, por si só, já invoca a uma visita. Empresa ainda recente, engarrafou sua primeira safra em 2002, possui uma bodega moderna e de altíssimo nível. São 140 hectares de vinhedos em que a Cabernet Sauvignon é maestra com 85% das vinhas, porém lá se encontram também Carmenére, Merlot, Syrah, malbec (que eles chamam de Cot) e Petit Verdot. Todas as parcelas são trabalhadas com baixos rendimentos (de 3.5 a 8 tons/ha) e a colheita feita à mão o que resulta em vinhos de muito boa concentração e profunda elegância. Como quem dorme em berço esplêndido pode acordar no chão, eles já se movimentam no intuito de buscar novas cepas que se adaptem a seu terroir e já se encontram experimentando com Mouvédre e Grenache na busca do inusitado, do diferente.

           Para que tenhamos uma idéia de tamanho, pensemos que sua produção anual é hoje de cerca de 60.000 cxs de 12 garrafas com planos de chegar a 100 mil dentro de um par de anos mais, o que significa um dia da produção da Concha y Toro! Agora falemos dos vinhos:

           O rótulo de entrada na pequena família de produtos da Perez Cruz é o Reserva Cabernet Sauvignon que é responsável por 75% da produção da vinícola. É um vinho de muito boa tipicidade, frutado, taninos redondos, macio, muito equilibrado com um final muito agradável, porém um pouco curto. Um belo Cabernet chileno por um preço bem acessível, por volta dos R$65,00

          Depois entramos na família Limited Edition composta pelo Cot (Malbec), Carmenére e o Syrah.  O Cot, com uma produção pequena de cerca de 18.000 garrafas, segue o padrão desta cepa no Chile em que, cada vez mais, geram vinhos em que a elegância supera a potência. Este se mostrou algo resinoso ao nariz, mostrando aromas sutis de fruta madura. Na boca é fino e mineral. O Carmenére com uma produção de cerca de 40.000 garrafas anuais de vinhedos de baixo rendimento, é um bom vinho, porém não chega a encantar. Agora, o grande vinho deles desta gama de rótulos é, em minha opinião, o Syrah. Não é de hoje que falo deste vinho e este encontro só veio confirmar tudo o que penso dele. Com uma produção anual de cerca de 24.000 garrafas, mostra todo aquele pacote típico dos bons Syrahs – fruta fresca/especiarias e ervas aromáticas formando uma paleta olfativa sedutora. Taninos muito finos, harmonioso, elegante, encorpado no ponto, sem excessos nem arestas, ótima textura, um vinho que dá grande satisfação tomar, com um final muito apetecível e longo. Um dos melhores Syrahs chilenos que mereceu 92 pontos da Wine Spectator e, se tivesse que pontuar, certamente seria em torno disso. Preço desta linha está em torno dos R$125,00.

            Na linha de vinhos top de gama, dois rótulos muito especiais e, como todos os vinhos nesta faixa, de alto valor o que os tornam em vinhos para poucos. O Liguai, potentoso corte de Syrah, Cabernet Sauvignon e Carmenére , é um grande vinho elaborado com uvas de baixíssimo rendimento, em torno de 3,5 tons/ha, que passa 16 meses em barricas. Após cerca de 6 meses se faz o corte, ficando o vinho a evoluir já pronto em barricas pelo restante do tempo. Muito aromático, taninos finos e sedosos, grande estrutura, é vinho para muitos anos de guarda com um preço em torno dos R$200,00.

            O topo da pirâmide é ocupado pelo excelente Quelen que me seduziu faz dois anos e segue me encantando a cada esporádico gole que tomo. Uma pena que o preço em torno de R$300,00 não seja mais acessível, mas é resultado da pouca disponibilidade mundial versus grande demanda. O corte é exótico com uma maior participação de Petit Verdot acompanhada de Carmenére e Cot (malbec). Muito boa intensidade aromática, algo herbáceo, boa concentração e ótima estrutura, harmônico, entra potente e com grande impacto, amaciando na boca com um delicioso e muito longo final de boca. Um vinho de boutique, raro, um grande prazer e um grande privilégio ter oportunidade de voltar a tê-lo na minha taça.

            A Wine Company passa por uma reformulação de seu portfólio, mas fez questão de manter esse produtor de grande nível, sábia decisão.  Vinhos de qualidade, desde a gama de entrada até o topo de linha. Meus preferidos são o Cabernet Sauvignon Reserva, uma bela relação Custo x Beneficio e o Syrah que a meu ver é um dos melhores do Chile. Os outros dois são para quem pode!

Salute e kanimambo.

Dicas da Semana

         Devagarinho e ainda meia boca, mas seguem algumas dicas que, por enquanto, mesclo com noticias que acho de interesse geral da nação enófila. Fevereiro já é devagar, carnaval então…….!!

Grande Prova de Vinhos Rosé – Viram a prova que o Marcelo Copello fez com 93 rótulos? Não? Então aqui vai um aperitivo dos primeiros dez:

Parece que estou começando a entender deste negócio! Os primeiros dois foram alvo de destaque em duas matérias aqui no blog. O Sciaccarellu, na verdade essa é a uva e o rótulo é Terranostra, do Emporio Sorio (Tilintar é o representante no Rio) que conheci e me seduziu durante a Expovinis do ano passado, época em que o destaquei como um dos Best in Show, aliá o Terrazas  é mais um dos vinhos destacados que valem a pena ser provados, eu gostei demais. Já o Protos comentei em Março no meu painel de Brancos e Rosés. Para ver o resultado geral acesse o site do Marcelo, Mar de Vinho.

Quinta Mendes Pereira – por falar em, “eu não disse” eis mais uma que me honra ter anunciado aos ventos em Fevereiro de 2009 quando ainda estavam na Lusitana de Vinhos e Azeites, mas sendo hoje representada pela Malbec do Brasil. Vinhos que certamente farão parte do portfólio da Vino & Sapore e que me seduziram no apagar das luzes do ano de 2008, apesar de já ter recomendado o Garrafeira antes disso. A Raquel merece todos os louvores pelo excelente trabalho que vem fazendo em sua Quinta no Dão e seu pai, olhando lá de cima, deve estar muito orgulhoso! Desta feita, um reconhecimento oficial de uma das mais importantes e representativas revistas de vinho de Portugal. Depois disso, dizer o quê?  Só tomando!

Promoções na Kylix – As importadoras estão detonando nas promoções de inicio de ano para ajuste de portfólio e limpeza de estoques velhos ou de pouco giro. Na Kylix, no entanto, o ritmo é o de sempre e afora esta promoção especial de vinhos italianos, há também chilenos com a linha dos vinhos da Los Vascos e um monte de bons rótulos (sem riscos) em promoção de Bota-fora. Vale conferir porque as ofertas do amigo Simon são sempre muito boas.

 

Vinhos do Mundo – está com algumas novidades em brancos refrescantes como mostra a imagem abaixo. Me assopraram no ouvido que existem diversos parceiros da importadora com promoção em cima destes rótulos, entre eles a Kylix. Dê uma ligada e confira!

Petit Chateaus – o Ricardo Bohn Gonçalves da Wine School promove mais um saboroso Wine Dinner, desta feita todo francês. A região de Bordeaux, na França, é conhecida pelos seus famosos vinhos e renomados Chateaux. Mas também, existem os Petit Chateaux, muitas vezes desconhecidos, que produzem ótimos vinhos em condições muito mais acessíveis. No tradicinal bistrô francês La Casserole um jantar com seis desses Chateaux. Abaixo o Menu dos pratos e vinhos servidos.

 Menu

Entrada

  • Terrine de coelho e saladinha verde acompanhada dos seguintes vinhos: Chateau de Mauves Graves 2006 / Chateau Les Tuilerries 2007 / Chateau Bel Air 2206.

 Prato Principal

  • Fraldinha grelhada, manteiga de ervas e rösti de mandioquinha acompanhada dos vinhos: Chateau Grand Moueys 2005 / Chateau de Lugagnac 2006 / Légende “R” 2006 Barons de Rothschild

 Sobremesa

  • Profiterolles de doce de leite caramelizado com amêndoas

Será dia 24 de fevereiro (4ªfeira) próximo às 20:30 e custará módicos R$140,00 por cabeça (preço incluindo jantar, vinhos, água, café e serviço. Para reservas e informações adicionais: tel: (011) 36.76.17.81 / 81.62.61.17 com Silvia.

Emporio Sorio – aquele que importa os deliciosos vinhos da Córsega, entre eles os rosés em destaque e alguns brancos divinos (gosto especialmente dos doces), está com uma promoção em cima dos seus já bons preços. Confira.

Salute e kanimambo

Desafio de “Aussie Whites” – Resultados

A Austrália é um país diferenciado e pouco conhecido entre nós apesar de haver um grupo bastante grande de emigrantes brasileiros que se aventuraram por lá. Os vinhos Australianos invadiram o mundo e com seu marketing eficiente conquistaram mercados, mostrando grande criatividade e capacidade no desenvolvimento vitivinicola. Apesar de quase todas as grandes importadores possuírem ao menos um produtor australiano em seu portfólio, foi Ken Marshall quem primeiro apostou neste filão de forma mais consistente com a abertura da KMM. Agora, com a Wine Society, firma-se como o embaixador do vinhos australiano no Brasil.

            Que a Austrália produz excelente vinhos à base de Shiraz e Cabernet Sauvignon, isto estamos cansados de saber, porém e os brancos? Foi com o intuito de melhor conhecer estes vinhos que sugerimos ao Brendan (Gerente Geral da Importadora) via seu competente assessor de imprensa o Carlos Marcondes, que montássemos um Desafio especial com rótulos da importadora à sua escolha e um pedido, que dessa lista de desafiantes fosse incluído um vinho de que gosto muito, o Leasingham BIN 7 Riesling.

             Numa noite chuvosa, para variar, em que não pudemos aproveitar o bonito e agradável “Wine Garden” da Enoteca da Wine society em Moema, juntamos  parte dos já conhecidos membros da banca degustadora de Falando de Vinhos; Evandro Silva e Francisco Stredel (Confraria 2 Panas), Ralph Schaff (restauranteur), Simon Knittel (Kylix), Emilio Santoro (Portal dos Vinhos) os enoblogueiros Daniel Perches (Vinhos de Corte)/Alexandre Frias (Diario de Baco/Enoblogs) e Cristiano Orlandi (Vivendo Vinhos), Ricardo Tomasi (Sommelier/Specialitá), Dr. Luis Fernando Leite de Barros o mais novo membro da equipe médica do glorioso alvinegro praiano (Santos Futebol Clube)  e os amigos da Clube do Vinho em Embu José Roberto Pedreira e Fabio Gimenes. Lamentamos a falta da Denise Cavalcante, Marcel Proença e Álvaro Galvão que, por diversos motivos de força maior, não puderam estar presentes.

             Como já listado anteriormente, foram todos vinhos varietais (100%) tendo sido contempladas três cepa; três rótulos de Sauvignon Blanc e dois cada Chardonnay e Riesling. Vejamos como os Desafiantes se portaram, quem levou o titulo de Melhor Vinho (resultado da soma de todas as notas com o descarte da mais alta e mais baixa) e os de Melhor Compra (eleição direta da banca) e Melhor Relação Custo x Beneficio (cálculo matemático).

Smithbrook Pemberton Sauvignon Blanc 2007 – Um vinho que tem uma leve passage por Madeira e que, com três anos de vida já passou por seu pico e com tudo isso deu uma boa tapeada nos degustadores, lembrando que a prova é ás cegas.  Cor amarela, aromas florais, cítricos (limão siciliano) e algo mineral com o alcool um pouco aparente mesmo que seu teor seja até baixo,  12.5%. Na boca apareceram frutos tropicais com alguma baunilha, e notas minerais. Dificil de decifrar e quase todos erraram a cepa, inclusive eu! Pouca tipicidade, mas um vinho  agradável e bastante interessante com um preço de R$63,00 que obteve 92 pontos de James Halidday. Nesta noite e diante desta banca, obteve a nota média de 86,73 pontos.

Preece Chardonnay 2007 – um vinho muito agradável, untuoso, denso, cremoso, madeira bem presente com notas tostadas, calda de frutas brancas e um final algo doce. Talvez o que mais mostrou as características típicas do chardonnays amadeirados que fazem fama no novo mundo. James Halliday lhe deu 88 pontos, nota próximo do que obteve nesta noite87,3 pontos. Preço R$49,00.

Bridgewater Mill Sauvignon Blanc 2008 – talvez pela própria idade, o S. Blanc que mais mostrou a tipicidade da cepa. Frtuas brancas como melão, pêra e alguma maçã verde formam uma paleta olfativa de boa intensidade que nos convida a levar a taça à boca onde se mostrou bem fresco e vibrante, frutado, equilibrado e de boa persitência com um final em que despontam algumas notas vegetais. Caldo a que James Halliday deu 89 pontos e que, nesta noite, obteve uma média  muito próxima disso, 87,91 pontos . Preço na Wine Society, R$78,00.

Leasingham BIN 7 Riesling 2007 – presente mediante solicitação explicita (rsrs) o vinho mais caro este Desafio com preço de R$110,00. Diferente das outras vezes em que o tomei, parecendo um pouco mais evoluído, cor amarelo dourado e seu lado mineral mais acentuado mostrando aromas de petróleo e pedra de isqueiro bastante intensa. No palato, uma riqueza de sabores, complexo, acidez acentuada mas harmônica, mas o final apresentou-se algo curto.  James Halliday lhe deu 93 pontos, eu também já dei, mas hoje esteve um pouco aquém tendo obtido a média de 85,32 pontos.

Banrock Station Sauvignon Blanc 2008 – algo exótico, fruta super Madura, olfato timido sem grande atrativo. Na boca é cítrico, balanceado, boa acidez, elegante, mas de curta persistência. Um vinho que, se não desencantou, também não encantou não tendo apresentado uma performance que merecesse destaque. Gosto muito de seu Sparkling, um espumante muito bom que merece ser provado. Obteve a média de 82,36 pontos e custa R$43,00.

Bridgewater Mill Chardonnay 2007 – vinho que mereceu 92 pontos de James Halliday. De aromas intensos e     complexos em que se destacam nuances lácteas, abacaxi maduro e um leve toque vegetal. A madeira ainda está bem presente, corpo médio para encorpado, denso, untuoso com um final algo quente e de média persistência. Mais um vinho que não nega sua origem e estilo. Caldo que faz a cabeça de quem gosta de Chardonnays amanteigados e bem amadeirados. Obteve a média de 86,86 pontos e custa R$87,00.

Knappstein Ackland Riesling 2008 – maravilhoso. Tudo aquilo que esperava do BIN 7, veio neste vinho delicioso de paleta olfativa intensa, complexa e sedutora em que já transparece seu frescor através de aromas como flor de laranjeira e capim santo com o típico toque mineral do riesling que aparece de forma sutil e fina. Na boca é vibrante, rico, elegante e harmônico. Ótima acidez, um final cítrico muito saboroso com nuances de camomila e muito boa persistência. De James Halliday levou 90 pontos e desta banca de degustadores uma média de 88,45. Preço: R$93,00.

         Mais uma vez a constatação que preço não faz o vinho. O Grande Campeão da noite, tendo obtido o titulo de Melhor Vinho é o Knappstein Riesling 2008, seguido pelo Bridgewater Mill Sauvignon Blanc e Preece Chardonnay. A Melhor Compra e Melhor Relação Custo x Beneficio ficou com o Preece Chardonnay um vinho de apenas R$49,00 na Wine Society.

        Não posso deixar de agradecer o apoio do Ken, Brendan, Alejandro e Carlos que colaboraram para mais um Desafio de Vinhos de grande interesse e aprendizado que teve um tempero especial, o local. Sugiro e recomendo aos amigos uma visita a esta agradável e simpática casa. Antes de terminar, vejamos qual foi o vinho que mais marcou cada um dos degustadores e de quem obtiveram a melhor nota:

  • Emilio Santoro –Preece Chardonnay – 88 pontos
  • Daniel Perches – Knappstein Riesling – 92 pontos
  • Alexandre Frias – Bridgewater Mill Chardonnay – 89 pontos
  • Francisco Stredel – Knappstein Riesling – 91 pontos.
  • Evandro Silva – Smithbrook Sauvignon Blanc – 90 pontos
  • Ralph Shaffa – BIN 7 – 86,5 pontos
  • Cristiano Orlandi – Knappstein Riesling – 93 pontos.
  • Dr. Luis Fernando – Knappstein Riesling – 91 pontos
  • Fabio Gimenez – Preece Chardonnay – 92 pontos.
  • José Roberto – Bridgewater Mill Sauvignon Blanc – 91,5 pontos.
  • Simon Knittel – Knappstein Riesling – 88,5 pontos.
  • Ricardo Tomasi – Bridgewater Mill Sauvignon Blanc – 89 pontos
  • João Filipe – Knappstein Riesling – 91 pontos

Como podem ver, mesmo havendo uma certa superioridade do Knappstein Riesling, a diversidade imperou!

Salute e kanimambo

Gurijuba e Chateauneuf-du-pape

            O vinho certamente você conhece, mesmo que ainda não o tenha tomado, mas Gurijuba conhece? Eu, debaixo de meus cinqüenta e cinco anos de experiência, confesso que não conhecia não nem nunca tinha ouvido falar! Gurijuba, também conhecido como guarijuba, é um peixe de corpo robusto encontrado principalmente no litoral Norte do Brasil, no Amapá entre a foz do rio Araguari até a foz do Cunani, podendo pesar até 30 kgs. Comi pela primeira e única vez na casa dos amigos Cris e Val, aliás num dia que foi a primeira vez de muitas outras coisas! Foi a primeira vez que fui a Valinhos, que fui á casa do Cris e da Val e que tomei um Chateauneuf-du-pape branco, um dia para não esquecer.

            O Cris leva jeito e me fez lembrar de algumas situações gastronômicas que me marcaram no ano passado (Malbec com Filhote e Filipa Pato no Dalva & Dito) em que um toque diferenciado do Chef fez a diferença e, neste caso, o Cris preparou um molho reduzido de laranja, mel  e um leve toque de pimenta que sobre o saboroso Gurujiba, preparado ao forno com batatas, deu uma liga fenomenal com esse potente Clos Des Papes 2006 que possui um final algo adocicado provavelmente devido a seus equilibrados 15% de teor alcoólico. Sei não, mas a continuar assim acho que o futuro irá desvendar um grande chef e dono de bistrot, aguardemos! O vinho, bem o vinho é grande e certamente melhorará mais ainda nos próximos dois anos, mas para falar dele eu deixo ao anfitrião fazer as honras da casa. O que posso comentar é que se trata de um vinho marcante, robusto e complexo que só foi sobrepujado pelo todo que se mostrou bem superior às partes. É essa sinergia entre pessoas, comida e vinho que faz com que determinados momentos sejam especiais determinando a perfeita harmonização, tudo o que os amantes da enogastronomia buscam incessantemente.

        De entrada um camarãozinho muito bem temperado acompanhado de um delicioso Sauvignon Blanc da Chilena Casa Del Bosque, muito fresco, balanceado e harmônico que também se mostrou uma parceria de prima que deixou saudades. Para finalizar, um mousse de damasco, elaborado pela Val, muito delicado e saboroso tendo o meu Coteaux du Layon Carte d´Or 2005 de Baumard (Loire) se sobreposto em demasia ao mousse. Esta gostosa sobremesa pedia um vinho mais leve e de maior frescor, mais acidez, para o acompanhar, porém o vinho era muito bom, a sobremesa idem e a companhia mais ainda, então não houve grandes danos.

        Ótima prosa, três ótimos vinhos, comida idem, boa companhia, que mais se pode pedir de um dia de Domingo?! Um Salute especial aos bons momentos da vida como esse e kanimambo amigos.

Ps: Restante do feriado estou de folga, retorno na Quinta com o resultado do Desafio de Vinhos Brancos Australianos (Aussie Whites) realizado na enoteca da Wine Society em Moema!

Reflexões do Fundo do Copo – O Melhor Vinho do Mundo

Atenção, este artigo não é recomendado para pessoas que não gostam de muito nome de vinho.

 

breno3Tem um momento na vida que você quer porque quer porque quer saber a resposta da pergunta mais recorrente: Qual é o melhor vinho do mundo????

É fácil: o melhor vinho do mundo pra mostrar para os outros, é o mais caro à disposição do mercado e é também, o mais longevo – Lafite Rotschild 1787, que continua sendo vendido a caixas, pelo valor de US104260$00 a garrafa, pela Fine&Rare Wines de Londres. No seu bolso não cabe um troféu assim tão volumoso ou tão ancião? Fique então com o Romanée Conti 1945, no mercado a US33000$00 a garrafa, ambas as informações de acordo com o site http://www.wine-searcher.com/find

           Começo descartando os concorrentes no quesito “vinho para sobremesa”. Não sei não, não gosto muito não, não conheço muito não, até porque não como muita sobremesa (tento não comer…). Mas se gostasse, se soubesse, apontaria – como todo leigo medianamente informado – para um Sauternes bordolês, o Chateau d’Yquem.

          Não quero perder todo o espaço que o Falando de Vinhos me dá só para ficar falando de vinhos que não faço muita questão de conhecer em profundidade, até porque, qualquer late harvest brasileiro me satisfaz, no máximo um montbazillac comprado no Carrefour, um vinho feito a aproximadamente 60km de Sauternes, com as mesmas uvas do famoso brotirizado, mas a quilômetros de distância no preço de seu badalado vizinho. Mas bem sei que esta discussão vai longe, principalmente porque os vinhos do Porto, os Tokaï, os Vin de Paille, os Panteleria, os Riciotos vênetos, principalmente os de valpolicella, os Marsalas, os Madeiras e os vinhos de Jerez de La Frontera vão querer disputar a primazia no quesito (que aliás, invade cada vez mais entradas com patês e queijos gordurosos)!

          O melhor de todos é o vinho mais bem feito, oriundo da terra mais apta a plantar suas uvas, com a insolação mais favorável, com o gradiente térmico mais extenso, com a sazonalidade pluviométrica mais de acordo com a cartilha, com as escolhas enológicas de maior precisão e cuidado? Qual é? Alguém é definitivo?

          Pela experiência adquirida em séculos de produção, muitos produtores de regiões espalhadas pela Europa pretendem atender as especificações acima, a começar pelas mais óbvias como a Borgonha e Bordeaux, mas a continuar por Rioja, Rhone, Piemonte, Toscana, Douro, Ribera Del Duero, Vêneto etc. Já pelos conhecimentos mais modernos, caberiam nesta definição, dezenas de produtores do Novo Mundo, espalhados pela Califórnia, Austrália, Chile,  Argentina, África do Sul e tantos outros locais de produção que se empenham para produzir o que há de melhor, incluindo entre estes – por que não? – alguns terroirs brasileiros. 

         Afinando então a conversa, dentre todos estes teriam os que se utilizam das técnicas mais bem sucedidas de guarda, onde o carvalho de primeiro uso impregna os vinhos que guarda, onde a guarda se estende até quando os taninos daquela determinada uva se amansam finalmente. Finalmente, estes usariam o que há de melhor para acondicionar o líquido, em matéria de tapo, garrafa e condições ideais de guarda e de transporte. Pois sendo assim o melhor de todos não é um, mas vários como, atestam os certificadores do mundo inteiro.

          O Robert Parker, em julho de 2009, deu pontuação máxima – 100/100 – para mais de 100 vinhos, alguns dos quais em mais de uma safra. Significa que um não prevalece sobre o outro, pois pontuações iguais e máximas são absolutas. No entanto, mesmo assim, alguns são mais iguais que os outros! Tem produtor com mais de um produto, como o Domaine Romanée Conti, que entra com um seu La Tache, com o seu Montrachet, seu Richebourg e seu Romenée Conti com ao menos uma safra. E tem vinho que aparece com mais de uma safra, o que o torna superior aos outros, por mais que garrafa por garrafa eles se equivalham… Neste sentido, o campeão do Parker vai surpreender você, como surpreendeu a mim – o Côte Rotie La Moliné, que aparece com a nota máxima em oito edições, uma a mais que o Chateau Lafite, duas a mais que outro Côte Rotie, o La Landome.

         Se o melhor vinho não é fácil de descobrir por estas avaliações, o melhor negociante do mundo, ainda de acordo com o Parker, é indiscutivelmente o Guigal, que arremata – além de outro Côte Rotie citado, o La Turque com quatro safras e o Hermitage Ex Voto, igualmente com quatro indicações. Portanto, tem na sua carteira de vinhos com 100 pontos 22 rótulos, um recorde importante o suficiente para ser citado no Guiness!

         Ainda de acordo com o certificador americano, o melhor do vinho vem de Bordeaux, por contar com mais rótulos e mais safras premiadas, mas tem seus rivais muito próximos, a começar do Rhone, não somente pelos vinhos já citados, mas também por uma pá de Chateauneuf Du Pape e outros Ermitage, além de um Côte Rotie que não é vendido pelo Guigal. Mas o melhor vinho do mundo não é nenhum desses. Até porque estas pontuações não têm nada de consensuais, visto que muitos dos vinhos apontados pelo americano, não têm primazia em outros lugares e para outros certificadores. Como simples exercício, compare os melhores do Wine Spectator e do Gambero Rosso com estes daqui. Os mais premiados com a nota máxima e por mais safras dentre os italianos não aparecem no Parker, enquanto que os dois citados por ele feitos em solo italiano não tem tanto destaque, aparecem entre outros (Sassicaia e o Tua Rita, dois supertoscanos).

        Portanto, é melhor eleger o que já tomei e que faz falta, o que quero sempre repetir, o que morro de vontade de conhecer, aquele que melhor combina com as coisas que eu gosto mais, porque vinho e comida para mim são itens indivisíveis, o que coloca em xeque metade dos itens que o Parker elegeu. O melhor Barolo que lembro ter tomado não foi nenhum dos mais conhecidos, foi o Stra, já citado em outros artigos, um vinho produzido nas divisas entre Barolo e La Mora, num hectare plantado por um pai, um filho e um neto, administrado por uma nora. Um vinho de US12$00, cuja safra não rende mais do que 8 mil garrafas, vendidas integralmente a gente como eu, que passei por lá. Mas não, o melhor foi aquele Amarone que tomei em Verona, acompanhando um panino de presunto cru de Oca, ou será foi aquele Gevrey Chambertin que tomei no segundo dia de visita a Borgonha?

         Ai, caramba, nem falei nada dos brancos e dos rosados, excelentes por todos os países de tradição vitivinícola, a começar por Portugal com seus Alvarinhos, a terminar pelos Pouilly Fumé do Loire. Mas não dá pra continuar, o dono do Falando de Vinhos já falou pra encerrar. Sorry.

Mais um texto do amigo e colaborador, agora com participação quinzenal aos sábados, Breno Raigorodsky; 59, filósofo, publicitário, cronista, gourmet, juiz de vinho internacional e sommelier pela FISAR. Para acessar seus textos anteriores, clique em Crônicas do Breno, aqui do lado.

Curtas & Boas

Brasil – Safra 2010 

Essa me confidenciou o amigo Miguel de Almeida, direto da Campanha Gaúcha na Fortaleza do Seival Vineyards, no último Sábado: “Mantenho a minha impressão da safra 2010. Até agora apenas afectou a quantidade. As maturações estão bem mais atrasadas quase 2 semanas de atraso face ao ano passado. Mas a qualidade ainda está por se revelar. Já colhemos o Pinot Grigio, espectacular…”. Olha aí Cristiano, o teu favorito promete! Agora é aguardar a chegada do vinho nas prateleira daqui a alguns meses para conferir as previsões do Miguel. 

Desafio de Aussie Whites 

Já realizamos nosso primeiro Desafio de Vinhos deste ano e foi um sucesso com, como sempre, surpresas nos resultados. Sete vinhos brancos australianos muito bons e diferenciados que puseram nossas cabeças e palatos para funcionar. Independentemente das surpresas, a ótima recepção pelo pessoal da Wine Society na sua Enoteca e Wine Gardens com o Alejandro e sua equipe, estão de parabéns e ficamos agradecidos pela hospitalidade dos anfitriões. No jantar pós Desafio,  o bom Mitchelton Shiraz 2006 acompanhou dignamente um medalhão de filé mignon ao molho reduzido de vinho acompanhado de purê de batata, farofa de lingüiça e azeite, mix de alface e rúcula com lascas de parmesão. No entanto, como meu aniversário tinha sido dois dias antes, comemoramos pedindo um vinho que me encanta e que, por R$83,00 é um dos meus achados de 2009, o E- Minor Shiraz. Um vinho realmente fora dos padrões que encanta no nariz e seduz na boca.  Tendo a oportunidade, não deixe de aproveitar uma visita a este local encantador com bons vinhos e boa comida. 

 

 

 Biodinâmico 

Por sugestão do Beto Duarte e importação da Santa Ceia, um grupo de enoblogueiros já conhecido da maioria o próprio Beto(Papo de Vinhos) , Alexandre (Diario de Baco), Cristiano (Vivendo Vinhos),  Jeriel (Blog do Jeriel) e euzinho aqui, nos encontramos mais uma vez no gostoso Emporio Vila Buarque na companhia de super anfitrião Marcelo di Morais para desfrutarmos de uma degustação muito especial, os vinhos da Borgonha elaborados por Gilles Ballorin na Domaine Ballorin&F. Os amigos já postaram suas impressões que, creio, mostram bem o que são os vinhos. Eu me surpreendi muito porque, afora a qualidade dos produtos, o preço é bem convidativo quando comparado a produtos deste calibre que estão disponíveis no mercado.  Ainda darei meus pitacos, mas por enquanto sugiro aos amigos darem uma olhada no blog dos amigos presentes nesse gostoso encontro, todos com link aqui do lado. 

Eivin 

Tremenda sacanagem, em dois dias perdi três degustações por problemas profissionais em um e de saúde nos outros dois! O da Eivin, do Márcio Marson, foi de vinhos brasileiros dentro de um projeto que ele está tocando com distribuição de vinhos especiais brasileiros aqui em Sampa e outros mercados. Ação destemida num mercado inundado de importados e com pouca visão comercial dos produtores no posicionamento no mercado, já que têm dificuldade de entender que há que se investir para conquistar fatia de mercado e com preços nas alturas não se consegue isso. De qualquer forma é um projeto muito interessante e eu, como apoiador dessas iniciativas pioneiras, pulei no barco só que tristemente não pude estar presente nesse encontro. Em breve, estamos em tratativas, esse projeto tem boa possibilidade de ser visto e apreciado na Vino & Sapore. Aguardemos! 

Ravin 

O Rogério D’Avila e Alberto Porto Alegre, amigos e parceiros de muitas outras batalhas, capitaneiam essa nau de nome Ravin que se fez ao mar no ano passado. Com um belo portfólio de produtores e bons rótulos, entre eles nomes como Zuccardi, Tenuta San Guido, Veja Sauco, Quinta de La Rosa, A. Mano, Jean Baptiste-Audy, Fairview e Calastrasi, promoveram um encontro de prima no Rosmarino para o lançamento do novo e primeiro catálogo da casa. Já tinha visto o boneco e está muito bem feito, pena que não pude estar presente. Não pude abraçar os amigos, não conheci o Rosmarino e ainda perdi alguns néctares dos deuses, fiquei triste! Se quiser ver o que aconteceu nesse encontro e no da Eivin, minha sugestão é clicar no blog do Didu com link aqui do lado, ele esteve nas duas (está em todas!) e postou/filmou alguns dos convivas e, obviamente, gravou as impressões dos anfitriões. 

 Vinho & Saúde 

Há muito não falo sobre os aspectos “medicinais” (rsrs) do vinho, mas já comentei aqui sobre o famoso Paradoxo  Francês. Pois bem, conforme noticiado pelo Rogério Rebouças em sua nova coluna no JB-Online do Rio de Janeiro, (http://www.jblog.com.br/conexaofrancesa.php?itemid=19207 ) Cientistas da Universidade de Angers decodificaram o chamado Paradoxo Francês. De acordo com ele, “Diversos estudos já apontavam para os benefícios do consumo regular e moderado de vinho tinto para o coração, mas eram análises epidemiológicas e empíricas. A pesquisa francesa desvenda o mecanismo ao identificar o subtipo α do receptor de estrogênios como ator principal da via de transdução dos polifenóis do vinho.” Para os curiosos e estudiosos de plantão, minha sugestão é acessar a matéria inteira pelo link acima. Muito legal, eu recomendo. 

 

                Salute e kanimambo. Para quem for usufruir das folias do carnaval, juizo e evite exageros. Para quem for recarregar baterias e somente relaxar, aproveitem!